6° Capítulo.

2042 Words
Aurora Bailey: -Mãe, cheguei com as compras, você já tomou o seu remédio? Pergunto levando as sacolas para a cozinha. -Já sim Aurora, acabei de tomar, viu mamãe, que envelope é esse na sua mão? Minha mãe fala com ironia, já que às vezes eu pego no pé dela como se ela fosse minha filha, mas eu apenas cuido e me preocupo com ela. -Não sei, o porteiro acabou de me entregar, mas está no meu nome, vou abrir agora pra ver do que se trata. -Será que é a resposta que você estava esperando da Los Angeles University, filha, acho que é mãezinha, tomara que seja boa notícias sobre a bolsa que estou concorrendo. -Você só vai saber se abrir, vai logo menina, já estou ficando nervosa. -Calma dona Victoria, deixa só eu colocar essas sacolas aqui na mesa que já vamos saber do que se trata essa correspondência. Rasgo o envelope assim que fico com as mãos livres, e lá dentro está escrito o que eu tanto eu estava esperando. "Parabéns senhorita Bailey, você ganhou a bolsa de 100% no curso de Computação e Tecnologia da Informação, as aulas começam na semana que vem, mas precisamos de sua presença em até dois dias úteis seguinte ao recebimento desta correspondência para realização da sua matricula". Seja bem-vinda a Universidade de Los Angeles. Eu não sabia se gritava ou se chorava de felicidade, lutei muito para ter essa bolsa, e nem acredito que finalmente eu consegui. -Parabéns minha filha, estou muito orgulhosa de você meu amor. Minha me abraça emocionada. -Obrigada mãe, mas agora estou em dúvidas se devo ir, não queria te deixar aqui sozinha, agora que sua pressão está tão alta. -Não seja boba, Aurora, eu ainda sou a mãe por aqui e posso muito bem cuidar de mim, mas já sabe onde vai ficar lá em Los Angeles, porque você não liga pra sua tia, se eu não me engano, ela ficou de arrumar um estágio pra você na empresa do chefe dela. Minha mãe diz relendo a minha cartão de admissão, e eu tinha esquecido que minha tia ficou de olhar isso pra mim. -Ainda não falei com ela sobre isso, mãe. Eu iria ligar para minha tia Rose, para saber se ela conseguiu conversar com o chefe dela sobre a minha contratação na empresa do chefe dela para fazer estágio na empresa de tecnologia dele, tenho certeza que vou enriquecer bastante meu o meu currículo, já que sua empresa se tornou uma das melhores no ramo tecnológico, tomara que eu consiga. Sem perder tempo eu corro para a sala, vou até o sofá, pego o telefone e digito o seu número e ela atende no terceiro toque. -Oi tia Rose, tudo bem, está podendo falar ou está ocupada? Pergunto aflita. -Oi minha flor, aqui está mais ou menos, mas como você e sua mãe estão, ela melhorou? Ela pergunta com preocupação na voz. -A pressão dela está alta, tia, mas se ela tomar os remédios direitinho, tenho certeza que vai ficar tudo bem, mas está acontecendo algo de r**m no seu trabalho, achei que a sua voz também não está boa . -Na verdade eu estou muito preocupada com o meu menino, ele praticamente não sai mais de dentro do seu quarto, está bebendo horrores, eu não sei mais o que eu faço para tirar ele dessa tristeza toda. A curiosidade tomou conta de mim, será que o chefe dela está doente? -O que aconteceu pra ele ficar assim, tia? Acabo perguntando e fico chocada quando ela me conta a história toda dele. Eu conheço o senhor Maldonado das capas de revistas e das entrevistas que ele já deu na tv, o cara é muito lindo e inteligente, não entendo como a mulher teve coragem de trair um deus grego daquele, tem louca pra tudo. -Tia eu te liguei porque eu ganhei a bolsa para a faculdade de Los Angeles, e queria saber se a senhora tinha conseguido falar com ele sobre meu estágio, mas com certeza ele não tem condições alguma de fazer isso agora, eu vou ver se consigo esse estágio em outro lugar. Acabo ficando desanimada, porque meu sonho era estagiar na GTI. -Aurora, eu acabei de ter uma ideia louca, mas que pode dar certo, eu estou precisando tirar umas férias, mas com o meu menino neste estado fica difícil eu fazer isso, que tal você vim pra cá pra ficar no meu lugar enquanto eu descanso e fico fazendo companhia pra minha irmã ai no Texas, tenho certeza que você com essa alegria e espontaneidade toda, possa ajudar o Gael a sair dessa depressão, assim ele pode voltar para a empresa e te dar o estágio, o que você me diz? Eu não sei se isso será uma boa ideia. -Tia, você tem certeza que isso vai dar certo, ele nem me conhece, e se ele não gostar da minha presença, sabe que nós duas podemos ir pro olho da rua. Não quero que minha tia perca seu emprego de tantos anos por minha causa. -Não se preocupe que isso não vai acontecer Aurora, eu só quero que meu menino volte a ser o homem alegre que sempre foi, diga sim, filha, essa velha aqui realmente precisa de um descanso. -Tudo bem tia, eu vou tentar, mas se ele te despedir não me culpe, vou fazer o seguinte, vou arrumar minha mala, e irei comprar uma passagem de avião para amanhã, porque tenho só 2 dias para fazer minha matrícula na faculdade, e assim que eu chegar ai, você me diz tudo que tenho que fazer com o serviço da casa, depois você vem pra cá, porque não quero que minha mãe fique muito tempo aqui sozinha sem ninguém por perto. -Maravilha, tenho certeza que vai dar tudo certo, eu vou avisar a doutora Maldonado sobre a sua chegada, tenho certeza que ela vai aceitar, afinal ela também está desesperada para que o filho dela volte ao normal. -Beleza tia, vou passar o telefone pra minha mãe, tenho certeza que ela vai querer falar com você, e também porque eu vou arrumar minhas coisas para não esquecer nada para trás, até amanhã, tia. -Até amanhã, minha querida. Deixo minha mãe conversando com a irmã, e vou para o meu quarto, fico pensativa se tomei a melhor decisão, mas minha tia ajudou minha mãe a me criar, jamais negaria algo pra ela. Só espero que essa história não dê merda. Eu sou a Aurora Bailey, tenho 21 anos e sou estudante, minha mãe e eu moramos no Texas, mas precisamente em Austin, minha mãe, Victoria é artesã e tem um ateliê de artesanato, eu ajudo ela na loja, durante o período que não estou em aula, quando olho pra minha mãe vivendo a vida um pouco mais tranquila hoje, me deixa muito feliz que ela tenha se livrado do meu pai, que era um homem violento e abusador, que muitas vezes batia em nós duas, talvez seja por isso que nunca namorei ninguém, tenho medo que isso também aconteça comigo, e não quero pagar pra ver. Não sou contra o amor e nem estou dizendo que nunca irei me apaixonar por ninguém, mas até agora não encontrei um homem que me fizesse perder esse medo e nem estou com pressa. Só tivemos sossego quando meu pai morreu de cirrose hepática, era um inferno viver debaixo do mesmo teto que aquele covarde, acho que foi isso que deixou minha mãe com a pressão alta, ela também sofre com ansiedade, tudo por conta das violências que nós sofremos nas mãos do meu pai durante 15 anos. Nós temos um vizinho, ele se chama Robert Thompson, um oficial do exército aposentado, já notei o interesse dele na minha mãe, mas ela tem medo de abrir o coração para ele, sei que ela também gosta dele, mas como eu, ela fica sempre na defensiva. Ela quer que eu trilhe meu próprio caminho, mas não consigo ficar muito tempo longe dela, sempre irei me preocupar com seu bem estar e a sua saúde, ela é tudo que eu tenho, não posso perdê-la nunca, vai ser a primeira vez que vou viajar sem ela, mas essa bolsa de estudo sempre foi meu sonho, e vai dar nos dar um futuro melhor quando eu me formar e trabalhar na minha área. Tia Rose é a nossa única parente, já que meus avós maternos já morreram, e não tenho contato com a família do meu pai, eles nunca me procuraram e não eu tive interesse em conhecê-los também. Minha tia sempre trabalhou na casa da família Maldonado, antes ela foi babá das crianças, algumas vezes ela me levou no seu serviço, mas eu só lembro das crianças vagamente, porque só tinha dois anos na época, Gael tinha uns 4 ou 5 anos, ele sempre foi uma criança linda, é claro que ele seria um homem de tirar o fôlego, mas até agora fico sem entender porque aquela mulher fez isso com ele, mas acho que foi ainda pior ser traído por um amigo, só espero que eu consiga ajudá-lo um pouco, essa família sempre tratou bem a minha tia, todos eles são gente boa, eu sei que quando a tia falou que Gael não merecia passar por tanto sofrimento, eu acredito nela. (...) Na manhã seguinte minha mãe foi comigo até o aeroporto, com minhas economias eu consegui comprar uma passagem na classe econômica, e agora era hora de ir para uma experiência totalmente diferente. -Se cuida, mãe, tome seus remédios e me ligue todos os dias, tia Rose logo vai chegar aqui para te fazer companhia, até lá tenha cuidado. -Aurora, a mãe aqui sou eu, acho que você se esquece disso quase sempre, eu vou ficar bem, filha, não se preocupe tanto comigo, eu que quero que você se cuide por lá, se esse Gael não te quiser na casa dele, não volte pra cá, alugue um lugar pra ficar e te ajudo a pagar, assim você poderá ir pra faculdade sem problemas. -Eu te amo, mamãe. Digo emocionada. -Eu também te amo, filha, agora vá antes que perca seu vôo. Assim que o número do meu voo é chamado, eu pego minha mala e vou em direção ao avião, entrego minha passagem para a aeromoça. O vôo não demorou muito, logo eu já estava no aeroporto de Los Angeles, peguei um táxi e dei o endereço que minha tia me deu, quando o carro parou em frente um prédio de luxo, eu fiquei de boca aberta, já que o prédio é maravilhoso. Paguei a corrida, e o porteiro abriu o portão pra mim, já que Rose deixou meu nome na portaria. Digitei o código da cobertura e subi no elevador, quando entrei no saguão da cobertura, fiquei ainda mais chocada com o tamanho daquele lugar, o cara era rico de verdade. Minha tia me recebeu com um abraço apertado, almocei na sua companhia, enquanto ela me explicava tudo sobre seus afazeres que não eram muito, já que ela era a governanta, na parte da tarde ela foi para o aeroporto e eu fiquei ali sem saber o que fazer, fui até a cozinha, fiz um suco natural de laranja para ver se o senhor Maldonado queira beber algo saudável. Subi as escadas sem fazer barulho, abri a porta do quarto dele, tudo estava escuro, era como se ninguém estivesse ali, fui entrando pé ante pé, até que eu o vi deitado sobre a cama, ele estava sem camisa, pude ver pela luz acesa que vinha de dentro do banheiro, na cabeceira tinha vários copos e garrafas vazias de bebedas, minha tia não mentiu quando me disse que ele estava bebendo demais. Sentei na beirada da sua cama, e fiquei ali só observando ele, o cara é lindo mesmo neste estado de embriaguez, ele estava mais magro e barbudo, muito diferente das fotos dele das capas das revista, mas era impossível ele ficar feio. Para minha surpresa, ele abriu seus olhos e fiquei paralisada com a força daquele olhar que me prendia neles, seus olhos tinham uma cor diferente, uma mistura perfeita do cinza com azul, segurei a respiração enquanto ele também me avaliava. Que Deus me ajude! Continua...................
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