...virar realidade

1598 Words
E ali estava Derek, na situação mais inesperada que já vivera em toda sua vida, depois de quase brigar na sala de cinema, ser expulso e acabar compartilhando um espaço de tempo agradável com o causador de tantos problemas. E ia piorar: sua irmã lhe arrumara ingressos para assistir o filme do qual tinham sido expulsos mais cedo... – Só tem dois... – a voz de Stiles trouxe Derek Hale de volta a realidade. Ele piscou um tanto confuso, tentando recuperar o foco. – O quê? O garoto lambeu os dedos sujos pelo brownie de chocolate antes de responder. – Sua irmã trouxe dois tickets. Mas o Scott ficou de voltar para assistir com a gente. – Ah – Derek deu de ombros. Teve certeza que a caçula dera um jeito de falar com o tal Scott. Pensando bem, ela saíra muito apressada para ir ao banheiro. Talvez tivesse corrido atrás do adolescente e combinado algo com ele – Você não conhece minha irmã... aposto que seu amigo não vai voltar ao shopping hoje. – Mas... – Vamos assistir? – o mais velho cortou a frase, ficando em pé. Depois brigaria com Cora por suas maquinações. Não podia desperdiçar os ingressos, afinal de contas. Nem a chance de continuar mais um pouco ao lado daquele garoto – São para a exibição 3D. Ao ouvir aquilo os olhos de Stiles brilharam e ele ficou tão animado que por breves segundos pareceu que ia irradiar luzes coloridas. E sua empolgação tinha uma boa justificativa. – Santo Deus! Eu totalmente queria ver a exibição em 3D. A sala desse cinema é uma das melhores do estado! E uma das mais caras também... meu pai cortou minha mesada e me deixou de castigo sem o jipe. Eu vim hoje por que o Scott só podia vir essa noite. Se não eu tinha vindo na quinta já que o 3D é mais barato... – terminou baixando um pouco a voz. Derek soltou ar pelo nariz, sem parar de surpreender-se com aquele garoto. Perguntou-se por que motivo ele estaria de castigo, mas desistiu de tentar adivinhar. O filme esperava por eles. – Anda logo. Temos que comprar pipocas. Stiles sorriu e obedeceu. Juntos foram pegar as pipocas e refrigerantes e apressaram-se para a fila que já estava se formando. – Precisamos sentar no meio – Stiles disse desesperado, enfiando pipoca na boca – O som é bem melhor! Derek concordou em silêncio. Por toda a fila Stiles atacou a pipoca, a ponto de estar quase pela metade quando eles conseguiram pegar os óculos e acomodar-se confortavelmente em ótimas poltronas na fileira do meio. – Não coloca os óculos ainda! – ele explicou – Os trailers não são em 3D. – Okay. Finalmente o filme começou. Stiles conseguiu ficar em silêncio por dez inacreditáveis minutos. – Santo Deus – ele inclinou-se para o lado de Derek, fazendo o ombro de ambos roçar de leve – Essa é a Debbra. Nos quadrinhos ela é loira. Não entendo por que mudaram isso... Derek não respondeu. Lembrava-se bem de já ter ouvido isso na sessão anterior, da qual tinham sido vergonhosamente expulsos. – Ah, olha lá, cara! Prestou atenção nisso? Vai ser importante para a cena secreta! – continuou comentando a cena seguinte. Dessa vez, surpreendentemente, Derek Hale não sentiu irritação alguma por ouvi-lo. E tinha nada a ver com o medo de ser expulso novamente. Pelo contrário, ele gostou mesmo da forma como o menino se inclinava para seu lado e cochichava as informações, como se fossem grandes amigos ou algo mais... A certo ponto Derek enfiou a mão no balde de pipoca e esbarrou na mão de Stiles. Confuso, olhou para o garoto que sorriu largo e feliz, mostrando o próprio balde vazio. – As minhas acabaram! – ele cochichou, revelando-se um tremendo cara de p*u. Foi a vez de Derek sorrir, por que nunca conhecera alguém como Stiles! E era impossível não se derreter com o charme um tanto inocente, mas muito autêntico. Em determinado momento o celular no bolso de Hale vibrou. Ele pegou o aparelho e leu o SMS que Cora lhe enviara: “Encontrei o Isaac e fui embora com ele. Divirta-se ♥” Sua irmã era terrível! E ia lhe pagar por aquela. Ao final do filme o mais velho fez menção de levantar-se, mas Stiles segurou na barra de sua blusa e o puxou para baixo. – A cena secreta, cara!! Espera aí. E ele obedeceu, sentando-se outra vez. A maioria das pessoas ia abandonando o cinema, pouco interessados no que havia após os créditos. Apenas Stiles, Derek e um rapaz ficaram na sala para a incrível cena misteriosa que... durou vinte míseros segundos! E valeu um resmungo de incredulidade por parte do mais velho. – Essa vai ser a deixa para o próximo filme. É um longa só sobre o Garra Azul. Vai ser demais! Vão lançar em novembro do ano que vem – explicou ao levantar-se da cadeira e indicar que era hora de partir. Saíram em silencio até o hall de entrada do cinema. O shopping já passara da hora de fechar, por isso estava tudo tranquilo. Ali Stiles cruzou as mãos atrás da cabeça e lançou um longo olhar na direção de Derek. – Parece que é isso, grandão. – É. Nenhum dos dois sentia vontade de separar-se ali. Mas estava chegando a hora de dizer adeus. – Sinto muito por ter estragado sua noite – Stiles sussurrou sem olhar direto para o outro – As vezes eu falo demais, sabe? Sou meio s*******o. – Como você vai embora? – Derek mudou o assunto, lembrando-se de que ele dissera que estava de carona com o amigo. – Eu me viro... não se preocupe. – Vem, te levo em casa. Stiles abriu um sorrisão no mínimo suspeito. – Você não é nenhum tipo de psicopata assassino, é? – Não – Derek respondeu seco. – E você diria se fosse? – provocou, mas acabou rindo diante da careta que o mais velho fez – Cara, suas sobrancelhas se mexem de um jeito engraçado. Parece fazem a dança do ventre... – O quê?!! – Nada. Vamos encontrar a sua irmã? Derek virou-se em direção as escadas que davam acesso ao estacionamento, com Stiles seguindo ao seu lado. – Cora já foi embora com um amigo – Derek informou soando inconformado. Como sua irmã podia tramar contra ele dessa forma?! Bem... talvez não exatamente “contra” ele, concluiu olhado de esguelha para o garoto ao seu lado. Não podia negar que a noite não fora tão r**m assim. Quem diria... O piso do estacionamento estava pouco movimentado. O shopping já estava fechado a mais de uma hora, apenas os usuários do cinema ainda estavam por ali. Por tal motivo foi fácil achar o Camaro de Derek (que arrancou um assobio de Stiles) e sair do prédio foi ainda mais rápido. Mal se acomodou e travou o cinto Stiles já ligou o rádio do carro e buscou uma rádio com um som barulhento. Após ganhar um olhar de alerta acabou baixando o volume, para não incomodar muito o dono do veículo. – Onde você mora? – Vira a primeira a direita e segue reto. É longe – suspirou e afundou no banco macio. Ele estava se sentido ótimo e não fazia questão nenhuma de esconder isso. Derek também se sentia muito bem, mas não conseguia demonstrar no semblante fechado. Stiles foi dando as orientações e depois de algum tempo chegaram a casa do garoto. Uma residência realmente mais afastada da cidade, porém muito agradável e bem cuidada. Havia uma luz acesa no andar de cima e as luzes de fora também iluminavam o gramado da frente. – Acho que meu pai está acordado – o adolescente disse de forma distraída, soltando o cinto de segurança. Derek observou, sentindo um aperto no peito. Nunca conhecera um moleque mais inconveniente, tagarela, atrevido e cara de p*u. Adorável... Não queria deixá-lo sair de sua vida! Sem que desse conta se viu esticando a mão e passando os dedos pela nuca que se arrepiou ao contato, tão sensível era. Os olhos castanhos se arregalaram de leve e os lábios finos se entreabriram, um convite não feito para o beijo que aconteceu. E que beijo! Derek inclinou-se sobre Stiles, enroscando as línguas de ambos, impondo um ritmo que o menino quase não conseguiu acompanhar. Um beijo que ganharia o Oscar, se aquela fosse a cena de um filme. Ao se separarem Stiles respirou fundo e levou uma mão aos lábios. O rosto estava corado, fazendo as pintinhas se destacarem ainda mais na pele perfeita. – Uau... – foi tudo o que disse. – Você não estragou minha noite – só então Derek respondeu ao pedido de desculpas que o garoto lhe fizera mais cedo. E foi muito sincero ao confessar-se. No primeiro contato até quisera mesmo pegá-lo pelo pescoço e esganá-lo. Mas no decorrer da noite, ao conhecê-lo um pouquinho mais, sua opinião mudara 180 graus! Queria deixá-lo sem fôlego sim, mas de tanto beijá-lo!! Não por machucá-lo. – Então não é um adeus...? – Stiles sorriu diante da possibilidade. – Só se você quiser... – não pôde continuar a frase. Foi a vez de Stiles segurar-lhe o rosto com as duas mãos e aproximar a face de ambos, um tanto desajeitado, como se não soubesse bem o que fazer. Todavia Derek sabia: venceu a distância que os separava e deu inicio a um novo e -pasmem- mais apaixonado beijo. Nenhum dos dois queria dar adeus. Então não havia motivos para finalizar aquela história.
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