A Perda

2131 Words
Rachel ** Há uma mês.  Exatamente um mês estou trabalhando  na Mouse Inter. É um ótimo  lugar, na verdade é muito relaxante e proveitoso. Meu chefe já  me levou para várias  ocasiões  nas quais não  quis correr o risco de ser vista em fotos. A última  coisa que eu queria, era que Levinsk descobrisse meu paradeiro. Como de costume, cheguei adiantada, e sem muita pressa recolhi os papéis  para a reunião, o que fez de mim uma mulher boa. Nunca na empresa antiga, tive a oportunidade de poder juntar os papéis  na mesa de Levinsk, na verdade eu tinha que me manter era distante de qualquer vínculo  que deixasse ele a par de algumas i********e minha a seus documentos. Escuto uma leve batida na porta e escuto alguém  chamar por Othon. __ Sim. – Vejo um homem com uma aparência  cansada.  Mas com um olhar bem misterioso. __ Sou o sócio  de Othon. – Estende a mão.  Quando apertei sua mão, percebi fúria, algum tipo de mistério.  Seja lá  oque fosse, ele não  me passava boa impressão __ Sou a secretaria.  -Sorrio __ Ele anda muito próximo  a você. Talvez seja esses seus trajes que o esteja impressionando. -Olha para minha pernas. Não  estava muito descobertas. Coloquei uma saia lápis, preta bem formal. Não  estava aparecendo, e Othon não me veria como uma mulher oferecida.  Contei toda minha história  a ele, e disse também  da minha suposta gravidez. Ele não  gostou de saber que eu não  contei para Levinsk, e jurou até  ir atrás  dele tirar informações. Já  fomos em alguns estabelecimentos, e eu tenho ele como meu pai. É um pai que eu nunca tive. Ou melhor, tenho, mas que nunca está  a par nem tão  próximo  de mim quanto eu gostaria. __ Ou talvez seja inveja do senhor por  não  poder estar durante o dia me comendo com os olhos?.- pergunto sendo curta e grossa. Na medida certa para sua pergunta. __ Ei eu estou brincando. – levanta as mãos  em rendição. __ Não  brinque.  – O encaro e a porta se abre. __ Bom dia. – Othon  entra na sala com uma aparência  nada agradável.  Pelo que eu soube não  tem ninguém  na família, apenas uma empregada que cuida dele em casa, fora isso é apenas ao motoristas  e seguranças que o rodeiam as vinte e quatro  horas. __ Bom dia senhor. – Cumprimento. __ Te espero  na sala de reunião.  – O sócio  de Othon se levanta e sou obrigada a encara-lo. Esse homem  não é flor que se cheire. Não mesmo! __ Minha querida.  Me traga um copo de água.  -Ele não  estava bem. Não  mesmo. – Olho para sua pele pálida  e começo  a me preocupar. __ Senhor esta tudo bem?.- Pergunto __ Estou com uma dor no peito forte. -Ele segura o copo de água  tremendo.  __ Chame por favor  a emergência.  – Ele olha para  mim e eu mais que depressa saio da sala. Vou até  a sala principal, e apanho um catálogo  de números.  Ligo para o hospital e corro para a sala. Encontro ele abatido, e muito, muito pálido  apoiado na mesa. __ Acho que chegou minha hora. – Ouvir aquilo era detestável.  Não  queria perde-lo. Não  mesmo. __ Não  diga isso. – Eu diria mil vezes se fosse preciso. Eu amo ele, tenho um carinho imenso por ele. Nesses um mês que estou aqui, ele me ajudou de forma surpreendente  e não  posso  reclamar de nada, me levou em um dos melhores médicos  para a consulta. E me pediu para que pudesse fazer da minha filha um ser maravilhosamente feliz. E é o que estou fazendo. Os médicos  chegaram, e o ajudou a chegar até  o carro. Eu nunca passei em toda minha mísera  vida, se quer em um hospital  acompanhando uma pessoa, que não  tem família  nenhuma. E quando ele partir? Com quem deixará  sua fortuna? Para quem ele irá  deixar todo seu patrimônio? Assim que entramos no hospital, demos uma rápida  checada nos documentos. Ele foi transportado para uma sala mais satisfatória, e sigilosa. Vejo os médicos  correrem e seguirem  rapidamente até  a sala de consulta. Dou entrada da ficha no hospital e em uma cadeira fria, com aquele cheiro terrível  de hospital me sento. Estou cansada, e preocupada.  O que houve com ele? O que será dele? Vejo um homem com uma moça  aparecer na porta, e logo ela caminha até  mim chorando. É  uma  senhora, com uma aparência  de uns setenta e poucos anos. Ela está em folha! n__ Ah querida. – Ela é calma.  __ Sou a governanta da casa de Frender. – Ah ela é a moça  a qual ele comentara comigo  ser de grande valor em sua vida. __ Sou Rachel. – ela concorda. __ Posso me sentar aqui?.- Pergunta meio que tremendo.  O que seria dela? O que eu sabia sobre ela? Quando talvez eu teria  a noticia que Othon estaria bem, e que logo poderia enfim ir para casa? __ Ele estava bem. – Digo me lembrando do dia anterior. __ Ele não  me escuta. Desde que perdeu  sua esposa, ele simplesmente parou de ter gosto para viver. – Ele certamente não  se cuidava. Sua saúde  andou desabilitada e infelizmente  não  posso dizer estar tudo tão  normal. __ Agora é esperar que Deus faça  o melhor.  – concorda. Segura minha  mão  e ali aguardamos. Enquanto elevo meus pensamentos  ao longe, vejo o médico  se aproximar. __ Quem e Rachel Withers?.- O médico  pergunta. __ Sou eu Doutor. – Me levanto. __ O paciente mandou buscar um advogado. – Não  entendo. Um advogado? Como assim? __ Um.. um  advogado?.- Pergunto. __ Sim, foi o que ele disse. – Ah meu Deus. __ Tá  bem.- Olho para o doutor e me retiro. O dia está  triste, as pessoas andam apressadas, digito o número  que me vem a mente. __ Eduardo Fonseca. – O advogado de confiança de Frender me responde. __ Withers. Por favor..  -Contei  toda a situação  e ele mais que depressa marcou seu horário  para vir até  aqui. Olhei para aquelas  nuvens carregadas e logo uma  chuva viria. Podia esperar. ** O advogado de Othon entrou deve ter quase quarenta minutos, e eu infelizmente  fui incapaz de entrar, por mais que queria  vê-lo. Segurando um copo de  café  quente observo que aquele  hospital era um inferno. Várias  pessoas entravam ali machucadas, é um lugar no qual eu não queria nem em sonho ter um emprego. Pessoas com membros quebrados, com  doenças contagiosas, com vários problemas entravam ali. E descobri naquele momento o quão  bom é minha vida. Não  iria reclamar por tudo que estou passando, na verdade era um aprendizado. __ Senhora. – Eduardo chama minha atenção. __ Sim. – Me coloco de pé. __ Ele exige sua presença.  – Olho para Eduardo meio atormentada. __ Senhora por favor entenda. – O médico  tentava consolar Rubi- a governanta- ela está  traumatizada. __ Doutor, qual é o quadro dele?.- Pergunto  me aproximo do médico. __ Ele teve uma parada cardíaca, e é possível  que não  resista outra. – Meus olhos se enchem de lágrimas.  Nunca  fui a favor de médicos  dizerem na cara das pessoas o quadro, mas naquele momento entendi  exatamente o que ele quis dizer e abracei Rubi  chorando também. __ Vá  ver ele. – Eduardo me apressa. Ando por aquele  corredor nervosa, afinal de contas estamos falando do único  homem que se preocupou comigo quando não  havia ninguém. Entro naquela  sala e pareço  levar um baque. Os olhos verdes de Othon, não  tinha mais vida. Suas bochechas que eram seguidas do sorriso dele feliz, não  tinham mais cor rubra, era de uma palidez  incrível.  Sua face estava abatida e vi quando ele se virou e lentamente tentou dar um sorriso  fraco. __ Ah senhor. – fico ali em pé  segurando sua mão. __ Menina. – se vira na cama fraco.  __ Quero que desfrute de tudo que a vida tem a te dar. Quero que aprenda, e que faça  do seu filho  um ser impressionante. – Eu já  transbordava em lágrimas.  Estava despedaçada, pois sabia que ele não  era forte o suficiente para resistir. __ Acho que Deus colocou você  no meu caminho por algum motivo. E apesar de tudo, quero que saiba, que mesmo diante de tudo que esse homem pai da sua criança, fez você  passar, entenda que a vingança  não  compensa. – Ele estava certo. Tosse uma tosse rouca, bastante fraca. __ Senhor eu agradeço  por tudo. Você  vai sair dessa. – nem eu mesma conseguia imaginar  o quão  difícil  fora... __ Não.  Eu quero partir, deixei tudo que eu tinha nas mãos  de Deus. E quero que aproveite. – Ele me olha. Aquele quarto se tornou pequeno, se tornou  um inferno.  Eu podia sentir ele indo, é como se fosse uma despedida. Tão  rápido, eu m*l conheci ele direito. __ Por favor senhor, fique  calmo. – Estava suando, vejo ele dar um último  suspiro e vejo ele silenciar. Os aparelhos cardíacos  se alinham, e o barulho do coração  parado é ecoado por todo o quarto.   __ Não.  -Aperto sua mão.   __ Não. Não.- Eu já  gritava e chorava.  __ Não... _ Berro entre choros e soluços.  Eu já  não  tinha mais Othon. Eu já  não  tinha nem mesmo alguém  com quem foi um pai para mim. Othon agora seria uma lembrança  do meu passado. Passo minhas mãos  em seus olhos, e os fecho. Vários  médicos  entram na sala e me tiram de lá, não  queria sair, não  queria nem mesmo ser capaz de garantir  que ele se foi. Não  mesmo! Tudo que se podia ser feito, foi feito. Após  sua morte repentina, fui a procura de tudo para o sepultamento. Ele tinha vários amigos, o que fez o velório  encher. Passei a noite toda do lado de sua urna. Ele estava com seu terno, aquele  que sempre  deixou ele um homem  lindo. Fui tirada de perto do caixão  somente  na hora de fechar. Acho que você  percebe que deve dar valor a uma pessoa, ali. Exatamente quando e anunciado  que o caixão  era se fechar. Já  percebeu meu caro, que sempre você  briga por motivos bobos? Que muitas  das vezes queria ter tido um pouco mais de tempo para expressar seus sentimentos, mas que na verdade foi envão? Que o tempo foi m*****o e que te deixou ali caído? Sem rumo? O caixão  foi fechado e seguimos todos muitos tristes para o cemitério  local. Uma das exigências, era ser enterrado ao lado de sua família, e eu mesma fiz o que se pediu junto com Eduardo, o advogado! Não  tenho que reclamar, que estava  sozinha, na verdade eu pude enfim  ter meus dois mais novos amigos do meu  lado: Maik e Mel. Os quais não  desgrudaram de mim pra nada. Isso mesmo! __ Alguém  com algo para dizer?.- O padre pergunta. Estava um dia nublado, não  diferente do anterior, mas com algum tipo de diferença.  Mais triste. Ninguém  se levantou das cadeiras, me levantei e todos os olhares foram voltados  para mim. De frente para o caixão  rodeado de flores, olhei para a multidão  ali presente. Suspirei com muito pesar, estava difícil. __ Sou Rachel Withers, não  tive a oportunidade de ter  um grande momento ao lado de Othon Frender. Na verdade eu fui secretária  dele, mas o que eu posso falar do pouco que conheci?. – Suspiro e Maik me manda continuar.  __ Aprendi com ele que não  tem motivo nenhum, para que devemos  desistir, na verdade aprendi que ele mesmo não  desistiu.- sorrio limpando o nariz com um pano que Maik me dera. __ Othon sem dúvida  deixou para mim uma mensagem, um modo mais bonito de ver o mundo, deixou eu saber que não  é por que ele se foi, que devo deixar de aproveitar. Eu só queria dizer que ele realmente foi competente e que eu tive ele como um pai. – Agradeço  e incapaz de dizer qualquer  outra coisa, vejo quando todos ficam ao redor daquele buraco enorme na grama. O caixão  dele lentamente vai  descendo, naqueles sete palmos abaixo. O que falar daquele lugar? Ali ao redor, quantas famílias  estavam enterradas? Quantas vidas m*l acabadas, haviam morrido? É um ótimo  lugar para repensar, apesar de tenebroso. Peguei em minha mão um pouco de terra e sobre  o caixão preto de Othon deixei a terra cair... logo em seguida minha rosa vermelha, que caiu como um enfeite sobre o n***o caixão. Eu só  sabia de uma coisa  naquele momento: iria viver como Othon me aconselhou, por que? Por que no final vamos para o mesmo buraco. Pois ali acaba tudo que um dia vivemos, que ali naqueles sete palmos abaixo, acabaria sem dúvida  alguma a soberbia, o rancor, a raiva, o estresse, o dinheiro e deixaria somente uma coisa: saudades!
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