Prólogo
— Sabe o que eu estava pensando aqui? — Becky abriu a boca, enquanto estávamos de molho, à espera do Uber. — Rebecca rima com xereca, com tcheca e com p******a! Por isso que tem tanto homem interessado em mim!
Olhei para Ronda, ela olhou de volta e depois da vontade de se jogar do prédio, caímos na gargalhada. — Vai tomar no r**o, amiga, você não vale um real! — Ronda se debruçou no sofá rindo.
Ela sempre solta comentários aleatórios como este.
— Sério, Ronda não rima com nada. Nem com b***a. E Bella? Com nada! Por isso que vocês são encalhadas. — Concluiu rindo da gente. Nem vou deixar essa teoria me abalar.
— Só para deixar claro, eu não tenho ninguém por opção. — Me posicionei, dando uma averiguada nos comentários do meu último vídeo do Youtube.
— Mas a vontade... s******a bate até rasgar o couro.
Eu mereço essas amigas.
— Vai tomar no (...) Becky! — guardei o celular com os olhos arregalados para ela. — Tenho que manter minha reputação. — Tirei o batom da bolsa e retoquei, olhando num espelhinho de mão.
Eu não faço o tipo de garota que fica com um e com outro. Não julgando as garotas que fazem isso, mas esse é o meu jeito. Sou a amiga que fica de vela todo fim de festa.
Mas as meninas não se conformam. Becky mesmo... — Você não arranja ninguém, nem se a gente empurrar Bella...
Ronda riu sem nenhum respeito a mim. — Varreram seus pés, foi? Dizem que se varrer o pé a pessoa não casa.
Vixi, então não vou casar nunca, do tanto de vezes que já varreram meus pés...
— É mermo? — Becky arregaçou os olhos. — Porque tipo, já varreram muito os meus.
— Somos duas. — Fiquei rindo.
— Uber chegou, bichts. — Ronda se levantou olhando o celular e a gente também.
— Becky, não dá encima do motorista do Uber. — aconselhei. É sempre assim com ela.
— Se ele for bonito e gostoso eu nem saio do carro. — Jogou os cabelos para trás e as pontas bateram em mim.
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Chegamos na festa e felizmente o cara do Uber era feio e a Becky não quis ficar com ele. Pedimos várias e várias bebidas e dançamos muito. Eu amo dançar. Danço, danço e danço até os calos aparecerem. Eu não sou encalhada, juro. Só não arranjo relacionamentos sérios. Tenho problemas com essas coisas que não quero citar agora. Mas beijei uns dois gatinhos na balada. Nem perguntei o nome. Não quero me apegar.
Sim, eu devo ser meia doida mesmo.
A gente se separou por alguns instantes, mas num momento que já havíamos combinado, fomos nos reencontrar num ponto específico.
— Eitaaaaa! — encontramos a Ronda suspirando na frente da boate. Eu estava tão bêbada que nem conseguia parar de rir.
Melhores férias.
— Qual o motivo dos suspiros? — perguntei me escorando numa parede e verificando os calos que meus sapatos já fizeram. Tem até bolhas.
— Vacas, eu dei uma trepada tão selvagem agora que tô toda assada. — Ela contou e a mesma riu da própria piada igual uma garrincha.
A gente também riu porque estamos bêbadas e para bêbados qualquer comentário pode ser uma piada. Ou uma ofensa...
— Vamos embora? — continuei encostada na parede. Eu não aguentava mais os efeitos que a bebida estava me causando.
— Vamos. Tem um luau perto da praia que deve tá cheio de gatinhos. — Becky estendeu a mão pra um táxi parar.
Achei sua ideia um absurdo. — O que?! Eu não aguento! — tentei me manter parada, longe da parede.
Testei minhas faculdades e olha, mentalmente estava raciocinando com 70% da capacidade, fisicamente com 30% ou menos.
— Você não vai dormir p***a nenhuma. — Ela me arrastou pelo braço e a Ronda foi ficando para trás. — Simbora, Ronda. A noite acabou de começar.
Puta merda. Eu vou voltar pro hotel só o pó.
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Chegamos ao tal luau e a vibe era totalmente diferente da balada que a gente estava antes. Músicas de ula. Tudo bem calminho. O sono chegou no meu cangote e disse: — é agora te eu te pego.
— Olha o tanto de gatinho, migas! — Becky passou sua visão por volta das mesas. Ela não mentiu. Aquele lugar estava cheio de homens lindos.
Sentamos em uma mesa e pedimos uns drinks. Se é que ainda cabia. Não conseguia lidar com a cara de felicidade da Ronda. Parecia que ela se encontrava num orgasmo eterno. Quase vesga e com um sorriso enorme.
— Então Ronda, você sumiu com um estranho, pra t*****r aonde?! — perguntei finalmente.
Esse cara devia ter uma tromba daquelas! E soube usar muito bem, pelo visto!
Ela ficou alisando os cabelos e olhando pro nada. — Foi um louco lá. Muito forte... Gostoso... A gente subiu pros quartos do hotel e c****e pra dentro! — insinuou tudo.
Mano... Eu ri.
— Tá vendo aí? quando a piriquita fica muito tempo amarrada! é isso que dá. Endoida. — Becky olhou pra mim como se tivesse toda certeza da vida. — Fogo! Isso é fogo reprimido!
Foi um aviso prévio de como posso ficar da próxima vez que fizer sexo se eu demorar mais um pouco sem ninguém.
Eu fiquei assustada, com os olhos arregalados ouvindo a Becky.
— Ainda tem mais... — Ronda completou.
Eu nunca fui como elas. Com certeza não. Sempre tive juízo, coisa que falta nas duas.
Nossos drinks chegaram e voltamos a beber. No fundo eu sabia que não devia. Mas pedi energético.
Um cara, usando smoking, subiu no palco e pegou o microfone. — BOA NOITE!!! SEJAM BEM VINDOS AO LUAU LABAMBA. E PRA AQUECER ESSA NOITE, VAMOS FORMAR OS CASAIS MAIS QUENTES DE VEGAS???? — amei a ideia. Todo mundo começou a gritar animado. — O MELHOR CASAL, O QUE DANÇAR MELHOR, VAI GANHAR UMA NOITE CALIENTE NO HOTEL MAIS QUENTE DE VEGAS!
Já quero. Ops, lembrei que não sou um casal.
Tocaram uma música animada e dançante e um monte de gente levantou e começou a dançar e formar casais. O povo era rápido.
— Bora vadias. Hoje eu quero dormir num hotel de luxo! — Becky levantou animada e a gente levantou junto. Ela nos abraçou e disse. — Se liguem. Só peguem os caras que parecem dar nos coros. Porque senão, vai ser uma noite de merda. Apesar de que, quem vai ganhar sou eu. — Nos soltou e deu uns tapinhas nos nossos ombros antes de cair na pista.
Literalmente cair na pista. Mas um rapaz a levantou e a chamou pra dançar.
Eu estava morrendo de rir com a queda da Becky. Quanto mais eu pensava, mas eu ria.
— Para Bella. Bora dançar. — Ronda tentou segurar o riso.
— Eu tenho que ir no banheiro. Depois eu arranjo um cara pra dançar. — tomei outro caminho me recuperando da crise de risos.
— Ok, princesa. — Ela foi pra pista.
— Eu nem sei que horas são, nem nada. Eu só preciso fazer xixi e ser feliz. — Fiquei falando comigo mesma. Entrei no banheiro e o vaso estava todo molhado de xixi. Era banheiro de praia. Era pra estar limpo! Tem água por todo lugar na praia! — Merda!
— Algum problema? — uma garota, que estava esperando na porta, perguntou a mim.
— Na verdade sim. — Abri a porta e pedi para ela entrar. — Segura as minhas mãos e não me solta. Eu não posso sentar no vaso. — Levantei o vestido e abaixei a calcinha, ela fechou a porta e me ajudou. Parecia que a gente estava brincando de cabo de guerra. — Só vai demorar um pouco porque acho que é uns 10 litros de xixi.
— Tudo bem. — ela continuou me segurando rindo e o xixi foi saindo aos poucos.
— Como se chama? — perguntei no auge da falta de constrangimento.
— Ally. — Sorriu. — E você?
— Bella. — Tentei apertar a bexiga pro xixi sair mais rápido. — Tô tão bêbada...
— Dança que passa.
— Ótima ideia! — sorri e ela me encarou por um instante.
— Espera. Você é a Bella Torres? — franziu o cenho.
— Sim.
Tomara que não seja uma hater.
— Ah, eu amo seus vídeos. São super motivadores. — Contou animada. — Eu até terminei com meu antigo namorado. Graças a seus conselhos. Eu era muito burra.
— Que bom, então. — Terminei de fazer o xixi e fiquei totalmente de pé. Soltei suas mãos e me sequei. — Obrigada por me ajudar. — Abaixei meu vestido.
— Que isso. Toda mulher passa por isso. — Abriu a porta e saímos do banheiro.
Me olhei no espelho e terminei de arrumar a minha roupa, enquanto a menina se trancava lá dentro, de novo. Só eu ela saiu mais rápido que eu e não precisou de ajuda. — Vou indo, tá.
— Ok. Obrigada, mais uma vez. — Repassei meu batom depois de lavar minhas mãos.
De bexiga vazia e make retocada, saí daquele espaço. m*l pisei fora, dei de cara com o cara mais lindo que vi nesses últimos tempos. Um jovem alto, de pele clara, cabelos acastanhados e um pouco ondulados, que estavam num tamanho que fazia com que uma mecha caísse na sua testa, olhos castanhos claros, tudo isso num rosto harmonioso. E o físico? Cara de quem come coisa saudável e pratica atividade física. A manga longa da camisa preta ficou perfeita em seu braço.
— Oi. — Ele sorriu.
— Oi. — Sorri de volta, ainda sem piscar os olhos. Lindo demais. Mas o que ele fazia num banheiro feminino?
— Te vi entrando aqui, bem na hora que eu ia te chamar pra dançar...
— Sério? Eu não vi.
Como eu não vi um pedação de homem desse? Deve ter uns 1,80 pra lá de altura... e esse físico! E esse cabelo! Estou em êxtase.
— É. Você estava com presa.
Tentei explicar. Ele parecia muito bêbado também. Tão bêbado quanto eu. — Quer dançar agora?
— Com certeza. — Deixei-o segurar minha mão e fomos pra pista de dança.
Se a gente não ganhasse aquela merda, pelo menos nos divertimos muito.
A gente dançou todos os ritmos, de todos os jeitos. Nunca me diverti tanto com um desconhecido.
A gente bebeu mais ainda e eu já estava sem sapato.
— Qual é seu nome mesmo? — ele perguntou quando ficamos abraçados na música lenta. Ele me puxou pra cima e meus pés não tocam o chão.
— Bella. E o seu?
— Peter. — respondeu no meu ouvido. Eita, que me arrepiei nessa hora. — Se eu falar que tô completamente apaixonado por você... Você acreditaria?
— Sim. Sim. Acho que eu também tô.
Amanhã nem vou lembrar disso. Eu tenho é que pegar esse cara.
— Que bom. — Ele me encarou sorrindo e me beijou.
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A noite mais feliz da minha vida.
Eu o amo!
Ele me ama!
— Bella Torres, aceita Peter Ronald Miller... É assim que fala? — o juiz Elvis Presley interrompeu, perguntando a ele.
Ele deu de ombros. — Sei lá. Deve ser. — continuou segurando minhas mãos.
— Continua.
— Peter, você aceita Bella Torres como sua legítima esposa?
— Sim. Sim. Sim. — Sorriu para mim, apaixonado.
— Bella Torres, você aceita Peter como seu legítimo esposo?
— Sim. Sim. Sim. — Sorri encarando o amor da minha vida.
— Então pelo poder investido a mim, eu os declaro marido e mulher. Pode beijar a noiva.
O momento que tanto esperei. Ele me agarrou e me beijou. O pessoal que estava esperando pra casar, aplaudiu a gente. Eu estava muito bêbada, mas estava muito feliz também.