Amanda 16

2346 Words
Marilda - Como assim? Depois desse momento constrangedor que essa velha louca nos colocou, o assunto voltou a fluir porque os padrinhos do Eduardo são fantásticos. Os dois são donos de uma agência de publicidade e são muito atualizados nos assuntos e tentam incluir o Eduardo em todos, fazendo ele ficar completamente confortável. E eu agradeço imensamente por isso até porque quando ele fica nervoso, sua cabeça dói e não quero que ele sinta dor e muito menos desmaie novamente. Nos sentamos a mesa na nora do jantar e foi aí que o meu mais novo pesadelo começou, e a tola aqui achando que já tinha sido humilhada o suficiente. Eduardo sem se quer prestar atenção na sua destreza manuseia os talheres de forma magnífica, enquanto conversa com os senhores a mesa. Já eu sentada ao seu lado estou tentando queimar meus neurônios para saber qual deles devo usar primeiro. Paulo - Me acompanha. (me diz baixinho) - Eu também odeio essas frescuras, não sei pra que tanto se só tenho duas mãos. - Obrigada. Foi ótimo eu não ter aprendido a comer, eu odiei a refeição, simplesmente horrível. Coloco algumas porções na boca só pra não parecer m*l educada, mais é completamente impossível comer isso. Ao meu lado o Paulo percebe minha insatisfação e deu umas boas risadas enquanto usa o guardanapo. Marilda - E você querida, é modelo ou alguma coisa do tipo? - Não, não sou. Marilda - Sua namorada é linda querido, você tem um ótimo gosto. Ela bem que poderia investir na carreira. Edna - O meu filho sempre teve um bom gosto, até esse episódio acontecer. (diz fazendo som de deboche) - É só olharem para a Manuela, uma mulher linda e elegante. Marilda - Mais a Amanda também é maravilhosa, e se algum dia surgir interesse da sua parte, por favor não hesite em me procurar. Edna - Perca de tempo Marilda, você deveria investir em algo que lhe trará retorno. Eduardo - Chega! (diz colocando o guardanapo com força na mesa) - Eu já pedi que a senhora respeite a Amanda, do contrário nós nos retiraremos da sua casa. Luiz - Edna por favor, é um jantar para recepcionar o nosso filho e lhe transmitir boas energias para a cirurgia. Edna - Disse bem, nosso filho. Eduardo - A senhora é impossível, não vou permitir que insulte a Amanda de tal forma. Ele se levanta e me puxa pelo braço, não se importando da forma que está fazendo ou se está me machucando. Eduardo não consegue se quer dar três passos que bambeia. - Eduardo, está tudo bem? Luiz - Filho? Todos correm para o amparar enquanto eu estou abraçada nele. Edna - Afaste-se dele para que o Blanco possa examinar o meu filho. (diz encostando a mão em mim e me puxando) Eu tento, juro que estou tentando me controlar com essa velha ridícula mas agora já deu, eu não aguento mais. - Você sabe que ele não pode passar stress ou nervoso e se quer faz o mínimo para evitar isso. Será que você não pode engolir esse veneno por apenas uma noite e respeitar a condição do seu filho? Eduardo - Eu quero ir pra casa. (diz com a voz carregada de dor, após o silêncio que se formou após eu colocar a jararaca no seu devido lugar) Paulo - Vamos, eu te levo, você não está bem para dirigir. (diz se oferecendo) Edna - Quem essa mulherzinha pensa que é, pra falar assim comigo? Miguel - Edna, vamos. (diz arrastando ela pelo braço até sumirem de vista) Luiz - Paulo, leve-os pra casa o meu menino não está bem para passar por esse tipo de situação. E Amanda, perdoa a Edna ela tem um bom coração, só protege demais o filho. Marilda - As vezes desnecessariamente. Miguel - Precisa! (diz voltando e ficando ao lado da mulher) Manuela - Edna é um amor de pessoa, não tem o porque você levantar a voz pra ela. Você teria que ter o mínimo de educação, já que está na casa dela! (agora a sonsa resolve se pronunciar) Paulo - Manuela! (diz a repreendendo) - Vamos, por favor. Eu não quero mais ficar nessa casa. Eu saio me tremendo, parece que todos conseguem ver algo de bom nessa mulher, porém sou só eu que tenho que aguentar sua antipatia. Se ela mostra acidez comigo, não tem o por que eu ser doce. Aliás eu posso até tentar ser por causa da saúde do Eduardo, mais se ela não colaborar vai ser difícil aguentar tanto desaforo. . . Eduardo - Você está bem? Estamos no escuro do seu quarto abraçados apenas sentindo a respiração um do outro, ele como sempre com seus dedos em meu cabelo me fazendo delirar com os seus carinhos. - Eu estou ótima aqui com você. Não quero falar da mágoa que eu sinto pelo sua mãe, já que parece que eu sou a única pessoa que ela odeia na face da terra. Eduardo - Você é muito importante pra mim, meu bebê. - Descansa um pouco. Você ainda esta com dor de cabeça? Eduardo - Não, já estou bem. E já que estou bem, podemos fazer aquelas safadezas que me prometeu antes de sairmos. (diz vindo se arrastando pra cima de mim) - Nem pensar mocinho, trate de deitar, dormir e descansar. Você tem que estar super bem para a cirurgia. Eduardo - Só algumas coisinhas? (diz beijando meu pescoço e segurando o meu cabelo com firmeza) - Pro seu lugar. (digo e ele me encara vendo que eu estou falando sério) Eduardo - Depois que eu me recuperar, quero ficar longe de tudo isso. Vai ser apenas nós dois por um tempo. - E eu vou amar passar esse tempo com você. . . Durante o café da manhã conto para a Babi, tudo o que rolou no jantar. Se quer preciso informar qual foi a parte que ela mais gostou, né?! Babi - Boa garota, ela não vai te respeitar se você não fizer com que ela te respeite. A Edna tem uma mente muito fechada com relação a classe social. Para ela só importa quem tem muito dinheiro, os desfavorecidos e de pele escura só fazem parte da ralé e do quadro de funcionários dela, eu já até ouvi boatos de que ela já destratou vários funcionários de forma borrada por causa da cor. - A pessoa tem que ser muito mente fechada pra ter esse tipo de pensamento, eu fico indignada que pessoas como ela se acham superiores às outras, apenas por causa da cor da pele. Pois eu tenho muito orgulho da minha cor, do meu cabelo e principalmente da minha criação. Graças a Deus meus pais não erraram em nada e se ela acha que eu vou abaixar a minha cabeça pra ela, pois ela está é muito enganada. Eduardo - Quem está muito enganada? (diz me assustando com a sua entrada repentina) - Ni-ninguém. Babi - Estamos conversando sobre racismo, cara de fuinha e como certas pessoas são desagradáveis apenas por sua posição social. Eduardo - Não é uma boa pra se ter logo cedo. E sobre o que eu acho, pessoas desse tipo devem ser ignoradas e se não adiantar, um boletim de ocorrência pode resolver. Ele falar essa última parte me encarando, ele não é bobo, ele sabe muito bem de quem estamos falando. . . Pela tarde recebemos a visita do Miguel e da Marilda e como já demonstram eles realmente são um amor de pessoas. Eles nos contaram histórias agradáveis sobre a infância e a adolescência do Eduardo, inclusive a Babi participou de toda a conversa. Também percebi que a Babi nunca está no mesmo ambiente que a Edna, com certeza é por causa da história de seus pais, mais é claro que eu não vou me meter. . . Dr Blanco - Agora descanse. Assim que tudo estiver pronto eu venho te buscar. (diz o médico) Eduardo - Ok, obrigada doutor. O médico sai e nos deixa a sós. - Fica bem tá. Eduardo - Eu vou ficar, só não me deixa eu te esquecer. - Nunca. (digo dando um beijo nele logo em seguida) Meu coração está disparado, e mesmo mostrando plenitude pra ele eu estou mais agitada que bateria de escola de samba. Erick - Mais que saliência toda é essa heim, safadinhos logo dentro do hospital? (diz entrando no quarto nos pegando de surpresa) - Bobo. (digo rindo) Erick - Cheguei, princesa. (diz me abraçando) - Eai, parceiro, tá tranquilo? Eduardo - Mais ou menos, acho que estou mais nervoso por não saber o que pode acontecer. Erick - Vai dar tudo certo cara, você vai ver. Já te falei que não é uma opção você fazer a minha amiga sofrer. Eduardo - Nunca. Erick - Tá certo, eu vou ficar aqui e apoiar o seu apoio, enquanto você troca os parafusos. A porta do quarto se abre e por ela passa um Paulo totalmente leve, diferente dos outros dias onde só vejo ele dentro de um terno e gravata, juntamente com o Luiz. Espero a Edna entrar também, mas isso não acontece. Paulo - Eu estou nervoso para um c*****o, desculpa tio. (diz entrando e parando do nada com cara de assustado, logo em seguida se coloca ao lado do Eduardo na cama) - Eai? Está bem? Eduardo - Não estou bem, estou ansioso. Luiz - Não fica. (pede ao filho) - Você vai estar em boas mãos, Blanco nos fez o favor de trazer um amigo neurocirurgião de Los Angeles, para fazer a sua cirurgia. E se ele fez essa escolha, nós confiamos você estará em ótimas mãos. Paulo - Certeza irmão, você realmente estará em ótimas mãos. Eu fiz uma análise do currículo do homem que vai estar com o cérebro do meu irmãozinho nas mãos, e acho muito bom ele fazer jus aos diplomas e honras recebidos por ele. - Vai dar tudo certo. (digo e meu celular começa a tocar, adivinha quem é?) Cecí - Oi mamãe, cadê o meu tio? Ela me liga por chamada de vídeo, se quer pergunta se eu estou bem. Tô sentindo que cada vez mais eu perco a minha filha para o Eduardo. Eduardo - Oi minha princesa, cadê você? Ceci - Olha tio, ganhei a roupa da Moana. Ela é uma princesa que você em uma ilha e anda no mar e nas florestas também. Eduardo - Tudo isso? Nossa, ela deve ter bastante aventuras. Ceci - É i-ra-do! A tia Karla fez cinema aqui, porque ela não sabe contar histórias como o senhor. Karla - m*l agradecida! (diz e ouvimos sua voz ao fundo da ligação, Cecília e suas gracinhas) Ceci - Eu te amo tia! Karla - Tá muito ligeira, você viu mocinha. - Meu amor o tio vai descansar, deseja boa sorte pra ele que já já o médico vai vim buscar ele. Ceci - Tio, fica bem logo tá! Eu te amo. Eduardo - Eu também te amo, minha princesa. Nos despedimos dela e apesar de não demonstrarmos, todos nós no quarto estamos ansiosos. Apesar das conversas descontraídas, dos risos e piadas, todos mantemos uma única esperança … tudo precisa dar certo. . . Assim que o Doutor veio com a sua equipe buscar o Eduardo no quarto eu pude chorar, coloco pra fora toda a angústia que está em meu peito, e o medo que tenta de toda a forma me consumir. Erick - Relaxa princesa, você ainda vai ver o seu homem. (diz me consolando em seus braços) Sei que vou precisar muito do seu apoio, foram muito dias me bancando a forte, aguentando pessoas desnecessárias para que o Eduardo ter paz e descansar para que nada desse errado nesse exato momento. Paulo - Vai dar tudo certo Amanda, ele está em ótimas mãos. (diz tentando me tranquilizar) Luiz - Com licença, vou ligar para a Edna pra falar que o nosso filho já entrou em cirurgia. Desperto do meu momento de piedade e lembro que antes da sua antipatia por mim, ela é a mãe do Eduardo. E eu como mãe gostaria muito de estar ao lado do meu filho em um momento como esse. - Luiz, espero que não seja por mim ela não estar aqui. Luiz - E não é querida, meu filho precisa de paz nesse momento e se ela não consegue entender isso, é bom que não fique por perto. (diz e eu apenas assinto, afinal ele sabe bem a mulher que tem) Paulo - Querem comer alguma coisa? Sei lá, só pra distrair a mente, o médico disse que a cirurgia pode demorar de nove à dezesseis horas. - Obrigada Paulo, eu realmente não estou com fome agora. Vou esperar aqui, Erick, você não quer ir comer nada? Os dois se olham e logo em seguida meu amigo olha pra mim. Erick - Eu vou lá comer alguma coisa amiga, eu já volto tá bom? - Tudo bem, vou esperar aqui. Assim que os dois saem eu me permito mais um momento com os meus pensamentos, a vida realmente é uma verdadeira caixinha de surpresas. Quem diria que eu fosse me apaixonar assim, por uma pessoa completamente desconhecida e que nem ele mesmo se conhece. E agora estou eu aqui aos prantos com o que pode ser ou acontecer com o nosso futuro. Oro a Deus sentada na poltrona do canto no quarto de olhos fechados, peço ao meu paizinho que o guarde e o livre de toda a maldade. Não sei porque mais acabo lembrando do meu pai, e me deu uma vontade enorme de abraçá-lo. Ligo pra casa da minha mãe e espero por três toques, aqui na capital ainda são oito horas da noite ainda é cedo mais pra eles que moram no sítio afastados de tudo e todos, está mais que tarde. Bete - Alô? (a voz da minha mãe me vem como um sopro de brisa fresca, eu precisava tanto disso acabo não aguentando e me desmancho em lágrimas)
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