O Peso da Verdade

936 Words
O silêncio se estendeu entre Marcos e Bruna, como uma névoa densa que os envolvia, tornando cada respiração um esforço. Marcos sabia que precisava falar, mesmo que as palavras queimem como brasas em sua garganta, mesmo que cada sílaba seja como uma faca afiada perfurando seu próprio coração. Ambos permaneciam parados, Bruna no topo da escada e Marcos embaixo, seus olhares fixos um no outro, como se estivessem em uma encruzilhada emocional, sem saber qual direção tomar. Marcos respirou fundo, tentando reunir coragem para dizer o que sabia que precisava ser dito. "Bruna", começou Marcos, sua voz firme, mas carregada de angústia, "não quero ser pai. Isso não vai mudar, nem mesmo por você." As palavras de Marcos foram como uma sentença de morte para o sonho de Bruna de ser mãe. Elas ecoaram em seus ouvidos como um decreto final, c***l e implacável. A dor e a decepção surgiram em seu rosto, seus olhos se enchendo de lágrimas enquanto ela lutava para manter a compostura. Era como se uma parte dela estivesse desmoronando diante de seus olhos. Mas Marcos não havia terminado. Ao ver a dor estampada no rosto de Bruna, uma onda de angústia e autodesprezo o inundou. Ele se sentiu como um monstro, um ser vil e sem coração, capaz de causar tamanha dor conscientemente na mulher que amava mais do que tudo. A atmosfera ao redor deles parecia pesada, carregada com a intensidade das emoções que transbordavam. Bruna lutava para encontrar as palavras, seu coração partido em mil pedaços diante da realidade que se impunha. Enquanto isso, Marcos se via diante de um abismo de incertezas, sem saber se suas palavras haviam selado o destino de seu relacionamento para sempre. Quase como um sussurro, as palavras de Marcos saíram de seus lábios trêmulos: "Eu preciso te dar uma alternativa. Não posso te prender a mim e te obrigar a abrir mão dos seus sonhos. Se ser mãe é importante para você, esse é o momento de me deixar." Cada palavra que ele pronunciava era como uma faca afiada, rasgando seu próprio coração. Ele sabia que sugerir que Bruna o deixasse era como pedir para perder sua própria vida. Mas ele também entendia que não podia ser egoísta ao ponto de prendê-la em um relacionamento que não poderia satisfazer completamente seus desejos mais profundos. Por outro lado, Bruna se sentia acuada, como se estivesse sendo ameaçada por uma força invisível. Ela não podia simplesmente abrir mão de Marcos, pois ele era sua vida, sua razão de viver. Ao ver Marcos abaixar a cabeça e encarar seus próprios pés, como se estivesse esperando pelo pior, uma onda de raiva irrompeu dentro de Bruna. Ela desceu rapidamente as escadas, cada degrau sendo pisado com firmeza, seus olhos ardendo de fúria. Sem hesitação, ela avançou em direção a Marcos, desferindo socos e tapas enquanto gritava: "Como ousa pensar em me deixar? Como ousa sequer sugerir isso?" Marcos permaneceu imóvel, permitindo que Bruna descarregasse sobre ele toda a sua fúria e frustração. Ele sabia que merecia cada golpe, cada palavra afiada que ela lançava em sua direção. Pois no fundo, ele também se odiava por colocá-la nesta situação impossível, por ser incapaz de dar a ela o que ela mais desejava. Enquanto Bruna continuava seu ataque, as lágrimas finalmente brotaram nos olhos de Marcos, misturando-se com o sangue que escorria de seus lábios feridos. Ele estava disposto a suportar toda a dor e o sofrimento que ela pudesse infligir, se isso significasse aliviar um pouco do peso que ele carregava em seu coração. Depois de um tempo desferindo seus golpes, Bruna já estava exausta, tanto fisicamente quanto emocionalmente. Seus tapas tornaram-se mais fracos, seus movimentos mais lentos, mas suas lágrimas continuavam a fluir livremente enquanto ela chorava, sua voz trêmula ao dizer: "Como ousa duvidar do meu amor? Como ousa não me querer mais?" Essas palavras atingiram Marcos como um soco no estômago. Ele sentiu como se seu mundo estivesse desmoronando diante de seus olhos. Por mais que ele tentasse expressar sua dor e suas limitações, a ideia de perder Bruna era insuportável. Com uma mistura de desespero e determinação, Marcos segurou firmemente o pulso de Bruna, impedindo-a de continuar seu ataque: "Não te quero é o c*****o", ele interrompeu, sua voz rouca de emoção. "Sequer posso respirar ao imaginar uma vida sem você. Mas não posso te dar o que..." Antes que ele pudesse terminar sua frase, Bruna soltou suas mãos e desferiu um último tapa violento em seu rosto. Marcos sentiu uma explosão de dor e frustração dentro de si. Num impulso repentino, ele agarrou os cabelos de Bruna com uma das mãos, puxando-os com força para obrigá-la a levantar a cabeça. Então, em um gesto impulsivo e cheio de emoção, ele a beijou. Foi um beijo furioso, punitivo, cheio de toda a dor e paixão que haviam sido reprimidas durante aquele conflito. Foi um beijo que falava de amor e desespero, de dor e desejo, de uma ligação que era tão forte que nem mesmo as palavras poderiam expressar completamente. Enquanto seus lábios se encontravam em um beijo feroz, ambos sentiram-se consumidos pela intensidade de suas emoções. Era como se aquele beijo fosse a única maneira de comunicar o que realmente sentiam um pelo outro, além das barreiras da razão e das palavras. Era um momento de pura entrega, onde o amor e a dor se fundiam em um só. E, por um breve instante, tudo o mais desapareceu, deixando apenas o calor de seus corpos entrelaçados e o desejo desesperado de se segurarem um ao outro, não importa o que o futuro reservasse.
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