Êxito

1468 Words
Aprendi desde pequeno que só crescemos na vida com inteligência. Levei isso muito a sério, por isso consegui me tornar diretor-executivo com 30 anos. Sempre que vou fazer algo, faço pensando em alcançar o meu objetivo com êxito e 90% das vezes eu não falho. Após deixar Dandara e a sua capivara na casa de Yuri, fui para a minha e me lavei. Descobri o endereço dos pais das três alunas e fui à casa de cada um com cópias das provas. Entreguei aos pais e fizemos um acordo informal: não envolver as autoridades em troca das garotas nunca mais chegarem perto de Yuri e saírem do colégio. Todos os pais concordaram. Após isso, liguei para Yuri contando tudo. Respiro fundo sentindo todo o meu corpo ceder ao sono e me deito na cama. Ouço a campainha tocar, levanto-me mesmo com preguiça e saio do quarto para atender. Abro a porta da frente e não vejo ninguém. Olho para os dois lados do corredor do prédio. Não há ninguém, apenas uma cesta com doces. Tem até dorayaki, o meu doce preferido. Pego a cesta e fecho a porta. Vou para a cozinha e a coloco em cima da mesa. Não havia percebido antes, mas tem um bilhete na cesta. Está escrito: "Zen Zen, obrigado por sempre me apoiar. Meu sentimento por você é tão forte quanto o cheiro podre que estava impregnado em você". Yuri é um i****a, mas eu gostei do presente e, por causa desse bilhete, sei que agora ele está bem. Posso dormir tranquilamente... Já é de manhã e quero ver se Yuri amanheceu bem para ir trabalhar. Ao tocar a campainha da casa dele, sou atendido por Dandara. — Bom dia! Entre. Ao entrar, tiro meus sapatos e coloco as pantufas. — Gostou dos doces? — Ela fecha a porta. Ao passar ao meu lado, ela tropeça no tapete. A pego antes que caia, mas acabei envolvendo uma das minhas mãos no lugar errado, seu seio. Se eu a soltar ela cai, se eu a levantar pressionarei mais o seu seio, se eu... — Obrigada. — Ela se ergue sozinha e eu tiro as minhas mãos dela. — Peço perdão por... — Não há problema. Licença. — Ela corre para o seu quarto. A capivara dela corre rapidamente até mim e morde a minha perna. Não tive nem tempo de me defender. — d***a. — Gemo sentindo dor e me sento no chão. Luciel me observa como um sádico. Dandara e Yuri saem dos seus quartos e vem até mim. — Eu sinto muito. Ele não gosta de você, mas não achei que pudesse fazer isso. — Ela me reverência. — Desculpa. — Não foi sua culpa. Vou a um hospital antes que isso infeccione. — Olho para Yuri. — Vim ver se você está bem. — Muito melhor que você. — Ele me ajuda a levantar. — Realmente. — Olho para a capivara. Posso dizer que agora o sentimento de ódio é recíproco... Fui ao hospital e fizeram um curativo. Aquele cachorro esquisito possui dentes bem fortes. Depois fui para a empresa. Foi um dia normal como sempre. Sento na cadeira do meu escritório e ligo para Yuri. Tenho meia hora até a próxima reunião. Tempo suficiente para saber como foi o dia de aula e se os pais das alunas cumpriram o acordo. Se não tiverem cumprido, levarei o caso para a justiça. Yuri me atende e diz: — Como está? Sua perna melhorou? O que fez para o Luciel te morder? Geralmente ele é muito calmo. — Eu estou bem, a minha perna melhorou e eu não fiz nada para deixar aquele animal bravo. — Se você diz. Dan Dan ainda está dando sermão nele e ele está a ignorando. Saímos para comprar algumas coisas e ela ficou conversando com a capivara no meio da rua. Já chama a atenção o animal de estimação dela ser uma capivara, a situação piorou quando ela começou a brigar com ele. Tive que dispensar a multidão dizendo que a levaria num psiquiatra. — Ele dá um riso. A prima de Yuri com aquele bicho é uma comédia. Todavia, já não posso mais ficar perto deles com a guarda baixa. — Deu aula tranquilamente? — Foi um alívio enorme não ver elas na escola. Muito obrigado. Acho que sem você a minha vida nunca teria ido para frente. — Digo o mesmo. — Vou desligar. Tenho que resolver umas questões. — Questões? Continua com problemas? — Semicerro os olhos. — Sim e só a Dandara pode resolver. — Por quê? Seja o que for sabe que eu posso ajudar. — Não tenho certeza. Sabe se eu devo escolher com aba ou sem aba? Cobertura suave ou seca? Tamanho pequeno, médio ou grande? — Do que está falando? — Absorventes. São muitas opções, eu vou enlouquecer. — Ah... É melhor perguntar a ela. — Tchau! Realmente, eu não posso ajudar em tudo... Às vezes me sinto cansado de trabalhar. A maior parte da minha vida é só isso. Ela está monótona, perdeu a graça. Os únicos momentos bons são com Yuri, mas acredito que não devia depender dele para aproveitar a vida. Antes de fugir com Masaki Natsuki, minha irmã sempre dizia que eu deveria aproveitar mais a vida, namorar várias mulheres e beber até cair no chão. Eu não gosto desse tipo de diversão. Prefiro conhecer por acaso uma mulher que me agrade, gosto de seguir a vida sem me preocupar se encontrarei uma companheira ou não. Além disso, beber até cair não me parece nada divertido. Gosto de diversões que não prejudiquem nenhum órgão do meu corpo ou a minha saúde mental. Minha irmã dizia que eu era careta. Eu realmente não entendo porquê as minhas escolhas me fazem um homem careta. Ouço a campainha do meu apartamento tocar e vou até à porta atender. Ao abrir, vejo Dandara e a sua capivara. Dandara parece triste. — Aconteceu algo? Está tarde para sair sozinha de casa. — Você não atendeu as minhas ligações, então eu vim aqui dizer que o Yuri saiu de casa de tarde. Mandou uma mensagem dizendo que Lisa Tomita se matou. Pediu que eu não me preocupasse e disse que não voltaria hoje para casa. — Estranho. Entendo Yuri querer ficar sozinho, mas com o seu estado emocional abalado não é recomendável. Além disso, não deveria deixar Dandara sozinha de noite. — Só vim avisar. Vou voltar para casa. Boa noite. — Ela me dá as costas. — Vou levá-la para casa. Não ande mais sozinha à noite. É perigoso. — Entro na casa e pego o meu telefone em cima da mesa da cozinha. Tento o ligar, mas está descarregado. Coloco-o no bolso das minhas calças, pego as minhas chaves e saio do apartamento. — Desculpa não a atender. Meu celular descarregou. — Tudo bem. — Ela abaixa a cabeça e começa a andar em direção ao elevador. — Ele deve estar se sentindo culpado. Entramos no elevador e fico olhando para a capivara. Não posso correr novamente o risco de ser mordido. — Sim. — Coloco as mãos no bolso. — Mas depois ele melhora. — Tenho medo dele querer esquecer de tudo que houve com bebida, beber demais, acabar parando no meio de uma avenida e ser atropelado. Todas as situações que eu o imagino sozinho e se sentindo culpado acabam com ele machucado ou morto. — Ela respira fundo. — Pare de pensar ou isso te deixará com ansiedade. — É difícil parar. — Yuri sabe se cuidar. — Yuri é um ser humano. Pode não aguentar a culpa. — Ela coloca as mãos no rosto. — Queria pegar a dor dele para mim. Dandara age como Sakura Natsuki, a mãe de Yuri. É muito zelosa, mas muito sentimental. Preocupação é bom, mas em excesso pode acabar com a saúde mental dela. — Você... Você se sente segura comigo? Ela tira as mãos do rosto e olha para mim sem entender a pergunta. Talvez eu tenha usado a frase errada. — Você se sente bem perto de mim? — Sim. Por quê? — Estudos indicam que abraços fazem muito bem à saúde física e mental. Diminui o estresse, a ansiedade, proporciona... — Quer me abraçar? — Se me permitir, irei. — T-tá. Aproximo meu corpo ao dela, coloco uma mão nas suas costas e, com a outra, encosto a cabeça dela no meu tórax. Seus cabelos cheiram a morango. É um cheiro muito agradável. Ela envolve a minha cintura com os seus braços e eu fecho os olhos. O intuito do meu abraço foi reduzir o estresse, a ansiedade e a preocupação, mas o abraço faz outras coisas que eu não consigo deixar de pensar sobre: constrói sentimentos bons, como confiança, felicidade e até mesmo amor.

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