Capítulo 5

1707 Words
Quando o intervalo chega já me sinto melhor devido ao analgésico. Não voltei mais para a sala de aula, fiquei em “observação”, o que foi completamente desnecessário, e assim que o sinal soou, a enfermeira insistiu para que eu comesse algo e me deu um discurso sobre bebidas alcoólicas, completamente desnecessário também, pois eu NUNCA MAIS ficarei bêbada novamente na minha vida! Fui em direção ao refeitório, peguei uma bandeja e coloquei o hambúrguer mais “saudável” que a escola insiste em dar, peguei um mini bolinho e uma caixinha de suco. Busco por Dylan no refeitório e encontro-o sentado no fundo acenando para mim igual uma bicha louca, tento não começar a rir e ando até a mesa. — Eve! Você definitivamente parece melhor! — Agora estou melhor já que vomitei todas as minhas tripas para fora — digo sarcástica. — Você vomitou na sala? — Dylan faz uma expressão de “Oh meus Deus!” como se fosse uma grande coisa. — Na verdade, eu saí correndo e meu “professor” veio atrás de mim — faço aspas com os dedos. — Eve, ele está completamente na sua! Tive aula com ele e o que é aquilo? O deus grego pousou aqui nessa escola? Que meu boy magia não me ouça dizendo isso — Então Dylan começa a se abanar e esse é o estopim para mim, começo a rir. — Eve ele é muito gostoso, todas as meninas da escola só falam dele! Todas as meninas? Não é um pensamento bem-vindo... — Ele é bonito Dylan. — Ah Eve, mais que isso. — Ok Dylan! Mais que isso. — E um pouquinho mais — ele dá uma piscadinha e sorrio. — Qual vai ser sua próxima aula, Eve? — Dylan me pergunta quando o sinal soa. — Educação física — faço uma careta quando digo, simplesmente odeio educação física, sempre fui sedentário, fato! — A minha também! Os deuses que me ajudem... [...] — Pierson! — O apito ardido soa e olho para a senhora Covalski chamando-me pelo sobrenome — Não é para você fugir da bola e sim agarrar ela! Bufo frustrada. — Eu vou trocar de lugar com a Everly — Dylan sai do banco e dou um suspiro de alívio, murmuro um obrigado quando Dylan passa por mim. Odeio educação física, odeio praticar vôlei, e principalmente odeio essa roupa, essa blusa agarrada e essa bermuda minúscula. Olho Dylan na quadra jogando vôlei, ele é bom, na verdade ele é bom em tudo, não há quase nada que ele faz de errado e eu sou uma perdedora em diversas coisas, as vezes eu mesma me coloco em situações constrangedoras, realmente sou uma desastrada. [...] Por Joshua. — Normalmente saímos nos finais de — diz George — Para beber. Ele me fala que todos os professores normalmente saem no final de semana para beber e conversar, atividades em grupo não é minha praia, então apenas assinto, não vou realmente ir mesmo, é só para ele parar de falar por um momento, sua voz é irritante, o cigarro acabou com suas cordas vocais. — Você vai sair mais cedo hoje? — Sim, minhas aulas acabaram por hoje. — Minha mente volta para Everly, será que ela está bem? Caminho pelos corredores da escola, há movimento na quadra, paro para dar uma olhada de longe e vejo Everly sentada no banco com um olhar perdido. Mas não é realmente isso que me chama atenção. Respiro fundo várias tentando controlar o movimento em minha calça. Ela está com uma mini bermuda que mostra toda a sua perna esguia e uma blusa muito apertada que contorna seus s***s perfeitos, começo a imaginá-la sem roupa, sem aqueles shortinhos e aquela blusa. Começo a andar o mais rápido possível em direção a garagem, o que essa garota tem que mexe tanto comigo? [...] Meu celular toca e olho no identificador, é minha mãe. — Joshua, te liguei várias vezes e você não me atende! — Jogo os projetos na cama e dou atenção a minha mãe. — Apenas ocupado, mãe. — Eu te liguei para dizer que estou com saudades. E as reformas no seu prédio vão acabar no final desse ano, conversei com Mathews. O que poucos sabem é que minha família é rica, eu não precisaria dar aula, mas me formei em pedagogia, pensei que era o que eu queria, mas estava enganado, apenas desperdicei anos e anos da minha vida. — Eu já estava prevendo que seria no final do ano mãe — No próximo ano pretendo abrir minha empresa, quero mexer com energia limpa, telecomunicações, agricultura, tudo que possa tornar o mundo melhor. Esse será meu último ano sendo professor, assim espero. — Você vai voltar para visitar? — Claro que sim, que filho eu seria se não visitasse meus pais? Minha mãe ri, ela tem a risada de um anjo. — Claro que sim, eu apenas queria ligar e dizer que estou com saudades. — Eu também estou — sorrio ouvindo sua risada delicada — Vou deixar você voltar ao que estava fazendo. — Tudo bem, mãe, te amo. — Eu também, filho. Desligo e volto aos meus projetos jogados em cima da cama. Sei que será difícil fazer meu nome no mercado de trabalho, mas eu tenho certeza de que irei conseguir. [...] Por Everly. — Está pronto Eve, quer ver? Dou um suspiro e saio do sofá enrolada no lençol, aperto minhas mãos em expectativa. Paro em frente a tele e arregalo meus olhos. — Essa não sou eu Dylan! Dylan olha para a tela e franze o cenho. — Claro que sim, Eve. Você está bem? Olho para a tela novamente, eu não vejo a criatura tímida e sem graça que eu sou, na tela vejo uma mulher linda, com curvas sensuais e uma expressão de prazer no rosto, essa sou eu? — Eve, você tem que aceitar que é uma pessoa muito bonita, não sei por que se despreza tanto, você é uma “criatura” linda e eu apenas passei isso para a tela. Olho novamente, se essa sou, então estou muito bonita, com certeza vou guardar esse quadro em minha mente para sempre. — Obrigado Dylan. — E agora vou indo passar um tempo com meu boy. Sorrio e assinto. Pego o quadro, ele não é grande, e por isso coloco-o embaixo da cama, minha mãe teria um infarto se visse. [...] Olho os anúncios no jornal a procura de emprego, meus olhos encontram um anúncio procurando pessoas para trabalho manual na loja de construção Benson´s. Pego o endereço decidida a conseguir esse trabalho. [...] — Olá Everly, eu sou o senhor Benson, dono da loja, como eu disse no jornal, estou à procura de alguém para o trabalho manual, esperava um homem, mas vejo que as pessoas não se interessam por esse tipo de trabalho, porém vejo que chamou sua atenção — O homem sorri e sorrio de volta tentando passar uma boa impressão — O que leva você a escolher justo esse trabalho? — Sinceramente, senhor Benson? Estou à procura de trabalho para conseguir o meu próprio dinheiro, passo o dia em casa sozinha, pois minha mãe é aeromoça, então por que não ocupar meu tempo? — Muitos jovens na sua idade não querem saber de trabalho, apenas sair e se divertir, gosto do que vejo em você. Isso é bom. Na verdade, isso é muito bom! Será que estou conseguindo o trabalho? — O que eu teria que fazer? — pergunto curiosa. — Você teria que repor as prateleiras caso falte algo e atender os clientes. — E eu não teria que lidar com o caixa? Pergunto temerosa, ainda não consigo dominar minha dislexia. — Acho que só de vez em quando, posso perguntar o motivo da pergunta? — Senhor Benson me olha atentamente com seus olhos castanhos. — Eu tenho dislexia, não sou analfabeta, sei ler e escrever, mas ainda tenho problema com os números — digo rapidamente para fazê-lo compreender que não sou burra. — Não faz m*l, senhorita Eve. Vamos começar com os trabalhos manuais, venha amanhã, meu filho Saulo vai ensiná-la o que você deve fazer na loja. Meus olhos se iluminam. — Vou estar aqui amanhã. — Qual seu período de aula? — Das sete até meio dia e meia. — Esteja aqui as uma e meia da tarde. Me levanto e estendo a mão para o senhor Benson. — Obrigado pela oportunidade, senhor Benson. Não vou fazer o senhor se arrepender. — Tenho certeza de que não vai, você parece ser uma garota boa. [...] Chego em casa e antes de abrir a porta sinto cheiro de comida, entro em casa e encontro mamãe na cozinha, ela vem quase correndo e me abraça. — Estava com saudades filha. — Também, mãe — abraço-a de volta. Odeio que minha mãe trabalhe de aeromoça, eu tenho um medo constante de que uma vez que ela coloque os pés em um avião ela não desça mais. — Que bom que você está em casa, mãe — abraço-a mais forte. — E como vai à escola? — A mesma coisa de sempre. Saio de seu abraço e nós duas nos sentamos no sofá. — Mas eu tenho uma novidade, consegui um trabalho! — digo alegre, mas minha mãe não parece ter ficado feliz por mim. — Por quê? — Porque eu quero fazer algo que não seja ficar em casa mãe! — Entendo, por um momento pensei que você estivesse precisando de dinheiro. — Claro que não, esse não é o motivo. — Encontrou também um namorado? A mesma pergunta que minha mãe faz sempre que volta de suas rotas. Completamente desnecessário e entediante! — Não, mãe. E prefiro ficar sem um namorado por um bom tempo! — Filha, quando você menos esperar alguém vai te laçar, ou você vai laçá-lo. O que? — Eu sou uma égua parideira agora para ser laçada mãe? — pergunto querendo rir da sua expressão boba. — Você me entendeu. — Quem me dera ser “laçada” mãe, talvez um dia.
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