Arlete falou mais um pouco antes de ir se deitar. Explicou para a dona da pensão e para o advogado que era filha de um radialista gaúcho, e que tão logo falasse com seus pais eles viriam buscá-la. Todos foram se deitar com as cabeças cheias de dúvidas. Arlete dormiu no colchão na sala, com Cecília ao seu lado. Olhou o relógio de parede e eram 02:30 da manhã. Será que agora Pedro estava feliz com a amante? Seu sangue ferveu, e ela sentiu um ímpeto de gritar e chorar. Esmurrar uma parede, chutar algo, ela nem sabia direito. Olhou o rosto sereno da filha, que dormia em paz, nem tendo idéia do que se passava à sua volta. "Meu Deus, o que vai ser de mim? Será que eu vou ver meus pais de novo?Quando eu vou embora pra casa? Porque o Pedro fez isso?" Milhares de pensamentos lhe vinham