CAPÍTULO 10
O Reencontro
Narrado por Mia
Será mesmo ele??
É com toda a certeza do mundinho.
Ali, lindo, maravilhosamente bem vestido, os seus cabelos não tão bagunçados, mas ainda assim um pouco, deve ser a sua imagem de marca. No mesmo instante, ele olha bem nos meus olhos e sorri, ah c*****o, mas ele tem que ter um sorriso tão sexy??
Mas, o que ele faz aqui?? Será que é amigo da Emily? Não, não pode ser, eu conheço os amigos dela. Só pode ser algum amigo do Jason. Mas que coincidência assustadoramente boa!
Volto para dentro do salão, vão abrir o buffet.
Mesmo sem querer, olho a ver onde ele está, tento ser o mais discreta que consigo.
— Ah, estás aqui.
Assusto-me com a voz da Jenny, a minha melhor amiga e colega nas urgências, lembram-se dela, não lembram?
— Puxa, assustaste-me! — digo colocando a mão no meu peito.
Jenny fica a olhar para mim e sorri.
— Estás muito assustada, o que se passa? — ela pergunta, semicerrando o seu olhar na minha direção.
— Nada! — digo apenas, ainda não quero contar que está ali o gostoso do café.
Chegamos à mesa onde está a minha família, sentamo-nos e reparo que ele está na mesa mesmo ao lado, com um casal que decerto serão os seus pais, não vejo nenhuma mulher e lá fora tirou a foto com os noivos sozinho, o que me leva a pensar que o jeitoso ali não veio acompanhado, hum, que interessante.
— Estás a fingir que não me ouves, Mia?
Ouço a voz da minha tia Clarisse, a irmã da minha mãe.
— Sim, tia, desculpe, estava distraída. — digo, já adivinhando o que ela estaria para ali a falar.
— Estava a dizer, que sempre pensei que a primeira a casar serias tu e depois a tua irmã, afinal de contas, tu és mais velha do que ela quatro anos, Mia!
Pronto, eu não disse, lá vem o julgamento.
— Pois, mas a vida nem sempre é como nós queremos ou planejamos, tia. — digo, tentando não demonstrar o meu aborrecimento.
O meu tio, como é um metediço, resolve também meter a língua na conversa.
— Realmente é verdade, a tua tia tem toda a razão.
Claro que tem razão, para ele a esposa tem sempre razão, a senhora da razão, afff.
E como não podia deixar de ser, a minha prima, a filha deles, outra merda de metediça também mete a língua onde ninguém a mandou meter.
— Sinceramente, Mia, onde já se viu, com mais de 30 anos e solteira. Afinal, onde está aquele teu namorado tão bonito? — vira-se para a minha mãe e pergunta — Como é mesmo o nome daquele bonitão?
— Damien. — Ela responde à sua sobrinha metediça.
— Ah pois, é isso mesmo. — Volta a virar aquela cara de parva para mim — Onde ele está?
— Não sei, já não estamos juntos, Joanne — mas que tem ela a ver com isso?
— Ah claro, mais um que tu espantaste, não percebo realmente. — diz fazendo uma careta de merda naquela cara de merda.
Se ela meter a língua no p*u do marido como a mete na minha vida, juro, que ele é o homem mais satisfeito do mundo. Vaca.
— Um homem tão bonito, — continua a minha prima Joanne — tão bem na vida, e tu o que fazes? Deixas fugir um gato daqueles. Não sei o que tu tens na cabeça! — ela me incrimina assim, sem mais nem menos, paciência que eu tenho que ter.
Olho para a minha amiga Jenny, que está tão ou mais incomodada do que eu.
Nunca respondo muito a estas provocações para não gerar mau ambiente familiar, mas confesso que estou farta desta gente se meter na minha vida.
— Parece que vamos ter uma encalhada na nossa família! — diz a minha tia olhando desgostosa para a minha mãe.
— Eu já lhe disse, que só lhe falta o gato para ser a encalhada perfeita.
Eles riem.
Eles fazem de propósito para me incomodarem, todos pensam que eu não levo aquela conversa a m*l, mas levo e muito. O meu calcanhar de Aquiles é mesmo este assunto, incomoda-me bastante.
Por esta altura pensava que já estaria casada, mas a vida não quis assim, o que posso fazer?
Olho na direção do desconhecido dos olhos azuis, e reparo que até ele parece desconfortável com aquela conversa de merda, que claramente se ouve ali, aliás esta gente nem precisa de microfone, porque tenho a sensação que todo o mundo aqui dentro do salão ouviu a conversa, claro que estou a exagerar, mas que me sinto fodidamente fodida, ah isso sinto.
Vejo ele levantar-se calmamente, e que escultura é esta?
Vejo ele a vir na minha direção e fico nervosa.
O que ele está a fazer?
Quando acabo de pensar nisso, ele chega perto de mim, eu levanto o meu olhar para aquele monumento humano e ele sorri de lado, aquele sorriso sexy.
A minha calcinha não vai aguentar, sinto um arrepio até na minha bitó.
— Boa tarde a todos os senhores e senhoras, será que podia roubar a Mia por um bocadinho da vossa companhia?
Eu fico b***a com aquela educação toda, olho para os demais ali na mesa e ainda estão mais bestas do que eu, kkk.
— Ah, claro que sim. — Fala a minha mãe espantada, de certo a beleza deste deus até a deixou de queixo caído, é normal, ele é lindo demais mesmo.
Olho para a cara da minha prima, e ela até está com a boca aberta a babar para o homem aqui em pé.
Eu não consigo me conter.
— Joanne, fecha a boca, — digo me levantando e começando a andar — e limpa a baba.
O desconhecido sorri divertido com a minha frase, e pede licença àqueles estafermos todos e vem atrás de mim, deixando para trás aquele povo todo curioso.