Thomas se sentia atrevido e contrariado, nunca havia agido daquele modo, um dia foi o que bastou para aquela menina o enlouquecer e o beijo na noite anterior havia sido o gatilho final para que tomasse uma atitude. Ele não queria ficar longe de Kate e pensar nela como algo impossível o estava matando aos poucos. Não sabia se ela realmente queria algo com ele até conversarem na sala de aula.
A menina estava nervosa e por mais que negasse, Thomas sabia que ela também o desejava, não sabia se isso seria um caso, ou até se namorariam. A única certeza que tinha era a de que precisava de Katherine Snow na sua vida. Não importava quanto tempo durasse, precisava tê-la e estava disposto a fazer de tudo para consegui-la. Ele não sabia bem o porquê dessa necessidade e muito menos se preocupava com o pouco tempo que levou para decidir que a queria e no momento pouco se importava se era sua aluna e que tipo de problemas tal atitude traria, era isso que Kate causava, ele não conseguia pensar direito quando se tratava dela.
Por que ela tinha que ser logo a colega de quarto de sua filha? Isso era algo h******l e bom ao mesmo tempo, tem algum álibi melhor que "Fui visitar minha filha"?
Fechou a sala e caminhou lentamente pelos corredores, sabia que o modo que havia agido não era o certo. Kate tinha razão quando apontava suas indecisões, mesmo que ele ainda não entendesse a razão para essas dúvidas. Depois de longos 19 anos sem, ao menos, se interessar por alguma mulher, por que só agora? Para piorar estava agindo como um adolescente bobo e apaixonado perto dela. Parecia que Thomas tinha urgência daquela menina, mas então outra dúvida se fez presente, e se depois que a conseguisse a magia fosse embora para ele e não para ela? A última coisa que queria era magoá-la e sabia que estava sendo egoísta quando pensava em tê-la, mas não conseguia evitar isso. O pouco que havia tentando evitar já demonstrava que precisava tentar para ver se todo esse sentimento acumulado dentro si iria embora e se ele conseguiria deixá-la em paz.
Thomas atravessou o hall da faculdade correndo com a pasta em cima da cabeça, estava nevando um pouco e o frio de início de noite já havia tomado o lugar. Chegou a ala masculina e caminhou um pouco até encontrar o seu quarto, olhou para tudo aquilo, mas não via seu quarto ali, o que estava em sua mente era aquele beijo no quarto de Kate.
Quarto da minha filha também, ele pensou. O que eu estou fazendo? Essa m***a não poderia ser maior do que é, uma aluna e ainda por cima com idade para ser minha filha. Pior de tudo, amiga da minha filha. Eu devo ser o cara mais filho da p**a do mundo nesse momento, Thomas pensou e em seguida se jogou na cama soltando a gravata e puxando o celular do bolso. Sabia que o que estava prestes a fazer não era certo, mesmo depois de ter-se amaldiçoado tanto por querer Kate, ele estava prestes a mandar uma mensagem para ela, não daria brecha para que a menina desistisse dele ou melhor para não começasse a tentar. Se achava no direito disso, pois quando estava perto dela não conseguia raciocinar, então era mais do que justo que ela não conseguisse também.
Quero te ver amanhã. — Digitou, mas hesitou um pouco antes de enviar, parecia errado, mas ao mesmo tempo ele julgava ser certo. A confusão interna já estava enlouquecendo-o, ele estava decidido e não desistiria. Enviou a mensagem, já ansioso por uma resposta, mesmo que essa viesse de modo grosseiro. Segundos se passaram e ela não respondia, minutos e horas. Anoiteceu e nada de Kate responder, ela o estava evitando de novo, Thomas se sentiu magoado, mas ela já tinha dito que o faria e de certo modo ele estava preparado para essa rejeição. Não desistiria, era homem que sabia o que queria e teria.
*
O quarto estava frio, era consequência de Thomas ter esquecido de ligar o aquecedor. Ele se levantou e seguiu até o aparelho, ligando-o e em seguida se jogou novamente na cama, dessa vez puxando o seu MacBook para ter algo com que se distrair. Começou a vagar pelas séries no Netflix enquanto o f*******: estava aberto, ele não tinha muitas pessoas no aplicativo, alguns dos seus colegas de trabalho, alguns amigos antigos e só. Nem a família estava entre os contatos, já que desde a morte de Emily, todos haviam se afastado dele.
Não conseguiu mexer no computador por muito tempo, estava extremamente impaciente e o tempo parecia se arrastar. Eram quase 22 horas quando resolveu ligar novamente para Kate, mas, novamente, a ligação caiu direto na caixa postal e Thomas começou a ficar preocupado, era estranho o sumiço repentino de Kate.
Desligou o computador e o colocou de volta na pequena mesa que ficava ao lado da cama. Ele estava se segurando para não ir até o quarto dela, saber o porquê de ela o estar evitando. Sabia que havia sido um completo i****a tratando-a daquele modo grosseiro e esse com certeza era um bom motivo para ser ignorado. Para se livrar de toda a preocupação, decidiu que iria atrás da menina em seu quarto, só para constatar se ela estava bem. Para disfarçar, ele diria que foi verificar a filha.
Foi até um canto do quarto e pegou um casaco e vestiu juntamente com um cachecol. Assim que abriu a porta, Thomas sentiu o frio da noite atingir seu corpo, já não nevava mais, mas ainda estava frio e chovia um pouco. “Ainda bem que esse tempo acaba em poucos dias”, Thomas pensou, ele torcia para que o bom sol voltasse.
Foi andando perdido em seus pensamentos pelos corredores, atravessou o campus que estava extremamente sombrio e frio, olhou para os portões que ainda estavam abertos, ainda não havia dado hora de fechá-los. Correu um pouco para tentar não se molhar com a chuva e logo chegou a ala feminina, subiu os poucos degraus que separaram o primeiro e o segundo andar e foi até o quarto de Kate, bateu três vezes de um modo forte, ele esperava ver longos cabelos loiros quando a porta se abrisse, mas ao invés disso, estavam ali os belos cachos ruivos de sua filha.
— Oi, pai — ela falou olhando para ele com uma cara de confusa. — Está um pouco tarde, né? — Ela esticou as mãos, segurando as do pai, para esquentá-las.
— Oi, filha, desculpa por aparecer essa hora. — Ele apressou-se em falar. — O meu sexto sentido de pai estava apitando. E vim ver se estava tudo bem.
— Ah, está tudo ótimo. — Ela sorriu.
— Filha, você está sozinha? — A voz dele soava mais preocupada do que de costume, ele tentou controlar a voz, porque talvez Tracy percebesse e poderia estranhar sua súbita preocupação com a colega de quarto.
— Estou, Kate não voltou depois da aula... — ela falou, também parecia preocupada. — Não sei para onde ela foi.
— Vou ficar aqui com você, certo? Até sua amiga chegar. Não é seguro ficar sozinha com essa história de sequestrador. — Ele a interrompeu passando por ela e entrando no quarto, mesmo sem ser convidado. Thomas não sabia se era coisa de pai, mas definitivamente havia algo a mais incomodando Tracy. — Você já tentou falar com ela?
— Claro, pai. Vou fazer um chocolate quente para você — ela respondeu e depois acrescentou. — O celular dela só cai na caixa postal.
— Deve ter descarregado — ele falou mais para tranquilizar-se do que para tranquilizar a filha.
— Pode até ser, pai, mas eu fico preocupada com esse negócio de sequestrador de professoras. Vai que ele resolve mudar de tipo e começar a pegar alunas. Kate está sozinha em algum lugar lá fora e eu acho que não vou conseguir dormir até saber se ela está bem — Tracy falou de um modo lindo, será que em pouco tempo as duas já haviam criado amizade? Tudo bem que nesse mesmo período de tempo Thomas já havia criado um tipo de obsessão pela jovem, mas era diferente. Ele havia criado essa obsessão por causa da semelhança que Kate tinha com a sua falecida mulher.
Mesmo que pudesse ser esse mesmo motivo que desencadeou a amizade de sua filha com Kate, era mais intenso para ele. Tracy só havia visto a mãe por fotos, enquanto ele havia convivido e amado Emily com todas as suas forças, mesmo de seu modo torto de amar. Thomas sabia que tinha sido um i****a com Emily fazendo tudo que fez com ela. Também se culpava por sua morte, como todos da família ex-mulher.
Talvez a vida tivesse dando a ele uma segunda chance. A oportunidade de ser o homem bom para Kate que ele não foi para Emily. Se fosse realmente isso ele iria lutar para conquistá-la.
Thomas estava aflito, olhou mais uma vez para o celular e nada de Kate, tentou ligar e a chamada foi diretamente para a caixa postal. Caminhou até a cama dela e sentou lá, agarrando o travesseiro que ainda tinha o cheiro de Kate. Como era bom e tranquilizador sentir aquele cheiro. O perfume se parecia tanto com o de Emily que Thomas teve que segurar as lágrimas para não chorar, se ele não houvesse sido tão i****a, sua ex-mulher estaria ali cuidando de Tracy. Nunca se perdoaria pelo que aconteceu a ela.
— Pai, o senhor está passando m*l? Nós podemos... — Era Tracy, ela o assustou chegando do nada.
— Não, não. Só preciso descansar — ele falou, mas a filha não pareceu convencida.
— Tudo bem, pai. — Tracy saiu e foi novamente até a cozinha.
O celular de Tracy estava em cima da cômoda, a tela dele se acendeu então Thomas o pegou para ler o que tinha chegado. Uma nova mensagem.
Tracy, desculpe-me por não avisar antes. Meu celular descarregou e estou fora da cidade. Vou ter que passar uns dias por aqui, ajudando um velho amigo. Que acho que já sabe quem é, né? Não se preocupe, estou bem, depois ligue para ele. Nesse momento, está precisando de todo o apoio possível. Eu vou tentar carregar meu celular e qualquer coisa você pode ligar nesse. Beijos Kate S.
"Um velho amigo" aquelas palavras passavam na cabeça de Thomas sem parar. Ela iria passar uns dias fora, mas fazendo o que? Ele estava para ficar louco perdido em seus pensamentos, se continuasse naquele quarto a filha acabaria desconfiando. Então ele resolveu inventar uma desculpa qualquer para poder escapar de volta para o seu quarto.
— Tracy, estou indo embora. Acabei de lembrar que tenho uma aula a mais amanhã e tenho que planejá-la — falou levantando da cama.
— Mas pai... — ela começou a falar, mas ele a interrompeu.
— Tenho certeza que você ficará segura. Tem aquele spray de pimenta aí? — ele perguntou só para ter certeza de que a filha ficaria bem.
— Tenho dois cheios. Não vai me dar outro, não é? — Ela fez uma careta e ele tentou sorrir.
— Confio em você filha. Se cuida. — Ele deu um beijo na testa da filha antes de sair.
Bateu a porta com um pouco mais de força do que o necessário e ouviu um grito de reclamação de Tracy. Decidiu que não se preocuparia com o sumiço de Kate, iria ignorá-la e fingir que não tinha reparado quando ela voltasse.
Atravessou novamente todo o campus e foi até o seu quarto. Por mais difícil que fosse tentaria dormir e ignorar o que estava acontecendo. Ele não tinha o direito de cobrar nada dela, pois os dois não tinham nada. Por boas horas ele tentou colocar isso em sua cabeça, mas era difícil aceitar tal condição.
Por fim achou melhor dormir, trabalharia normalmente no outro dia e conseguiria esquecer o maldito beijo que havia dado em Kate.
*
Três dias, esse foi o tempo que Kate passou longe de Thomas.
Depois da breve discussão com o professor na sala de aula, ela saiu nervosa e estava a caminho do dormitório quando deu de cara com o mesmo carro preto que a havia seguido mais cedo. De início ela estava com medo, mas logo a porta do carro abriu revelando John. Ou melhor, Jonathan Moore, seu melhor amigo de infância. Eles não se viam fazia pouco mais de um ano, desde que ele entrou para a faculdade. Kate só não desconfiava que era aquela faculdade. Havia perdido totalmente o contado com ele. Eles eram vizinhos há anos e cresceram com uma amizade forte entre seus pais e entre si.
Correu e abraçou o amigo, algumas lágrimas escaparam de seus olhos azuis enquanto se apertava firmemente a ele. Sentia tanta falta da única pessoa que a tratava bem. Mesmo John e Kate crescendo juntos, eles eram de mundos muito diferentes. Ele sempre foi lindo e popular, amado por todos na escola. Enquanto ela era a esquisita que ninguém se atrevia a chegar perto. Mesmo com o desprezo de todos, John nunca deixava de falar com ela ou de almoçar com a amiga quando tinha oportunidade.
— Que saudade — ela falou e mais lágrimas escorrem pelo seu rosto.
— Também, pequena. — Ele apertou-a firmemente. — Tantos desencontros.
— É tão bom te ver — falou e se desvencilhou do abraço para olhar o amigo.
Ele estava ainda mais lindo do que antes. Aquele corpo magro de menino tinha dado lugar a um belo e sarado corpo de homem que deixaria qualquer mulher de queixo caído. Os olhos estavam em um tom de azul mais intenso e o cabelo parecia mais preto e sedoso do que antes. Como sempre, ela se sentia o patinho f**o perto dele.
— Uau! — ele falou assim que deu uma boa olhada na amiga. — Kate, você está muito gata.
— Olha quem fala, não é?! — ela respondeu sem jeito.
— Eu estou falando sério. Como conseguiu mudar tanto em um ano? — ele perguntou, ainda parecia abismado.
— Dinheiro. — Ela sorriu. John entendia bem, já que a sua família era quase tão rica quanto a de Kate.
— Adorei a nova cor do cabelo — ele falou, encostando-se ao carro.
— Você também não está nada m*l — ela zombou.
— Academia. — Ele sorriu. — Eu te vi outro dia, mas não tinha certeza se era você.
— Esse seu carro me dá medo — ela admitiu e os dois sorriram. — Era eu sim.
— Preciso da sua ajuda — ele falou um pouco mais sério.
— O que houve? — a menina perguntou preocupada.
— Minha mãe não está muito bem. Eu vou viajar, para vê-la, hoje mesmo, não quer me acompanhar? Eu não sei se consigo sozinho — ele admitiu.
— Claro — ela falou e se apressou em dar outro abraço no amigo. — Vamos pegar algumas coisas e podemos ir, ok?
Ele fez que sim com a cabeça e os dois subiram para o dormitório onde Kate ficava. Chegando lá os dois tiveram uma surpresa.
— Espera, você é colega de quarto da Tracy? — John perguntou e parecia surpreso.
— Sou, por que? — Kate perguntou e quando o amigo sorriu, ela percebeu o que estava acontecendo. — Não, John, não pode machucá-la.
Kate falou porque sentia certo carinho por Tracy e desde sempre John apenas ficava com as mulheres e depois as dispensava. Todas de coração partido, ele nunca havia namorado na vida.
— Relaxa, pequena, dessa vez é sério. Eu realmente quero essa ruiva — ele falou e um sorriso enorme surgiu em seu rosto. — Ela é diferente, estamos só ficando, mas eu quero levar adiante. Só preciso criar coragem para isso.
— Finalmente, senhor Moore — Kate zoou. — Fico Feliz por vocês — falou com sinceridade.
Depois de pegar o que precisava para a viagem, eles foram até a lanchonete, mas ao chegar lá John recebeu uma ligação urgente do pai e disse que precisava se apressar para ver a mãe, como Kate já havia combinado de ir junto, simplesmente pegou os lanches e foi em direção ao carro, ela não deixaria o amigo sozinho naquele estado de nervosismo. Eles estavam indo para a fazenda dos pais de John, onde moravam fazia alguns meses. John ligou o som em uma música calma do Simple Plan. Kate sentiu que o amigo estava meio desconfortável ao seu lado e decidiu tocar no assunto que tanto parecia incomodá-lo.
— O que aconteceu com ela? — Kate perguntou em um fio de voz, havia juntado todas as suas forças para fazer aquela pergunta.
— Há seis meses os médicos descobriram um tumor em seu cérebro, era para ser apenas um tumor benigno. Tirariam e tudo ficaria bem, mas ao fazer outros exames descobriram que ela estava com leucemia. Mamãe decidiu se afastar do agito da cidade e ficar na fazenda, papai concordou em ficar lá e contratou alguns profissionais para ficarem 24 horas cuidando dela. — Kate encarou o amigo enquanto ele contava, com o olhar fixo na estrada, mas Kate podia ver lágrimas se formando nos olhos dele. — Eu soube só essa semana, ela pediu para esconderem de mim, por que não queria me ver sofrer. — Nesse momento algumas lágrimas escorreram pelo rosto de John e ele apertou firmemente o volante.
— Ei — Kate enxugou a lágrima que corria pelo rosto do amigo —, vai ficar tudo bem, eu vou estar do seu lado.
— Eu sei que vai. — Ele tirou uma das mãos do volante e apertou a dela.
Era bom saber que tinha ali o amigo e que mesmo depois de tanto tempo os dois ainda conseguiam confiar um no outro.
As lembranças daqueles três dias eram dolorosas para Kate, ela havia visto o estado da mãe de John, que vivia cercada de médicos, não falava mais e estava em uma cadeira de rodas. Ela acompanhou todo o sofrimento do amigo e sofreu ao ver a dor dele. Houveram também algumas discussões entre John e o Pai.
Naqueles dias Kate não havia conseguido carregar o celular. Na pressa de arrumar as coisas para a viagem ela havia esquecido o carregador e John também não havia levado o dele. A diferença era que o dele teve bateria por umas horas mais que o dela.
Quando voltaram a Stanford, John a deixou em seu alojamento e teve que ir para o apartamento onde morava, mas antes prometeu que passaria ali no dia seguinte para levá-la para um passeio mais feliz.
*
Sentada em sua cama olhando para a tela do celular, Kate se perguntava o que faria. Esperava que Thomas tivesse deixado várias mensagens, mas havia só uma do dia em que havia sumido. Talvez aquele beijo não significasse tanto para ele quanto para ela. Era uma boba de achar que ele havia sentido algo com o beijo. Para homens era normal beijar mulheres o tempo todo, ainda mais para homens como ele.
Para algumas mulheres também, mas não para ela. Ela era o tipo de romântica incurável. Acreditava solenemente em um romance perfeito, com direito a príncipe encantado e final feliz. Mesmo que nunca houvesse tido nenhum romance. Só que era nova, tinha a vida toda pela frente para poder construir a sua história. Um dia, ela sabia que o príncipe encantado chegaria.
Jogou o celular na cama e decidiu que esqueceria aquele beijo. Se não havia significado nada para Thomas não significaria nada para ela, que a partir daquele momento seria apenas seu professor e nem ao menos havia sentido falta dela na aula, mais um motivo para sentir-se uma i****a por ter saudades dele nos dias que passou com John.
Caminhou até a cozinha e analisou a geladeira, precisava de algo bem gorduroso para comer, fugir da dieta não faria m*l algum. Na geladeira havia algumas barras de chocolate, ainda bem que ela dividia o quarto com Tracy que era tão chocólatra quando ela. Pegou uma barra de chocolate e abriu o congelador torcendo para ter sorvete ali.
Claro que tinha, ela pegou um pouco de sorvete e colocou em um copo quebrando alguns pedaços de chocolate e jogando dentro. Seguiu para sala e ligou a tevê em um canal onde passava um filme romântico. Era a velha tática de: Se sua vida sentimental está uma m***a, coloque um filme triste e ferre ainda mais com ela.
Depois de vinte minutos assistindo ao filme, Tracy chegou e a julgar pelo sorriso radiante, certamente estava com John. Nesse momento Kate sentiu um pouco de inveja dos amigos, queria estar apaixonada. Não apaixonada de um modo r**m, onde só há sofrimento e sim de um modo bom, onde a vida é colorida e feliz até nos dias mais sombrios.
— Menina, que deprê, hein? — Tracy brincou enquanto se jogava no sofá ao lado de Kate.
— Minha vida é uma m***a. Em compensação esse sorvete está muito bom — Kate falou gesticulando uma colher cheia de sorvete para amiga.
— Nesse frio? Você vai ficar doente. — Tracy fez um movimento com a mão como se dispensasse o sorvete que a amiga estava oferecendo.
— O aquecedor está ligado — Kate falou como desculpa.
— Isso não é desculpa. — Tracy sorriu com a atitude da amiga. — O que está te chateando? — perguntou e Kate pensou se contava ou não. Decidiu contar omitindo alguns fatos, tipo que o cara era o pai dela.
— Eu sou uma i****a. — Começou bufando. — Eu beijei um cara, ou ele me beijou, sei lá. Nós nos beijamos. Depois brigamos e nesses dias que passei fora ele não me procurou. Eu jurava que tinha significado algo a mais e parece que me enganei — ela suspirou. — Não estou acostumada com esse tipo de coisa, nunca tive um namorado ou ficante. Não sei como essas coisas acontecem e muito menos como agir. O que sei sobre romances é o que eu leio nos livros ou vejo nesses filmes deprimentes.
— Eu te entendo — Tracy falou e Kate revirou os olhos. — É sério. — Tracy deu um pequeno empurrão em Kate. — Isso, com o John. Ele é o primeiro cara com quem eu me envolvo. Eu às vezes não sei como agir, o que fazer, o que cobrar. Só que ele sempre parece ter a resposta para tudo. No começo não acreditei que um cara como ele estava interessado por mim, pensei que era alguma pegadinha por ser caloura. Agora eu sei que é real, só tenho medo de me machucar, às vezes.
— Somos duas bobonas, né? — Kate perguntou abraçando Tracy. — Ainda vamos ser muito felizes, eu sei que vamos. Eu vou, né? Porque você já é.
As duas continuaram conversando por um tempo até que Tracy convenceu Kate a sair, as duas se arrumaram e foram até o CoffeeStar, beber algo quente dessa vez. Já estava no fim da tarde quando decidiram voltar para Stanford, por ironia do destino assim que atravessaram os portões, Kate viu Thomas e enquanto a amiga foi falar com o pai, a menina decidiu que o melhor seria subir e ficar quieta.
Passou o resto do dia sem fazer nada e foi dormir cedo, não queria continuar pensando bobagens.