Capítulo 2

1230 Words
Quando já não me bastava os problemas que tenho, o Lucas me arranja mais um. Agora vou ter que aturar sermão de coordenador de escola porque o rapazinho de quase 17 anos resolveu aprontar. O pior é dar de cara com o pessoal do financeiro, ainda faltam cinco dias para o senhor Arthur pagar minha rescisão e poder assim aliviar as dívidas. A salinha da coordenação até que era agradável. Água gelada, café quentinho, biscoitinhos e uma boa poltrona para se sentar. O silêncio em horário de aula, faz com que os poucos barulhos se façam presentes, foi então que me arrumei a cadeira na qual estava despojada, percebi que havia alguém chegando. Fiquei um tanto boquiaberta, esperava um tiozão vestido de roupas formais e me entra um atleta trajado de short, camiseta meia e tênis. Cheiroso e com um par de cochas de molhar qualquer calcinha Um bofe de ocó odara! Não era tão jovem, também não era velho. deve ter por volta dos trinta e cinco anos. Chegando na fase do tio gostoso. Aliás bem gostoso! Sossega Agnes! Baixa o fogo dessa periquita! Fora que ninguém é mais gostoso que o Renan nessa face da Terra. Quanta mentira que pensei para mim mesma nessa última frase. O Homem tinha uma postura militar, com o peito estufado e uma cara de nada. Ele caminha da porta até uma longa mesa de madeira e se põe a minha frente. Uma cara de nada! Alguém sabe o que é uma cara de nada? Não é uma expressão, feliz, triste, presunçosa ou de merda. É simplesmente nada, zero expressão. Ele até poderia ser um CEO frio e calculista desses que eu leio no Dreame. — Bom Dia! Creio que a senhorita não seja a mãe do Lucas — fala com uma voz grossa e um sotaque sulista. “Senhorita! Quem usa esse tipo de tratamento hoje em dia?” — Não, nem poderia, temos somente quatro anos de diferença de idade. Sou a irmã dele, no momento a única responsável pelo moleque — uma pausa rápida e volto a falar, querendo adiantar os processos para eliminar o problema — então, o que o Lucas aprontou? Ao invés de me responder fica parado feito uma múmia, como se arrumasse um meio de me contar. Aquilo já estava me preocupando. — Lucas sempre foi um rapaz aplicado desde que entrei aqui. Quero dizer — pigarreia — ainda é bastante aplicado, mas nos últimos meses tem estado um tanto atucanado. — Tucano de quê?! — continua parado olhando para mim com cara de nada — olha coordenador, gostaria muito que o senhor fosse direto ao ponto e falasse em português. Por um breve momento o vi sair da expressão de nada, o homem à minha frente deu um giro de 360º com os olhos, eriçando suas sobrancelhas. Acho que dei um nó na cabeça dele! Pois ele já estava dando na minha. — Eu não sou coordenador, sou professor Chambarelli de ética e educação física. “Meu Deus! Duas matérias interligadas, tudo a ver. Só que não! ” — Estou sim falando português, sou gaúcho e atucanado quer dizer que seu irmão anda disperso, estressado. — Ah! Então é isso! Tem uma explicação forte professor, a nossa mãe está internada. Mas irei conversar com ele, pode chamar… — o professor gostoso me interrompe. — Ainda não lhe contei o que o Lucas fez. Agora sou eu quem eriça as sobrancelhas. — Ah! Desculpa! Pensei que era os problemas dos tucanos aí. O homem a minha frente fez uma expressão de riso, junto a um barulho estranho. Já estou me achando poderosa, consegui tirar daquela carranca um meio sorriso ladino. E se não fosse meu Renan, adoraria me lambuzar com esse professor Chambinho. Não, Não é Chambinho. É Chamito?! “Não, também não é isso. Chandelly. É professor Chandelly Agnes. tudo danone gostoso aí me confundo.” — Tudo bem?! — ele me pergunta. Devo está agindo feito retardada. — Tudo sim. Pode continuar professor Chandelly. Ele novamente levantou a uma de suas sobrancelhas. — Não é Chandelly, é Chambarelli. — Perdão — o homem tem razão realmente estou agindo feito retardada — é diferente seu nome me confundi. — Meu nome é Rael Chambarelli Prisco, aqui me chamam de professor Chambarelli, pode escolher o que melhor lhe agrade. Continuando, não levei o caso a coordenação porque eles tem normas rígidas, que para ser sincero concordo com todas, mas o seu irmão só agiu de forma arbitrária, por está em um m*l momento. — É verdade. Mas o que ele fez? — pergunto impaciente. — Me agrediu. — Oi? Mas porquê o Lucas fez uma coisa dessas, sabendo que poderia ser expulso de imediato? — Interrogo enquanto encho o copo de água e viro um grande gole na boca. — Foi por conta de uma aluna. — Para defender uma aluna?! — Não. Foi por ciúmes da menina. Creio quer ele goste dela. Lucas nos viu sendo gentil um com o outro e interpretou as coisas de forma errada. "Interpretou errado! Sei." Imaginei meu irmão um perna fina, batendo naquele homaraço, e gargalhei mentalmente. Nenhuma das minhas amigas me contam nada engraçado, se eu estiver bebendo algo, pois elas sabem que há grande chance de tomarem uma chuveirada com o líquido que estiver na minha boca. O professor Chandelly não sabia disso. E levou a pior. A sorte é que era água, mas ao invés de me envergonhar e parar de rir feito uma hiena… eu gargalhava enquanto ele tirava um lenço do bolso e se enxugava. — Mais uma vez desculpa professor! É que nunca imaginei meu irmão batendo em ninguém, ainda mais por conta de uma garota. Para ser sincera sempre achei que ele fosse gay. — A opção s****l dele não sei. Entretanto o gênio dele já descobri. Foi comigo a agressão tudo bem, não doeu nem fez estragos. Entendo o que se passa com o rapaz neste momento. Mas a aluna em questão é linda e chama atenção dos demais, por mais que o colégio tenha controle eles estão na idade de namorar. E se o Lucas agredir mais alguém aqui por ciúmes, garanto que não serão condescendentes como eu. — Hum! O senhor acha a aluna linda! — Não sei o que quis insinuar. As pessoas tem manias de suavizar palavras com medo de ambiguidades. Isso não me importa, se fosse um rapaz também diria se fosse bonito. Creio que o importante aqui seja acalmar os ânimos do seu irmão, para que ele não acabe perdendo a bolsa que tem. — Nossa! Hoje acho que vim aqui só para me desculpar, o senhor tem toda razão. Pode chamar o Lucas para conversar com ele? — Sim. Tudo bem. O homem saiu no encalço do meu irmão, e minha face ficou queimando da postura lamentável na qual tive, se eu tivesse chapado ontem com a Yasmin, ainda teria a desculpa da ressaca da cachaça, mas não. Era só eu sendo uma idiotaa mesmo. Lucas veio e conversei com ele, é um bom rapaz e creio que irá se comportar. Na verdade meu irmão prometeu que irá se comportar. Prometeu com a mesma afinco, no qual jurou que o professor iogurte tem um rolo diferente com a tal aluna. Ainda dar aula de ética! Parece que conversei com um belo hipócrita!
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