Na casa de Ronaldo, as coisas não iam nada bem. Não tinha conseguido arranjar trabalho e teve que pedir dinheiro emprestado para pagar a pensão.
A nova mulher estava sempre com exigências que ele não podia satisfazer, e a tensão entre eles era grande.
Ronaldo estava arrependido de ter largado a família para viver com ela.
Agora, que já tinha feito a besteira, começou a conhecer os defeitos que ela escondia muito bem, antes de morarem juntos.
Sempre achou sua mãe, uma mulher interesseira e escolheu para viver, uma cópia fiel dela.
Ela não se prestava a trabalhar e ainda tinha que pagar uma empregada porque também não gostava de fazer os serviços domésticos.
Sabendo que ele estava sem trabalho, queria aproveitar que estavam em casa, e sair numa viagem de férias.
Ronaldo estava ficando desesperado. Como sair em viagem se estava desempregado?
Não conseguia entender a linha de pensamento da mulher.
Acostumada com facilidades, não entendia que o momento era delicado.
Resolveu que no dia seguinte, iria na empresa que trabalhava e pediria uma vaga. Explicaria que pediu demissão em um rompante, mas estava arrependido e precisava trabalhar.
Junto a essa resolução, veio também de assim que possível, arrumar um lugar para ficar e se separar da mulher atual.
Pensou em ficar um tempo na casa da mãe, afinal ela morava sozinha e um faria companhia ao outro.
No dia seguinte, logo cedo, saiu a caminho da empresa. O patrão chegava cedo, junto com os empregados.
Entrou na empresa e pediu para falar com ele. Depois de aguardar alguns minutos, foi convidado a entrar em sua sala.
Dr. Veiga, senhor de meia idade, o atendeu em razão dos anos que havia trabalhado ali, sempre como bom empregado.
- Pode sentar. Quer falar comigo?
- Vim aqui ver se o senhor tem alguma vaga para mim. Num momento de raiva, fiz a besteira de pedir demissão, mas preciso trabalhar.
- Infelizmente, não tenho nenhuma vaga em aberto agora. O que eu posso fazer por você é te dar uma carta de referência e você pode ter mais facilidade de conseguir outro trabalho.
- Eu pego qualquer coisa, tenho que pagar a pensão alimentícia das crianças ou posso ser preso.
- Eu lamento a da sua situação, mas a sua vaga já foi preenchida e eu não tenho nada para você. Vou mandar o DP fazer uma carta de referência e você tenta a sorte em outro lugar. Você tinha que ter pensado antes.
- Eu sei, mas agora já está feito e não tenho como voltar atrás. Obrigado por ter me recebido e vou ao DP pegar a carta.
- Boa sorte.
- Obrigado.
Ronaldo foi ao DP e pegou o documento. Dali partiu para a casa de sua mãe.
Quando chegou lá, ela ainda estava dormindo. Aguardou que ela acordasse por mais de uma hora. Depois teve que esperar ela tomar o café da manhã, para então conversarem.
Ronaldo foi direto ao assunto:
- Vim aqui lhe pedir se posso ficar uns tempos aqui com a senhora. Me separei da Rosângela para viver com outra pessoa, mas não está dando certo e num momento de raiva, pedi demissão no emprego e estou parado.
- Poder ficar aqui, você pode. Mas não seria melhor você tentar se reconciliar com a mãe dos seus filhos?
- Duvido que ela me aceite de volta. Eu não agi corretamente com ela e ela está com muita raiva de mim.
- A Rosângela sempre foi uma pessoa muito boa de coração. Eu, no seu lugar, tentaria.
- Não vai me receber. Eu pedi demissão pra não pagar a pensão das crianças e ela sabe disso. Fora que fiz a besteira de dizer pra ela que tinha outra mulher e deixei a casa de repente, deixando ela com necessidade de pedir ajuda aos pais para por o necessário dentro de casa.
- Você agiu m*l mesmo. Mas quem sabe, conversando e pedindo perdão, você não conserta o estrago que fez?
- Eu tenho certeza que não vai adiantar. Nem as crianças eu tenho ido ver. Desde que me separei, não vejo meus filhos.
- Ela está negando que você veja eles?
- Não. Eu é que não tive o interesse.
- Você está totalmente errado. São seus filhos e você tem a responsabilidade de cuidar da criação deles.
- Eu não sei o que me deu. De repente até as vozes das crianças me irritava. Foi depois que me envolvi com essa mulher que estou querendo deixar agora.
- Você brigava muito com a Rosângela?
- Não. Nunca tivemos nem uma discussão.
- Então eu não estou entendendo. Como você se envolveu com outra mulher, se na sua casa, tudo ia bem?
- Cometi um erro e estou arrependido, mas agora só posso seguir adiante, não tenho como voltar atrás.
- Você pode ficar aqui, até arranjar trabalho e poder ter um lugar seu, mas vou logo avisando: saio muito com amigos e não vou admitir que você interfira na minha vida.
- Não tenho essa intenção. Só preciso de um lugar para ficar e fazer as refeições. Eu estou totalmente liso.
- Pode contar comigo, afinal você é meu filho. Pode vir quando quiser.
- Venho hoje mesmo. Agora que decidi, tenho pressa em resolver.
- Cuidado para não fazer besteira de novo. Fez isso com a Rosângela e se arrependeu.
- Mãe, até agora eu não sei o que me fez agir assim. Eu sei que o errado fui eu.
- Eu só estou com medo, que você se arrependa de novo.
- Isso não vai acontecer. Essa mulher é totalmente diferente da Rosângela. Quer viver no luxo, não trabalha e nem faz os serviços de casa.
- Aonde você arranjou essa?
- É uma mulher bonita. A Rosângela estava de resguardo e ela se ofereceu. Caí feito um patinho.
- Você tirou ela da casa dos pais?
- Não, vivia com umas amigas. Que volte pra lá, porque o apartamento é alugado.
- Está no seu nome, o aluguel?
- Está.
- Então tem que fazer recisão de contrato e isso custa caro.
- Vou ter que dar um jeito. Não posso é continuar com ela. É uma sanguessuga. A senhora imagina, que eu nessa situação queria aproveitar que eu estou em casa, pra fazer uma viagem de férias, como se isso fosse de graça.
- É uma s*******o.
- Pois é. Eu tenho que resolver isso logo, senão vou acabar enlouquecendo.
- Resolve e pode vir. Eu tenho economias no banco e te ajudo na recisão do contrato do apartamento.
- Quando eu voltar a trabalhar, eu lhe p**o.
- Não se preocupa com isso. O importante é consertar essa besteira que você fez. Imagina, logo você que se orgulhava tanto das crianças, abandonar assim de repente.
- Eu estou dizendo, até agora eu não sei o que me deu. E a Rosângela tem razão de estar com raiva de mim e não me aceitar de volta. Até colocar a paternidade das crianças em dúvida eu coloquei pra não ter que dar dinheiro.
- Você fez isso?
- E em juízo. O juiz me obrigou a fazer o DNA junto com as crianças.
- É, meu filho. A sua situação não é boa. Vai lá e pega as tuas coisas. Eu vou te esperar pra almoçar.
- Obrigado. Vou e volto logo. E pode ficar descansada que eu não vou me meter na sua vida. A senhora pode continuar como se eu não estivesse aqui.
Ronaldo foi no apartamento buscar suas coisas.