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1063 Words
Subimos em silêncio no elevador e ele foi andando na frente. Eu estava apenas tentando andar normalmente já que por motivo nenhum eu estava nervosa daquele jeito. — Pode entrar — disse ele, abrindo a porta — Obrigada — falei Ele se sentou no sofá que estava naquela enorme sala e fiz o mesmo, me sentando em sua frente. Ele tinha grandes janelas dando uma linda vista para a cidade e um rio que passava em frente ao prédio da empresa. Era lindo ver o dia dali, com certeza. Consigo imagina-lo parado em frente aquelas janelas olhando a vida passar enquanto o sol está se pondo. As cortinas brancas contrastando com o cinza queimado deixavam sua sala mais elegante. Avistei uma estante com livros e uma decoração linda com itens na cor preta. Ele parecia ter muito bom gosto. — Pelo menos aqui eu posso falar com você normalmente — ele falou, tirando a gravata como se estivesse confortável — não acredito que você está aqui na minha frente — Nem eu — falei sorrindo — estou sem acreditar ainda — Tive que te contratar para saber o seu nome, como é que pode isso? — seu sorriso me derretia por dentro — Para ser mais exata, você me contratou antes... — falei, sem graça — Eu falei para você vir aqui com o pretexto de falarmos da sua ideia, que foi genial inclusive, você conseguiu falar exatamente o que eu tava pensando, mas só te chamei aqui para saber se você está convencida de que é destino? Comecei a rir. Como ele pôde falar a mesma que eu? — Você já ativou seu modo stand-up? — perguntei, afinal, não queria parecer fácil e tenho medo dele me demitir depois — Claro que não. Estou falando sério. Não consigo tirar você da minha cabeça — ele falou sem tirar os olhos do meu — Não podemos nos relacionar, sou sua funcionária, Sr. Volpini. Você esqueceu? — falei usando toda a força que tinha no corpo. Minha vontade era simplesmente voar para cima dele, mas eu não podia. — Eu te conheci antes de te ver aqui — ficamos nos encarando por longos segundos novamente — mas tudo bem, se você ainda não está convencida, vou ter que trabalhar um pouco para isso — Você é muito engraçado, sr. Volpini — falei, fazendo-o levantar a sobrancelha — Por favor, me chame de Henrique. Bom, esse é meu nome, Liv. Agora posso me apresentar devidamente, né? — ele sorriu — Muito prazer, sou o Henrique — ele estendeu a mão para que eu pudesse apertar — Muito prazer, chefinho — falei, o fazendo gargalhar — Vou pedir para o Arthur colocar você para estar bem ativa nessa campanha. E não, não é benefício por... bem, você sabe — ele sorriu sem graça — É porque gostei da sua ideia e preciso de pessoas nesse mesmo olhar. Pode ser? Vai ser sua chance de mostrar o motivo de ter sido contratada — Claro! Fico muito feliz por isso. Obrigada pela confiança, mesmo — falei, sorrindo, mas por algum motivo ele ficou um pouco sério — Posso confiar mesmo em você? — ele respirou fundo — Passei o almoço todo pensando que você poderia saber quem eu era e tudo aquilo era uma armadilha, mas não é, correto? Você não é assim, né? Não me leve a mal, por favor Não sei se fico ofendida ou se entendo o lado dele, bom, ele deve ter caído em alguns golpes, com certeza, mas o que eu tenho a ver com isso? Que ideia! Achar que eu faria isso com ele? Como ele poderia pensar isso de mim? Não me diga para não levar a mal pois eu já levei. — Não acredito que o senhor pensou que eu poderia fazer isso com você. — suspirei decepcionada — muito obrigada pela oportunidade, sr. Volpini, não irá se arrepender. Posso ir? Seu semblante mudou e ele parecia estar arrependido de ter me perguntado tamanha bobeira, mas eu não ficaria mexida com isso. Quem ele pensa que eu sou? Uma aproveitadora? Por acaso eu vim pedir para ele casar comigo ou conto para todos? Sai de sua sala depois dele pedir desculpas com cara de cachorro arrependido, mas não fingi que estava tudo bem depois disso. Eu sei, ele não me conhece direito, mas eu por acaso pedi algo para ele insinuar que eu estou querendo me aproveitar dele? Estou sinceramente decepcionada por ter escutado essa pergunta. Entendo, mas me entendo mais ainda. Por sorte, pude passar a tarde cheia de novas tarefas e com a ajuda de Alice, tudo fluiu mais facilmente. Arthur me levou para a minha primeira sessão de fotos e precisei fazer todo o contato com os assessores e suporte para os dois modelos que foram hoje. Foi tão legal que tinha esquecido a minha chateação de mais cedo. Julie: Liv, dorme aqui hoje. Não quero ficar sozinha, Amanda teve que ir na casa dos pais dela e fizeram ela ficar lá Eu: Te encontro depois do trabalho? O dia terminou rápido depois de tanta coisa para fazer e quando vi já era a hora de ir embora. Eu estava do lado de fora esperando Julie me buscar quando senti alguém colocar algo na minha mão, me fazendo tomar um grande susto. Era Henrique. Devia estar indo embora e provavelmente arrependido de ter feito aquela pergunta idiota, me viu ali sozinha e decidiu fazer algo. — Por favor, leia com carinho e mais uma vez, me perdoa por ter te chateado. Espero que me entenda — ele falou e foi embora O bilhete era em um post it e estou começando a achar que deve ser alguma mania deles. Estava escrito: “Você poderia perdoar o seu chefinho idiota?” ele fez um desenho de uma carinha chorando e colocou o número dele logo abaixo com um “por favor, vamos conversar melhor” — Ele deu o número dele para você, Liv. É claro que ele quer algo — Julie falou depois de ler — Tá, mas eu não sei se quero — falei — Você não disse que ficou arrependida depois de não terem trocado número, nome, o que fosse? Agora quer falar isso? — ela tinha razão, mas eu não sei mais o que quero — Mas agora tudo mudou. Ele é meu chefe

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