O Triângulo

O Pedido

O Triângulo

PRÓLOGO

CAPÍTULO 1

O Pedido

O céu estava pintado com tons de dourado e lilás quando Elijah parou o carro à beira de um campo de lavandas. O perfume suave das flores preenchia o ar, criando uma atmosfera de serenidade encantadora. Stella, com os olhos a brilhar, sorriu ao ver o cenário preparado. Sentia-se especial, amada, mas um toque de inquietação em seu olhar escapava a Elijah.

Ele saiu do carro, deu a volta e estendeu a mão para ela, segurando-a com ternura.

— Confias em mim? — Ele perguntou com a sua voz doce e carinhosa. Stella assentiu, aceitando a mão dele. Enquanto caminhavam por entre o mar de lavandas, seu sorriso se iluminava, mas ela parecia conter algo, uma ansiedade que ela lutava para disfarçar.

No centro do campo, uma mesa de piquenique estava decorada com velas e uma cesta de vinho e frutas. Elijah segurava a mão dela, com o coração a bater rápido.

Sabia que esse era o momento pelo qual havia esperado por tanto tempo.

— Stella, — começou ele, hesitante, — tens sido a minha parceira nesta jornada. Contigo, tudo tem mais cor, mais sentido. Eu não consigo imaginar um futuro onde tu não estejas ao meu lado.

Stella engoliu em seco, surpresa pela intensidade da declaração. Queria estar inteiramente presente, mas a sua mente vagava num lugar distante, carregada de pensamentos que ela não podia partilhar, não queria partilhar. Contudo, sorriu para Elijah, comovida, e respondeu, baixinho.

— Eu também não consigo imaginar a minha vida sem ti, Elijah.

Antes que ela pudesse pensar demais, Elijah já estava ajoelhado, segurando um pequeno anel que cintilava à luz do pôr do sol. "

— Stella, aceitas casar comigo? — As palavras eram ditas com tanto amor que Stella m*l conseguiu responder, abafando qualquer dúvida que ainda rondava a sua mente com um entusiasmado:

— Sim! — Ela o abraçou, as lágrimas de felicidade ofuscando qualquer inquietação que pudesse ter.

ALGUMAS SEMANAS DEPOIS

Os Preparativos Começam

Os dias após o pedido eram uma correria de felicidade, conversas e planos.

Elijah estava empolgado para organizar cada detalhe, mas Stella, às vezes, parecia um pouco distraída, quase ausente.

Havia momentos em que ela estava tão perdida em pensamentos que m*l ouvia o que ele dizia.

— Stella, o que achas deste lugar para a cerimónia? — Perguntou Elijah uma tarde, ao mostrar a ela algumas fotos de um lindo espaço ao ar livre, decorado com luzes e flores silvestres.

Ela o encarou, surpresa, como se tivesse acabado de voltar de um sonho distante.

— Ah, sim... Desculpa, estava distraída. O lugar parece lindo. — Ela sorriu, tentando disfarçar a expressão ligeiramente tensa. Em seguida, tomou um gole de chá e desviou o olhar, quase se escondendo, como se estivesse com algo preso na garganta.

Elijah notou a expressão dela, mas afastou a preocupação.

— Tudo bem? — Perguntou ele, colocando a mão sobre a dela — Pareces preocupada.

Stella apertou a mão dele, assentindo rapidamente.

— Sim, está tudo bem, é só o cansaço com tanta coisa para organizar. — Respondeu ela, com um sorriso que parecia um tanto ensaiado.

Nas semanas que se seguiram, enquanto Elijah estava tomado pela empolgação dos preparativos, Stella parecia cada vez mais dividida, como se uma parte dela fosse puxada por algo além.

Havia dias em que ela desaparecia por algumas horas, sem dar muita explicação, dizia apenas que precisava de resolver coisas do trabalho ou ver a família.

Elijah a apoiava, sem saber que, na verdade, Stella mantinha um segredo que começava a corroer a tranquilidade que tanto tentava aparentar.

Conversas e promessas

Numa noite, enquanto dividiam um vinho após um dia longo de decisões sobre o casamento, Elijah tocou no assunto.

— Stella, sabes que eu estou aqui para qualquer coisa, não sabes? — Ele segurava a sua mão, o olhar cheio de amor e cumplicidade. — Eu quero que o nosso casamento seja o início de algo verdadeiro, forte. Algo sem segredos.

Ela desviou o olhar, e o silêncio dela foi como uma faísca de tensão no ar.

Por um instante, Stella pensou em contar tudo, mas as palavras pareciam pesadas demais para serem ditas e no fundo gostava do que estava a fazer, não se sentia culpada.

Ela tomou um gole de vinho e sorriu, embora o sorriso fosse ligeiramente forçado.

— Claro, Elijah, sem segredos. — As palavras soavam mais como um juramento a si mesma do que uma promessa para ele.

Nenhuma Culpa

Dias depois, enquanto Elijah se concentrava em outros preparativos, Stella foi fazer a prova do seu vestido de noiva. A sua mãe a acompanhava, e ela experimentou uma variedade de estilos até encontrar o modelo perfeito, um vestido elegante e delicado, com rendas que refletiam a suavidade que ela queria transmitir.

Mas quando ela se viu no espelho, vestida de branco, uma sensação de culpa se alojou em seu peito. O reflexo a encarava com uma pergunta silenciosa. Ela olhou para si mesma, tentando acreditar que estava feliz, mas uma sombra no fundo de seus olhos revelava um segredo que o vestido não podia esconder.

Ela estava feliz sim, se fizesse as coisas bem feitas, Elijah nunca iria sequer desconfiar, nunca iria descobrir o seu segredo.

Ao sair da loja, Stella recebeu uma mensagem no seu telemóvel. Ela verificou rapidamente, apagando a notificação, mas não sem que a sua mãe visse a reação em seu rosto, um misto de nervosismo e ansiedade.

— Stella, está tudo bem? Tu pareces… muito nervosa. — Comentou a sua mãe tentando entender o que estava a acontecer.

Stella rapidamente disfarçou, e disse que era apenas o estresse com o casamento. Mas, enquanto se despediam e ela entrava no carro para voltar para casa, o sentimento de culpa a atingiu com força.

— Não tens que te sentir culpada. — Disse para si mesma — Tu gostas das coisas como são, é assim que me sinto realizada.

Sorriu, ligou o carro e foi embora sem sentir nenhuma culpa.

Não tinha porque se sentir culpada, a vida não era perfeita, não era um mar de rosa e ela gostava das sensações que sentia, da vida dupla que levava.

Não ia abrir mão disso por nada do mundo.