28.1

1142 Words
Irma Depois que cheguei em casa pude chorar como queria, Vagner foi o único homem que cultivei sentimentos de amor e carinho, ele foi bom para mim enquanto foi possível para ele, confesso que nos últimos meses foi um carrasco comigo, muito por causa dos conselhos do senhor Gusmão. Mas não tenho raiva ou ódio dele, tudo que mais desejo é que seja feliz, os seus filhos não querem contato com ele e sei que sente falta da esposa falecida, por isso tento ser o mais racional possível com ele como fui com Vagner. Começo a organizar tudo, mesmo com a minha barriga enorme e dificuldade que tenho vou deixar tudo arrumado. Vagner nunca disse que me amava, mas sei que bem no fundo do seu coração sentia amor por mim, mas era orgulhoso demais para admitir isso. Ele escolheu me humilhar ao invés de me tratar como alguém merecedora do seu amor e dedicação, mas estou bem com isso. A atenção e amor que me deu durante o tempo que nos envolvemos no começo foi o suficiente. Beijo sua foto próxima da estante sentindo que uma parte de mim morreu com ele, nosso filho jamais vai conhecê-lo, mais uma vez o ciclo não vai se quebrar, minha mãe era uma filha bastarda da família Rossio, depois conheceu meu pai, o senhor Assis, ele prometeu o mundo para minha mãe e ela muito ingênua acreditou que um homem como ele iria abandonar sua linda esposa e filhos por ela. Mas é óbvio que não aconteceu, depois que nasci minha mãe entendeu que jamais Assis iria deixar sua esposa e família por uma ninguém, minha mãe não permitia que ele tentasse se aproximar de mim, mas também ele não queria ser presente em nossas vidas, só queria um ouvido para escutar seus lamentos e um buraco para despejar sua p***a. Mamãe jamais se recuperou do abandono e das migalhas que recebia, ela morreu dormindo como um anjo bom que era, jovem demais por um m*l súbito, senhor Assis foi no velório, mas não se aproximou de mim, mas também não quis e achei melhor assim. Não sei exatamente se a prostituição foi um meio de receber atenção masculina ou uma forma de me destruir mais rápido, mas me deixei levar pela vida fácil. Quando Maurílio Rossio apareceu me dando atenção pensei que enfim teria tudo que sempre quis, no entanto, ele começou a ficar agressivo, possessivo e obcecado por mim. As surras se tornaram constantes até que ele me fez perder o filho que esperava. Pedi proteção a Jacó que foi rápido e certeiro em cuidar de mim, deixando claro a Maurílio que não iria me tocar novamente, depois foram aparecendo clientes melhores, alguns se tornaram bons amigos e nunca mais ouvi falar de Maurílio, depois apareceu Vagner e acabei só sendo dele por muito tempo. Deixei tudo organizado como Vagner gostaria, peguei minhas poucas roupas e outros pertences colocando na minha mala, liguei para um táxi que me levaria para casa, sinto uma dor tremenda no peito por não poder me despedir de Vagner, mas quando se passar um tempo vou visitá-lo no cemitério e mostrar nosso filho a ele, dizer que Vagner não nos abandonou e que apenas se foi cedo demais. Saio com minha mala esperando o carro, mas o que aparece é uma comitiva de vários carros na porta da casa de Vagner, não entendo o que está acontecendo, mas seguro minha barriga para me proteger, vejo Maurílio descendo de um dos carros acompanhado por vários homens, fico parada ainda tentando proteger meu filho, o que esse homem quer de mim? – Boa noite, Irma. – Maurílio, o que faz aqui? Não quero problemas, estou voltando para o lixo, com certeza deve saber que Vagner faleceu. Como o próximo líder da família Rossio com certeza sabe do acidente e das várias mortes na rodovia próxima a sede das cinco famílias. – Sei disso! Lamento muito pela sua perda, vim trazer minhas condolências, Irma. – Agradeço, mas realmente preciso ir, logo o senhor Gusmão estará aqui e não quero que me veja aqui, falei que iria embora antes do velório. Na verdade, tenho medo de Maurílio e do que pode fazer comigo, não quero problemas na minha vida, Vagner foi um bom homem até quanto pode, sei que para o homem é difícil aceitar alguém como eu, mas o perdoo de tudo e desejo que esteja em paz. – Irma, vai voltar para o lixo? Ser p**a novamente? Imagino que com uma barriga desse tamanho será complicado encontrar clientes apesar que há homens que gostam, e tem até um certo fetiche por mulheres grávidas. – Maurílio, minha vida não lhe diz respeito a muito tempo, não sei o que quer de mim? Me deixe em paz! Ele se aproximou como fazia quando ia me bater, continuei com minhas mãos na barriga sentindo falta de ar e medo do que possa fazer. – Tenho uma proposta melhor: você vem comigo, sem resistência como uma boa menina, não quero ter que ser agressivo com você, sabe que posso ser bem intenso quando fico fora do controle. Maurílio segurou meu rosto com carinho, fiquei com medo pelo meu bebê e sei bem do que esse homem é capaz para conseguir o que quer. – Tudo bem vou com você, mas o que quer de mim, Maurílio? Sou uma p**a, não tenho o que oferecer para você. Olhe para mim, sou uma p**a grávida de um homem que nem sequer quis me assumir, vou embora e pronto, só me deixei ir. – Vagner era uma marionete nas mãos de Gusmão, não teve coragem para assumir você, mas não sofro do mesmo probleminha do meu irmão bastardo. Olhei para ele confusa com a revelação feita, Vagner era irmão de Maurílio? – Está dizendo coisas sem sentido Maurílio, me deixe ir, por favor. – Não Irma, não estou dizendo loucuras. Tem tantos segredos que não sabe e outros que sabe, mas não quis revelar a mim, não é mesmo, priminha? Nunca quis contar nada sobre o passado que nos ligava, isso não importava, não iria mudar em nada minha vida e nem trazer a dignidade na vida da minha mãe. Fiquei calada e não me arrependo, Maurílio seria violento comigo do mesmo jeito ou até pior por saber que havia uma bastarda da sua família vivendo fora do domínio deles. – Chega de conversa! Teremos muito tempo para conversar na nossa casa, agora venha sem resistência, por favor. Tive medo por mim, mas principalmente por meu bebê, Maurílio é louco, sei bem que é capaz de tudo para me machucar sem pensar duas vezes no m*l que pode causar. Ando devagar até o carro sendo escoltada por seus homens e por ele. Medo é o único sentimento que sinto, o que esse homem quer de mim?
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