Capitulo XIII

1262 Words
Na casa de Ronaldo, as coisas não iam nada bem. Não tinha conseguido arranjar trabalho e teve que pedir dinheiro emprestado para pagar a pensão. A nova mulher estava sempre com exigências que ele não podia satisfazer, e a tensão entre eles era grande. Ronaldo estava arrependido de ter largado a família para viver com ela. Agora, que já tinha feito a besteira, começou a conhecer os defeitos que ela escondia muito bem, antes de morarem juntos. Sempre achou sua mãe, uma mulher interesseira e escolheu para viver, uma cópia fiel dela. Ela não se prestava a trabalhar e ainda tinha que pagar uma empregada porque também não gostava de fazer os serviços domésticos. Sabendo que ele estava sem trabalho, queria aproveitar que estavam em casa, e sair numa viagem de férias. Ronaldo estava ficando desesperado. Como sair em viagem se estava desempregado? Não conseguia entender a linha de pensamento da mulher. Acostumada com facilidades, não entendia que o momento era delicado. Resolveu que no dia seguinte, iria na empresa que trabalhava e pediria uma vaga. Explicaria que pediu demissão em um rompante, mas estava arrependido e precisava trabalhar. Junto a essa resolução, veio também de assim que possível, arrumar um lugar para ficar e se separar da mulher atual. Pensou em ficar um tempo na casa da mãe, afinal ela morava sozinha e um faria companhia ao outro. No dia seguinte, logo cedo, saiu a caminho da empresa. O patrão chegava cedo, junto com os empregados. Entrou na empresa e pediu para falar com ele. Depois de aguardar alguns minutos, foi convidado a entrar em sua sala. Dr. Veiga, senhor de meia idade, o atendeu em razão dos anos que havia trabalhado ali, sempre como bom empregado. - Pode sentar. Quer falar comigo? - Vim aqui ver se o senhor tem alguma vaga para mim. Num momento de raiva, fiz a besteira de pedir demissão, mas preciso trabalhar. - Infelizmente, não tenho nenhuma vaga em aberto agora. O que eu posso fazer por você é te dar uma carta de referência e você pode ter mais facilidade de conseguir outro trabalho. - Eu pego qualquer coisa, tenho que pagar a pensão alimentícia das crianças ou posso ser preso. - Eu lamento a da sua situação, mas a sua vaga já foi preenchida e eu não tenho nada para você. Vou mandar o DP fazer uma carta de referência e você tenta a sorte em outro lugar. Você tinha que ter pensado antes. - Eu sei, mas agora já está feito e não tenho como voltar atrás. Obrigado por ter me recebido e vou ao DP pegar a carta. - Boa sorte. - Obrigado. Ronaldo foi ao DP e pegou o documento. Dali partiu para a casa de sua mãe. Quando chegou lá, ela ainda estava dormindo. Aguardou que ela acordasse por mais de uma hora. Depois teve que esperar ela tomar o café da manhã, para então conversarem. Ronaldo foi direto ao assunto: - Vim aqui lhe pedir se posso ficar uns tempos aqui com a senhora. Me separei da Rosângela para viver com outra pessoa, mas não está dando certo e num momento de raiva, pedi demissão no emprego e estou parado. - Poder ficar aqui, você pode. Mas não seria melhor você tentar se reconciliar com a mãe dos seus filhos? - Duvido que ela me aceite de volta. Eu não agi corretamente com ela e ela está com muita raiva de mim. - A Rosângela sempre foi uma pessoa muito boa de coração. Eu, no seu lugar, tentaria. - Não vai me receber. Eu pedi demissão pra não pagar a pensão das crianças e ela sabe disso. Fora que fiz a besteira de dizer pra ela que tinha outra mulher e deixei a casa de repente, deixando ela com necessidade de pedir ajuda aos pais para por o necessário dentro de casa. - Você agiu m*l mesmo. Mas quem sabe, conversando e pedindo perdão, você não conserta o estrago que fez? - Eu tenho certeza que não vai adiantar. Nem as crianças eu tenho ido ver. Desde que me separei, não vejo meus filhos. - Ela está negando que você veja eles? - Não. Eu é que não tive o interesse. - Você está totalmente errado. São seus filhos e você tem a responsabilidade de cuidar da criação deles. - Eu não sei o que me deu. De repente até as vozes das crianças me irritava. Foi depois que me envolvi com essa mulher que estou querendo deixar agora. - Você brigava muito com a Rosângela? - Não. Nunca tivemos nem uma discussão. - Então eu não estou entendendo. Como você se envolveu com outra mulher, se na sua casa, tudo ia bem? - Cometi um erro e estou arrependido, mas agora só posso seguir adiante, não tenho como voltar atrás. - Você pode ficar aqui, até arranjar trabalho e poder ter um lugar seu, mas vou logo avisando: saio muito com amigos e não vou admitir que você interfira na minha vida. - Não tenho essa intenção. Só preciso de um lugar para ficar e fazer as refeições. Eu estou totalmente liso. - Pode contar comigo, afinal você é meu filho. Pode vir quando quiser. - Venho hoje mesmo. Agora que decidi, tenho pressa em resolver. - Cuidado para não fazer besteira de novo. Fez isso com a Rosângela e se arrependeu. - Mãe, até agora eu não sei o que me fez agir assim. Eu sei que o errado fui eu. - Eu só estou com medo, que você se arrependa de novo. - Isso não vai acontecer. Essa mulher é totalmente diferente da Rosângela. Quer viver no luxo, não trabalha e nem faz os serviços de casa. - Aonde você arranjou essa? - É uma mulher bonita. A Rosângela estava de resguardo e ela se ofereceu. Caí feito um patinho. - Você tirou ela da casa dos pais? - Não, vivia com umas amigas. Que volte pra lá, porque o apartamento é alugado. - Está no seu nome, o aluguel? - Está. - Então tem que fazer recisão de contrato e isso custa caro. - Vou ter que dar um jeito. Não posso é continuar com ela. É uma sanguessuga. A senhora imagina, que eu nessa situação queria aproveitar que eu estou em casa, pra fazer uma viagem de férias, como se isso fosse de graça. - É uma s*******o. - Pois é. Eu tenho que resolver isso logo, senão vou acabar enlouquecendo. - Resolve e pode vir. Eu tenho economias no banco e te ajudo na recisão do contrato do apartamento. - Quando eu voltar a trabalhar, eu lhe p**o. - Não se preocupa com isso. O importante é consertar essa besteira que você fez. Imagina, logo você que se orgulhava tanto das crianças, abandonar assim de repente. - Eu estou dizendo, até agora eu não sei o que me deu. E a Rosângela tem razão de estar com raiva de mim e não me aceitar de volta. Até colocar a paternidade das crianças em dúvida eu coloquei pra não ter que dar dinheiro. - Você fez isso? - E em juízo. O juiz me obrigou a fazer o DNA junto com as crianças. - É, meu filho. A sua situação não é boa. Vai lá e pega as tuas coisas. Eu vou te esperar pra almoçar. - Obrigado. Vou e volto logo. E pode ficar descansada que eu não vou me meter na sua vida. A senhora pode continuar como se eu não estivesse aqui. Ronaldo foi no apartamento buscar suas coisas.
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