No momento em que tranquei a porta e nos dirigimos ao elevador, o meu estômago se apertou. Os meus sentidos já não estavam a cem por cento, afinal tinha sido má ideia beber aquele copo de vinho. Quando as portas se fecharam comecei a ficar quente, olhei para os dois homens ao meu redor, mas eles mantinham uma postura confiante, rostos inexpressivos. Desta vez nenhum me encarava, mas notava a tensão que invadia aquele espaço fechado.
Chegámos a porta de saída do prédio sem articular uma palavra, o silêncio era enervante, mas também era compreensível, não poderíamos falar do assunto que invadia a minha mente nestas últimas horas assim, em qualquer lugar. Distraída por meus pensamentos de imediato sigo para a direita , mas rapidamente foi agarrada e impedida de avançar mais um passo. Olhando para o lado percebo Alexandre , tenso, me segurando o braço, sua expressão era de perplexidade, apreensão e até mesmo quase de sofrimento . De imediato me solta , respirando fundo ao fechar os olhos por uns segundos .
__ O carro está do outro lado. – Vasco declara rapidamente observando Alexandre preocupado. Seu irmão quase se transformara ali mesmo e ele nunca perdia o controle .
__ Esta tudo bem com ele? - Questiono baixinho a Vasco ao perceber que Alexandre se tinha afastado de mim como se tivesse alguma doença contagiosa.
__ Eu estou bem. -Alexandre responde de imediato ,encarando diretamente a fêmea constrangida ao ouvir sua preocupação.
__ Ainda bem...- Murmuro as palavras não muito certa do que se tinha passado, momentos antes . Rapidamente chegámos ao carro, Vasco abre a porta traseira me indicando que o meu lugar seria ali, longe de ambos, o que eu agradecia também. Estar muito perto deles começava a perturbar meu corpo e mente . Mesmo assim aquela troca de olhares no retrovisor , intensos e quentes , não me deixavam muito à vontade. Realmente havia algo perturbador no ambiente entre nós os três.
Decidida a me acalmar perante aqueles dois estranhos seres da noite , fecho os olhos , me recostando no banco, o que de imediato me fez bocejar varias vezes . Eu já sabia, o vinho começava a fazer o seu efeito, as vezes pensava que era alérgica a bebidas alcoólicas , sempre que bebia , ou ficava com coceira ou totalmente sonolenta. Passados uns minutos de caminho o meu corpo relaxou totalmente e encontrei-me a deslizar no mundo dos sonhos.
__ Vasco! - Alexandre respira fundo ao observar pelo retrovisor , Ângela dormindo. __ Sei que será quase impossível para ti...- Estacionando em frente a casa ele acrescenta . __ Mas temos que ir com calma ! – Ele encara seu irmão com seriedade. __ Senão acabamos por a afugentar.
__ Sim eu sei. – Vasco olha a mulher no banco de trás, passando os dedos em seu próprio cabelo, frustrado. __ Vou tentar, mas meu lobo não quer esperar muito.
__ Mas vai ter que esperar. –Alexandre rapidamente sai do carro pegando em Ângela cautelosamente ao colo.__ Ela ainda tem que se habituar a esta nova realidade, vampiros e lobisomens. E depois á realidade de provavelmente ser companheira de dois homens.
__ Já chegámos?- Um bocejo sai da minha garganta ao mesmo tempo que pisco os olhos sonolenta ao me sentir ser levantada. Envolvendo os braços no pescoço do macho cheiroso , simplesmente volto adormecer, naquele momento meu subconsciente é que mandava.
__ Sim...- Os olhos de Alexandre de imediato escurecem e as presas descem com o toque de Ângela Carinhosamente ele inala perto do pescoço dela e suspira. Ele ainda não tinha totalmente a certeza, seu perfume era delicioso, o estimulando de corpo e mente , mas havia algo que o perturbava, um bloqueio se dava quando começava a tocá-la. Seria seu irmão? Seria o receio de se deixar levar e não aceitar partilha-la? Respirando fundo encara seu irmão pensativo. __ O melhor é leva-la rapidamente ao quarto e deixa-la dormir até de manha.
Vasco acena com a cabeça seguindo seu irmão até ao quarto. Alexandre de imediato a coloca na cama, lentamente , evitando que ela acordasse de novo. Era difícil ter aquele auto-controle, sentindo o calor e o odor dela em seu corpo era instigante . Ele sabia que Vasco também estava tenso e que se esforçava por se controlar. Para ele era mais difícil, o lobo queria reclama-la naquele mesmo segundo , visto que tinha todas as certezas, já ele preferia esperar , apesar de estar completamente duro . Vê-la estendida na cama, na casa que seria dela , não ajudava muito. Respirando, profundamente Alexandre vira-se para sair.
__ Não vamos deixa-la dormir assim, pois não? – Vasco rapidamente confronta seu irmão apreensivo.
__ Assim como? – Alexandre soa confuso.
__ Assim ...vestida... – Vasco bufa como se fosse algo óbvio.
__ E quem a vai despir? – Alexandre questiona surpreendido ao encarar seu irmão com a sobrancelha levantada .__ Se eu já estou assim só por a tocar...- Ele rosnou, apontando para a virilha inchada. __ Então se a dispo não há mais controlo para mim.
__ Realmente...- Vasco não tinha pensado nisso. Ele também estava e******o só de sentir o perfume delicioso de sua companheira , o melhor era prevenir agora e não remediar depois . Suspirando frustrado ele se ele aproxima, retirando devagar somente suas sandálias. De imediato seus dedos tocam na pele nua e suave e Vasco solta um gemido profundo , o que o faz recuar de imediato. Olhando para seu irmão que naquele momento saía do quarto , percebe que teria que fazer o mesmo ou em segundos estaria naquela cama , aconchegado no calor de sua fêmea.
__ Não vou conseguir dormir esta noite. – Vasco suspira olhando para trás ao deixar o quarto onde Ângela dormia , se dirigindo à cozinha com seu irmão.
__ Eu sei. - Alexandre declara inexpressivo. __Mas temos que seguir um plano. Temos três dias para a convencer a ficar.- Ambos se sentiam frustrados enquanto se dirigiam à cozinha.__ Ela não está totalmente indiferente a nós, isso é um ponto a nosso favor. - Vasco serve-se de uma cerveja, o encarando pensativo por uns momentos e logo ele declara . __ Mas temos que fazer as coisas como deve ser.
__ O que vamos fazer? -Vasco questiona curioso.
__ Seduzi-la. – Alexandre declara sério.
__ Só isso? – Vasco sorri satisfeito. __Para mim, será um enorme prazer.
__ Mas não vás faminto como um lobo atrás de um coelho. – Alexandre rapidamente encara Vasco.__ Vais assusta-la ...
__ Sim eu sei. - O sorriso de Vasco era predador. __ Agora é só esperar que a nossa companheira acorde e depois começa o primeiro dia das nossas vidas .
__ Bom...esperemos que sim . - Alexandre suspira olhando seu relógio de pulso. __ São quatro da manha, ela é capaz de acordar tarde.- Ele se levanta , alisando seu cabelo n***o azulado para trás encarando seu irmão com seriedade. __ Vou aproveitar que ainda não amanheceu ,e ver se descubro algo sobre o vampiro que a atacou.
__ Temos mesmo que o encontrar . Vasco rosna de imediato. __ Ficarei mais descansado sabendo que não há mesmo perigo dele a voltar a procurar. – Sua preocupação era visível em seu rosto e em suas palavras , ao imaginar o maldito ferindo sua companheira. __ Já agora...- Vasco encara seu irmão de novo. __ Em que quarto ela vai dormir?
__Como assim? – Alexandre já estava a preparar-se para sair quando se vira para Vasco com o cenho franzido.
__ O quarto onde a deixámos ...-Vasco declara firme . __ É o de hóspedes !!!
__ E? – Alexandre cruza os braços no peito já sabendo em que direção a conversa iria acabar .
__ E eu não vou dormir no quarto de hóspedes. – Vasco bufa de imediato.
__ Nem eu. – Alexandre declara encarando seu irmão com um balançar de cabeça . Vasco nunca fora muito paciente . __ Mas não lhe vamos dizer para decidir isso amanha ...- Revirando os olhos,ele acrescenta bufando . _ Ou vamos?
__ Entendi. – Vasco relaxa um pouco se recostando na cadeira. __ Mas já podemos tratar de arranjar uma cama King Size.- Abanando as sobrancelhas ele sorri amplamente . __ Não achas?
__ Vasco! – Alexandre revira os olhos de novo, dando as costas a seu irmão ele declara antes de bater a porta ao sair .__ Não podemos colocar a carroça à frente dos bois.
__ Pois não... - Vasco sorri divertido ao olhar o quarto onde Ângela dormia tranquilamente . __Mas podemos estaciona-la num cantinho perto da porta enquanto esperamos.