Amor platônico

1358 Words
São Paulo - SP Junho de 2024 Aos olhos de Nina Naquela noite eu sonhei com ele, mais uma vez. O seu corpo forte sobre o meu, a pressão agitada dos quadris se chocando, o seu s*exo duro abrindo espaço para se enterrar dentro de mim. Eu ainda lembro de como as minhas pernas tremiam e do calor que começou a nascer no final da minha barriga e que explodiu se transformando no líquido que escorreu por entre as minhas pernas. Ao menos aquela última parte foi real e eu fui capaz de ter um orgasmo com um sonho. Quando acordei, o meio das minhas pernas estava totalmente molhado. E além de úmida, a minha i.n.t.i.m.i.d.a.d.e ainda pulsava de desejo. Frustrada, fui até o banheiro - que por sorte, fica localizado dentro do meu quarto, assim não corro risco de topar com a minha mãe no corredor-. Fui imediatamente para o chuveiro, um banho frio me ajudaria a colocar a cabeça no lugar. Tinha aula em poucos minutos, e como de costume, Gabriela vinha me buscar de motorista. Foi só o tempo de me vestir para chegar a mensagem no meu celular. Dei um beijo na minha mãe ao passar pela sala, ela já estava sentada na mesa com o notebook aberto, trabalhando. — Não vai tomar café? — A Gabi chegou, vamos tomar café na padaria. — Nina, o que já conversamos? O meu salário de funcionária pública não consegue pagar café da manhã na padaria todos os dias. Você só estuda nessa faculdade porque seu pai e eu economizamos a vida inteira para esse momento. Todo o nosso dinheiro foi para comprar esse apartamento e para a sua educação. — Em breve eu vou começar a trabalhar, mãe. Vai sair a lista dos selecionados para o estágio de internacionalista e eu tenho certeza que vou passar. — Você precisa economizar para o seu futuro, filha. Hoje você tem dezenove anos, mas amanhã tem trinta, quarenta… Mais uma mensagem chegou, era a Gabi me apressando. — Eu preciso ir, mãe. Te amo.— disse, praticamente correndo para a porta. Por sorte o elevador estava no andar em que ficava o nosso apartamento, o que não me fez perder muito tempo com isso. Me olhei no espelho enquanto descia os andares. Quando chegaria o momento em que não precisaria contar os centavos para tomar um café da manhã em uma padaria? Quando poderia sair para fazer compras sem me preocupar em faltar para o meu futuro? Por mais que eu amasse muito a Gabi, confesso que a invejava por ter a vida que eu sempre quis. A Gabi já tinha o futuro garantido, já eu, precisava correr atrás de incertezas todos os dias. Assim que eu entrei no carro fui recebida pelo abraço dela. — E aí? Ansiosa para o resultado do estágio? — Muito, minha vida depende disso. E você? — Eu sinto que se não passar, vou ter falhado com meu pai. O pai da Gabi… Há muitos anos frequentava meus pensamentos, até mesmo em sonhos. A medida que fui crescendo, foram ficando cada vez mais e*róticos. Logo lembrei do sonho que tive pela manhã. Aquele corpo forte e bronzeado, os cabelos loiros e suados, os olhos verdes fixos nos meus. — Nina?— Gabi me cutucou. Olhei para ela. Gabi tinha herdado os olhos verdes do pai e os cabelos tão loiros quanto. No entanto, não era mais bonita do que eu. Todos os olhares e atenções se voltavam para mim quando saíamos. Meus cabelos são escuros como a noite que destacam meus olhos cor de âmbar. Nariz fino, lábios carnudos, corpo cheios de curva. A beleza da Gabi era angelical, já a minha era sedutora. — Você não precisa desse teste, Gabi. A Grimaldi’s é do seu pai. — Mas eu quero, eu preciso. Não quero trabalhar na fábrica por ser filha do dono, quero mostrar competência. — Eu tenho muito orgulho de você por pensar assim.— Beijei o ombro dela. Gabi me abraçou. — E eu de você. Mas o que foi? Estou te achando meio para baixo. — Minha mãe. Ela disse que não temos condições de bancar café da manhã na padaria todos os dias. Mesmo quando passar no estágio, tenho que economizar dinheiro para o futuro. — Não se preocupa. Sempre que formos, posso pagar para nós duas. — Não, Gabi, não posso aceitar. — Claro que pode. Somos melhores amigas desde crianças, não temos cerimônia. Eu não aceito um não. — Tudo bem, mas só hoje. Amanhã você toma café da manhã na minha casa. — Combinado.— Gabi concordou e me abraçou novamente. Antes mesmo de entrar na sala, fomos conferir a lista dos aprovados. Tanto a Gabi quanto eu estávamos lá, aptas para o estágio. Aquele dia tinha começado muito bem. Depois da aula, fomos para a casa da Gabi, todos os dias estudamos juntas. Eu sempre era convidada para o almoço, e sempre esperava pelo momento de encontrar com ele. Jamais me notaria, sempre me viu como uma criança, mas sonhar não custava. Mas hoje, Alex não apareceu. — Acho que duas horas por dia é o suficiente para estudarmos. Foi assim que conseguimos alcançar a aprovação do vestibular e do estágio.— disse Gabi. Eu apenas aquiesci em concordância. — O que foi? Está tão quieta. — To pensando no seu aniversário lá na casa de campo. Eu não tenho nada para vestir. — Eu tenho alguns vestidos que não ficaram bons em mim por ser magrela demais, mas tenho certeza que ficarão perfeitos em você. — Vamos ver? E você não é magrela, é linda como uma Barbie. Eu nem pude esperar, não tive como conter minha ansiedade. Assim que chegamos no quarto da Gabi, antes de nos acomodarmos a mesa para estudar, fomos direto para o closet. Experimentei alguns vestidos, mas teve um que parecia ter sido feito para mim. Ele era verde, com as costas n*ua. Justo na cintura e nos s*eios, solto no quadril. Ainda assim, ressaltava a curva do traseiro e tinha uma f*enda que mostrava uma das coxas grossas. — Eu nunca te vi tão linda.— Elogiou Gabi. — E eu não sei como te agradecer por tudo o que você faz por mim. Fui até a Gabi para abraçá-la, estava realmente feliz. — Vamos mostrar a Helena.— disse Gabi, me puxando pela mão. Helena era a governanta da casa, era como se fosse uma mãe para a Gabi. Deixei que ela me conduzisse para fora do quarto, só não contava com a surpresa agradável que me aguardava no corredor. Lá estava ele, o pai jovem e lindo da Gabi. O homem por quem sou apaixonada desde criança. Parecia um tanto sério, no entanto, foi a primeira vez que percebi ele me notar. Seus olhos percorreram rapidamente as curvas do meu corpo, aquilo foi o suficiente para que Alex ficasse desconfortável. — Pai, pensei que não viesse para o almoço. — Minha reunião acabou se estendendo. Imagino que vocês já tenham almoçado. — Sim. Inclusive já vamos começar a estudar, só estávamos provando roupas para decidir o que usarmos no meu aniversário. — Fiquem a vontade, meninas.— Os olhos do Alex encontraram os meus ao falar. — Obrigada.— Eu agradeci, com um meio sorriso. — E parabéns por terem passado no processo seletivo. Semana que vem vocês começarão como estagiárias. — Não faz ideia de como essa aprovação é importante para mim. E claro, para a Gabi também.— disse. — Vejo a dedicação de vocês todos os dias. Vocês merecem. — Te amo, pai.— Gabi pousou um beijo no rosto dele.— Vem, Nina. Estamos indo mostrar o vestido para a Helena. — Ficou lindo.— Novamente o Alex olhou nos meus olhos. — Obrigada.— Agradeci, desconcertada. Fui atrás da Nina na direção das escadas, mas não pude deixar de perceber novamente aquele rápido olhar do Alex para o meu corpo. Talvez, esse seja o caminho certo para que ele pare de me ver como a amiguinha de sua filha, e passe a me ver como uma mulher que o deseja.
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