Tratamento de silêncio - Safira

1005 Words
Tem uma semana que acordei do coma, já consigo tomar banho sozinha, me vestir mais o que está me matando é o tratamento de silêncio que todos estão me dando, ninguém pelo jeito tem permissão para falar comigo exceto quando o fisioterapeuta vem, mais ele só diz qual exercício vamos fazer e quando acaba vou tomar banho e me jogo na cama chorando e todos os dias me culpo por ter feito o que fiz. Stefano nunca mais apareceu em meu quarto e até que isso não é tão r**m já que nunca gostei dele mesmo. Duas semanas se passou e novamente só vivo no silêncio, comecei a recusar algumas refeições já que não sentia vontade de comer mesmo. Hoje faz um mês que acordei, trinta dias exatos que só fico dentro desse quarto no qual passei horas chorando, horas desejando ter morrido no acidente. Recusei continuar fazendo fisioterapia já que pra que fazer se presa dentro desse quarto passo a maior parte do tempo deitada olhando para o teto ou dormindo. Cansei literalmente de viver, quase nem como o que a empregada trás pra mim, me arrependo muito de ter me colocado nessa situação, por mais que não goste de Stefano hoje percebi que poderia ter feito diferente antes. Se quando os meus pais me colocaram pra fora de casa por culpa de minha irmã mais nova, eu deveria ter engolido e pedido desculpas mesmo não sendo a errada, deveria não ter confiado em um homem que não conhecia direito, que no caso eu conhecia Stefano bem pouco já que ele ia na loja na qual trabalhava feito louca e o que recebia não dava pra nada, já que trabalhava meio período e ainda estava estudando o último ano do ensino médio. Ele que me convenceu a largar o trabalho e se dizia meu amigo e que queria me ajudar, que era pra mim estudar que ele não deixaria faltar nada. Foi aí o meu maior erro, ele me fez assinar um papel no qual descobri horas depois que estava casada com ele, dois dias depois brigamos já que não aceitava estar casada com ele, a briga foi tão feia que bebi tudo que aguentei de bebidas alcoólicas que ele tinha, pelo jeito que ele chegou bebeu na rua, brigamos mais ainda e por fim acordei no dia seguinte nua, cheia de marcas de chupão no meu corpo dolorido, ele ainda dormia e foi nesse dia sem lembrar de nada do que aconteceu depois da briga que me entreguei a ele. Fugi dias depois e consegui o divórcio mais ele me encontrou e me levou de volta, dois anos que vivo assim, sumo e ele me acha, nunca assino nada com medo de ser casada com ele novamente. Sexo só fazia por obrigação já que tinha medo dele me bater porque quando ele estava com raiva fazia isso para acalmar a fera. Ele não é feio, Stefano é muito bonito, moreno de cabelos negros, olhos pretos, bem forte e malhado, ele tem várias empresas e trabalha no escritório da casa dele. Antes de fugir antes do acidente eu tinha um apartamento no qual ele passava bastante tempo lá. Um ano que vivi lá e minha melhor amiga era a minha vizinha, fizemos uma grande amizade. Confesso que fugi com medo dele me obrigar a casar já que estava esperando um filho dele, não havia conversa entre a gente, era brigas que terminava em sexo e depois ele ia embora acredito que para evitar outras brigas. Minha melhor amiga Bianca sabia de tudo e me ajudou a fugir da última vez, acredito que Stefano não saiba já que não falou nada a respeito e duvido que deixe eu voltar para o apartamento mais uma vez. Levanto da cama cansada de ficar presa dentro desse quarto, faço minha higiene, tomo um banho e visto um roupão, sai do banheiro e vejo uma bandeja repleta de tudo para um café da manhã reforçado e tomada pela fúria desse tratamento de silêncio jogo tudo contra a janela que faz um barulho quebrando não só a xícara como o vidro da janela, pratos de louça, pego tudo que vejo pela frente e vou quebrando, perfumes, cremes, espelhos e logo a porta é aberta e vejo ele ali em pé me olhando, antes que ele fale alguma coisa eu vou na sua direção correndo não me importando aonde pisava e começo a socar o seu peito descontando a minha raiva e frustração e nada ele fazia, eu chorava e por fim cai de joelhos chorando de soluçar. Safira _ por favor me mata - sinto quando ele se abaixa e me tira do chão - Stefano eu não aguento mais ficar presa sozinha dentro desse quarto, estou enlouquecendo - enterro meu rosto no seu peito ainda chorando - me mata eu imploro, uma vida por outra, faz a dor passar eu quero morrer ! Stefano _ nunca mataria você Safira - sua voz era calma, sinto quando sou deitada em uma cama, ele se afasta mais seguro a sua mão - eu preciso ver se está machucada Safira. Solto sua mão e vejo ele pegar as minhas mãos e percebo que tenho alguns cortes superficiais, meus pés logo começam a arder e não demora até que ele se levante e sai do quarto e vejo que estou no quarto dele, já que tudo aqui tem o seu cheiro. Não demora até que ele volte com uma caixa de primeiros socorros e começa a limpar os ferimentos das minhas mãos, depois dos meus pés nos qual gemi de dor. Stefano _ logo vai parar de doer Safira - guarda tudo - mandei limpar o seu quarto e amanhã vão trocar a janela,- levanta mais seguro a sua mão - eu só vou buscar alguma coisa para você comer . Safira_ não quero comer nada - olho seus olhos e pela primeira vez vejo preocupação no seu olhar - deita aqui comigo por favor, não me deixa sozinha de novo - imploro.
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