Capítulo 20

1735 Words
CAUTELA. Palavra do substantivo feminino, cujo significado é a prevenção de danos, perigo ou transtorno. É ela que nos faz colocar na balança quais ações devemos tomar diante de situações que fogem do nosso cotidiano. São as mesmas questões que iniciamos com: “eu devo?”, “eu posso?”, “eu quero?”.  — Eu posso torná-la muito mais divertida, aceita? Nos seus olhos há uma sutil esperança e nos seus lábios um sorriso que me faz querer fugir da rotina e beijar um completo desconhecido. Quando entramos em uma situação em que precisamos ponderar e ter cautela, a resposta para nossas perguntas são incertas, algumas pessoas baseiam-se em experiências pessoais ou profissionais, na ética, na moral, não sei, não cabe a mim definir, não quando é a beleza do alourado que me faz decidir: — Espero que já tenha agradecido hoje pelo privilégio de ter um rosto bonito — digo em tom brincalhão, virando o restante do líquido e aceitando sua mão após deixar o copo vazio sobre o balcão. Sua mão é quente e seu toque espalha arrepios por minha espinha, mas eu os ignoro. Levanto-me da cadeira e me desequilibro sobre os saltos quando uma tontura me atinge com força.  — Tudo bem? — pergunta, segurando-me ao trazer a outra mão à minha cintura, e eu paraliso.  Meus olhos vislumbram os seus e, sem querer, escorregam até seus lábios bem desenhados, então apenas assinto, vendo-os curvarem e uma risada nasalada lhe encapando. Eu levanto minha sobrancelha.  — O que foi? Minha pergunta é seguida do rapaz girando os calcanhares e se posicionando ao meu lado enquanto me guia até a pista de dança.  — Então quer dizer que me acha bonito? Reviro os olhos e é quando eles se encontram com os de Isabel, que bate palmas e cutuca Marjorie que está ao seu lado. Ela faz gestos obscenos para mim e eu arregalo os olhos, fingindo que não a vi — e que não a conheço. — É tudo o que sei sobre você.  Dou de ombros, parando no centro da pista com ele à minha frente. Sinto olhares sobre nós, ou melhor, sobre ele. É quando percebo que talvez não é papai, como Adrien mencionou, que fique chateado por eu não estar aproveitando; talvez eu quem fique, afinal, eu vim aqui para isso, não é? Retiro minha mão da dele e subo ambas por seus braços, vendo-o se arrepiar sob meu toque. Abro um sorriso ladino, entrelaçando meus braços em seu pescoço. Ele molha os lábios, e imagino o sabor que eles têm. — Que tal um jogo? — Suas mãos fazem o mesmo que as minhas, dessa vez subindo por minhas coxas nuas, e instalando-se em minha cintura. — Tentamos adivinhar coisas um sobre o outro, assim deixamos de ser apenas um rosto bonito. — Você acha que sou apenas um rosto bonito? — Com certeza não — responde, balançando a cabeça negativamente —, mas não seria justo revelar de primeira quando é isso que pensa de mim. Rio, arrastando minhas unhas por sua nuca e movimentando meu corpo no ritmo da música que se inicia.  — Você é amante de jogos e não falo somente desse aqui, você gosta de brincar com as pessoas. É o típico cara bonito que devemos manter distância. — É um bom palpite. — Suas mãos me giram, colocando-me de costas para ele, eu arfo com o movimento. Ele retira os fios de meu cabelo de uma das laterais de meus pescoço e sinto sua barba roçar por minha pele enquanto diz baixo em meu ouvido: — Você é o tipo de pessoa que foge quando algo não vai de acordo com o esperado, prefere se afastar do que enfrentar seus medos, me enfrentar. Uma risada irônica me escapa e rebolo contra sua pélvis, provocando-o e ignorando as pessoas ao nosso redor — não é como se estivessem muito diferentes de nós. Suas mãos deslizam sobre minhas coxas, apertando-as, e sinto minha pele queimar. A excitação corre por minhas veias quando sinto sua dureza contra minha i********e. Viro-me de frente para ele, deixando minhas mãos sobre seu peito, enquanto ele me traz para mais perto de si. Sinto seu calor corporal e batimentos cardíacos nas pontas dos dedos. — Você gosta de enxergar nos outros aquilo que existe dentro de si mesmo. Do que é que você tem fugido, Adrien? Não sei em que momento isso se tornou uma sessão terapêutica, mas ele não parece surpreso com minha pergunta, parece extasiado, me questiono porquê. Seus dedos percorrem o meu rosto e afastam os fios para trás da orelha. Ele está olhando em meus olhos quando diz:  — Você gosta de provocar, não aceita estar errada ou não estar no controle. — Seu polegar alcança meu lábio inferior, tocando-o com delicadeza. — E aposto que tem um gosto maravilhoso. Sua frase tem impacto diretamente na minha i********e; sinto-a pulsar. Nossos rostos tornam-se mais próximos e nossas respirações mesclam-se, inspirando e expirando no mesmo segundo. Eu alterno meu olhar entre seus olhos particularmente azuis nessa noite e entre sua boca avermelhada, quando finalmente sussurro:  — Vem provar. Minha frase é como se fosse o combustível que faltava em seu fogo. Suas íris se tornam escuras no momento seguinte da minha fala. Suas mãos apertam minha cintura unindo mais ainda nossos corpos, e sinto-o se aproximar, até ter finalmente seus lábios tocando os meus. Minhas pálpebras se fecham automaticamente, seus dentes mordem meu lábio inferior e não tarda para nossas línguas se encontrarem e nossos lábios se envolverem em um beijo que aos poucos vai ficando mais quente. As mãos de Adrien ganham vidas e percorrem por minha pele nua, enquanto minhas mãos que estavam em seu pescoço se encontram em sua nuca, dando pequenas puxadas em seus fios macios ali presentes. Afastamos nossos lábios segundos após, com a respiração de ambos ofegantes. Mordo meu lábio inferior observando seu rosto, e sinto minha pele queimar minimamente por uma timidez que me atinge após minha ousadia em frente a tantas pessoas. — Quer ir para um lugar mais confortável? — Adrien é o primeiro a se pronunciar e eu apenas balanço minha cabeça concordando. Ali, na festa, haviam alguns puffs e sofás confortáveis na área externa de onde acontecia a festa, e foi para lá que ele me guiou, talvez já sabendo de sua existência ali. No meio do caminho, eu paro um garçom que anda com uma bandeja distribuindo doses de tequila, e pego duas. Viro uma e depois outra. Preciso de mais álcool em meu imo. Ao chegarmos na área externa, ele se senta em um lado do sofá e, quando vou me sentar ao seu lado ele me puxa, fazendo-me sentar em sua perna direita. — Eu posso muito bem me sentar no sofá — reclamo, cruzando meus braços acima do meu b***o. — Assim é mais divertido — o loiro rebate, com um sorriso cínico nos lábios. Seu rosto se aproxima da pele do meu ombro, depositando um beijo. — Ainda temos um jogo para continuar. Sequer havia me lembrado que estávamos jogando para tentarmos conhecer um ao outro quando sua boca tomou a minha. Respiro fundo e é a minha vez de estalar a língua no céu da boca para irrita-lo. — Vamos lá, Adrien, tente me conhecer — sussurro, enfiando meus dedos em seus cabelos, para bagunça-los propositalmente. — Você tem medo de se entregar ao que é errado e gostar, de se mostrar diferente da garota santificada que todos ao seu redor conhecem. — Suas mãos sobem em meu rosto e uma delas alisa minha pele, enquanto a outra vai até meu cabelo e brinca com meus cachos caídos por meus ombros. — Vamos lá, pequena butterfly. Abre suas asas e voa. Aproveito que seu rosto está próximo e levo meus lábios até seu ouvido para então dizer: — Me faça voar, Adrien — sussuro. Seus lábios se abrem em um sorriso ladino, enquanto sinto sua mão descer por minhas costas, trazendo-me arrepios por minha pele. Fecho meus olhos aproveitando o seu toque em minha pele, e o sinto se movimentar sobre o sofá, e quando minhas pálpebras se abrem, noto que ele também havia me movimentado em seu colo, colocando-me sentada de frente para ele, com cada perna minha ao lado de seu quadril. Seus braços envolvem minha cintura e aproveitando a posição, rebolo contra seu quadril, ouvindo seu arfar em seguida. O loiro se aproxima e sua boca vai diretamente para o meu pescoço, sinto seus lábios beijarem a minha pele e mordo meu lábio para prender um gemido que estava prestes a sair. Seus lábios sobem para minha boca e nos envolvemos em mais um beijo, mais intenso, mais quente e mais profundo. Os lábios quentes de Adrien se envolvem com os meus em uma sintonia maravilhosa. Suas mãos descem para meu quadril e ele passa a estimular meus movimentos, fazendo com que eu rebole em seu colo, e sinta a dureza que há entre suas pernas debaixo de mim. Arfo entre seus lábios e mordo o seu inferior, e quando sua mão vai até minha nadega direita, percebo que já é hora de parar. Me afasto de seus lábios e vejo a confusão em seu rosto, e a excitação em seu olhar. — Eu preciso voltar para a festa, é a hora do parabéns. Saio do seu colo devagar e fico em pé. Meu olhar desce para o volume perceptível em seu colo e isso me faz dar um sorriso sem graça para o loiro. Dou as costas para Adrien após minha justificativa e ouço seu resmungo enquanto adentro novamente a festa, com um sorriso satisfatório em meus lábios e ainda confusa por ter sido tão ousada esta noite. Era eu realmente no colo daquele homem provocando-o? Talvez eu não tenha errado em me deixar viver durante uma noite, ter provocado ambos amigos, e ter chamado a atenção do Adrien, amigo de Marcos, a ponto dele me achar interessante e me beijar na frente de todos, na pista de dança. Já imagino que serei interrogada pela minha amiga e irmã assim que meus pés pisarem no salão, mas agradeço por ter chegado no momento em que dois garçons caminham com o bolo de três andarem na direção de Marcos enquanto a música cantando parabéns soa pela boca das várias pessoas presentes.
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