Capítulo 4

1422 Words
Fico pensando se só eu era uma peste quando criança, e se mais alguém jogava sal na minhoca. Era tão atentada que tinha o prazer em vê o pobre do anelídeo se contorcendo e pulando, por conta do sal lhe queimar o couro. E é com essa mesma satisfação que encurralei Renan e a Chacrete de quinze contos na parede. Os dois pulavam feito as minhocas que eu torturava. Ainda dominada pelo espírito do peão chicoteador, ouvia a Chacrete gritar de dor enquanto Renan tentava tirar o cinto da minha mão. Mas foi a vaca da Sirleia que chegou e impediu que eu tirasse a pele deles na base da cintada. — Você está louca Agnes?! — Me sacode pelos ombros tentando me voltar a si. Ela olha para os dois ainda seminus. E com a p***a de uma cara falsa a bicha velha, com tamanha cara de madeira encena a minha frente. — O que está acontecendo aqui Renan? E você Cristiana o que faz pelada aqui na minha casa?— Quanta cara de p*u! Ao presenciar a pessoa sambar na sua cara lhe chamando de trouxa, na cara dura. Você pensa: Essa pessoa também merece uma cintada. Entretanto, lembra que seus pais lhe deram educação e não devemos levantar as mãos para os mais velhos. Mas tenho certeza que essa regra pode ser quebrada, quando a pessoa velha em questão veste shortinho da Anita, rasteirinha Melissa e kroped tipo nem. Se ela é novinha para de vestir, também é para apanhar. Baseada nesse pensamento que a velha safada tomou uma na cara que a levou a lona, deu azar que bateu o fecho do cinto e sangrou na hora. — Chega! — O traíra grita. — Agnes nunca mais encoste o dedo na minha mãe. O que aconteceu aqui foi um erro. Cristiana por favor vai embora. — Que! Essa daí arruma maior barraco e você manda eu ir embora? Eu iria responder, sendo que o c*****o de p**a pobre, a mandou ir embora novamente. Gemendo de dor, toda inchada a vaca termina rapidamente de pôr a roupa e sai. Sirleia também vai, sai me xingando e me rogando pragas, enquanto Renan se aproxima. Me adianto antes que ele comece a defecar pela boca. — Cadê o dinheiro do Trocacem? — Discorro bastante seca. — Bebê sei que você não vai acreditar em mim depois do meu deslize, mas juro que fui assaltado. — Mente que nem sente o desgraçado. — Para mim pouco importa! Dê seu jeito e arrume o dinheiro do Trocacem, senão vou a delegacia e dou parte de roubo. — afirmo de forma rude — E nunca mais me chame de bebê. Sai dali e tomei um ônibus. Fui procurar um lugar isolado. Eu tinha vergonha de mim mesma, por querer chorar por um bofe que não vale a farofa de um ebó de encruzilhada. A praia de Grumari foi o local perfeito, onde eu enterraria minha vergonha junto as lágrimas que escorriam no meu rosto naquele momento, naquela areia alva de praia. Após passar longo período sentada observando o mar, deixando que a espuma de quebra das ondas lavem meus pés, me lembrei que tinha um compromisso não cumprido com Trocacem o agiota sanguinário e temido da área. Que merda! ????? ⏳ ????? Já era final de tarde quando cheguei em casa, havia desligado o celular e não queria falar com ninguém. A intenção era tomar um banho e depois ir até o Trocacem implorar por clemência. Adentro o quintal e observo as luzes acesas. Minha porta foi arrombada e tudo estava revirado. Fizeram uma zona do c*****o! No espelho do banheiro um recado escrito com o meu batom. “Atende o celular sua p*****a” Rapidamente liguei o aparelho, com certeza o agiota estava pensando que fugi. Meu celular chegou a travar com a quantidade de mensagens dizendo que um telefone de número desconhecido me ligou. Como iria retornar se o i*****l me ligou de número restrito? Assustada me lembrei do Zeca e liguei para ele. — Alô Zeca! É a Agnes. — Menina onde você se meteu? — Ele tinha um tom de preocupação na voz. — Uma história longa. Quero falar com o Troca pedir mais um tempo, parcelamento, sei lá. — Talvez não seja um boa ideia. Sirleia falou ao Troca que você pediu ao Renan para inventar que deu o dinheiro na mão dele e foi assaltado. — O quê! Velha safada. Mas ele acreditou na velha pilantra? — Não sei se acreditou. Acho que preferiu acreditar. Era o mais conveniente. — Porquê? Sempre fui correta. — Dor de cotovelo Agnes. Você o rejeitou quando lhe propôs ser a “rainha do bairro”. E agora só pensa em lhe ter nem que seja a força. — Quanta palhaça! — sinto-me chocada. — Quer um conselho Agnes? — O escuto com atenção — Você é uma jovem de 21 anos sozinha em casa, vá para casa de parentes, de um amigo e só volte aqui quando estiver com esse dinheiro. — Você está exagerando Zeca. Amanhã é sexta meu irmão vem do internato. Além do mais, se o Trocacem me matar ficará sem o dinheiro. — Ele não irá te matar Agnes. Troca quer você para ele, aliás sempre quis. — Obrigada Zeca. Vou ver o que faço aqui. Com certeza o Zeca estava exagerando. O que ele acha que o Trocacem vai fazer? Me pegar a força? Tipo os livros do Dreame “sequestrada por um traficante”. Eu sou a “sequestrada por um agiota”. Acho graça da minha desgraça. Quando ainda divagava em meus pensamentos sarcásticos, chega uma mensagem no aplicativo da bola verde. Ao abrir, o escrito me congelou a espinha. Foi aí que percebi, estava metida em uma encrenca grande e o Zeca tinha razão. “Ou traz o meu dinheiro hoje, ou vai pagar com a b****a pelo resto da vida.” No minuto seguinte fiz minha mochila com algumas roupas e parti para casa da Yasmin. — — Eu te avisei que o bofe não prestava — Yasmin repetia essa frase como um papagaio nos meus ouvidos. — Aí chega! Já sei estava certa. Mas não adianta encher meus ouvidos. Preciso arrumar essa grana. — Também já te falei como. — Ela senta no sofá e cruza as pernas. — E eu já te falei que não sirvo para isso. Pensa no desgosto da dona Virgínia? — Sua mãe não precisa saber Agnes. Diz que está trabalhando em um restaurante chique, que lá só vende carpaccio. Carne crua. — Engraçadinha! Mesmo assim, quantos programas teria de fazer para conseguir seis mil e quinhentos reais? — Te garanto que se leiloarmos seu cu virgem mona, conseguimos de quatro a cinco mil e o resto tenho para te emprestar. — Cinco mil por um edí! — me espanto com o valor. — Virgem mona! Mas de qualquer forma — Yasmin levanta o dedo como se fosse falar algo importante — cu é luxo meu amor! b****a é lixo! — Credo a minha não é não. — Mona, só quero dizer que b****a qualquer uma dá. Eu pensei, pensei e repensei. Não tinha saída para mim. O que iria fazer? Desempregada, com o nome todo cagado, minha mãe debilitada, resolvi aceitar a proposta da Yasmin. Minha amiga loiruda, pegou o celular e clicou em um aplicativo que dizia: Açougue Prazeres da Carne, um baita deboche esse nome por sinal. Yasmim já tinha muitas fotos minhas, das nossas baladinhas. Mesmo assim, ela fez eu tirar umas mais provocantes. Sentada ao seu lado no sofá eu observa os usuários, pareciam ser só gente da alta. Yasmin postou umas fotos minhas e anunciou o leilão do meu edí. Rapidamente começaram os lances, segundo ela, como em leilão normal deve ser pagar de forma on line a parte do leiloeiro. E tudo aqui deve de ter discrição total da parte dos usuários. Passaram-se dez minutos e meu brioco já valia mais de dois mil. A briga estava entre um ministro, empresário e um nerd. Yasmin me garantiu que os membros daquele aplicativo, não podem mentir perfil. Nada de Fake! E meu edí foi arrematado pelo senhor Ministro da Economia. Automaticamente já veio a mensagem dizendo hora e lugar que devo me encontrar com o senhor em questão. Se alguém pensou que a minha vida estava parecendo um bafucá de novela das oito, vai perceber… Que nada é tão r**m, que não possa piorar.
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