CAPÍTULO 5
Os Preparativos
Narrado por Flora
Sou acordada com um leve abanão.
Olho para uma senhora que claramente é uma das empregadas, vestida com um uniforme preto e branco, muito bem composta.
Ela sorri simpática para mim e diz:
— Peço desculpa, Senhorita, mas já são 16h00 da tarde e ainda não comeu nada.
Ela se desvia um pouco e eu vejo uma mesa ali perto com comida.
Até os meus olhos comem de tão bonita que é a comida. Percebo que não como nada desde ontem, praticamente há 24 horas.
— Obrigada. — sorrio para ela que me parece amigável.
Ela pede licença e sai do quarto.
Eu vou até à mesa e como tudo o que a minha barriga deixa.
Pareço uma autêntica esfomeada, ahahah.
Ao fim de uma hora, outra empregada aparece para levantar a mesa.
— Muitos parabéns, Senhorita. — ela diz com um sorriso no rosto.
Oxi, eu não faço anos!
— Desculpe, mas parabéns porquê? — pergunto perdida nesta conversa.
— Ora, porque acabei de ouvir na cozinha que já começaram com todos os preparativos. — ela fala, mas vai tirando as coisas de cima da mesa — É muito em cima da hora, mas não se preocupe, Senhorita, tudo vai estar pronto a tempo e a horas. — ela sorri enquanto fala.
Eu estou atônita, não estou a perceber nada do que ela está para aqui a falar.
— Já faltava aqui em casa uma festa, — ela continua — e um casamento depois de tudo, é perfeito. — ela fala empolgada.
— Um casamento? — pergunto a medo.
— Sim, Senhorita, o futuro Dom Brian anunciou à pouco que o vosso casamento é daqui a 3 dias.
Mas que grande lata a daquele maluco.
Ele é bonito mas só pode ser muito louco mesmo.
Mas ele pensa que eu vou na história de me casar com ele?
Contratos de casamento, termos e tudo o mais? Só pode estar maluco daquela cabeça de gavião.
No Dia Seguinte
Problemática
Narrado por Brian
Mal entro em casa uma das empregadas vem ter comigo.
— Senhor, — ela me chama — a Senhorita Flora recusa colocar qualquer comida na boca desde ontem, diz que não come mais nada.
Eu reviro os olhos, santa paciência a minha, que não tenho nenhuma.
— Não se preocupe, eu resolvo isso.
Era só o que me faltava, ter uma birrenta em casa.
Subo ao quarto dela e abro a porta que a deixei trancada.
— Posso entrar? — pergunto antes de abrir a porta completamente.
— O que tu queres daqui? — ouço ela dizer.
Percebo que ela está enraivecida, mas pelos vistos posso entrar, ela não disse que não podia.
Abro então a porta e ela está sentada perto da janela.
— Uma das empregadas me disse que não queres comer, posso saber o motivo dessa estupidez?
Ela se levanta e vem na minha direção.
— O motivo é muito óbvio e bem simples, és tu e esse e******o casamento. Eu não quero casar e muito menos com um homem que eu nem sequer conheço e muito menos ter que o fazer obrigada. — ela me olha brava.
— E achas que a fazer greve de fome isso te vai ajudar em quê mesmo? — pergunto curioso.
— Se não comer eu morro. — ela diz encolhendo os ombros.
— Hum, estou a ver. Bem, mas de qualquer das maneiras não morres antes do casamento, faltam apenas menos de 48 horas. — falo olhando para o relógio.
Ela me olha enfurecida, raivosa e sei lá mais o quê e começa de imediato a gritar.
— ENTÃO EU MATO-ME ANTES DESSE CASAMENTO DE BOSTA SEQUER COMEÇAR.
Respiro fundo a tentar manter a minha calma.
— Matas-te! — eu falo.
— Sim, se tu não me libertares eu mato-me e assim tu não poderás casar comigo e esse contrato e******o fica sem efeito.
Ela cruza os braços na sua frente e me olha toda esperançada.
Parece até uma criança mimada.
Mas o que ela não sabe, é que eu tenho uma carta na manga.
— Flora, eu sei que tu não sabes, mas a tua avó está hospitalizada. — informo.
Vejo ela se espantar e descruzar os braços.
— A minha avó? Mas porquê? O que aconteceu com ela? — ela pergunta aflita.
— Não sei, parece que teve alguma coisa a ver com o coração, mas o certo é que ela corre risco de vida, mas eu posso salvá-la, ela precisa de uma cirurgia que é muito cara, mas…— olho dentro dos seus olhos.
— Mas o quê, Brian! Fala de uma vez. — diz impaciente.
— É simples, tu concordas em casar comigo, cumprir o contrato e os termos e eu salvo a tua avó, caso contrário, a tua avó não tem muito tempo de vida.
Ela me olha perplexa.
— Tu estás a jogar com a vida da minha avó?
— Se pensas assim, não vou dizer o contrário. O jogo é bem simples, Flora, tu casas comigo, a tua avó vive e só temos que nos aturar apenas durante um ano, não será assim tão difícil.
Vejo lágrimas nos seus olhos verdes claros.
Flora é uma mulher bonita, muito bonita, sem dúvida nenhuma.
Suspiro irritado comigo mesmo, por estar com estes pensamentos estúpidos.
Ela olha lá para fora pela janela e fica um pouco em silêncio.
Eu decido não a interromper e fico aqui à espera, a ver o que ela decide.
— Está bem, ganhaste, eu aceito casar contigo. — ela fala por fim, sem tirar o olhar da janela — Mas eu preciso de ver a minha avó antes de casar.
— Não, nem pensar. — falo rude e de imediato.
Ela olha para mim com espanto.
— Mas porquê? Eu já te disse que aceito casar contigo. Qual é o teu problema?
—Tu não vais sair daqui de casa antes do casamento, para não te armares em engraçadinha e tentares alguma parvoíce. Antes do casamento não poderás fazer nada a não ser esperar.
— Mas Brian, seria uma visita rápida, eu não lhe conto nada.— ela tenta me convencer.
— Não, Flora, será melhor assim, antes do casamento se realizar não.
Ela fica de novo emburrada mas não diz mais nada.
Vou então em direção à porta e saio a trancando lá dentro de novo.
Desço ao piso de baixo e vejo o Mark a chegar.
— Então, problemas no paraíso? — ele pergunta aquilo e desata a rir feito um perdido.
— Se não fosses o meu melhor amigo, eu te dava agora mesmo um tiro.— digo desgostoso.
— Que exagerado. — ele fala divertido.
— Vamos mas é nos divertir com umas gostosas. — digo, já indo em direção à porta da rua.
— E a futura esposa como está? — ele pergunta gozão.
— Santo Deus, que mulher mais problemática, não tenho paciência para tantos chiliques.
Ele ri.
— Habitua-te meu caro amigo. — diz me dando uma palmada no ombro.
— Vamos logo, quero me divertir toda a noite, pelo menos com duas. — falo irritado.
—Vamos então, garanhão.