A semana passou rápido e já era sábado o dia que conheceria a minha futura esposa em sua festa de 20 anos.
Levantei-me e fiz a minha higiene pessoal e fui direto para um dos nossos galpões, hoje ia aliviar um pouco da minha raiva com um dos idiotas da Ndrangheta.
O maldito tinha entrado em nosso território, estuprado uma das mulheres dos nossos clubes e detonado uma carga de cocaína. Ele não estava sozinho, mas apenas ele foi burro e lento o suficiente para ser pego.
Não era um bom momento para me irritar. Eu andava no meu limite nos últimos dias, desde que Logan e os velhos desgraçados me colocaram em uma maldita coleira como se eu fosse um cachorro a ser adestrado.
Moral da história: estava noivo e, dentro de algumas horas, conheceria a mulher que foi escolhida para ser minha.
Fechei a mão em punho e soquei o rosto do i****a que estava amarrado na cadeira à minha frente. O golpe forte e preciso o fez balançar para o lado e cuspir sangue, junto a alguns dentes, no chão.
— Desgraçado! — sibilou, esfregando a língua no lábio inferior partido.
Me inclinei sobre o i****a e o cheiro de urina, suor e sangue flutuou até o meu nariz.
— Eu vou arrancar cada dente dessa sua boca suja, e então vou arrancar cada uma das unhas e esmagar os seus ossos.
— Soltei uma gargalhada diante da piada que passou pela minha cabeça.
— Você não vai fazer isso, seu desgraçado...
Em um movimento rápido e brusco, puxei o machado da mesa e o abaixei sobre a mão de Eldo, amputando os quatro dedos da mão direita. O sangue respingou para todos os lados, manchando meu rosto e roupas.
— gorgolejou, e arregalou os olhos ao ter os quatro dedos da mão arrancados
— p**a merda! Maldito! Desgraçado! — gritou, batendo as costas na cadeira para diminuir a dor.
Puxei uma cadeira e me sentei de frente para Eldo. Removi um lenço do bolso e limpei os respingos de sangue do meu rosto.
Logan queria os nomes dos comparsas, e eu faria dos últimos momentos de vida de Eldo um inferno até conseguir as respostas.
Ele não disse nada, seus olhos escuros apenas me encaravam cobertos de ódio.
Recolhi a faca da mesa e girei a ponta, brincando com o instrumento.
— Sabe... eu vou contar um segredo.
— Sorri, inclinando-me para sussurrar.
— Eu vou me casar — anunciei.
Eldo arregalou os olhos e demonstrou, pela primeira vez desde que havia sido pego, verdadeiro interesse no assunto.
— Como é? — questionou em um bramido.
Confirmei com um aceno de mãos.
— Ah, você sabe, me atrelar a uma única mulher.
— Revirei os olhos e descansei os pés em cima da mesa.
— Parece que, graças a vocês, malditos traiçoeiros, meu querido Capo decidiu que eu preciso de uma bela coleira para enfeitar o meu pescoço.
Eldo abriu a boca em um “o” perfeito.
— Vocês...
— Engoliu em seco.
O sangue que jorrava dos dedos cortados o deixava enfraquecido a cada segundo.
— Vocês vão unir as famílias? Seus malditos! Trevex não vai gostar nem um pouco disso.
Espalmei as mãos no peito e arqueei as sobrancelhas, comprimindo os lábios.
— Ah, que pena! Eu enviaria um convite para ele, mas não quero incomodar este bom homem, então o deixarei de fora do casamento.
— Esfreguei o maxilar com a ponta do indicador.
Eldo balançou a cabeça e sorriu sem humor.
— Você se acha tanto, Vincenzo, mas não passa de um i*****l. É um i****a medroso que faz o que o Logan ordena.
Suspirei e joguei a faca na direção dele, perfurando seu braço enquanto o prendia contra o assento de madeira. Ele gritou ao ter pele, músculos e osso rompidos.
— Existe algo na Camorra que a ‘Ndrangheta desconhece, Eldo, e isso se chama irmandade. Mas não me admira que não saibam o que é, não passam de animais.
— Trevex vai acabar com você — urrou.
Cruzei os braços e revirei os olhos.
— Tenho certeza de que sou muito atraente e um bom partido, mas vocês não fazem o meu tipo — anunciei, apontando com a mão na direção dele.
— Bastardo, idiota... — crispou.
— Eu vou encontrar você no inferno...
— Sim e, por favor, não se esqueça de guardar o meu lugar ao lado do d***o — retruquei.
— Eu te darei três opções: a primeira é morrer sendo comida de piranhas ou me dar as informações necessárias.
- Ou ??
— Hum... e considerando as informações que me deu sobre o quanto Trevex está torcendo e apostando para descobrir quem será o primeiro dos seus homens a me desonrar, farei a mesma coisa com você. Te deixarei disponível para qualquer um dos meus soldados que demonstrarem interesse. E essa é a terceira opção. Havia algo pior do que a morte para um homem capturado. Nenhuma das torturas se comparava a ser estuprado e ter a honra subjugada. Trevex e os porcos da ‘Ndrangheta sabiam disso e, por esse fato, colocaram minha cabeça em aposta. Ou, mais precisamente, a minha b***a. Eldo precisava se lembrar do porquê Logan escolhia a mim, e não outro, para os interrogatórios. Eu era o melhor de todos no que fazia, o mais mentalmente fértil, o que sempre encontrava maneiras inovadoras de torturar os inimigos até conseguir as minhas respostas.
— Você quer os nomes dos que estavam comigo?
Confirmei com um aceno.
— E o que mais quiser falar, claro. Estou aqui para ouvi-lo. Pode se abrir comigo, meu tempo é todo seu.
— Sorri, e ele grunhiu.
— Eu tenho que ir conhecer a minha noiva, então faça o favor de falar isso logo
— agarrando seus cabelos loiros e empurrando a cabeça para baixo.
Eldo tentou se manter no lugar, mas não teve força o suficiente e acabou cedendo à minha pressão.
— Os nomes, agora, e eu liberto você!
— Por favor...
— Tossiu.
— Agora, p***a!
— Pedro e Gil...
— falou, inspirando fundo e se engasgando de novo com o seu sangue. Seu rosto estava empalidecendo, o peito arfava, retomando o controle sobre os pulmões, antes de continuar: — Trevex não arriscaria enviar mais dos seus homens importantes, então mandou só nós três.
Lancei um olhar para Daniel, um comando silencioso para que comunicasse Logan sobre o que foi descoberto. Ele acenou e deixou a sala.
— E onde eles estão? — insisti, estalando os dedos.
— Você disse apenas nomes — revidou.
Espalmei as mãos nos cantos da mesa e ergui os lábios em um sorriso malicioso.
— Quer que eu tire o restante dos dedos, Eldo?
Estava no meu limite. Já havia conseguido os nomes e o que eu pudesse recolher de informação extra me seria útil, mas não essencial. Enfiaria a cara do i*****l no nosso aquário de piranhas apenas por prazer, antes de estourar seus miolos.
— Eles conseguiram voltar para Boston. Fugiram quando eu fui pego — disse, mas não acreditei em uma única palavra que saiu da boca dele.