Capitulo 1

1138 Words
Durante meses, Ana, Raquel e Fátima andavam aborrecidas por não aceitar uma saída à noite só para meninas. Mas mesmo relutante, finalmente decidi que não valia a pena perder a amizade delas por causa disso, e com o intuito de ter algum descanso, acabei aceitando. Então lá ia eu toda apaparicada e pronta para beber bastante, mesmo que estivesse atrasada. Ser empregada de mesa às vezes não nos dava a chance de sair à hora certa. Pelo menos para ver se esquecia um pouco da realidade da minha vida amorosa. Hoje ia predisposta a me divertir toda a noite. Rir, beber, dançar numa saudável noite com as amigas.   Nessa noite decidira usar um vestido de alças, justo, e simples de verão acompanhado por sandálias de salto alto. Me maquilhei  suavemente e deixei o cabelo solto, já não me lembrava da ultima vez que me tinha arranjado assim. Isso me fez notar que me andava a desleixar  nestes últimos tempos, como não tinha vida social, não ligava muito ao meu aspeto,o que era errado. Depois de me ver ao espelho, durante a semana quando me levantava para trabalhar, o reflexo era de uma mulher cansada e derrotada ,mas agora não era isso que via,o que me incentivava a começar a me cuidar ,no fundo ainda era uma mulher jovem com muito para viver. Bastou entrar no bar para me arrepender imediatamente de ter ido, estava apinhado de gente e sinceramente já não tinha paciência para aquele tipo de ambiente. Se eu pudesse escolher , iria para um bar calmo, quase vazio, com musica suave, mas já que estava ali, ia tentar. As minhas esperanças de me divertir morreram quando me aproximei da mesa das minhas queridas e mentirosas amigas. __ Oláaaaaaaaaaaaaaaa Ângela. - As três mulheres divertidas sentadas numa das mesas rapidamente gritam as palavras com euforia. __Olá. - Disse secamente encarando as três com uma sobrancelha arqueada. __ Não era uma noite só de mulheres? Na mesa estavam três moços que não deviam ter mais de 20 anos, mas cheios de uma presunção que me fazia ficar ainda mais irritada com os homens. A minha última relação já tinha acabado há um ano, de um jeito não muito pacifico, algum stress acompanhavam a minha falta de pachorra para aturar mais homens arrogantes que não sabiam como tratar uma mulher. __ Para quê desperdiçar tanta beleza só com mulheres? - Um dos garotos declara com um sorriso de orelha a orelha. __ Bom...meninas… - Sorri sem muita vontade ao encará-los. Todos eles estavam vestidos de n***o e exibiam muita simpatia, mas sombria, o que me deixava perturbada. Desviando o olhar para as minhas amigas que iriam ser fuziladas logo que estivéssemos a sós eu acrescento. __ O trato era noite de mulheres. - Piscando o olho volto a falar.__ Visto que não é isso que vai ser...- Rapidamente me viro de costas , me preparando para sair.__Vou para casa. __ Heiiiii...calma aí!!! - Ana se levanta rapidamente, segurando Ângela pelo braço. __ Eles se sentaram aqui, mas não significa que fiquem. - A puxando de volta para junto da mesa , ela sorri de lado. __ Não te livras de nós assim tão facilmente. __ Esta noite é para apanhares uma daquelas bebedeiras bem feias. - Fátima acrescenta divertida. __ Andas muito eremita, ultimamente. __Não sei ...mocinhas. - Um dos moços as encara sombrio. __ Penso que vocês não se livram assim tão facilmente ..- Esboçando um sorriso sarcástico ele acrescenta. __ De nós também. __ Bom se querem uma noite só nossa...- Declaro irritada pela presunção daqueles garotos. Homens sempre pensavam que podiam manipular nossos desejos para que fossemos submissas as suas vontades.__ Então sugiro sairmos daqui e irmos a outro lado. - Nem esperei por resposta, virando costas de imediato solto as palavras um pouco farta daquela conversa .__ Se não, vou para casa.- Me dirigindo à saída respiro fundo quando o ar da noite me refresca em oposição à temperatura alta e abafante daquele local. __Como é que elas gostam deste tipo de lugar, isso nunca vou perceber. - Murmurei estremecendo de imediato, não só pelo vento fresco mas também por alguns frequentadores que ali estavam a fumar perto da porta e que nos olhavam com sorriso predador. __ Porque é o mistério do próprio local, que nos estimula a viver um pouco de perigo. - Raquel surgiu por detrás de Ângela. __ Fizeste bem em vir. - A abraçando com carinho ela acrescenta .__Estava preocupada contigo. __ Não pode ser só casa-trabalho, trabalho-casa. __ As meninas rodeiam Ângela , a abraçando também. __Sabem, não ando com muita disposição para saídas ultimamente. - De imediato retribuo o abraço. __Mas obrigado pela preocupação e o carinho. - Sorrindo amplamente as encaro. __Vai me fazer bem estar convosco. Logo que avançamos cem metros, o riso que nos unia cessou. À nossa frente apareceram de repente os três moços do bar. Vinham com umas expressões ameaçadoras e os rostos um pouco diferentes do que me lembrava. Eles avançaram, mas nós não nos mexemos e colocamos uma postura de desafio. Éramos quatro e mesmo sendo mulheres podíamos seguramente os colocar na ordem. __ Meninos! - Ana disse com um suspiro.__Vocês têm que perceber uma rejeição. Quando a Ana falava assim, é porque estava a perder a paciência e com os seus já trinta e cinco anos anos, ela já não tinha muita. Todas nos andávamos entre os vinte e os quarenta . A Fátima tinha trinta e dois, a Raquel trinta e quatro eu já estava a caminho dos trinta . Eles rodearam-nos rapidamente e sem dar conta já estávamos a ser agarradas. Senti um puxão no meu braço e de imediato percebi que o moço que tinha falado comigo no bar me agarrava e me olhava com um sorriso irónico. Mas havia outra coisa nele que me chamou a atenção,seus dentes. "Presas ... aquilo eram presas?".Eu arregalei os olhos e ofeguei. Não,não era possível. Não podia ser. Ele empurrou me contra uma parede se debruçando sobre mim. __ Então és das que não gosta de homens ...- O garoto lambe os lábios se mostrando orgulhoso de seus caninos grandes e afiados. __ Vou te mostrar que não é assim tão mau.- Sorrindo malicioso seus olhos param em seus s***s. __ Depois de mim não vais querer outra coisa. __ Sua b***a arrogante !!!- Ao ouvir aquilo, uma onda de náusea apoderou se de mim. Com presas ou não, ele era um homem igual aos outros por isso nem hesitei. Depois de lhe acertar com o joelho entre as pernas com toda a força que tinha, ele solta um grito estrondoso, mas segundos depois sou eu que sinto uma dor profunda em meu rosto e corpo quando me sinto ser lançada contra um caixote do lixo, naquele beco sujo e escuro.
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