O portão estava aberto, e lá fora, estacionada ao lado da calçada, a moto de Picasso reluzia em tom de azul metálico. Chamar aquilo de moto era um eufemismo. O veículo parecia ser extremamente pesado, muito grande, alto, e de aspecto caríssimo. Eu não entendia de motos. Odiava todas elas. Mas eu sabia que muito investimento do tráfico havia sido cedido para a compra daquela fera em forma de moto. — Vem, Juju, monta aqui — chamou Picasso, já se sentando na moto. Eu revirei os olhos diante do chamado obsceno. Ele guardou o boné no bolso da jaqueta, colocou o capacete que era preto e decorado com chamas, e deu uma risada abafada. — Anda logo, Juliana. As meninas dessa comunidade se matariam para ter a mesma chance. Valorize poder sentar em algo que me pertence. Mariana xingou mais uma dúzi