O cretino perfeito

A garota difícil

Por Peter Miller  Que garota difícil, tá se saindo a Bella.

Tudo culpa da minha fama de merda.

Resolvi sair, para dar um espaço a ela. Eu sei que ela estava odiando ficar naqueles poucos metros, quadrados presa comigo. Quem sabe até o divórcio ela não me suporte?

Sentei na mesa do restaurante do hotel e pensei no que iria tomar pra ver se o tempo passava rápido. A alternativa foi suco, porque álcool eu já tenho demais dentro de mim, depois de ontem. — Um suco de maçã, por favor. — Pedi ao garçom.

Ainda tenho dois dias aqui em Vegas e não consigo imaginar em como vou aproveitá-los na situação em que me encontro. E convenhamos, "meus" planos são os piores para casados. Com certeza não posso levar ela, mas também não posso ir sem ela.

O que um casal normal estaria fazendo agora? Talvez tomando suco juntos... Então ela devia estar aqui comigo.

Eu nunca me importei com o que casados faziam. Nenhum dos meus amigos casou até hoje, nenhum parente.

Não sei o que se faz depois disso. Depois do sim.

Tirei meu celular do bolso, na ideia de consultar um amigo meu. Google. Digitei: cronograma de casamento. Apareceu isso:

Noivado

Cerimonial

Roupas

Buffet

Música

Decoração

Cerimônia

Lua de mel

É... a gente pulou maior parte dessa lista e nos resta a lua de mel.

Só acho que faltou o "divórcio" no final. Mas tudo bem, vou acrescentar, é no Wikipedia.

— Aqui está. — O rapaz me entregou o suco.

— Obrigado.

Ele deu uma boa olhada para mim. — Desculpa, mas você é o Peter M., não é? Aquele famoso do i********:?

Sempre assim.

— Sim, sou eu. — Dei um sorriso lamentoso. Não é toda hora que gosto de ser reconhecido como o cretino famoso.

— Então você casou ontem, não é? — sorriu e eu balancei a cabeça, afirmando. — Nossa, sua esposa é muito bonita. Fez uma boa escolha.

— Obrigado. — Fiquei sem jeito. Sem dúvidas eu tive bom gosto. O problema é ela pensar assim. Até o divórcio a gente já separou.

Como eu vou explicar pra minha mãe sobre ela? E minha família toda? Todo mundo curioso e eu não posso mudar a história. Eu tenho que pensar numa boa mentira.

Talvez eu possa falar pra eles que conheci ela há algum tempo na internet... A gente começou a conversar e nos encontramos algumas vezes. É uma boa mentira. Bebi meu suco.

— Um suco por favor. — Ouvi uma voz feminina na mesa atrás de mim. Virei pra olhar e não é que é minha esposa!

Minha esposa... Termo estranho.

Porque ela sentou sozinha?!

— Bella! — sussurrei. Ela levantou o olhar e se assustou ao me ver aqui. — O que você tá fazendo aí?

— Tomando um suco. — Deu de ombros.

— Senta aqui comigo. Lembra que a gente casou ontem?! — sussurrei de novo, com medo do que o povo podia pensar.

Tem um bocado de fofoqueiro de olho na gente e posso até jurar que vi um flash vindo da janela de fora.

Ela levantou e veio até mim. — Desculpa, ainda estou dormindo. — sorriu pra mim.

Que atriz!

— Amor... — sorri e segurei sua mão encima da mesa e ela arregalou os olhos. Aproveitei pra alertar com um sorriso e falando entre os dentes. — Tem um paparazzi tirando fotos da gente.

— Que merda. — Ela disfarçou. — Depois do suco a gente vai embora. 

— Ok. — Desmanchei o sorriso. — Isso vai ser engraçado. — Soltei sua mão e voltei a tomar meu suco.

— Sim. Vai ser engraçado destruir minha imagem. — Ela continua inconformada. — Se você continuar assim comigo, vai destruir mesmo. Seja você mesma, Bella e eu serei eu mesmo. Seja a garota que conheci ontem. — falei com o coração. — Eu gostei daquela garota. Gostei muito.

Ela ficou um pouco sem jeito. — O que você quer que eu faça? Porque eu tô perdidona nisso. E depois que vi sua cara nas revistas piorou.

— Eu prometo que vou te explicar como isso tomou essa proporção toda e acredite, aquilo tudo não sou eu.

Ela ficou calada.

— E você? É você mesma daqueles vídeos?

Ela ficou confusa com a pergunta e fez um biquinho, muito lindo por sinal. — É o resultado de muita merda junta. — Lamentou.

— Nossa. Acabou de me descrever. — Dei um pequeno sorriso. — Talvez não sejamos tão diferentes um do outro...

— Somos.

— Quero dizer... vivemos debaixo das unhas dos nossos assessores e fazemos de tudo pra conservar uma imagem...

— Eu ajudo pessoas, o que você faz? — me encarou curiosa e logo seu suco chegou.

— Eu também ajudo. Eu as motivo.

A quem eu quero enganar com esse papo? Eu nem sei se minha fama beneficia alguém, além de mim e do meu assessor.

Ela assentiu admirada. — Que bela motivação.

— Obrigado. E olha que eu nem lavei o rosto direito hoje. — Chequei os olhos com a ponta dos dedos.

Ela riu em negação. — As piadinhas são de quem?

— Peter real. Não o Peter com o Miller abreviado.

— E quem eu conheci ontem? O Peter normal ou o famosinho?

— Com certeza o Peter normal. Se fosse o famosinho, eu nunca teria falado com você. O Scott faria isso. Ele sempre fala com as garotas, antes de mim.

Ela ficou pensativa tomando seu suco. — Então... Por favor, não aja como o i****a das revistas comigo.

Pegou pesado, hein!

— Prometo. — Garanti, sorrindo, depois tomei um pouco do meu suco e ela quase que deu um sorriso.

— Então, vamos combinar nossa mentira?

— Vamos né? — se conformou.