Méier, RJ.
Thalia Narrando.
O fim de semana passou muito rápido, já era segunda novamente.
Fui pra faculdade como sempre, chegando lá encontrei com as minhas amigas, mas eu não estava muito afim de conversa.
Entrei na sala de aula e me sentei no fundo, eu estava desanimadas só queria que a aula acabasse pra eu voltar logo pra casa.
O fim de semana foi o mesmo tédio de sempre, Lucas foi pra lá transamos, e depois ele foi embora, passei o domingo todo dentro do quarto, tem dias que eu não quero socializa com ninguém, e hoje é um dia desses.
Assisti a aula até no final, e na hora da chamada eu saí logo após responder.
Desci as escadas da faculdade correndo, tava doida pra sair dali, cheguei na porta da faculdade e fiquei chocada com o que eu vi, Bernardo estava parado na frente da faculdade.
Provavelmente minha cara de choque ficou evidente, então abaixei a cabeça e segui andando pela calçada, eu fingi que não o vi. Se ele está aqui na porta da facul obviamente tá esperando alguém, e eu não ia atrapalhar.
Enquanto andava senti uma mão no meu ombro e ouvi:
Bernardo: vai me ignorar mesmo?
Thalia: oi —disse me virando.
Bernardo: achei que você fosse me fazer perder a viagem.
Thalia: como assim? — pus o cabelo atrás da orelha meio tímida.
Bernardo: eu desci o morro só pra te achar
Thalia: que mentira. — disse sem acreditar.
Bernardo: eu tô falando sério.
Thalia: me tira daqui então. — ele andou em direção a uma moto que estava parada na frente da facul, subiu e me deu um capacete.
Eu peguei o capacete e subi em seguida.
Bernardo: pode segurar em mim. — riu.
Me segurei nele e ele acelerou
Por que ele desceu o morro atrás de mim? E como me achou?
Ele estava seguindo na direção do morro, nem ousei questionar o motivo dele está me levando pra lá, só deixei acontecer.
Subimos o morro e ele me levou até o topo, eu não conhecia nada ali, o baile era bem no início do morro, então tudo era novidade.
Por onde ele passava tinham homens que o cumprimentavam e ele buzinava pra eles de volta, deve ser bem conhecido aqui dentro.
Ele parou a moto de frente a um restaurante no topo do morro, eu desci e ele desceu em seguida.
Bernardo: tá com fome?
Thalia: um pouco.
Bernardo: vai almoçar comigo hoje. — eu sorri e nós entramos no restaurante.
O lugar era lindo, tinha uma varanda enorme que dava pra ver o Méier inteiro, eu fiquei deslumbrada com aquela vista, era algo único, nunca tinha visto nada igual.
Ele foi direto pra uma mesa que ficava na sacada de vidro, eu o acompanhei e me sentei com ele.
Eu estava boba olhando a vista e nem dei atenção pra ele.
Bernardo: a vista é incrível né?
Thalia: demais, nunca vi algo parecido.
Bernardo: mais bonita que essa vista só você! — olhei pra ele que me admirava sem tirar seus olhos de mim.
Thalia: obrigada. — disse tímida, e ele sorriu.
Chegou uma atendente do restaurante e nós trouxe o cardápio.
Atendente: Oi Ber, tudo certo? — ela colocou o cardápio na mesa.
Bernardo: tudo jóia — ele recusou o cardápio. — trás o de sempre. — ela assentiu e saiu da mesa.
Fiquei olhando pra ele e lembrei do dia que estava com o Lucas e ele não saia da minha cabeça, minha mente viajou e me imaginei na cama com ele, deve ser um deus grego sem roupa. Balancei a cabeça negativas e ri.
Bernardo: oque foi?
Thalia: nada, só tô achando loucura está aqui com você, inclusive como me achou?
Bernardo: única faculdade do Méier, se não te achasse de manhã eu ia aparecer a noite e com certeza te acharia por lá.
Thalia: já pensou que eu poderia não estudar?
Bernardo: você bem cara de boa menina, eu tinha certeza que fazia faculdade.
Thalia: eu poderia fazer faculdade em qualquer lugar.
Bernardo: mas minha teoria foi certa, você faz no Méier e eu consegui te achar, isso que importa! — eu sorri
Thalia: por que todo esse interesse em me achar? Eu não te falei mas eu tenho namorado. — disse sem graça.
Bernardo: não podemos ser amigos? Eu gostei de você.
Thalia: podemos ser amigos sim, mas nada além disso.
Quem eu tava querendo enganar com esse papinho?
Bernardo: tá certo então.
A comida chegou e parecia um banquete, tinha arroz, feijão, batata frita, farofa e dois bifes gigantescos, o cheiro tava maravilhoso e eu fiquei com água na boca.
Bernardo começou a fazer o prato dele e eu fiz o meu, a atendente trouxe um jarro de suco de maracujá e colocou na mesa.
Thalia: tu é exagerado heim. — ri.
Bernardo: não gosto de miséria.
Thalia: deu pra perceber.
Começamos a comer e estava uma delícia, a comida logo pesou e me deu um cansaço enorme, terminamos de comer e eu estava molinha de cansaço, acho que o suco de maracujá colaborou pra isso acontecer.
Bernardo: gostou da comida?
Thalia: tava perfeita, só bateu um cansaço— ri.
Bernardo: foi o suco de maracujá, abaixou sua pressão, devia ter pedido uma Coca.
Thalia: tá tudo bem, o suco tava ótimo.
Bernardo: quer sobremesa?
Thalia: eu tô satisfeita, obrigada.
Bernardo: certo, vou pagar a conta. — ele se levantou e foi até o balcão do restaurante.
Eu me levantei, encostei na sacada de vidro e fiquei admirando a vista, realmente estava encantada com ela.
Bernardo se aproximou de mim por trás e colocou as mãos do lado das minhas, e a cabeção no meu ombro.
Bernardo: apaixonou pela vista né?
Thalia: é incrível, nunca tinha visto o bairro desse ângulo.— ele se aproximou mais de mim e encostou seu corpo no meu, senti algo rígido na sua cintura, e o questionei.
Bernardo: oque você tem aí na cintura? — ele se afastou e disse:
Thalia: nada, só meu celular, vamos embora? — disse num tom de voz estranho.
Thalia: tá bom, podemos ir.
Fomos andando até a moto e eu perguntei.
Thalia: você me deixa em casa?
Bernardo: você não quer ir pra minha?
Querer eu quero, só não sei se devo, vai acabar dando merda isso.
Thalia: não tem problema se eu for?
Bernardo: claro que não, só basta você querer, posso te deixar em casa mais tarde.
Sei que não é uma boa ideia, mas vou pra casa dele.
Thalia: tudo bem então. — ele sorriu e subiu na moto, eu subi em seguida e nós fomos pra casa dele.
Chegamos na casa dele, ele parou a moto em frente e nós entramos, a casa dele era a ultima do pico do morro, a mais alta que tinha.
Thalia: tua casa e a mais alta do morro? É isso mesmo?
Bernardo: aham, tu já vai entender o porque.
Subimos as escadas e ele abriu a porta da casa.
Eu entrei e logo olhei tudo, a casa era bem bonita.
Thalia: linda sua casa.
Bernardo: você ainda não viu nada. — ele pegou na minha mão e nós subimos uma escada que tinha na sala, provavelmente estávamos indo pro quarto dele, isso me dava medo, mas só mesmo tempo eu sentia adrenalina correndo pelo meu corpo.
Passamos por um corredor e entramos em um dos quartos, ele puxou a cortina e tinha uma porta de vidro que dava pra uma sacada, e só de abrir a cortina eu tive a visão do ponto mais alto do morro.
Fui me aproximando da porta e ele a abriu, nós saímos pra sacada e ele disse:
Bernardo: por isso a casa mais alta, essa visão só eu tenho, e agora você também.
Thalia: nossa, é incrível! Eu nunca imaginei que no morro teria algo tão incrível como essa vista.
Bernardo: única e exclusivamente minha, e hoje é sua também.