CAPÍTULO 8 (VINCENZO FIZTERRA)

637 Words
Isso não vai acontecer, Marco. Contente-se com o seu feito de hoje. Se um dia Aurio fosse se casar, seria com a garota de fora da máfia. Ele nunca aceitaria entrar em um acordo de casamento sem amor, mesmo que isso fosse contra tudo o que fomos ensinados, afinal a máfia sempre deveria vir em primeiro lugar, acima de tudo e todos. E Logan conhecia bem o seu irmão caçula, assim como sabia que muito provavelmente teria que declará-lo como um traidor se não cumprisse as suas ordens e, por isso, nunca envolveria Aurio em um desses acordos. Luís arrumou as lapelas do paletó e deu um passo para trás. — Preciso notificar a minha filha sobre o acordo — disse, sem emoção alguma na voz. — Ela cumprirá com o que lhe for imposto, como uma filha da máfia, mas não aceitarei que seja maltratada por ninguém, nem mesmo pelo Consigliere do Capo. Espalmei a mão no peito e estalei a língua no céu da boca, sentindo-me imensamente ofendido. — E alguma vez eu maltratei uma mulher, por acaso? — sibilei, com a mandíbula cerrada. Luís encolheu os ombros. — Todos nós sabemos qual é a fama que carrega na máfia, Vincenzo. Não me culpe por querer proteger a minha única filha. Não estou casando-a com você de boa vontade, estou apenas seguindo as ordens do meu Capo. — E somos gratos por isso, Luís — intercedeu Logan. — Ana Lúcia será respeitada, assim como Ellen é. Somos homens, e não animais. Luís acenou e suspirou ao mesmo tempo. — Conversarei com a minha filha e deixarei ao critério dela se quiser ou não participar da organização do casamento. Marco grunhiu. — Deixar? Sua filha precisa se submeter às suas ordens, Enrico, assim como qualquer outra mulher da máfia. Pare de mimar a garota ou em breve Vincenzo terá que ensiná-la como se deve fazer quando o homem da casa dita ordens. — Cuspiu, rindo e fazendo os outros rirem também. Os músculos das costas de Luís se enrijeceram sob o terno caro. Ele estava prestes a explodir e sacar a arma para atirar bem no meio da cara de Marco. Ana Lúcia era uma zona proibida para qualquer homem, inclusive para mim, o noivo. — Vá, Luís. Fale com Ana Lucia e logo começaremos os preparativos para o casamento. Caso ela não queira participar, pedirei para que Ellen o faça — avisou Logan. - Luís espero a resposta da sua filha na festa dela neste sábado. Luís girou nos calcanhares e saiu da sala, sem se dignar a responder o Capo. Esperava que Ana Lúcia fosse bonita e uma companheira agradável. Dividiríamos o mesmo teto, algumas horas e filhos, o mínimo que se esperava de um casal obrigado a se casar seria uma boa convivência. Puxei os cabelos para trás e ofeguei. Porra, eu iria mesmo me casar! E ainda faria isso com uma garota que eu nem me lembrava da existência. Se eu soubesse que matar Santiago traria tantos problemas, teria deixado o homem vivo. Talvez sem um ou dois dedos, ou até mesmo sem uma mão. Ele não teria precisado das duas para viver. Ergui os olhos para Aurio e soltei um urro baixo ao ver os contornos de diversão em sua face. — Só cale a p***a da boca — murmurei. Ele jogou os braços para cima. — Eu nem disse nada. Não era preciso verbalizar o que estava pensando, pois deixava isso claro em suas feições. Estava sendo castigado pelas minhas atitudes, por ter nos envolvido nessa merda toda. Eu queria sangue. Precisava sujar as minhas mãos para aplacar a raiva que eu sentia. Quando eu encontrasse o próximo homem da 'Ndrangheta em nosso território, desmembraria o maldito de formas inimagináveis até cessar a minha raiva e acalmar os meus demônios.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD