Dei alguns passos para trás, puxei minhas mãos e corri sem rumo, esbarrei em alguns móveis no caminho mas não me importei com isso, abri as portas do castelo e comecei a correr em direção ao portão não sei como corri tão rápido, naquele momento os portões estavam se abrindo e eu vi Idris montado em um cavalo com vários mantimentos pendurados como carga.
Aproveitei e sai pelos portões, corri como se minha vida dependesse daquilo pois ela parecia depender, eu precisava respirar, e sair de toda aquela loucura insana, precisava voltar para casa, ver meus verdadeiros pais, viver minha verdadeira vida, e não deixar aquela insanidade toda daquele lugar me consumir, eu ofegava enquanto corria em direção a floresta que cercava o castelo.
A neve ainda estava cobrindo o chão, meu calçado deixava pegadas enquanto eu adentrava cada vez mais a floresta densa, eu não estava com medo apesar de estar escuro e eu estar perdido, tentei encontrar a grande estrutura que ligava as duas montanhas, talvez com muito esforço eu consiga voltar para casa, ou pelo morrer mais perto dela, parei de correr pois já estava longe e não havia risco de ser pego, meus pés doíam.
Me espreguiçei e continuei andando, não me lembro de passar por aqui com Idris, as folhagens verdes e húmidas pela chuva da manha vez ou outra respingavam sobre mim, não foi incomodo no inicio até eu começar a sentir minhas roupas encharcadas, não fazia frio mas também não era agradável.
Já fazia um tempo que eu estava andando sem rumo, ja me sentia perdido desde o momento em que sai correndo pelos portões do castelo, minhas pernas estavam cansando então parei e me sentei se encostando sob o tronco de uma grande arvore, o lugar era totalmente diferente, eu não sabia nem para que rumo estava o castelo, muito menos onde estava a volta para a casa.
Respirei fundo e tentei limpar minha mente, mas eu não conseguia, me senti ansioso e meu coração estava apertado, estava me faltando ar mesmo que eu respirasse fundo, como se uma pedra estivesse sob mim, esmagando-me lentamente, tentei me acalmar fiquei um tempo processando todas as informações, depois de um tempo voltei a caminhar, nada ali era fácil de entender então o mais aceitável é tentar voltar para casa e fingir que nada daquilo aconteceu, ou melhor que está acontecendo.
Demorou um pouco até que eu comecei a sentir fome, meu corpo já estava esgotado, pensei em andar mais mas meus pés estavam com bolhas e doíam muito, continuei lá esperando por algo.
Talvez alguém além daqueles dois malucos ainda viva por estas terras, apesar de parecer bem isolada.
Eu já não conseguiria voltar ao castelo o que era bom e r**m ao mesmo tempo, meu senso de direção estava totalmente bagunçado o que tornava zero as minhas chances de encontrar o caminho de volta para a primeira floresta a que está ao sul de Alambra, ou seja tchau casa, eu só queria tomar um banho relaxante naquela banheira com água morna do castelo e retomar minhas energias, não, tomar um banho em casa, ver minha mãe e meu pai, isso é melhor do que ver o príncipe bonitinho e biruta do castelo esquisito.
Toquei meus lábios e lembrei do beijo que dei nele, no que eu estava pensando em fazer aquilo? Ou melhor porque eu não estava pensando direito quando fiz aquilo? Foi só impulso?
Fechei meus olhos e sorri, foi a primeira vez que tive um impulso assim, a sensação foi estranhamente boa, fiquei quieto relembrando os traços do rosto dele quando ouvi alguns barulhos, abri meus olhos rapidamente e tentei ver se havia algum animal ou alguém por perto.
Os sons de galhos sendo quebrados e de folhas farfalhando ao serem pisoteadas aumentaram, o que quer que seja esta se aproximando, vindo diretamente até mim.
Me levantei e fiquei em alerta até ver um rosto familiar, seus olhos acinzentados estavam me encarando, seu rosto sereno não mostrava emoções.
Evan:__Você está pronto para voltar?
Para ser sincero ainda havia muitas coisas que me incomodavam, mas eu estava na pior, não iria conseguir voltar para casa e não podia continuar ali na floresta.
Tivan:__S-sim.
Ele se aproximou e passou por mim enquanto tentava se localizar.
Deu alguns passou e eu tentei segui-lo, mas acabei gemendo de dor quando uma das bolhas em meu pé estourou, ardeu muito, aquilo foi horrível.
Ele se virou e percebeu a dor pela minha expressão, então veio em minha direção e com facilidade me segurou em seus braços.
Tivan:__E-Ei o que pensa que está fazendo?
Evan:__Seus pés já percorreram um longo caminho, vou te levar de volta sem o machucar mais.
Nem protestei pois era bom não precisar andar, estar sendo carregado em seus braços quentes e fortes era confortavel, não reclamei da postura, apenas deixei ele me carregar em silencio, a respiração dele em momento algum se tornou ofegante, o que significa que ele tem um fisico bem resistente já que eu sou pesado, ele andou por um longo tempo, eu ja estava certo de que ele não sabia o caminho de volta, mas então ele entrou em uma trilha, dava de ver os galhos quebrados, e folhas amassadas.
Evan:__Como se sente, quer parar para descansar um pouco?
Tivan:__Eu estou bem, afinal você esta me carregando.
Evan:__Me avise se estiver incômodo.
Tivan:__N-não esta, obrigado por perguntar.
Evan:__Desculpe por despejar todas aquelas informações em você, era para ser algo normal, não esperava que você fosse se esquecer de quem é.
Tivan:__E se eu não for como eu era antes? E se você pudesse considerar que eu vivi por 16 anos em Alambra com um pai e uma mãe diferente, em um lugar com costumes diferentes?
Evan:__Esta insinuando que eu fui ignorante não considerando seus sentimentos e sua vida atual?
Tivan:__Em parte sim.
Ele sorriu, pensei que iriamos começar uma briga.
Evan:__Vou ser mais cuidadoso e menos ignorante de agora em diante, mas isso não significa que não tentarei te ajudar a se lembrar da sua vida passada, até porque mesmo crescendo em um lugar diferente, com pessoas diferentes, você ainda tem a mesma personalidade e os mesmo costumes de antes.
Não o respondi, terminamos de chegar em silêncio.
Ele me levou até o quarto, me deitou e foi atrás de pomadas e faixas de pano, veio lavou meus pés e começou a passar a pomada.
Tivan:__Não precisa, eu faço isso, além disso tenho que tomar um banho antes.
Evan:__Então vou preparar seu banho, não saia daqui.
Como se eu pudesse ir muito longe com os pés machucados daquele jeito.
Olhei e vi as enormes bolhas de água, não imaginava que elas estariam tão grandes e que meu pé estaria inchado.
Fechei os olhos por alguns momentos antes dele voltar do banheiro, ele veio e me pegou em seu colo como um criança.
Tivan:__Eu posso andar.
Evan:__Não vou deixar que faça mais imprudências, e nem que se machuque, nem mesmo um arranhão.--Seus olhos me encaravam preocupados.
Tivan:__Ta bem.
Ele me levou ao banheiro e eu me sentei em um banco ao lado da banheira.
Os dedos finos e longos dele trabalhavam desabotoando minha camisa.
Espera ele vai me dar banho? E-ele vai me ver nu?
Senti meu rosto queimar enquanto minha camisa era retirada.
Evan:__Não se preocupe eu já te vi nu mais vezes do que se possa contar.
Um sorriso sem vergonha surgiu nos cantos da boca dele e o meu coração palpitou.
Eu queria esconder meu rosto em qualquer lugar.
Ele terminou de me despir e me deitou na banheira, suas mãos começaram a ensaboar meus ombros.
Tivan:__Meus pés estão machucados mas o resto do meu corpo está bem, posso me lavar sozinho.
Evan:__Se estiver sendo incomodo ter minhas mãos ensaboado seu corpo então eu paro, caso isso não seja realmente incômodo então me deixe faze-lo.
Realmente não era incômodo, era vergonhoso, eu estava corado e o som do meu coração batendo feito louco podia ser facilmente percebido.
Tivan:__P-pode continuar.