CAPÍTULO UM-2

2219 Words
Seu pai, já farto dele, voltou-se para seus irmãos, que estavam todos na estrada olhando. “Você acha que eles vão nos escolher?” Perguntou Durs, o mais novo dos três, um total de três anos à frente do Thor. “Eles seriam tolos se não o fizessem.”Disse o pai deles. “Eles estão com poucos homens este ano. Deve ter ocorrido uma redução nas filas — ou do contrário eles não se incomodariam em vir. Fiquem alinhados, vocês três, mantenham seu queixo erguido e peito aberto. Não olhem para eles diretamente nos olhos, mas tampouco desviem o olhar. Sejam fortes e confiantes. Não demonstrem fraqueza. Se vocês quiserem estar na Legião do rei, vocês devem agir como se já estivessem nela.” “Sim, Pai.” Seus três rapazes responderam em uníssono, ficando em posição. Ele se virou e encarou Thor. “O que você ainda está fazendo aí?” Ele perguntou. “Vá para dentro!” Thor estava ali, indeciso. Ele não queria desobedecer a seu pai, mas tinha de falar com ele. Seu coração batia descompassado enquanto ele debatia isso. Ele decidiu que seria melhor obedecer, trazer as espadas e então, enfrentaria seu pai. Desobedecer abertamente a seu pai, não o ajudaria. Thor correu para dentro de casa, cruzou pela parte de trás para o galpão de armas. Ele encontrou as três espadas de seus irmãos, objetos de culto de todos eles, coroadas com os melhores punhos de prata. Ele correu para os seus irmãos, entregou a cada um uma espada, em seguida, virou-se para seu pai. “O quê! Não estão polidas?” Disse Drake. Seu pai virou-se para ele com desaprovação, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Thor falou. “Pai, por favor. Eu preciso falar com você!” “Eu lhe disse para polir.” “Por favor, Pai!” O pai o olhou de volta, vacilante. Ele deve ter visto a seriedade no rosto de Thor, porque, finalmente, disse, “E então?” “Eu quero me alistar com os outros... Na Legião.” Seus irmãos, atrás dele, caíram na risada fazendo com que seu rosto ficasse vermelho, ardendo de raiva... Mas seu pai não riu; ao contrário, sua carranca se fechou mais ainda. “Você quer mesmo?” Ele perguntou. Thor assentiu vigorosamente com um movimento de cabeça. “Tenho 14 anos. Eu sou elegível.” “A idade mínima é quatorze anos.” Drake disse com desprezo, por cima do ombro. “Se eles o aceitassem, você seria o mais jovem. Você acha que eles escolheriam você em lugar de mim, alguém que é cinco anos mais velho do que você?” “Você é um insolente.” Disse Durs. “Sempre foi.” Thor virou-se para eles e disse: “Eu não estou perguntando para vocês.” Ele voltou-se para seu pai, que ainda estava carrancudo. “Pai, por favor.” Ele disse. “Permita-me ter uma chance. Isso é tudo que eu peço. Eu sei que sou jovem, mas eu vou me pôr à prova ao longo do tempo.” Seu pai abanou a cabeça. “Você não é um soldado, rapaz. Você não é como seus irmãos. Você é um pastor. Sua vida está aqui. Comigo. Você vai cumprir com suas obrigações e cumpri-las bem. Ninguém deve sonhar alto demais. Abrace a sua vida e aprenda a amá-la.” Thor sentiu seu coração partir quando viu sua vida desmoronar diante de seus olhos. Não, ele pensou. Isso n******e ser verdade. “Mas, Pai!...” “Silêncio!” Ele deu um grito tão agudo que cortou o ar. “Já tive suficiente. Aí vêm eles. Fique fora do caminho e melhore suas maneiras enquanto eles estiverem aqui.” Seu pai se aproximou e com uma mão empurrou Thor para o lado, como se ele fosse um objeto que era melhor não ser visto. Sua palma corpulenta espetou o peito de Thor. Um grande estrondo se ouviu, os habitantes debandaram de suas casas, ganhando as ruas. Uma nuvem de poeira crescente anunciava a caravana, momentos depois, chegou uma dúzia de carruagens puxadas por cavalos, fazendo um barulho como o de um grande trovão. Eles chegaram à cidade como um exército repentino, parando perto de casa de Thor. Os seus cavalos, empinando no lugar, bufando. Levou muito tempo para que a nuvem de poeira assentasse. Thor ansiosamente tentava vislumbrar suas armaduras, suas armas. Ele nunca tinha estado tão perto do Exército Prata antes e seu coração batia acelerado. O soldado que cavalgava sobre o garanhão cor de chumbo desmontou. Ali estava ele, um m****o real do Exército Prata, coberto com sua cota de malha com seus elos brilhantes, uma longa espada em seu cinto. Ele parecia estar na casa dos trinta, um homem de verdade, barba por fazer, cicatrizes no rosto e um nariz quebrado durante alguma batalha. Ele era o homem mais substancial que Thor já tinha visto — duas vezes maior do que os outros — com um semblante que indicava que ele estava no comando. O soldado saltou para a estrada de terra, as esporas tilintando quando ele se aproximou dos rapazes enfileirados. Rapazes de todas as partes da vila permaneciam atentos, expectantes. Juntar-se ao Exército Prata significava uma vida de honra, de batalha, de renome, de glória — juntamente com terras, títulos e riquezas. Representava a melhor noiva, a terra mais seleta, uma vida de glória. Significava honra para sua família, e ingressar na legião era o primeiro passo. Thor estudou as carruagens grandes, douradas, sabia que elas só podiam abrigar os muitos recrutas. Era um reino amplo e havia ainda muitas cidades para visitar. Ele engoliu em seco, dando-se conta de que suas chances eram ainda mais remotas do que ele pensava. Ele teria de vencer a todos esses outros rapazes — muitos deles eram consideráveis lutadores, juntamente com os seus três próprios irmãos. Ele foi invadido por um sentimento de abatimento. Thor m*l conseguia respirar enquanto o soldado passeava em silêncio, observando as linhas de candidatos. Ele começou do outro lado da rua, então lentamente fechou o círculo. Thor conhecia todos os outros rapazes, é claro. Ele também sabia que alguns deles secretamente não queriam ser escolhidos, mesmo que suas famílias desejassem enviá-los. Eles estavam com medo; eles não dariam bons soldados. Thor ardia de indignação. Ele sentia que merecia ser escolhido tanto quanto qualquer um deles. O fato de que seus irmãos fossem mais velhos, maiores e mais fortes não significava que ele não tivesse direito de apresentar-se e de ser escolhido. Ele ardia de ódio por seu pai e quase saltou de sua pele quando o soldado se aproximou. O soldado parou, pela primeira vez, diante de seus irmãos. Olhou para eles de cima a baixo e parecia impressionado. Ele estendeu a mão, pegou uma das suas bainhas e a arrancou, como se quisesse testar que tão firme estava. Ele abriu um sorriso. “Você ainda não usou sua espada em uma batalha, não é mesmo?” Ele perguntou a Drake. Thor viu Drake nervoso pela primeira vez em sua vida. Drake engoliu em seco. “Não, meu senhor. Mas eu usei muitas vezes em práticas e espero que...” “Em prática!” O soldado rugiu com um riso e virou-se para os outros soldados que se juntaram, rindo da cara de Drake. Drake virou vermelho como um tomate. Era a primeira vez Thor o via tão envergonhado — normalmente, era Drake quem fazia com que os outros se sentissem envergonhados. “Bem, então eu certamente direi aos nossos inimigos para temerem você — você que empunha sua espada em práticas!” A multidão de soldados riu novamente. O soldado, em seguida, dirigiu-se aos outros irmãos de Thor. “Três rapazes do mesmo estoque.” Ele disse, esfregando a barba em seu queixo. “Isso pode ser útil. Todos são de bom tamanho, embora sem experiência. Vocês vão precisar de muito treinamento se quiserem avançar as etapas.” Ele fez uma pausa... “Acho que podemos encontrar lugar.” Ele assentiu com a cabeça em direção ao vagão traseiro. “Entrem e sejam rápidos. Antes que eu mude de ideia.” Os três irmãos de Thor correram para o transporte, radiantes. Thor notou que seu pai estava radiante também. Mas ele estava cabisbaixo, ao vê-los partir. O soldado virou-se e foi em direção a próxima casa. Thor já não pôde aguentar mais. “Senhor!” Thor gritou. Seu pai se virou e olhou para ele, mas Thor já não se importava. O soldado parou de costas para ele e virou-se lentamente. Thor deu dois passos à frente, seu coração batia descompassado, estufou o peito tanto como lhe era possível. “Não fui levado em consideração, Senhor.” Disse ele. O soldado, atônito, olhou Thor de cima a baixo como se tivesse contado uma piada. “É mesmo?” Ele perguntou e explodiu em uma gargalhada. Seus homens caíram na risada também. Mas Thor não se importou... esse era o seu momento. Era agora ou nunca. “Eu quero me juntar à Legião!” Disse Thor. O soldado avançou em direção de Thor. “Agora?” Ele parecia divertido. “E você, por acaso, já chegou a cumprir quatorze anos?” “Eu cumpri senhor. Há duas semanas...” “Há duas semanas!” O soldado quase chorou de rir e o mesmo sucedeu com os homens que estavam atrás dele. “Nesse caso, nossos inimigos certamente tremerão de medo simplesmente ao ver você.” Thor sentiu-se queimando de raiva. Ele tinha de fazer algo. Não podia deixar que tudo acabasse assim. O soldado se virou para ir embora — mas Thor não podia permitir isso. Thor deu um passo à frente e gritou: “Senhor! O senhor está cometendo um erro!” Um suspiro de horror se espalhou através da multidão, no momento em que o soldado parou e virou-se lentamente, mais uma vez. Agora ele estava carrancudo. “Garoto estúpido.” Seu pai disse, agarrando Thor pelo ombro. — “Volte para dentro!” “Eu não vou!” Gritou Thor, tentando se desvencilhar de seu pai. O soldado deu um passo em direção de Thor e seu pai retrocedeu. “Você sabe qual é o castigo por insultar o Exército Prata?” O soldado perguntou com rispidez. O coração de Thor batia forte, mas ele sabia que não podia recuar. “Por favor, perdoe-o, Senhor.” Rogou seu pai. “Ele é ainda é uma criança e...” “Eu não estou falando com você.” Disse o soldado. Com um olhar fulminante que forçou o pai de Thor a recuar. O soldado voltou-se novamente para Thor. “Responda-me!” Disse ele. Thor engoliu saliva, incapaz de falar. Isso não era o que ele tinha tido em mente. “Insultar o Exército Prata é insultar o próprio rei.” Thor disse humildemente, recitando o que ele tinha aprendido de memória. “Sim.” Disse o soldado. “Isso significa que eu posso dar-lhe quarenta chicotadas, seu eu quiser.” “Eu não d****o insultá-lo, senhor.” Disse Thor. “Eu quero apenas ser recrutado. Por favor! Tenho sonhado com isso toda a minha vida. Por favor! Deixe-me acompanhá-lo.” O soldado olhou para ele e lentamente, sua expressão suavizou-se. Depois de um longo tempo, ele balançou a cabeça. “Você é jovem, rapaz. Você tem um coração valente. Mas você não está pronto. Volte para nós quando você for desmamado.” Ao dizer isso, ele se virou e saiu, m*l olhou para os outros rapazes. Montou rapidamente em seu cavalo. Thor, cabisbaixo, viu como a caravana punha-se em marcha; ela se foi tão rápido como tinha chegado. A última coisa que Thor viu foi seus irmãos, sentados no fundo da última carruagem, olhando para ele com desaprovação e zombaria. Eles estavam sendo levados embora diante de seus olhos, para longe dali, para uma vida melhor. Thor sentiu-se morrer por dentro. Como a excitação em torno dele se desvaneceu, os aldeões regressaram às suas casas. “Você percebe o quão e******o você foi, garoto t**o?” O pai de Thor falou, agarrando seus ombros. “Você se dá conta de que poderia ter arruinado a oportunidade dos seus irmãos?” Thor se desvencilhou das mãos de seu pai, seu pai o agarrou de volta e golpeou-lhe o rosto com as costas da mão. Thor sentiu o ardor do golpe e olhou de volta para seu pai. Uma parte dele, pela primeira vez, na vida, quis revidar e bater em seu pai. Mas ele se conteve. “Pegue minhas ovelhas e traga-as de volta. Já! E quando você voltar, não espere obter comida de mim. Você vai ficar sem jantar hoje à noite e vai pensar sobre o que você fez.” “Talvez eu não volte nunca mais!” Thor gritou quando ele se virou e saiu para longe de sua casa, em direção as colinas. “Thor!” seu pai gritou. Alguns dos moradores que tinham permanecido na estrada, pararam e assistiram à cena. Thor acelerou o passo, logo começou a correr desejando distanciar-se desse lugar o máximo possível. m*l se dava conta de que estava chorando, as lágrimas estavam inundando o seu rosto, pois todos os sonhos que ele havia abrigado tinham sido despedaçados.
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