O apito foi dado assim que todos estavam em campo, acabamos ficando com a bola no cara e coroa, e a bola começou a correr.
Todos estavam correndo atrás da bola e eu como atacante fazendo o meu trabalho, por sorte não era o Arrogante , eu o chamaria assim não sabia o nome dele, que me marcava, mas ele toda vez que podia tentava arrancar a bola de mim. Corri o campo inteiro com a bola sendo passada para minhas colegas de time e sempre que chegávamos perto do gol alguém dos meninos ia lá e tirava. Isso estava me dando uma raiva.
Corri atrás da bola o melhor que consegui, meu óculos ainda não tinha caído graças ao meu bom Deus, consegui pegar ela com toda a raiva que eu estava por não ter feito um bom jogo, não passei para ninguém. Driblei todos, até do meu time, e cheguei perto do gol. Chutei com tanta força que até o goleiro não se moveu.
Todas as meninas vieram comemorar o gol comigo enquanto os meninos resmungavam. O professor parabenizou também mas disse para irmos logo voltar ao jogo. Voltamos novamente ao jogo e logo estávamos correndo atrás da bola novamente, agora eu estava bem melhor, odeio pensar que os garotos tiram sarros das meninas por pensar que não jogamos ou fazemos coisas igual a eles.
Logo a bola chegou aos meus pés de novo e as garotas me estimularam a ir, aumentei minha velocidade com a bola, passei por dois garotos, estava correndo tão rápido que fui notar o Zayn vindo na minha direção com um carrinho quando ele me derrubou. Rolei duas vezes por todo o campo e meus óculos foram parar bem longe. Mas que m***a ele queria com isso?
" Mas que d***a. " digo colocando a mão no rosto enquanto me sentava e tentava olhar todos a minha volta, muitas das vezes desfocava o rosto deles.
" Zayn quantas vezes eu falei para você não fazer isso com as meninas? " Ouço o professor falar. Zayn, então esse era o nome do i****a.
" Desculpa professor, foi instinto." Respiro fundo. Até parece que ninguém sentiu um tom irônico na voz dele. Me levantei do chão e alguém me devolveu o óculos. " Desculpa quatro.. ."
" Sun !! " Digo com uma certa raiva. Minha canela doía, mas eu não demonstrei isso, queria ficar no time de qualquer jeito e precisava mostrar que não era o tal de Zayn que iria me derrubar.
" Vamos acabar o treino por aqui. Parabéns a todos foi um ótimo jogo... e Sun.. " Olho para o professor e o mesmo pisca pra mim. " Ótimo jogo, tá dentro...mas cuida dessa canela."
" Pode deixar professor. " Digo sorrindo. Assim que ele se vira dou alguns pulinhos de alegria mas sinto minha canela doer e paro em segundos. Olho para o lado e vejo o causador dessa dor e meu sangue ferve. " Você é um i****a garoto, cadê o respeito com garotas ímbecil. "
" Não fala assim comigo. " Ele resmunga bravo segurando meu pulso e eu puxo o mesmo da sua mão com raiva. " Você não sabe com quem está mexendo garota. "
" Estou morrendo de medo otário." Digo irônica e ele trava o maxilar. " É pra você parar de ser tão i****a e saber tratar uma garota, b****a, por que ninguém aqui é seu amiguinho pra você tratar assim. "
" Você está me enfrentando? " Diz e eu cruzo os braços.
" Talvez eu esteja. Está na hora de alguém bom o suficiente pra tirar um b****a do trono que acha que tem. " Digo e o mesmo resmunga de raiva assim que o deixo sozinho a me gritar que nem um louco me xingando. Saio mancando de lá e ignoro os olhares em cima de mim enquanto ando até o vestiário.
Agora o lugar estava cheio de garotas, as do time, apenas de lingerie trocando de roupa e umas saindo do chuveiro. Como eu não havia trago meus produtos apenas optei por me trocar e lavar o rosto. Saio de lá o mais rápido que consigo, não me sinto muito bem em lugares onde tem muitas meninas me olhando e ainda mais de calcinha e sutiã. Sai do campo passando pela escola e vendo alguns alunos saírem. Andei até o bebedouro e tomei um pouco de água, depois de hoje precisava de muita água para me hidratar.
Minha blusa estava me dando muito calor, estava soada e por isso mesmo estava odiando tudo isso. Sai da escola recebendo o olhar de algumas pessoas, era desconfortável mas eu iria acostumar, agarrei na alça da minha mochila e comecei a andar. Ao passar perto de uma lanchonete lembrei que tinha dinheiro, então preferi passar em uma mercearia pequena para comprar alguns chocolates. Entrei e peguei o que eu queria, acabei pegando um refrigerante e um salgadinho, besteira era o que eu precisava agora. Assim que paguei os mesmo e sai de lá voltei para meu caminho. Eu podia muito bem ir por um caminho mais curto, mas precisava andar um pouco, apesar do meu pé está incomodando um pouco. Abri um dos chocolates no meio do caminho enquanto andava.
Três carros, bem bonitos e com motores bem potentes passaram pela rua na maior velocidade, meus olhos brilharam ao ver aquilo. Carros eram minha paixão, principalmente os mais antigos com motores potentes e que faziam barulho pra cidade inteira ouvir, e aqui todos ouviriam, Bradford não era a maior cidade da Inglaterra. E esses carros que passaram fizeram meu coração ficar agitado. Logo cheguei em casa, peguei a chave que ficava no vazo ao lado da porta e entrei.
" Mãe? " Chamei em vão, ela estava no trabalho, mas chamei para ver se ela ainda estava aqui. Subi para o quarto e joguei minha mochila num canto qualquer enquanto já tirava a roupa para um banho. Entrei no banheiro levando minha toalha branca, deixando o óculos na pia e logo ligando o chuveiro fazendo a água cair sobre meu corpo soado.
Lavei meus cabelos e depilei tudo, quando terminei passei óleo por todo meu corpo, coloquei meus óculos e fui até o quarto, pelada mesmo, com a toalha na cabeça. Peguei um conjunto de peças intimas azul, coloquei um short jeans com lavagem clara e uma blusa branca. Coloquei uma sapatilha e penteei meu cabelo deixando ele cair nos ombros. Desci para a cozinha para comer alguma coisa e acabei esquentando o almoço que minha mãe deixou com um suco. Precisava sair pra comprar outro óculos.
Após comer, limpei o que estava bagunçado que era apenas a louça que eu sujei, peguei o cartão na minha carteira e sai. Fechei tudo certinho e iria levar a chave. Ia andando mesmo, não era tão longe, e eu não tinha um carro pra dirigir, minha mãe nunca permitiu algum veículo em minhas mãos. Apesar de não saber das minhas aventuras em Miami com meu pai.
Andei por um bom tempo no bairro que eu conhecia bem mas nunca me interessei em conhecer, morava aqui mas não conhecia a maioria das coisas, isso é resultado de viagens para a casa do pai e irmão ou culpa dos livros.
Não demorei muito para chegar a ótica que arrumava minha lente. Olhei alguns com as armações melhores que o que eu estava, que era redondo e acabei me interessando por um.
" Posso ajudar? " a atendente pergunta e eu assinto apontando para o óculos que eu queria. "Qual número? "
" 1.5 por favor." Ela assente e sai andando. Começo a olhar todos os óculos ali e resolvo levar dois do mesmo modelo. Vivo quebrando eles, melhor prevenir. Pego um da vitrine mas por impulso olho para dois cara brigando boca a boca ao lado de fora, assim que vejo o Zayn quase vulnerável sorrio. Então ele tem medo de alguém. Que i****a. Entrego o outro óculos no caixa e eles pegam o meu número. Entrego o cartão, p**o e logo saio. Tiro o óculos quebrado do meu rosto e coloco o novo. "Bem melhor assim. "
Jogo o quebrado no lixo mais próximo que eu encontro e respiro aliviada vendo minha visão melhor e não como se tivesse oito olhos. Começo a voltar para casa o mais rápido que consigo, não estava muito afim de ficar por ali quando escurecesse. Fui o caminho todo observando cada casa e como era as ruas ali, o bairro não era o melhor ou o mais agitado, era legalzinho até, mas o centro era mais movimentado com mais pessoas e mais diversão, mas eu nunca fui para aqueles lados para isso.
Cheguei em casa e levei o óculos para meu quarto, coloquei na gaveta da penteadeira que eu nunca usava e comecei a arrumar meu quarto. Era bom deixar arrumado de vez em outra, ficava bonito, o r**m era que eu quase não encontrava nada. Depois de arrumar tudo desci para a sala, não tinha nada a fazer então nada melhor que tirar um cochilo no sofá. E assim fiz. Fiquei olhando para o teto e nem sei no que eu estava pensando quando adormeci num sono bem profundo.
(...)
Acordei com alguém mexendo em algo da cozinha, olhei no relógio da parede e vi que dormi em torno de uns minutos mas já estava escurecendo. Andei até a cozinha e encontrei minha mãe fazendo jantar.
" Veio fazer o que aqui mãe? " Pergunto surpresa por ela estar aqui. " Quase nunca fica em casa à noite. "
" Resolvi dar uma passadinha aqui antes de fazer ronda." Assinto e me sento a mesa vendo o que ela trouxe. " Óculos novo?"
" Sim, quebrei no futebol." Digo e ela bufa. Ela não gostava desse tipo de coisa, que me machucava ou que envolvia perigo de vida, mas eu não podia fazer nada se esse tipo de coisa me atraí e ela sabia disso mais que ninguém. "Como tá sendo no trabalho? "
" Pesado. " Ela diz apenas isso e eu balanço a cabeça afirmando, entendendo. Ela não gostava de falar coisas do trabalho comigo, nem com ninguém, desde que ela e meu pai se separaram por um motivo bem grave mas desconhecido, ela não se envolve com ninguém.
" Mãe, me chamaram para uma festa hoje eu p... " Tento falar da festa mas ela me interrompe.
" Não. " Diz firme.
" Mas mãe é uma festa do pessoal da escola. O que custa deixar eu ir? " Pergunto insistindo para ela deixar e a mesma para na minha frente enquanto me encara.
" Essa festa vai ter drogas, bebidas, meninos pevertidos, não quero você envolvida com esse tipo de coisa.. " Reviro os olhos e bufo alto na intenção dela ouvir. "Principalmente por que vai ter esses garotos que correm de carro, de jeito nenhum você vai."
" Vou pular a janela. " Digo e ela semicerra os olhos. " Eu não sou mais criança. "
" Você ainda tem 16 anos !! " Me levanto da mesa já querendo sair.
" Eu sei cuidar de mim mais do que a senhora pensa. " Digo fria. "Afinal, olha de quem eu sou filha. A policial MCcall e o ... "
" Você não vai e acabou.." Bufo bem alto gritando com o rosto erguido para o teto. " Se tentar pular a janela vai ficar de castigo."
" Como se eu me importasse, você me trata como seus presos." Falo saindo dali e ignorando totalmente ela mandando eu voltar. E esse era um dos grandes motivos para gostar de morar com meu pai. Eu tinha liberdade, apesar de todas as coisas ruins que ele fazia.
Entrei no meu quarto e o tranquei, não queria que ela me incomodasse. Coloquei o óculos de lado e me joguei na cama com os olhos fechados, o que me restava era dormir já que eu tinha uma mãe que com a absoluta certeza arrombaria a porta apenas pra ver se eu estava ali no quarto ou fui para festas.
Como eu odiava essa minha vida.