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Oljajakakak

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Blurb

Ela encarava as voltas das paletas do ventilador azul quebrado em contraste com a parede pálida enquanto se perguntava se o talento (a emoção, a paixão, o t***o) havia se transformado em algo do passado, sepultado, cremado e jogado ao mar. A verdade é que a menina há muito havia se perdido entre calmantes, chás relaxantes, florais que prometiam falsamente o fim do estresse e antidepressivos. A vida adulta, percebeu tarde demais, a acertou em cheio.

Conseguia prosseguir com pouco ou quase nenhum ressentimento. Entre sonhos roubados, promessas quebradas e delírios de grandeza, se perdia nos livros e cada vez mais uma vida que ela não pediu se estruturava a sua frente. Alguns amigos nem mesmo viam através de seus olhos, todos pareciam inebriados demais em suas próprias realidades, incapazes de vislumbrar qualquer vestígio de dor ou morte de esperança.

Ela não tinha mais esperança, não além de deixar tudo mais suportável. De alguma forma, confortável. Embora, em não raros dias, parecia que tudo estava desconfortável do lado de dentro e era difícil de viver do lado de fora, de sair da cama, de comer feito gente ou de tomar um banho decente. Sabia mascarar muito bem essa falta, mas suspeitava que era mais uma angústia geracional que individual. O mundo parecia em guerra todo tempo além dos muros seguros de sua casa.

Pouco restava do amor, somente o próprio cinismo de dezenas de aspirações partidas e viagens perdidas. E, quando tudo parecia igual, ela insistia em colorir páginas de um caderno sem pauta qualquer ou ver o pôr-do-sol num mato ou canto diferente do de sempre. Simplesmente não entendia como todo mundo conseguia se adaptar a vida, ao desastre iminente, as intensas lutas e as infindáveis guerras.

Sabia também que nenhuma dor jamais produziria, não nesse tempo presente, uma dureza tal qual a de Raskólnikov ou a coragem de Valjean. Tudo se fecha num ciclo desagradável, sem gosto e pré-fabricado. O que ficou, sinceramente, não sabe. Nada além de mais rabiscos desconectados em folhas soltas, palavras em folhas desconectadas numa tela em branco…

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Junho
Ela encarava as voltas das paletas do ventilador azul quebrado em contraste com a parede pálida enquanto se perguntava se o talento (a emoção, a paixão, o t***o) havia se transformado em algo do passado, sepultado, cremado e jogado ao mar. A verdade é que a menina há muito havia se perdido entre calmantes, chás relaxantes, florais que prometiam falsamente o fim do estresse e antidepressivos. A vida adulta, percebeu tarde demais, a acertou em cheio. Conseguia prosseguir com pouco ou quase nenhum ressentimento. Entre sonhos roubados, promessas quebradas e delírios de grandeza, se perdia nos livros e cada vez mais uma vida que ela não pediu se estruturava a sua frente. Alguns amigos nem mesmo viam através de seus olhos, todos pareciam inebriados demais em suas próprias realidades, incapazes de vislumbrar qualquer vestígio de dor ou morte de esperança. Ela não tinha mais esperança, não além de deixar tudo mais suportável. De alguma forma, confortável. Embora, em não raros dias, parecia que tudo estava desconfortável do lado de dentro e era difícil de viver do lado de fora, de sair da cama, de comer feito gente ou de tomar um banho decente. Sabia mascarar muito bem essa falta, mas suspeitava que era mais uma angústia geracional que individual. O mundo parecia em guerra todo tempo além dos muros seguros de sua casa. Pouco restava do amor, somente o próprio cinismo de dezenas de aspirações partidas e viagens perdidas. E, quando tudo parecia igual, ela insistia em colorir páginas de um caderno sem pauta qualquer ou ver o pôr-do-sol num mato ou canto diferente do de sempre. Simplesmente não entendia como todo mundo conseguia se adaptar a vida, ao desastre iminente, as intensas lutas e as infindáveis guerras. Sabia também que nenhuma dor jamais produziria, não nesse tempo presente, uma dureza tal qual a de Raskólnikov ou a coragem de Valjean. Tudo se fecha num ciclo desagradável, sem gosto e pré-fabricado. O que ficou, sinceramente, não sabe. Nada além de mais rabiscos desconectados em folhas soltas, palavras em folhas desconectadas numa tela em branco…

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