No dia que Zachary assumiu, meu carro tinha me deixado na mão e por isso cheguei atrasada. Eu achei providencial, pois o choque em vê-lo, não foi tão grande.
Nesse dia, lembro-me de logo que cheguei, Jéssica se aproximou de mim, me informando da mudança do diretor. Discretamente o apontou.
Eu virei minha cabeça na direção que ela apontava. E o avistei. No cantinho do grande salão, conversando com um dos funcionários.
Imediatamente eu o reconheci. Chocada e abalada, senti que perdi a cor do rosto, mas mesmo assim, fui capaz de encará-la. Naquela hora, ela me falou um monte de coisas, mas eu não consegui ouvir uma palavra, tão transtornada que fiquei.
Logo que pude, me refugiei no banheiro. Aos poucos fui me acalmando e me convenci, naquele momento, que isso era bom. Sabendo de tudo antes, eu estaria preparada para enfrentá-lo.
Teria tempo de reação para acalmar os meus nervos tensos e fitá-lo com cara de paisagem. Pronta para ver a reação dele quando me visse. Mas o tão esperado encontro não aconteceu, ele ficou entretido com o nosso antigo diretor e eu não o avistei mais naquele dia.
Fui para casa tensa. Não preguei o olho à noite inteira.
No dia seguinte, consegui chegar mais cedo. Nervosa, aguardei no meu lugar a entrada dele. Lembro-me de toda hora olhar para os elevadores, ansiosa por sua chegada.
Me sentindo nervosa, começou crescer dentro de mim a dúvida se foi bom mesmo eu saber antes que ele seria o nosso novo diretor.
Depois de dez minutos de tensa agonia, ele surgiu. Isso já me desestruturou. Com o coração batendo, fiquei com os olhos pregados nele, enquanto ele caminhava pelo grande e largo corredor, cumprimentando a todos, com um lindo sorriso, que na hora me lembrou um comercial de creme dental.
Quando ele se aproximou do meu biombo, eu quase tive um treco de nervosismo. Ele sorria, e alguns momentos antes de ele passar por mim, nossos olhos se encontraram. Ele me olhou por um tempo fixamente.
Eu o encarei séria, sem conseguir sorrir, sem nem ao menos respirar. A rapidez de seus passos diminuíram. Ele então foi ficando sério e seus olhos se demoraram um pouco mais em mim e com um aceno de cabeça, passou por mim.
Aquilo foi a mais louca de todas as sensações que eu já havia experimentado na vida. Eu me sentia quase fora de mim, como uma criança correndo solta em uma loja de cristais. Mas todo o meu nervosismo esbarrou com toda a calma dele.
Ele apagou minha existência, eu precisava apagar a dele também e precisava parar de pensar nisso.
Peguei um bloco de anotações, me dirigi à sala dele. Passei pela antessala onde a senhora Clark se levantou e se aproximou de mim.
—O que está acontecendo com você? Anda tão estranha!
O que está acontecendo comigo? Neste momento sinto-me presa a um pesadelo e não vejo à hora de acordar.
É isso que está acontecendo comigo!
Ela então me conduziu a sala de reuniões, anexa a de Zachary. Quando entrei, percebi que fui à última a chegar. Sebastian e Priscila já estavam sentados em seus lugares.
Zachary estava em pé e pelo jeito que ele andava de um lado para o outro, impaciente.