CAPÍTULO 24
Não Desiste Fácil
Narrado por Mia
Olho o meu reflexo no espelho, cruzes, parece que vou para o matadouro, não para o jantar de boas vindas do mais recente casal, Emily e Jason.
Eles chegaram ontem da lua de mel, e os pais do Jason juntamente com os meus pais, vão dar um jantar para lhes dar as boas vindas.
Eu estou a morrer de saudades deles, mas estes convívios me deixam nervosa, ansiosa, angustiada, porque já sei como vai acabar, eu p**a da vida, porque continuo uma encalhada e eles frisam isso a toda a hora.
É um jantar formal, em casa dos pais do Jason, então tenho uma saia lápis preta e uma blusa branca de manga comprida, mas as mangas todas em renda, uns botins pretos, faço uma trança meio desmanchada de lado e prendo-a, com uma fita preta a cair pelo meu b***o.
Faço uma maquiagem para realçar os meus olhos castanhos, com eyeliner preto e uma sombra bem esfumada, batom rosa claro e estou pronta.
Vamos lá enfrentar as feras casamenteira, afff.
Chego lá e já lá vejo muitos carros, estaciono, pego a minha bolsa pequena e saio, sou informada por uma empregada que me abre a porta, que estão todos no jardim, encaminha-me para lá e realmente já lá está muita gente.
Desço a meia dúzia de degraus e vejo logo a minha irmã, ela olha para mim e vem abraçar-me, damos um abraço apertado e cheio de saudades.
— Que saudades, mantinha! — ela olha para mim de cima a baixo — Olha só como tu estás linda.
Eu sorrio.
— Doida, estou igual, só passou duas semanas! — digo brincando com ela.
Logo somos chamadas para nos sentarmos.
Vejo os pais do Elijah ali em uma mesa perto, mas não me parece que o Elijah esteja aqui.
Mesmo não querendo, me sinto desiludida, mas tento afastar esses pensamentos bestas. Não quero saber nada daquele outro doido.
O jantar é mesmo ali no jardim, e por incrível que pareça corre bem, até a minha mãe começar com as coisas dela.
— Olha só como eles estão felizes. — Ela diz ao sentar-se ao meu lado, e eu já sei como este diálogo vai acabar.
— Sim, mãe, estou a ver. — digo dando um sorriso amarelo.
— E não gostavas também de um dia estar assim? — ela pergunta.
Reviro os olhos, caramba.
Não respondo, não me apetece alimentar este assunto.
Mas a minha mãe não desiste fácil.
— Mia, quando vais tu também arranjar um marido? Filha, já passou da hora.
— Ai, mãe, sempre a mesma conversa, que aborrecimento! — digo chateada.
— Tu por acaso estás a chamar-me aborrecida? — ela pergunta toda ofendida — Quando a única coisa que eu quero é que sejas feliz, com um bom homem ao teu lado? Ver-te casar, formar a tua família, olhar para ti e ver-te como eu vejo a tua irmã, feliz.
Eu respiro fundo, tentando acalmar os meus nervos.
— Que se passa aqui, para vocês estarem as duas com essa cara emburrada? — o meu pai pergunta ao chegar perto de nós.
— É a nossa filha que me chamou aborrecida.
— Não chamei nada! — digo irritada — Eu não disse que eras aborrecida, mas sim a conversa, mãe, não mistures as coisas!
O meu pai senta-se ao meu lado.
— Só porque lhe disse que gostava que ela estivesse assim feliz, como o está a Emily. — Ela fala toda alterada.
— Mas eu só vou ser feliz quando casar?? Mãe, eu sou feliz agora, mesmo não estando casada
Mas que merda de fetiche estas pessoas têm pelo casamento?
Ela levanta-se toda chateada.
— Esta conversa não fica por aqui, Mia, mas agora vou ali falar com uma amiga.
E sai andando para o outro lado do jardim.
Eu faço uma careta, e só depois me lembro que o meu pai está ali, a olhar para mim. Merda.
— Não sei qual o teu problema com o casamento, tu és uma mulher bonita, tens uma carreira belíssima, podes casar com quem tu quiseres. — Ele fala sincero.
— E eu não sei qual o vosso problema, para me estarem sempre a falar do mesmo assunto. — Falo impaciente.
— Só queremos a tua felicidade, Mia, nunca te esqueças disso. E sabes que a tua mãe e o resto da família, só se vão calar com este assunto quando te virem casada.
Bufo frustrada, o pior é que eu sei que é verdade. Vão andar sempre a massacrar o meu juízo com essa bosta de conversa.
O resto da noite, a minha mãe não chegou sequer perto de mim. Ainda bem que não está cá a minha tia Clarisse, o tio John, nem aquela enxerida da minha prima Joanne, senão é que eu saia daqui louca.
Por volta das onze da noite eu despeço-me e vou finalmente para casa.
Depois de tomar banho e vestir o meu pijama quentinho azul céu, sento-me na ponta da minha cama.
Já não aguentava mais aquilo, detesto estas reuniões, jantares, convívios e merda.
Olho para as minhas calças e ao olhar para a cor do meu pijama, vem-me ao pensamento os lindos olhos do Elijah.
Fico ali a pensar, na proposta que ele me fez, e começo a pensar que talvez a proposta não seja assim tão descabida.
"— Mia, a tua família está sempre a massacrar-te por ainda não teres casado, que és uma encalhada e essas baboseiras todas, e eu preciso de uma esposa, por isso pensei que nos podíamos ajudar um ao outro."
Penso nas exatas palavras dele.
É certo e sabido, que eu não vou casar tão cedo, por isso cada vez a proposta dele faz mais sentido. Ele ajudava-me a eu finalmente calar a minha família e casar, e eu ajudava-o com a situação que os pais dele lhe pediram, para ele assim ganhar a sua herança.
Todos no final acabariam felizes.
Todos, mas e nós? Seríamos felizes eu e o Elijah? E como serão os contornos desse casamento? Sim, porque nós não vamos casar porque nos amamos apaixonadamente, é mais um contrato de casamento e um negócio, que outra coisa.
Não sei o que fazer, o Elijah mexe comigo, ele tem um poder de sedução incrível e olha que ele ainda nem me tentou seduzir, fico a pensar o que acontece se ele o fizer, porque resistir aquele bofe gostoso, vai ser difícil.
Mas, uma coisa de cada vez.
Preciso de pensar, pensar muito bem.