Eu nunca achei que chegaria aqui, na verdade essa nunca foi a vida que sonhei pra mim, mas de repente Arthur e Sophia eram as únicas coisas que importavam pra mim.
Depois de três anos muita coisa tinha mudado, mas o Arthur continuava sendo um homem de negócios. Quando Sophia nasceu decidi que ela precisava mais de mim do que a empresa, então deixei a diretoria de tudo nas mãos do Diego que administrava tudo muito bem. Já o Arthur não conseguia se desprender daquela galeria, por que afinal ele já não era só um pintor, ele era o dono da galeria, ele tinha outros artistas que trabalhavam com ele. A verdade é que aquela galeria o prendia muito mais do que a empresa, e ele amava aquele lugar.
_Boa noite amor_ ele entra no quarto sorridente
Tento ignorar o fato de que já era tarde e de que ele tinha esquecido de buscar a Sophia no balé, de novo.
_Boa noite_ respondo seca
_Aconteceu alguma coisa?_ ele se aproxima e se senta ao meu lado na cama
_Você já viu que horas são Arthur?_ pergunto me segurando ao máximo pra não explodir
_É eu sei que o jantar demorou um pouco, mas conseguimos fechar um grande negócio hoje_ ele sorri
_Que ótimo._ me limito a isso
_Malu_ ele se aproxima e tenta me acariciar
_Acho que já vou dormir, estou muito cansada_ me viro para o lado e finjo dormir
Eu era apaixonada pelo Arthur, e nunca me arrependi de ter me casado e de ter formado uma família com ele, na verdade eu amava aquela vida. Mas de uns tempos pra cá eu vinha me perguntando, será que ele não estaria arrependido?
Eu sabia que o Arthur amava a Sophia, mas ele não conseguia se adaptar a vida de pai, e as vezes nem parecia querer tentar.
Arthur
Sempre odiei vê a Malu triste ou com raiva, principalmente quando eu sabia que a culpa poderia ser minha. Mesmo depois de tudo que aconteceu Malu continuava a mesma sem paciência, e depois que ela teve a Sophia parecia ter ficado mais brava ainda.
Quando minha pequena Sophia nasceu eu sequer sei descrever o que senti. Me lembro de entrar no quarto e ver ela deitada no berço dormindo tão calmamente, parecia um anjinho e eu jurei pra mim mesmo que faria tudo por ela, mas o tempo foi passando e ela crescendo e ficando cada vez mais esperta, e eu parecia só dar mancada.
Me lembro de ter prometido a Malu de que tentaria trabalhar menos pra passar mais tempo com elas, mas eu nunca conseguia, e as vezes até me perguntava será que estava preparado pra ser pai se família? Talvez não tivesse nascido pra isso.
_Que cara é essa?_ Marcos meu sócio, me pergunta
_A Malu, ta chateada comigo e eu nem sei por que _ apoio a cabeça na mesa do escritório
_Você esqueceu a Sophia no balé ontem, ela pediu a Tati pra pegar ela já que ela foi buscar a Duda_ ele fala calmamente
Marcos e eu nos conhecemos na aula de balé das nossas filhas, e eu acabei descobrindo que ele sabia muito mais de arte do que eu , contratei ele é jamais me arrependi. Com o tempo acabamos boa tornando amigos, nossas filhas eram amigas e nossas mulheres também, talvez por isso ele já soubesse de tudo.
_ Não acredito_ ponho as mãos na cabeça
Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes esqueci de pegar a Sophia na escola ou no balé, não por que não amasse minha filha, eu a amava demais, mas eu tinha tantas responsabilidades na galeria e agora eu não conseguia lidar com uma família.
_Fica calmo, tenho certeza que a Malu vai relevar_ Marcos tentava me acalmar
_Acho que dessa vez não, ela parecia furiosa ontem.
_Que tal levar umas flores, isso sempre funciona
Achei graça, mas talvez funcionasse a Malu adorava flores, talvez as flores a deixassem mais calma.
Sai da galeria mais cedo, comprei as flores e fui pra casa, estava anciosa pra me reconciliar com ela.
Cheguei em casa com as flores e a surpresa que tive não foi tão agradável, o que ele estava fazendo na minha casa?