CAPÍTULO 2
Desespero
Narrado por Flora
Enquanto estou aqui encostada perto do bar, olho ao meu redor e as mulheres quase nuas aqui dentro estão a deixar-me bastante desconfortável e nervosa.
Não as culpo por aqui estarem, cada uma sabe de si e o corpo é delas, mas continuo a sentir-me desconfortável.
Deixei de ver o meu pai já há algum tempo.
Mas onde se meteu aquele doido?
O meu pai só se mete em problemas, parece até ter um íman que atrai chatices.
E piorou bastante, desde que a minha mãe faleceu.
A minha mãe faleceu de repente, sem ninguém estar à espera, foi um enorme choque para todos
O homem que à pouco estava a falar com o meu pai vem ter comigo.
— Oi, beleza!— ele diz ao chegar perto de mim.
— Onde está o meu pai? — pergunto desconfiada.
— Bem, o teu pai foi embora mas deixou-te aqui comigo.
Encurto o meu olhar para o homem e sinto um aperto no peito.
— Como assim? Me deixou aqui consigo? O que isso quer dizer exatamente?
— Eu não sei se tu sabes, mas o teu pai tem uma enorme dívida com a Máfia, All'interno della famiglia, e a única solução é vender-te, para ter o dinheiro para pagar a dívida e assim não o matarem. — ele fala despreocupado.
Eu fico perplexa.
De todas as coisas que o meu pai já fez, esta é de longe a pior.
Vender-me? Como se eu fosse um mero objeto?
Mas que loucura é esta?
— Vender? Mas o meu pai e o senhor pensam o quê? Eu sou uma mulher, uma pessoa, não posso ser assim vendida. Mas vocês estão loucos?
— Podes e pelos vistos vais mesmo. — ele fala com a maior calma possível.
Pelos vistos este homem está mais que habituado a este tipo de negócios.
Mas em que mundo louco vivemos?
— Então e agora? O que eu posso fazer? Eu não posso ser vendida!
O meu desespero é evidente e estridente.
— Pois é, garota, a vida é assim e tu não podes fazer nada para mudar isso. O teu leilão vai ser amanhã à noite. Entretanto, — chama uma mulher de pele escura muito bonita e que está praticamente nua — leva a garota para um dos quartos, é para o leilão de amanhã. Dêem de comer e tratem bem a jovem.
Depois de dar a ordem ele se vira de novo para mim.
— Não saias do quarto, para os clientes que estão a chegar não te verem.
E vai embora, me deixando ali com a mulher bonita, que depressa me leva para o tal quarto.
Eu entro no amplo quarto e a mulher fecha a porta e vai embora sem dizer uma única palavra.
Eu sinto-me abandonada e transtornada, estou completamente desesperada com o que o meu pai teve coragem de me fazer.
Vender a própria filha a um bordel e ainda por cima vou ter que ser leiloada.
Sentada na beirada da cama penso em como o meu pai perdeu todo e qualquer juízo.
— Só pode estar muito louco daquela cabeça de passarinho. — falo para mim mesma.
Solução
Narrado por Brian
— E então? Não pagou a dívida, não foi? — pergunto, m*l o Mark entra no escritório.
— Claro que não, que estavas à espera? De milagres?
— Hum, vou ter que dar um tiro nos cornos dele, tá visto. — falo chateado —
Será uma bala chata demais de atirar.
Mal empregada, mas enfim.
— Mitchell é um cão que não conhece o dono, Brian. — Mark diz ao se sentar e acende um cigarro — Ele vende a própria mãe se preciso for.
Um dos meus soldados bate na porta que está aberta.
— A mãe não sei, mas acabou de vender a própria filha a um bordel. — informa o soldado.
— A sério? Caramba, é mesmo pior do que pensei. — Mark indagou perplexo.
— Uma filha?— pergunto curioso — Nem sabia que esse meliante tinha uma filha.
Mark me olha de imediato e diz.
— Por acaso tirei isto ao sair da casa dele. — atira com uma foto para cima da minha mesa.
Olho para a foto e percebo que o vagabundo do Mitchell está nessa foto, acompanhado por uma mulher bonita, que deve ser a sua esposa e uma garota loira, parecida com a mulher que sorri ao seu lado.
— Que idade tem essa filha do Mitchell? — pergunto sem tirar os olhos da foto.
Mark olha para o soldado.
— Que estás à espera? Vai tirar a ficha toda dessa garota. — ele ordena.
O soldado assente que sim e sai rapidamente da sala.
Passado um pouco volta a entrar.
— Está tudo no seu email pessoal, Dom Brian. — ele informa de imediato.
Eu abro rapidamente o meu email e sorrio ao ler as informações da garota.
— Estás a sorrir! Não me digas que estás a pensar fazer, o que eu acho que estás a pensar fazer? — Mark pergunta, com toda a certeza da resposta que vai ouvir.
— Talvez esta seja a solução para o meu problema. — digo pensativo.
— Sim, porque sabes bem a urgência que tens em te casar, Brian. Esse casamento tem que sair para ontem. Sabes que não podes atrasar isso muito mais tempo.
— Eu sei, — suspiro irritado — o meu pai e as suas brilhantes ideias sem nenhum sentido. Sinceramente.
— O teu pai pensou no futuro da Máfia, Brian, tu sabes que tudo tem passado de geração em geração, mas devido ao que aconteceu, o teu pai tinha que colocar limites, não achas?
Mark fala o óbvio, mas eu detesto ter que ser obrigado a fazer uma coisa que não quero.
— Eu só acho que o único sacrificado nesta história toda sou eu. Mas enfim, — levanto-me e pego nas minhas coisas — levanta lá essa b***a daí, vamos agora mesmo a esse bordel.