A magia está no ar! Hum... tem certeza?

1631 Words
O domingo amanheceu desgraçadamente gelado. Mas isso não esfriou a empolgação de Taiga. Na verdade pouca coisa no mundo seria capaz de diminuir a felicidade que estava sentindo. Tinha ouvido a confissão do garoto que gostava e agora estavam em um... rolo. Aomine Daiki. A pessoa mais complicada para se ter um relacionamento de qualquer nível e por qualquer perspectiva. Mas, apesar de personalidade complicada, Taiga gostava dele. Gostava mesmo. Das (poucas) qualidades e dos (muitos) defeitos. Gostava do pacote completo. E não considerava p********a enganosa. Desde o começo Aomine deixara claro que não era alguém de fácil convívio. Topara o desafio, hum? Então iria até o fim. Melhor ainda se esse fim significasse os dois juntinhos, até uma idade avançada, depois de construírem uma vida lado a lado. E lá estava Taiga, todo mocinha, devaneando sobre o relacionamento dos dois. Balançou a cabeça para espantar os pensamentos. Olhou-se no espelho para dar uma checada no visual. Não era grande coisa: casaco de frio, cachecol e calça jeans. Pensou em calçar luvas, mas mudou de ideia. Assim como desistiu da touca. A previsão do tempo não anunciava neve. Estava agasalhado o bastante. Pegou a mochila e colocou nas costas. O próximo passo foi achar a amada bola de basquete. Ia se encontrar com Daiki no parquinho do bairro, seguindo instruções da mensagem que recebera. Dali, provavelmente, seguiriam para a quadra de basquete e disputariam um um-contra-um. Talvez até fosse sua revanche e conseguisse a liberdade, quem sabe? Feliz, saiu do apartamento. R&B — Mas que p***a é essa? — Daiki apontou para a bola que Kagami segurava. Tinha acabado de chegar ao parque atrasado, claro. Encontrara Kagami sentado no balanço, com uma expressão nada boa por ter de esperar por quase meia hora. — É uma boa de basquete! — resmungou — Me dê uma boa razão pra não te enfiar isso no r**o, Aomine! Você está atrasado. O outro não se deu por perdido. Sorriu debochando. — Pelo menos você sabe ver as horas... mas porque trouxe isso, seu viciado? — Hn? — uma ruga uniu as sobrancelhas de Kagami — Não vamos jogar? — Claro que não, baka — lançou um olhar desinteressado para o parque vazio. — Mas... mas... — o ruivo ficou confuso. — Eu marquei o lugar e o horário. Isso deveria ser um encontro! Não acredito que trouxe a bola com você... — OE! Pensei que fossemos jogar! Deixe as coisas claras da próxima vez! Daiki sorriu torto. — To vendo que com você vou ter que ser muito claro. Que d***a, Kagami. — Vou em casa guardar. Não moro longe. — Não — o outro rapaz cortou — Como castigo vai levar a bola no nosso encontro pra aprender a lição. Kagami pensou em reclamar, mas mudou de ideia. Não ia adiantar nada mesmo. Por outro lado sentiu o coração agitar-se um pouco. Encontro? Do tipo que namorados faziam? Era o primeiro que teriam! Bem que o aho podia ter sido mais claro no SMS! Ou ele teria se preparado melhor e não traria a bola! Se bem que Daiki estava com uma roupa semelhante a sua: casaco grosso, calça jeans e cachecol. Nada demais. — Vamos onde? — No cinema — respondeu simplista — Sempre tem estreias boas. O shopping mais perto é um que eu gosto bastante. — Tudo bem! — concordou um pouco chateado por ter que levar a bola consigo pelo resto do dia. Logo chegaram ao shopping. O prédio era grande, tinha seis andares repletos de lojas e um cinema com oito salas. A exibição 3D estava entre as melhores do país. E estava lotado naquela tarde de domingo. O cinema ficava no terceiro andar e tomava todo o andar. Havia muitas pessoas, pra variar, caminhando e observando os posteres e horários divulgados em todas as paredes. — Vamos assistir esse? — Kagami apontou o poster do filme do Bob Esponja. — Cê tá falando sério? — Aomine franziu as sobrancelhas, fazendo o sorriso de Kagami morrer — c*****o, você estava mesmo falando sério. Eu não vou assistir isso, baka. Seguiu em frente obrigando o ruivo a segui-lo. Os olhos azuis corriam preguiçosos por cada p********a, analisando uma a uma. Até que parou em uma que o interessou. Muito. — Esse — apontou o poster — Vamos ver esse. Taiga ergueu os olhos para a direção que Daiki indicava. Primeiro ficou livido. Depois sentiu como se todo o sangue do corpo se concentrasse em seu rosto. O primeiro reflexo foi arremessar a bola contra o cranio de Aomine. Se segurou a custo. — Não vou assistir Cinquenta Tons de Cinza com você! — Por quê não? — levou a mão ao queixo, pensativo — Parece interessante. — Você leu o livro?! — Kagami arrepiou-se olhando em volta. Algumas pessoas começavam a mirá-los, dois caras parados em frente ao poster de um filme tão suspeito. — Tem livro, é? — Claro que tem! Leia o livro antes, depois a gente vê o filme — hesitou um instante e reconsiderou — Depois assista sozinho! — Sozinho não tem graça — o sorriso s****o deixou claro que Daiki sabia bem do que se tratava o enredo do filme. — Então assista com a Momoi, Dai-chan — resmungou a última parte. O sorriso de Daiki apenas aumentou. — Não acredito que disse isso. Você tem ciumes da Satsuki? Sério, Bakagami? — Tanto quanto você tem do Midorima — provocou m*****o. O sorrisão de Aomine morreu no mesmo instante, como se estivessem em um filme de suspense e ele tivesse se tornado a próxima vitima. Kagami adorou. — Não tenho ciumes dele, baka. Muito menos por sua causa. Deu as costas, enfiando as mãos no bolso do casaco e afastando-se dali. Aparentemente sem mais um pingo de v*****e de assistir o filme, para alívio de Taiga. O ruivo sorriu de leve apertando a bola de basquete que levava debaixo do braço e o seguiu. — Que acha desse? — Kagami apontou um poster. — Comédia? — Daiki descartou a sugestão logo de cara — Nem fodendo vou assistir comédia. — E aquele? — apontou. — Outra animação, Kagami? Você é uma moça por acaso? — nem levou a consideração a sério. Até parar em frente a um que lhe chamou atenção — Vamos assistir esse. — Busca Explosiva 3? Esses filmes de ação são um saco, Aomine. Todos iguais! Não vou assistir isso. A frase de protesto entrou por uma orelha e saiu pela outra sem causar qualquer efeito. Daiki aproximou-se de um dos painéis de venda de ingressos e já foi tocando na tela, comprando duas meia entradas. — OE! — Kagami aproximou-se irritado. — Damare, e*****o. Você tem que ir onde seu dono mandar. — Aomine! — olhou ao redor ressabiado — Não me chame assim! — Taiga, você é chato pra c*****o. Tem que gostar muito pra aguentar. Vamos pegar as pipocas e o refrigerante. E para de chorar na minha orelha. Kagami desistiu de reclamar. Não devia esperar nada diferente de Aomine e o primeiro encontro que estavam tendo. Sorriu, feliz. Pensara que iam jogar basquete, mas até que a alternativa era agradável. Seria perfeito se Daiki não ficasse provocando e o tirando do sério. Hum... mas nesse caso não seria Daiki, o garoto que gostava! Então já estava perfeito. Um super combo com refrigerante foi a companhia que levaram para a sala de cinema. Pegaram bons lugares no meio, lado a lado. Por sorte os tickets não eram numerados, podiam escolher a v*****e. Na metade dos trailers Kagami quase não tinha mais pipoca. Quando o filme começou o ruivo passou a roubar pipocas do grande balde de Daiki. Ele pensou em reclamar, mas de vez em quando as mãos se esbarravam e podia sentir Taiga ficando um pouco tenso, sem nunca desistir de surrupiar-lhe a guloseima. Divertiu-se com isso, no fim das contas. Aquele baka era uma figura! Depois do filme a opinião foi dividida, pra variar. Aomine achara o filme ótimo, uma incrível sequencia de ação. Kagami concluiu que foram horas de puro desperdício com um enrendo previsível e chato. Mas fora o primeiro encontro deles pra valer. Faria de novo, sem mudar nada! Só não admitiria ao aho, claro! Seguiram juntos para o parque em que tinham se encontrado. Ali era o local da separação. — Vai lá pra casa? Daiki sorriu de forma suspeita, antes de perguntar: — Tem certeza? — i****a — o ruivo resmungou. Ia afastar-se, mas Daiki o pegou pela mão, impedindo que se fosse. Segunda-feira começava a semana de provas, já fizeram m*l em gastar o domingo com outras coisas que não os estudos. Daiki decidiu que iria para a própria casa. Só não partiria sem se despedir apropriadamente. Passou a grande mão pela nuca do outro e o puxou para perto de si. Adorava dominá-lo assim. Os lábios se encontraram, as línguas se tocaram ávidas; sem que houvesse testemunhas para compartilhar aquilo. O parque estava vazio no inicio da noite fria. Ao se separarem o rosto de Taiga estava corado e aquela cor nada tinha a ver com o ar gelado. Daiki ainda segurou-lhe a mão e a manteve cativa um segundo a mais do que o necessário antes de libertá-lo. — Vamos sair de novo domingo que vem, e*****o — ele disse — Mas não traga nosso filho da próxima vez — debochou apontando a bola de basquete. — Oe! Filho é o teu r**o! — pronto, lá estava Daiki estragando todo o clima com sua personalidade impossível. O rapaz não respondeu. Deu as costas, evitando que Kagami visse seu sorriso, enquanto enfiava as mãos no bolso, não apenas para aquecê-las, mas para manter um pouco mais a sensação da pele de Taiga impregnada em sua própria pele. Felicidade define.

Read on the App

Download by scanning the QR code to get countless free stories and daily updated books

Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD