Oh, pelo amor dos companheiros

Capítulo 3: Obrigado mundo

Caminhamos de volta para a casa do bando lentamente. Estávamos tentando conversar um com o outro para que tudo voltasse ao normal, mas não era assim. Ainda sentia a pontada de rejeição no peito, ao contrário de Denny, eu não tinha mais ninguém me esperando. E agora minha única esperança de ter alguém simplesmente desapareceu. Perdi muito hoje. Sabia que estava sofrendo profundamente por causa disso, mas estava tentando não demonstrar. Meu sonho de ter uma família... Como poderia realizá-lo agora? Ninguém no meu próprio bando me queria. E sem o chamado do companheiro, que homem gostaria de ser o companheiro da delta fêmea? A maioria dos machos precisava ter uma posição hierárquica superior às suas fêmeas porque seus egos não aguentavam. E então havia o problema de como eu poderia sequer conhecer alguém.

Eu sou uma oficial do bando Sulfur, não há muito tempo livre, talvez eu pudesse conhecer alguém em uma festa ou banquete do bando. No entanto, eu sei que não passaria de um caso passageiro, assim como a noite que passei com um cara chamado Conrad. Nunca se tornaria algo sério, nenhum homem deixaria seu bando para ir para o meu. Era uma tradição as fêmeas deixarem seu bando para irem para o bando do novo companheiro. Isso só era uma tradição porque o macho geralmente tinha uma posição hierárquica superior. Então, eu teria que encontrar um gama, um beta ou outro Alpha que me quisesse. E como segundas chances provavelmente não existiam, eles estariam desistindo de encontrar seu companheiro destinado. Entende o que eu quero dizer? Perdi a chance de ter minha própria família.

Entramos na sala de jantar e vimos Joey e Jude devorando os últimos pedaços de panqueca.

"Onde vocês dois estavam?", Joey disse com a boca cheia de comida.

"Essas são as minhas panquecas que vocês estão comendo?", Denny rosnou baixinho enquanto estreitava os olhos para os dois homens.

"Não sabíamos de quem eram. Vimos apenas uma pilha de panquecas na mesa e dividimos." Jude deu de ombros enquanto olhava para cima. "Elas já estariam frias e molengas agora, de qualquer forma."

Eu sentia Denny ficando irritado, era estranho vê-lo tão chateado com algo assim, mas, novamente, nós dois passamos por muitas coisas esta manhã. E era apenas de manhã.

"Eu posso fazer mais para você. Além disso, elas serão muito melhores frescas", sorri para ele e dei um passo na direção da cozinha quando senti sua mão pousando em minha cintura, me segurando. Olhei surpresa para ele e, do canto do olho, pude ver que Joey e Jude também estavam surpresos com isso.

"Não quero que você tenha que fazer de novo, não deveria estar cozinhando."

Que absurdo era esse que ele estava falando? Ri e me virei para encará-lo. "Não é como se você estivesse me ordenando fazer isso. Eu não sou uma escrava aqui, estou fazendo isso apenas porque é seu aniversário. Então não espere que eu faça algo assim de novo."

O olhar nos olhos dele estava me deixando nervosa. Por que ele estava me olhando daquela maneira possessiva? Nós nos rejeitamos, era hora de agir normalmente novamente. E ainda assim, eu sentia como se estivesse sendo queimada sob seu olhar.

"Feliz aniversário!" A voz de Andrea soou quando ela entrou na sala de jantar com seu séquito.

A maioria das outras garotas não me incomodava. Quer dizer, elas apenas me ignoravam como todo mundo. A única que eu desprezava era Taylor. Não vou escolher as palavras, ela é uma v***a, quando me tornei delta, ela se acalmou bastante. Mas agora, ela estava namorando Jude com suas unhas postiças e roupas elegantes. Era como se a Barbie maligna tivesse ganhado vida e, de vez em quando, seu demônio interno maligno aparecia. É claro, ela brincava com isso de forma maldita e passivo-agressiva. Mas eu sabia melhor, como eu adoraria lutar com ela uma contra uma.

Olhei para Denny, que parecia um pouco assustado, ele também parecia incerto sobre o que deveria estar fazendo. Seus olhos voltaram para mim antes de ele se dirigir a Andrea.

"O que você está fazendo aqui?"

"Pensei que seria ok se um grupo de amigos passasse por aqui para desejar feliz aniversário."

Era a única maneira de Andrea ser bem-vinda na casa, se ela viesse com outras pessoas. O Alpha Scott não queria que ela viesse sozinha, pois sabia de seus sentimentos por Denny, mas se ela viesse com um grupo, o que ele poderia dizer? Então, agora, eu poderia escapar para a cozinha com ela aqui. O que eu fiz com prazer. Havia algo estranho agora com Denny, e eu não queria que Andrea percebesse.

Enquanto misturava a massa para mais panquecas, tentava me convencer de que isso provavelmente é normal. Ambos sentimos esses desejos estranhos e a conexão entre nós dois. Ainda está fresco em nossas mentes, então, com o tempo, a memória disso desapareceria. Embora rejeitar um companheiro destinado fosse raro, ainda acontecia, geralmente, era uma ômega sendo rejeitada por alguém com uma posição hierárquica superior. Na verdade, me lembro de uma ômega fêmea sendo rejeitada não faz muito tempo, no entanto, eles continuaram felizes com seus namorados atuais. Então, se algo, eu deveria ser a que mais sofre com tudo isso.

Não que eu esteja tentando justificar quem tem permissão para sofrer mais... ok, talvez seja exatamente isso que eu estava fazendo, Isso é um absurdo completo. Somos indivíduos que lidam com a dor de maneiras diferentes. Aposto que ele está preocupado comigo e esse é o problema, porque ele sabe que tem outra pessoa. Só preciso tranquilizá-lo de que estarei bem. Posso maratonar a Netflix à noite e viver como uma solteirona solitária, mas ficarei bem, talvez eu deva começar a procurar um gato agora. As coisas estão claras.

Empilhei as panquecas no prato e segui a mesma rotina que fiz antes para fazê-las.

 Respirei fundo e saí com as panquecas. Para minha surpresa, ou bem, eu não deveria ter ficado surpresa, Denny e Andrea não estavam lá. Coloquei as panquecas na mesa e apontei o dedo para Joey, que veio roubar uma.

"Não se atreva, ou farei você fazer o próximo lote." Mexi o dedo para ele enquanto ele fazia bico.

“Clover... você vai me fazer panquecas no meu aniversário?” Joey me fez uma cara triste de bico, para a qual só consegui sorrir e balançar a cabeça. Crianças, eu estava vivendo com crianças.

"Sim, no seu aniversário, farei panquecas para você. Feliz?", ri enquanto pegava o jarro vazio de suco na mesa.

Eu sei que não precisava, mas parecia natural reabastecê-lo e ajudar, não gostava de chamar uma empregada para fazer tudo o que precisava ser feito. Virei para voltar à cozinha quando senti uma perna me atingindo e chutar meu pé, me desequilibrando no meio do passo. Eu sabia quem era e não gosto de usar essa palavra, mas era a palavra com rima de uma ofensa.

Tentei salvar o jarro para que não caísse no chão. Se caísse, se espatifaria em pedaços, o que significaria mais trabalho para as empregadas. Então, virei meu corpo ligeiramente para permitir que eu batesse no chão. Infelizmente, segurei a alça com muita força e ela acabou se quebrando mesmo assim. É isso que acontece quando você usa cristal de verdade. As coisas baratas teriam aguentado. Momentos antes de bater, senti braços agarrarem a minha cintura, me levantando contra um peito quente.

Inclinei minha cabeça para ver Joey olhando para mim com preocupação. E foi quando senti a sensação de ardência na minha mão e no braço. Eu tinha um pedaço de vidro enfiado em mim, perfeito! Eu tinha uma ferida mental, então vamos adicionar uma ferida física nisso, parece bem certo. Obrigada, mundo, você nunca me desaponta.

"Taylor, que diabos!", escutei Joey rugir.

Por um segundo, pensei que as palavras fossem minhas porque estava pensando isso. Joey é um leitor de mentes. Eram exatamente minhas palavras.

"O que está acontecendo?" A porta se abre e Andrea entra com cabelos desarrumados e o rosto corado. Sim, eu sei o que estava acontecendo. Logo atrás dela, Denny entra com o cabelo levemente bagunçado também. Seus olhos pousam em mim e depois em Joey. Seus olhos escurecem enquanto ele fita as mãos de Joey em mim. Eu não estou imaginando isso, certo? Ele está definitivamente mais chateado agora que estou nos braços de Joey.

"Taylor derrubou a Clover. E olhem a mão dela!", Joey rosnou.

"Foi um acidente. Não foi, Taylor?", Jude disse, dando tapinhas nos ombros da menina. Taylor começou a chorar instantaneamente.

"Eu nunca a derrubaria de propósito. Não posso acreditar que você pensa assim de mim", Taylor choramingou e se virou para Jude com seu corpo de plástico falso e nojento.

Já mencionei que a odeio?

Toda a situação era mais do que estranha. Joey e Jude estavam em uma forte disputa de olhares. Enquanto isso, eu ainda estava nos braços de Joey e Denny estava me lançando olhares ciumentos. Como ele ousa? Está tudo bem para ele ir e fazer sei lá o que agora, mas não estava tudo bem para mim estar nos braços de outro homem? Mesmo que seja completamente inocente.

Olhei para a minha mão ainda liberando um líquido vermelho, grosso e pegajoso. Sou uma lobisomem, logo vai cicatriza, mas preciso tirar todos os pedaços de vidro. E infelizmente, vou precisar de ajuda, já que não tenho coordenação com a outra mão.

"Você pode me colocar no chão, Joey. Estou bem. Só preciso tirar esses pedaços de vidro para poder cicatrizar."

Ele olhou para mim enquanto me colocava gentilmente no chão. Ele segurou meu braço para poder examinar melhor a ferida. Vi-o lançar outro olhar raivoso para Taylor.

Não se deixe incomodar. Não vale a pena começar uma briga por isso. Hoje é um grande dia para o Denny, não vamos deixar nada estragá-lo. Eu rapidamente lhe transmiti mentalmente antes que ele começasse outra cena.

Realmente não valia a pena. Taylor iria mentir, e Jude a defenderia, Andrea defenderia a amiga. Eu podia ver a irritação nos olhos dele por deixar isso passar.

"O que aconteceu?!" A inconfundível voz de comando do Alpha Scott encheu o cômodo. Olhei para o homem imponente, seus olhos percorreram o ambiente antes de pousarem em minha mão ensanguentada. "Bem?" Desta vez, ele dirigiu sua pergunta a mim.

"A jarra de suco quebrou. Tenho alguns cacos de vidro na mão, vou lá tirá-los agora." Eu não queria me alongar mais do que isso. Só queria sair da sala e ficar longe da situação. Então, com a cabeça baixa, segui em direção à porta. Eu tinha que passar pelo Denny, mas mantive os olhos no chão enquanto passava rapidamente por ele.

"Espere por um segundo, Clover", disse o Alpha Scott com sua voz de comando. Internamente, me contorci imaginando o que ele queria. Então, virei para olhá-lo quando ele fixou os olhos em seu filho.

"Não teremos a cerimônia de Alpha hoje à noite."

Logo após ele dizer isso, pude sentir a tensão na sala. Oh deuses, o Denny estava contando com isso, por que ele adiaria a cerimônia?

"As matilhas do norte estão todas se reunindo para discutir as linhas territoriais e reforçar os tratados. É melhor eles verem um rosto conhecido aqui. Após a reunião, prosseguiremos com sua cerimônia."

Olhei para o Denny, que apenas assentiu lentamente com a cabeça. Andrea, por outro lado, estava furiosa, e era evidente. Agora ela teria que esperar ainda mais tempo para se tornar a luna oficial.

"Denny, é claro que espero que você venha para a reunião, assim como seus oficiais. Será uma boa experiência de aprendizado para todos eles. Clover, vá cuidar dessa mão."

Sua voz soou mais gentil quando seu olhar se encontrou com o meu. Não tenho certeza por que, mas o Alpha Scott nunca me tratou m*l e, mesmo que ele pudesse ser firme, sempre foi justo e gentil comigo. O que eu sei que deixava a Andrea amarga.

Virei as costas e me afastei. Talvez isso seja realmente uma coisa boa. Depois de toda a rejeição do companheiro, o Denny poderia usar algum tempo para colocar a cabeça no lugar novamente. E eu também. Durante sua cerimônia, é quando também recebemos nossos títulos oficiais, preciso ter certeza de que as coisas ainda não estão estranhas entre nós. Se estiverem... não há como eu continuar sendo sua delta. Por bem dos dois. Sim, esse atraso é uma coisa boa.