Desci quase em frente. Fitei o relógio, 18:40 hrs. Era sempre assim, nunca conseguia chegar no horário certo.
Entrei na escola e fui até uma salinha onde as crianças ficavam a espera dos pais.
Jonathan quando me viu, veio correndo com a malinha nas costas, com um sorriso enorme no rosto. Eu me abaixei e o abracei. Não consegui conter as lágrimas. d***a! Geralmente eu não era assim, tão emotiva.
Eu as enxuguei antes que Jonathan visse.
—Oi, como foi tudo? Brincou bastante?
Ele mexeu a cabecinha para mim. Ele era a miniatura do pai. Cabelos negros, olhos negros, e bem grande para sua idade. Seria bem alto.
—Hoje nós vamos na vovó?
Eu neguei.
—Não. Vamos visitá-la outro dia.
Minha mãe tinha recentemente pegado um cachorro pequeno na rua. E Jonathan adorou. Agora não via a hora de ir lá para brincar com o animal.
—Amanhã?
—Amanhã! —Respondi com um sorriso. Amanhã já era quinta-feira.
—Promete?
—Mamãe promete. Agora vamos! Está esfriando. E você não quer ficar doente, quer? Se ficar, não poderá brincar com Joby.
—Vamos! —Ele disse sorrindo.
Eu peguei a mãozinha dele até a calçada. Lá tirei a mala dele das costas e a prendi no meu braço e o peguei no colo. Ele não protestou. Que bom! Assim seria mais rápido e eu não via a hora de chegar em casa. Quando comecei a andar, me lembrei do tombo na sala de Zachary
Que patético!
Afastei meus pensamentos e me concentrei no caminho, e andei com cuidado redobrado.
Logo cheguei a minha casa. Abri o portão baixo e entramos num pequeno quintal sem jardim. Coloquei Jonathan no chão e caminhamos juntos até a porta da entrada que dava diretamente na sala e a abri.
Reparei que Jonathan estava com sono, pois já coçava os olhos. Quando ele se distraiu na sala com a televisão, fui até meu quarto e tirei meu conjunto de terno e saia que eu usava e coloquei um vestido jeans folgado.
Dei banho em Jonathan e em seguida a sopa para ele. Enfrentei dificuldade, pois ele estava irritado por causa do sono.
Escovei os dentinhos dele com ele reclamando e o levei para uma caminha que ficava ao lado da minha. Ele ficou um tempo batendo os pés agitado. Eu fiquei deitada ali, esperando ele dormir. Logo seus dedinhos começaram a enrolar um pedaço da fronha com os dedos e dormiu.
Agora era hora que eu tirava para mim.
Tirei o vestido e tomei um banho demorado. Coloquei minha camisola e lavei o prato da sopa que Jonathan tinha comido e joguei fora o resto da sopa que tinha sobrado. Lavei o pote. Peguei uma maça e com ela nas mãos fui até a sala, liguei um pouco a televisão. Mas as imagens do jornal passavam, pois eu não conseguia tirar da cabeça meu dia de hoje.
Desliguei a televisão e resolvi deixar minha mala pronta. E a roupa que usaria amanhã, separada.
Foi o que fiz. Arrumei minha mala e a roupa de amanhã. Por último deixe para ver um vestido bonito para a festa. Eu não tinha muito para escolher. Por isso peguei um preto. Tubinho, mas nem tanto assim, pois marcava a minha cintura. Um pouco acima dos joelhos, decote quadrado. E para quebrar um pouco a cor, uma echarpe vermelha.
Arrumei também a mala de Jonathan, com roupas do dia a dia.
No dia seguinte, com dor no coração, tirei Jonathan da cama. Essa hora era a mais difícil para uma mãe.
Ele dormia tão sereno, tão pesado e ter que acordá-lo cedo era terrível para mim. Minha mãe já tinha me pedido para eu deixá-lo com ela, mas ela tinha artrose nos joelhos, já estava com seus 60 anos, não era justo. Ela já tinha feito seu papel.
Mesmo assim, às vezes eu abusava de sua boa vontade quando eu precisava sair a trabalho.
Não era muito de sair. Desde que tudo aconteceu, eu tinha me fechado no meu mundinho. Vivendo de casa para o trabalho e do trabalho para a casa.
Meu trabalho às vezes era puxado, pois eu tinha que sair a campo atrás de matéria para a minha coluna. Como ela era sobre variedades, eu não podia reclamar.
Lá eu poderia falar de quase tudo. Tirando política, esportes que tinham sua própria coluna.
Deixei Jonathan na escola e fui até a oficina ficava a dois quarteirões depois da escola. Fiquei feliz em saber que meu carro estava pronto. Meia hora depois, eu estava na revista. E 8:30 hrs já estava em frente ao meu PC.
Enquanto eu o aguardava surgi as imagens na tela, fitei o corredor e o avistei. Precisamente nesse instante vi Zachary saindo do elevador esbanjando charme, cumprimentando todos com um aceno de cabeça.
Meu coração me golpeou, com batidas irregulares dentro de meu peito. Meus hormônios adormecidos ficaram enfurecidos, adorando aquela visão. Desviei meus olhos dele com muita dificuldade, voltando minha concentração para a tela aberta. Embora fitasse sem nada ver, pois a imagem de Zachary estava gravada na minha mente.
Os cabelos negros brilhantes grossos. Alto. Físico perfeito dentro do terno chumbo. A gravata preta, camisa cinza um pouco mais clara que o terno.
Nunca conheci alguém com aquele corpo, ombros largos, cintura estreita e um belo bumbum.
Senti seu perfume e uma sombra se projetou na minha mesa.
Droga! Ele parou ao meu lado.