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1088 Words
Pegamos o elevador e Arthur disse que seu antigo amigo gosta de falar muito e adora trocar ideias com todo mundo, ama discutir e resolver problemas, então sempre trazia coisas assim. Ele não gosta muito de pessoas que ficam com timidez e guardam boas ideias, mas também não gosta de pessoas que não deixam as outras falarem e ficam se amostrando. — Bom dia — falei, assim que entrei na sala — Vamos começar em breve — disse Marcela — O sr. Volpini já está vindo. Estão todos prontos? — Eu estou — disse aquele homem me fazendo ficar totalmente estremecida Eu conhecia aquela voz. Eu sabia bem de quem era aquela voz. — Bom dia, pessoal! Estão todos bem? — ele perguntou — Sim — todos responderam em uníssono, mas não saiu som da minha boca — Hoje vamos trabalhar juntos e bem. Quem vai começar? — ele falou, se sentando — Temos uma nova integrante no grupo — Marcela falou e eu só pedi internamente para que ela não falasse que era eu — Quem? Nos apresente sua nova pupila — disse ele, sorrindo. — Essa é a Olívia, nossa nova analista de marketing. Vai trabalhar diretamente com o Arthur — ela falou sorrindo e apontando para mim Seus olhos encontraram o meu e como um passe de mágica ele me fez perder a força das pernas, de novo. Ele me reconheceu. Eu o reconheci, mas estava sem reação e diferente de mim, ele abriu um sorriso como quem sabia quem eu era e não como um “seja bem vinda nova funcionária”. Ficamos nos olhando por uns longos segundos até ele perceber que estava rodeado de gente. — Seja muito bem vinda, — deu uma longa pausa enquanto sorria — Olívia Essa pausa foi totalmente significativa para mim já que agora ele sabia meu nome e provavelmente estava pensando nisso também. — Tudo bem.... — Marcela falou, achando ele estranho — pode começar, era só isso — Precisamos pensar em uma campanha com foco no público feminino, de 25 a 40 anos para uma bolsa, simples, bonita, compacta. É para uma nova marca que estamos criando. Essa é a proposta dela: pessoas reais. Quero algo diferente, quero uma estética diferente das coisas que já fizemos. Não quero nada clean, nada com mulheres que pareçam modelos ou coisa do tipo. — Então o senhor não quer modelos? — Alice perguntou — Seria interessante não ter, mas quero uma aparência mais vida real. Vocês me entendem? — Ok, e se fizermos algo focado para mães? — uma moça que esqueci o nome perguntou Ele fez um não com a cabeça e todos ficaram em silêncio pensando. — E se fizéssemos toda a campanha em cenários do dia a dia? Como pegar ônibus, metrô, ir trabalhar, sair com amigos, ir para a faculdade... Inserir a bolsa no cotidiano dessas pessoas vai trazer identificação e mostrar que ela se encaixa naquele estilo de vida, não é algo inalcançável com uma modelo super linda e magra, mas pessoas com comuns vivendo a vida — falei Ele sorriu. — É exatamente o que eu estava pensando, Liv — ele ficou sério — quer dizer, Olívia — Amei a ideia. Consigo imaginar pessoas pensando “nossa que diferente” pois estamos sempre acostumados com modelos em cenários minimalistas — Arthur falou Seguimos o restante da reunião com essa ideia e eu não podia estar mais feliz por ter pensado em algo bom e na minha primeira reunião. Ele não conseguia parar de me olhar e sinceramente, eu estava fazendo a mesma coisa. Se alguém percebeu, não tenho culpa e nem ele. Se eles soubessem da nossa conexão, não acreditariam que isso aconteceu. Isso era um sinal do destino? — Parabéns pela ideia, Olívia. Arthur, coloque ela nessa campanha — ele falou, no final da reunião — Pode deixar, chefinho — Arthur riu e fez um sinal de “vamos” para mim — Todos estão liberados para o almoço, mas gostaria de falar ainda com Marcela e Arthur, por favor. Vai ser rápido — ele falou — Me espera aí fora, Oliv. — Arthur falou e ele ficou olhando de forma engraçada. Será que ficou incomodado? Hoje meu almoço era com minhas amigas e justamente hoje eu precisava ver elas. Estava surtando e não podia contar para ninguém daquela empresa que simplesmente dormi com o meu chefe. — Espera aí!! Aquele cara é o seu chefe? — Julie falou e Amanda permaneceu com a boca aberta — Estou falando para vocês. Tomei um susto quando o vi passar pela porta — falei, enquanto coçava a testa — não acredito ainda que isso aconteceu — Não consigo acreditar nisso também, Liv! — finalmente Amanda falou — Nem eu — rimos as três — Você dormiu com seu chefe! Imagina a fofoca rolando pela empresa. Você não pode contar para ninguém, amiga — Julie falou — vão achar que ele te contratou por isso ou você quer se aproveitar — E eu não sei? Se depender de mim ninguém nunca saberá disso e se alguém descobrir, não teremos evidências disso, então está tudo bem. Meu medo é ele achar que eu, sabe? Sabia que ele era meu chefe, sei lá. Já pensou se ele me demite? — Ah, amiga. Não! Ele já deve ter feito isso com outra funcionária — Julie falou rindo, e no fundo isso me incomodou — Nossa, parece história de filme. Você não queria saber o nome dele e agora ele é seu chefe. — Amanda falou — Tinha que ver ele falando meu nome, como se estivesse feliz por saber. Isso me fez ficar até fraca — falei, sorrindo e sem graça — fazia tempo que não me sentia assim — Será que vocês vão ter um romance de escritório? — Julie perguntou — você disse que ele queria te ver de novo! Você tem que sair com ele, amiga, por favor — Não posso me iludir, agora ele sabe que é meu chefe e eu sou apenas uma funcionária. Ele nem deve me dar bola mais — falei — não quero que ele me use também e depois me demita Ficamos criando histórias sobre como as coisas podem acontecer, mas eu sinceramente não acredito em nada disso. Ele era um grande homem de negócios e agora sabe a minha posição nisso tudo, seria arriscado da parte dele namorar uma funcionária, mesmo que ele quisesse. Se fosse Marcela, tudo bem, pelo seu cargo. Mas uma analista novata?
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