Proibido é mais gostoso!

Carolina   O sol está brilhando fortemente, nesse começo de tarde. Já passa do meio-dia quando Carolina agarra sua mochila e desce as escadas da Universidade. Ela estuda Biologia, mas isso não a interessa nem um pouco. Sua mãe, Maria, exige que ela faça sua graduação em troca de cantar algumas noites em um bar próximo à sua casa. Isso é o que Carolina deseja verdadeiramente: cantar. Ela acena para os amigos do curso de Música, que estão sentados embaixo de uma árvore e vai direto ao portão. O cabelo curto e n***o de Carolina balança com o vento forte de outono, enquanto seus olhos verdes ficam ainda mais claros no sol. Seus olhos grandes procuram o carro de sempre, o Impala preto e antigo do seu namorado, Cristiano Chris mede 1,80m, loiro, com tatuagens que cobrem seus braços e parte do peito, totalmente oposto à Carolina, que definitivamente não chega à 1,55m e não tem tatuagem nenhuma. O short de Carolina começa a apertar na medida em que ela anda rápido para se aproximar do carro, o que faz seu passo ficar mais desajeitado. Ela sorri e beija-lhe a bochecha, entregando a mochila, para ele depositar no banco de trás.   - Seu shorts está apertado demais para você.- resmungou, com o rosto sério. - Não está! Eu não sei o que houve, acho que andei muito rápido e...- disse rapidamente, antes de ser cortada por ele. - Ou você engordou, Carolina .   Carolina desviou o olhar e seu sorriso desapareceu rapidamente. Ela entrou no carro e ficou em silêncio por todo o percurso. Se Cristiano é uma pessoa r**m? Às vezes, mas Carolina aprendeu a lidar com o caráter forte e ações inesperadas. Ela se acostumou às brigas em bares, à ele fazer parte de uma gangue, às cervejas e maconha, mas quando estão os dois, ela sabe que ele se esforça para ser bom e dela. O bad boy fica distante e ele se torna carinhoso. Sim, ele é um pouco machista, mas ela não se importa... ou não se importava até então. Ele a chamou de gorda praticamente na frente da Universidade. Um namorado dizer isso, é rude, já que supostamente, deveria ser ele a cuidar e a inspirar, não a fazê-la se sentir pior. Carolina olhou várias vezes suas pernas. Gorda. Essa era nova. Cristiano poderia ter a garota que quisesse, com o peso e medida que quisesse e talvez, ele estivesse se cansando da namorada pequena e desajeitada.   - Minhas pernas são fortes, não gordas. Eu sou baixa, não gorda. Eu tenho o corpo que eu quero e não me importa o que você acha. Se você se cansou do meu corpo, é o seu problema, não meu. Boa tarde e obrigada pela carona, Cristiano. - disse enquanto pegava a mochila e caminhava para a porta da sua casa. - Carolina! Ei! Eu não quis dizer...- respirou com os olhos fechados - Eu não disse que você é gorda. - Não fala comigo. Não hoje. - Carolina! Carolina!   Cristiano gritou seu nome e deu um soco na parte frontal do Impala, fazendo um barulho que ecoou por todo quarteirão. O corpo de Carolina gelou com o barulho, mas ela fechou a porta o mais rápido que pode. Alguns barulhos violentos relembram-na sua infância. Ele sabe disso, mas ignora, quando se descontrola. Carolina nem sempre o responde com tanta força, mas ele a machucou. Ela se prometeu nunca deixar um homem a fazer sentir m*l. Pelo menos não outra vez. Pelo menos...não como sua mãe se permitia.   - Problemas com Cristiano ou outra vez?- sua mãe apareceu na sala, dando-lhe um leve susto. - Não, mãe. Tudo bem. Preciso subir.- fingiu um sorriso. - Você sabe, Carolina... Ele é uma boa pessoa, mas às vezes, todos nós temos momentos e - -Mãe! Hoje não, por favor.   Carolina subiu as escadas correndo, tentando assim se distrair das lágrimas que ameaçavam aparecer em seus olhos. Talvez ela estivesse exagerando. Talvez fosse uma briga sem sentido. Ela não tinha certeza, mas no momento queria desaparecer. Os dois tinham uma relação de três anos e muitas brigas aconteceram. Não é a primeira vez que ela queria chorar por ele. Provavelmente, nem a última. Ela só precisava de um tempo para recuperar sua mente, enquanto se perguntava "E se eu estiver em rumo ao mesmo destino que minha mãe teve?", essa pergunta lhe deu um nó na garganta. Ela não sabia responder. Talvez Cristiano não fosse violento se ela não tivesse respondido daquela maneira, mas por quanto tempo ela poderia escolher as melhores respostas com medo do próprio namorado?   - Você precisa se distrair, Carolina - disse em voz alta para si mesma.   Secou os olhos antes que as lágrimas pudessem descer no seu rosto e ligou a TV. Resolveu assistir à um canal de entretenimento. Fofocas do mundo dos famosos. Isso a deixava tão empolgada. Sua mente foi se distraindo ao imaginar, como seria se ela estivesse ali, na TV, cantando ou sendo citada apenas por existir! Ela precisa estar ali algum dia, ela precisa se tornar a superstar que sempre sonhou. A bióloga, que vive em um quarto minúsculo não se parece em nada ao que ela realmente quer ser. Como ela pode conseguir isso? Ela não tem ninguém! Talvez se Cristiano vendesse o Impala ou ela deixasse de pagar a faculdade por alguns meses, ela conseguiria o dinheiro exato para gravar um demo, mas ela sabe que ninguém faria isso por ela. Então só restava uma coisa: esperar.   - Se eu conhecesse alguém que pudesse me emprestar esse dinheiro...- suspirou.   Ela abraçou seu travesseiro e dormiu durante a tarde toda. Talvez ela conhecesse alguém bem rico e disposto à ajudá-la. Nos seus sonhos.