ALICE NARRANDO:
Alice: To cansada. - Falei quando a menina foi pegar o sapatinho da Giulia.
Pesadelo: A gente já vai, só vamos comprar o berço que vai ficar lá em casa. - Falou alisando minha barriga e eu concordei. - Será que ela vai passar das semanas? tomara que não, to ansioso pra c*****o.
Alice: Acho que não, ela deve estar doida pra ver a gente. - Brinquei e ele riu.
Quando a menina voltou com o sapato nós fomos pagar e foi uma grana enorme só ali, mas ele não deixou eu pagar nem as minhas blusas. No total ele pegou sete kits só pra Giulia, dois pra Larissa porque ele disse que ela esta quase perdendo os dela, minhas duas blusas e duas blusas pra ele também.
Alice: Vamos comprar comida antes de ir embora. - Avisei e ele concordou.
Compramos o berço, ele que escolheu, coisa de princesa mesmo. Ainda encomendou a cômoda, sofázinho, poltrona, comprou tudo que o vendedor mostrava pra ele.
Pesadelo: Bora gatinha? - Me chamou guardando o cartão na carteira.
Ele tava cheio de sacolas e eu só estava segurando as comidas. Quando a gente foi comprar comida eu me afastei, porque a atendente estava mais focada em fazer graça pra ele do que em me atender.
Pesadelo: Da a mão aqui c*****o, oxi. - Resmungou quando tentou puxar minha mão pela segunda vez e eu não deixei.
Alice: Não quero, ué.
Ele me encarou, mas não falou nada e foi andando do meu lado.
Quando chegamos no carro e a Larissa estava dormindo ainda.
Pesadelo: Vai lá pra casa né?
Alice: Não sei. Minha cabeça tá girando.
E tava mesmo, mas eu também não estava com paciência para trocar muito papo e eu nem sei o porque.
Fomos em silencio até chegar na favela e isso foi coisa de mais de trinte minutos.
Pesadelo: Depois vai precisar comprar mais roupa pra deixar aqui em casa. - Falou quando entrou na sala, cheio de sacolas.
Alice: Você quem sabe, eu não faço questão.
Pesadelo: Lógico que precisa, precisa ter tudo as paradas dela aqui. Já te aviso que ela vai ficar aqui direto, vai vir pra ficar uma semana, duas e por ai vai, menos de uma semana ela não vai ficar. - Falou todo acelerado e eu não falei nada, só arqueei a sobrancelha pra ele. - To falando contigo, viu gatona? - Me cutucou e eu respirei fundo.
Alice: Eu sei, mas eu não quero falar agora. Me deixa ficar quieta um pouco. - Pedi de olhos fechados, mas consegui sentir que ele continuava na minha frente.
Pesadelo: Come seus lanches primeiro então, pra tu não passar mermo. Pode ser? - Eu concordei e ele me deu dois sacos dos lanches e avisou que ia pegar os copos e o refrigerante.
Eu fui tirando os lanches, separei os meus e quando tirei minha batata vi um papel no fundo da sacola. Peguei e era um número, junto com um nome de mulher.
O Gustavo voltou pra sala e me deu o copo, já cheio.
Alice: Toma, acho que é pra você. - Entreguei o papelzinho sem nem olhar pra ele.
Pesadelo: Que isso? - Perguntou antes de ler e eu encarei ele. - Tenho nada com isso. - Falou sério enquanto amassava o papel e eu suspirei irritada.
Por que eu to irritada? Giulia já esta mostrando o temperamento?
Eu comi em silencio e ele ficou me olhando toda hora. Depois que eu terminei de comer, peguei meu celular pra poder pedir que o meu pai mandasse alguém me buscar.
Pesadelo: Tá ligando pra quem? - Perguntou assim que eu bufei porque o meu pai não atendeu.
Alice: Meu pai
Pesadelo: Pra que?
Alice: Quero ir embora.
Pesadelo: Tu não ia ficar aqui hoje? Até comprei as paradas que a Larissa falou que vocês queriam comer.
Alice: Prefiro ir pra casa mesmo, outro dia a gente marca dela ir dormir lá.
Pesadelo: Col foi, Alice, vai me tratar igual criança? desde a hora que a gente saiu do shopping tu tá me ignorando, me tratando como nada!
Alice: Eu só to estressada, por isso acho melhor eu ir pra casa mesmo.
Pesadelo: Não mano, conversa comigo! Eu te fiz alguma coisa? fiz?
Alice: Não, Gustavo! Você não me fez nada, eu to estressada e nem sei o porque! - Falei séria e ele me olhou por um tempo e começou a abrir um sorriso. - Tá rindo de mim?
Pesadelo: Tu tá é com ciúmes nessa p***a! - Falou sorrindo e eu neguei e comecei a rir. - Sério, pprt. - Pausa - Tu fechou a cara na hora que a atendente começou a dar papo pra mim.
Alice: Não é possível, nem você acredita no que esta falando. - Neguei com a mão na barriga.
Pesadelo: Fica tranquila vida, eu sou só seu. Tem nem que se preocupar com ninguém nessa p***a toda. - Falou se aproximando e colocou as mãos apoiada no encosto do sofá, do lado da minha cabeça.
Ele nem me deu tempo de responder e me beijou.
Pesadelo: Tu vai parar de se desfazer de mim, quando? p***a, Alice. - Resmungou quando eu afastei ele.
Alice: Nós somos amigos. - Reforcei o que eu sempre falo e ele concordou e ficou quieto.
PESADELO NARRANDO:
Pprt, me chamar de amigo é s*******m viu, p**a que pariu!
Fiquei quieto um tempo e e logo senti ela apoiando a cabeça no meu braço.
Alice: Você quer conversar? - Perguntou depois de uns minutos, porque eu nunca fico quieto. Mas eu neguei. - Certeza? Dá carinho nela! - Puxou minha mão, Giulia tava agitadona.
Pesadelo: Eu gosto de você, parcera. - Falei de olhos fechados.
Alice: Eu também gosto de você, você é incrível!
Pesadelo: Eu gosto de você como mulher, tu tá falando de sentimento de amigo.
Alice: Gustavo você é maravilhoso, mas não dá. - Negou e tirou a cabeça do meu braço.
Pesadelo: Por que não?
Alice: Eu tenho medo, eu não consigo. - Balançou a cabeça e tentou levantar. A Giulia começou a se agitar, barriga dela mexia todinha.
Pesadelo: Senta aqui, a gente tá conversando, vai passar estresse pra menina. - Eu não tô pedindo pra tu casar amanhã comigo, tô falando que eu quero ficar com você, quero cuidar de tu e da Giulia.
Alice: Não faz isso. - Pediu com os olhos cheios de lágrimas .
Pesadelo: Alice, olha pra mim! - Segurei o rosto dela e ela me encarou. - Eu não estou te forçando a nada, eu só falei o que eu sinto. Se você quiser, a gente pode tentar só entre a gente, eu não sou aquele vacilão.
Alice: Eu gosto de ficar perto de você, mas eu tenho medo.
Pesadelo: eu vou cuidar de você
Alice: Não vai me fazer sofrer? - Me encarou chorando e eu neguei. -Jura?
Pesadelo: Juro pra tu!
Alice: Eu não quero pressão de nada viu? - Eu concordei e ela me abraçou. - Obrigada!
Enfiei minha mão dentro dos cabelos dela, dei um puxão pra erguer a cabeça, e beijei a boca dela.
Alice: Ain.. - Suspirou baixinho quando eu dei um beijo no pescoço dela.
Larissa: EU VI, EU VI, EU VIII! - Desceu as escadas gritando e batendo palmas.
A Alice me olhou rindo de canto e sorriu pra Larissa.
Alice: Viu o que? Não viu nada!
Larissa: Eu vi titia, eu vi sim! - Sentou na perna da Alice e eu sorri.
Pprt, é lindo demais o jeito que a minha filha gosta da Alice.
A Larissa falou alguma coisa no ouvido da Alice e a Alice me olhou.
Alice: Você precisa ver isso com o papai! - Mexeu no cabelo da Larissa.
Pesadelo: Ver o que comigo?
Larissa: Não briga tá, papai? Ela vai poder ser minha mãe agora, igual ela é mãe da Giulinha.
Pesadelo: Pô Vidona, ela não é sua titia?
Larissa: Mas eu queria uma mamãe. - Fez um biquinho de choro.
Pesadelo: Você precisa pedir pra ela ser sua mamãe, precisa pedir pra ela!
Larissa: Será que ela aceita? - Perguntou como se a Alice não estivesse escutando. - Titia, você quer ser minha mamãe?
Alice: Aí meu amor. - Falou já chorando e apertou a Larissa. - Você me quer de mamãe? Se você quiser eu posso ser sua mãe sim.
Larissa: Então agora eu tenho mamãe? - Perguntou e eu já tava como né, p***a.
A Alice assentiu e ela começou a chorar também, c*****o. Elas ficaram abraçadas e a Alice falando várias vezes que amava ela.
Pesadelo: Agora eu não tenho mais ninguém né, até minha filha tu quer levar. - Falei emburrado, mas tava feliz pra c*****o. - Menina do c*****o mermo pô.
Larissa: Não fala assim com a minha mamãe! - Falou séria e a Alice sorriu me encarando. - Se não ela vai ficar chateada e ir embora, ela não pode ir embora.
Alice: Eu não vou embora, você é minha filha pra sempre agora! - Sorriu secando o rosto da Larissa.
Logo elas decidiram o filme, me botaram pra pegar as comidas e os doces.
Pesadelo: Toma. - Dei um pote de pipoca e outro de bala para a Larissa.
Larissa: Brigada papai. - Se esticou pra beijar minha bochecha.
Pesadelo: Ô. - Dei as paradas da Alice e ela sorriu pra mim.
Alice: Fica aqui comigo. - Puxou minha mão pra eu deitar do lado dela.
Pesadelo: Não quer refrigerante? - Ela negou e eu deitei atrás dela, passei meu braço na barriga dela. - Tô feliz. - Sussurrei no ouvido dela e vi ela sorrindo.
Alice: Eu também! - Apertou minha mão e ficamos assistindo a noite toda, até a Larissa dormir. - Leva ela pro quarto. - Falou levantando e pegando as cobertas.
Eu peguei a Larissa no colo e ela jogou a coberta por cima.
Alice: Não esquece de cobrir ela direitinho. - Falou depois de dar um beijo na cabeça da Larissa.
Pesadelo: Iih, até parece. Eu sou o melhor pai que tu vai ver!
Subi com a Larissa, coloquei ela na cama, cobri, liguei o ar, fechei a janela e esperei um tempo pra ver se não ia ficar muito frio pra ela.
Pesadelo: Boa noite, meu amor. Papai te ama. - Beijei o rosto dela e ela se mexeu um pouquinho.
Essa menina é o meu mundo, pprt. Se a mãe dela tivesse viva ia ser toda orgulhosa dela, da beleza, da inteligência e do carinho que ela tem com os outros.
Fui no meu quarto e a Alice não estava lá, nem no de hóspede, então eu fui na sala e ela estava deitada no sofá, quase dormindo.
Pesadelo: Tá fazendo o que aí Alice? Bora subir, vai dormir no sofá? - Ela concordou já de olhos fechados. - Tá doida, só pode. Vamos subir que tu vai ficar cheia de dor nas costas. - Ela nem respondeu, tava cansada. - Bora gata, vem, vou te levar no colo.
Subi com ela no colo e deixei ela na minha cama. Tava dormindo já, mas eu demorei um tempo ainda, fiquei conversando com a Giulia.
Sou amarradão nessa menor, tenho ciúmes e tudo. Odeio ver o povo metendo a mão na barriga da Alice.
Onde já se viu ficar atrapalhando o sossego da menina?
As vezes me batia maior sentimento de pai mesmo, me sentia igual na vez da Larissa. Mas eu faço o máximo pra não ficar nisso e colocar na cabeça que o pai dela é outro, infelizmente!