Capítulo 3

3001 Words
Giovanni    Depois do jantar todos se dispersão para alguma parte da casa. Meus pais ficam na sala intima tendo seu momento romântico enquanto meu irmão e minha cunhada sobem para brincar e curtir os filhos antes de os colocar na cama. Eu sigo para o escritório e uso o computador para checar o nosso e-mail. Tenho que estar atento pois estamos prestes a assinar um grande contrato com vinicolas da Itália e Argentina. Além de uma parceria com uma das melhores distribuidoras de Nova Iorque. Recosto na cadeira confortável de couro escuro enquanto vou rolando a tela para baixo passando direto por propagandas. Minutos depois meu irmão entra sem bater na porta e senta na cadeira a minha frente com um largo sorriso.    _ Que cena foi aquela com a nova ajudante da Cida no jantar agora a pouco? – Pergunta com uma sobrancelha erguida.    _ Não sei do que está falando. – Digo me fazendo de desentendido sem retirar os olhos do monitor.    _ Você não me engana Giovanni. - Fala se aproximando mais da mesa. - Eu te conheço a mais tempo do que você mesmo. – Diz apertando os olhos para dar enfase em suas palavras. – Sei que está caidinho pela recém chegada. Não adianta negar. Eu vi o jeito que olhou para Gabriela. Faltou babar em cima da garota.    _ Só porque jogamos uma partida de futebol e eu elogiei a sua habilidade com a bola não significa que eu esteja de olho na garota. – Falo dando de ombros e ele sorri erguendo a sobrancelha outra vez. – Confesso que achei ela uma gata. A presença dela me intriga. Os olhos dela e a forma como sorri tem algo a esconder. E tenho quase certeza de que esse algo tem haver com dor e sofrimento. Sem contar que ela fica linda quando está com vergogra. - Nosso encontro dessa manhã me volta a cabeça.    _ Nossa! - Exclama voltando a se endireitar na cadeira. - Você reparou mesmo nela. – Diz e maneio a cabeça como se aquilo não tivesse importância.     _ Admito que ela é linda. - Falo deixando o computador um pouco de lado. - Mas também é diferente das mulheres com quem costumo me envolver. – Ele afirma sério. – No fundo pode ser apenas um sentimento de amizade. Ela é bem legal e sabe jogar futebol. Isso é um combo difícil de se encontrar em qualquer esquina. – Brinco voltando meus olhos para o monitor mais uma vez. – Não acredito! – Exclamo lendo mais uma vez o e-mail para ter certeza de que meus olhos não estão me enganando.    _ O que foi? – André pergunta virando a tela para ver o que me deixou daquele jeito. – Ganhamos o prêmio de melhor vinho outra vez. – Diz com animado e comemoramos com um abraço apertado.     Fecho os programas do computador e corremos para a sala onde encontramos os outros adultos conversando. Quando contamos a novidade todos explodem em festa. Meu pai é o primeiro a nos parabeniza por nosso trabalho em equipe. André abre uma garrafa do vinho Antonella feito pelo meu pai para homenagiar a minha avó. Comemoramos de forma moderada para não acordar as crianças qie já foram para a cama. Quando todos subiram para seus quartos eu fico na sala de televisão assistindo a um filme de ação cheio de bombas, cenas de luta e muito sangue.    Acabo caindo no sono ali mesmo. Acordo com Cida me chamando de pé ao lado do sofá. O meu pescoço parece gritar pelo jeito que estava dormindo. O sofá da sala de televisão é o mais confortável da casa, mas quase arrebentou a minha coluna. Subo as escadas e encontro com as crianças descendo desanimados para tomar o café da manhã e ir para a escola.    Tomo um banho rápido. Visto uma camisa xadrez vermelha, uma calça jeans preta e calço minhas botas de trabalho. Passo os dedos nos cabelos os colocando para trás e ponho um pouco de colônia. Quando termino de me aprontar desço e me junto a família que já está reunida em torno da mesa do café da manhã. As crianças não falam muito. Ainda devem estar dormindo. Meu pai repassa a lista de tudo o que vamos fazer hoje enquanto comemos.    Bruna sai para levar as crianças para a escola assim que terminamos. Mamãe vai para a biblioteca ler um pouco. Vou junto com papai e André correr o vinhedo. Precisamos ver como está a evolução das uvas. Logo vai chegar à colheita e o nosso trabalho será em dobro. Sem contar que um de nós terá que se ausentar para ir até o Rio de Janeiro receber o prêmio de melhor vinho do ano.    _ É daqui que vem os melhores vinhos do mundo? – Nathalia pergunta ao entrar no galpão com um enorme sorriso. – Oi, tio Antônio. – Abraça meu pai e ganha um beijo no rosto. Nathi e as gêmeas são os xodós do meu pai.     _ Quanto tempo querida. – Papai diz enquanto ela vem nos abraçar. - Pensei que já tinha se esquecido de nós. - Fala fazendo um pouco de drama.    _ Estou atolada na agência. São tantos trabalhos que m*l consigo dar conta sozinha. – Nathalia é publicitária e trabalha principalmente para a vinícola D'Angelo. Além de ser uma excelente fotografa. – Quais as novidades? - Pergunta sentando entre André e eu. - Perdi muita coisa desde a última vez que estive aqui?    _ O Giovanni está apaixonado. – André solta e recebo o olhar incrédulo de Nathi e papai. – Acho que dessa vez ele foi realmente fisgado. – Fala me dando um leve soco no braço.    _ Quem é essa mulher? – Nathi pergunta em tom irônico. – Preciso dar os pêsames a pobre moça. – Brinca e ganha uma careta da minha parte.    _ Isso é coisa da cabeça do André. – Desconverso devolvendo o leve soco em seu braço. – A mamãe e a Bruna estão arrumando uma festa para comemorar o prêmio que ganhamos. Você e os tios tem que vim. – Mudo o assunto.    _ Pode confirmar a nossa presença. – Sentamos no sofá que fica no canto para conversar melhor. – Acho que o Sandro vem também. - Diz me arrancando uma nova careta. O namorado da minha prima não me desce, mas não posso falar sem que os outros conciderem ciúmes.    Ficamos mais um tempo conversando e ela fica para almoçar com a gente. Depois vamos para a varanda da frente e ficamos olhando as videiras carregadas a espera para serem colhidas. E a sós colocamos a conversa em dia. E como já esperava voltamos ao assunto da paixonite que meu irmão me deu e que nem sabia que existia.    _ Você também não. – Reviro os olhos cansado do assunto. – Vamos falar sobre o seu namoro que é algo que realmente existe. Como vão as coisas com o Sandro?    _ Não vão muito bem. – Encara o chão e suspira. – Pode ser coisa da minha cabeça, mas acho que ele tem outra. O Sandro anda meio estranho. - Diz voltando a olhar o horizonte. - As coisas não são mais como antigamente. Eu o tenho sentido muito distante.    _ Mas se eu descubro... – Fecho o punho com raiva. Nunca fui muito com a cara dele. Essa seria uma ótima oportunidade de quebrar seu nariz e deixar alguns hematomas por seu rosto safado. – Ele não é maluco de fazer uma coisa dessas com você. O i****a sabe que você é cercada por caras ciumentos. – Ela sorri de lado com o que digo.    _ Tio. Tio. – Marina vem correndo e senta no meu colo. – Vamos jogar hoje?    _ Não sei. – Digo olhando para o tempo. – Parece que vai chover e acho que a Gabriela está ocupada na cozinha. – Mari afirma com os ombros caídos.    _ Quem é essa Gabriela, Mari? – Nathi pergunta com um sorriso malicioso.    _ É a nossa nova amiga. – Marina conta me ignorando. – Ela joga muito bem. Ajudou a gente a ganhar dos meninos e também deixa o tio com cara de bobo. – Mas que pequena fofoqueira.    _ Acho que a sua mãe está chamando. – Digo e ela afirma voltando para dentro. – Você não presta, Nathalia. – Digo enquanto ela ri da minha cara. - Se aproveitando da inocencia de uma criança para arrancar informações.    _ Então é ela?! – Levanto e caminho para dentro enquanto ela me segue ainda rindo. – Eu sei que é ela. Nem precisa responder. A sua cara de desespero já fez isso por você. - Zomba se atirando no sofá da sala de estar.    _ Você é maluca. – Ela ri ainda mais da minha cara. – Dá pra parar. - Peço olhando pelo corredor para me certificar de que ninguém está vendo essa cena. - Isso é tão infantil.    _ Tudo bem. - Diz secando o canto dos olhos. - Mas ainda quero ter uma conversa com calma com você sobre isso. – Diz me beijando o rosto. – Tenho que ir agora. Preciso terminar uma campanha. - Pega a bolsa e arruma sobre o ombro. - Manda um beijo para todo mundo.    _ Mando sim. Se cuida. – A levo até a porta e trocamos um rápido abraço antes dela ir embora.    Vou até a sala de televisão. Encontro com Matheus dividido entre fazer o dever de casa e assistir o desenho animado. Me sento do seu lado sem falar nada. Noto que ele esta meio triste e desanimado. Toco o seu ombro e ele me encara forçando um sorriso.    _ O que foi cara? – Pergunto bagunçado seus cabelos. – Conta para o tio. O que se passa nessa sua cabeça que está te deixando assim?    _ Tio, eu sei que vocês me amam. – Começa a falar meio inseguro. - Mesmo não sendo filho do meu pai e da minha mãe de sangue. – Diz e fico atento ao que vem por aí. – Mas também não posso deixar de sentir curiosidade de como eu cheguei aqui. Quero saber qual é a minha história. - Fala com os ombros caídos. - Quero saber porque os meus pais biológicos não me quiseram.    _ Entendo. - Falo com um maneio de cabeça. - Sabíamos que um dia você perguntaria sobre isso. – Digo tocando em seu rosto. – Eu gostaria de responder suas perguntas, mas não sou a pessoa indicasa. Fale com os seus pais. Se abra com eles como fez comigo agora. Mas quero que saiba que vai sempre ser o meu sobrinho e um D'Angelo assim como as suas irmãs. O sangue é o que menos nos importa.    _ Obrigado, tio. – Ele diz me abraçando. – Vou falar com eles depois do jantar. – Afirmo e o assisto se retirar apressado esquecendo do desenho e do dever de casa.    Durante todo o jantar mamãe e Bruna contam dos seus planos para a festa. Pensam em chamar até mesmo os nossos vizinhos. Tento prestar atenção na conversa, mas não adianta muito. Meu olhar está preso a cada movimento de Gabriela. Mesmo que tente desviar os olhos não consigo. Sues cabelos cor de fogo me hipnotizam.    Todos se dispersam quando terminamos o jantar. Bruna e André levam as crianças para se recolherem. Antes de subir Matheus me olha e lhe dou uma piscadela como incentivo. Mamãe e papai vão para o quarto namorar um pouquinho. Como estava sem sono resolvo dar uma volta pelo vinhedo e admirar a noite. Pensar um pouco sobre esse sentimento que vem crescendo em meu peito. Tentar entender o que está acontecendo comigo. É algo tão forte que não posso e nem quero ignorar.    Eu a vejo quando estou passando em frente a casa de Cida e Dante. Ela está sentada em um banco olhando as estrelas que brilham lindas no céu. Os cabelos soltos a dançar conforme o vento soprava e espalhava seu perfume doce de rosas no ar. Mesmo a distância vejo quando mexe em algum tipo de pulseira em seu pulso e parece estar bem distante e imersas em seus pensamentos. Me aproximo devagar e sento ao seu lado sem fazer qualquer ruido. De perto e sob a sombra da lua sua beleza é de tirar o fôlego. Assim que nota a minha presença quase cái do banco por causa do susto.    _ Desculpe. - Peço quando a vejo levar a mão ao peito na tentativa de acalmar o coração que deve estar acelerado e sua respiração desregulada. - Não era a minha intenção assustar você. – Digo me acomodando melhor ao seu lado. – Posso ficar aqui com você? – Ela afirma e logo volta o olhar triste para frente. – Que noite linda. – Tantas coisas para falar e você me vem com essa Giovanni?! Me recrimino em pensamento. – Também está sem sono? - Pergunto para puxar conversa quando ela permanece em silêncio.    _ Hoje em especial. – Diz com os ombros caídos. Parece que carrega um enorme peso sobre eles. – E Você? – Pergunta voltando a me encarar e novamente vejo a tristeza em seu olhar.    _ Só dando uma volta para arejar um pouco a cabeça. – Digo a ela que afirma com um movimento de cabeça e volta a brincar com a pulseira com delicados pingentes de margaridas. – Essa pulseira é muito bonita. – Falo e um singelo e rápido sorriso surge em seus lábios e faz meu coração errar o ritmo. O que está acontecendo comigo? Por que estou tão mexido com essa mulher que m*l conheço? Por que ela me atraí tanto?    _ Era da minha mãe. –  Questino e vejo uma nuvem escura pairar por seus olhos arrancando o brilho que antes o inundavam. – Ganhei a dez anos atrás quando... – Ela para de falar com um suspiro e endireita a postura. – Acho que não quer saber dessas coisas. - Fala sem me olhar e posso ver que seca o rosto.    _ Claro que quero. – Faço com que me encare. – Acho que precisa colocar o que tem guardado aí dentro para fora. - Digo apontando para o seu peito. - E sou um ótimo ouvinte. - Falo lhe arrancando um triste sorriso.    _ Hoje fazem exatamente dez anos que ela morreu em um acidente de carro com o meu pai. - Diz com os olhos brilhando por conta das lágrimas que começam a se formar. - Também é meu aniversário. – Sorri fraco e uma lágrima escorre por seu rosto quando pisca. – E só para variar estou sofrendo e me culpando por ter sobrevivido como faço todos os anos. – Ela se mostrar pela primeira vez ser frágil. Sinto uma vontade imensa de abraça-la e dizer que não está só. Mas me seguro. Não sei como ela pode reagir a isso. - Esse foi o último presente que ela me deu antes do carro capotar e eu ficar sozinha no mundo.     _ Sinto muito. – Anda. Você sabe fazer melhor que isso. Me incentivo mentalmente. – Pensa assim. - Falo ganhando sua atenção. - Se você tivesse morrido talvez nunca teríamos nos conhecido. E eu nunca teria conhecido o sabor amargo da derrota. E você tem algo que a lembre dos bons momentos com seus pais. – Toco o seu rosto e seco a lágrima com o polegar. – Não fica assim. - Peço sentindo meu coração aperta ao vê-la daquela maneira. Acabo de descobrir que não gosto que ela chore. - Tenho certeza que se eles estivessem aqui iriam dizer para sorrir e aceitar ao convite do cara bonitão na sua frente de ir tomar um chocolate quente para comemorar o seu aniversário.    _ Eu aceito. – Sorri e tudo se ilumina outra vez. É arrebatador. Parece um grande evento da natureza. – Mas eu que vou preparar. – n**o com a cabeça.    _ Nada disso. – Digo me levantando e a puxo pela mão. – Fui eu quem convidei. Então sou eu quem vou fazer. – Entramos na cozinha pela porta dos fundos e ela se senta no balcão me olhando remexer nas coisas. – Agora eu sou o empregado e você a patroa. – Ela ri alto enchendo o ambiente de vida e descubro que gosto de provocar essa emoção nela. Gosto de afastar essa nuvem cinza que as vezes pousa sobre seus olhos. - Só preciso saber onde está a panela. - Penso alto enquanto abro e fecho portas do armário.    _ Está na última porta da esquerda. - Diz apontando a mesma. - Quando foi a última vez que mexeu nesse armários? - Pergunta após uma deliciosa gargalhada que faz meu coração errar uma batida.    _ Sou muito esperto para me meter nos domínios da Cida. - Comento pegando a panela e a coloco sobre o fogão. - Já viu o quanto ela é ciumenta com as panelas dela? - Pergunto em tom de brincadeira.    _ Você está exagerando. - Fala e dou de ombros pegando duas xícaras no outro armário. - Tem certeza de que não quer minha ajuda? - n**o voltando minha atenção a lista de mantimentos que preciso pegar.    Com as indicações dela pego tudo de que preciso para preparar a bebida e misturo os ingredientes. Coloco tudo no fogo, ponho um pouco de açúcar e mexo em fogo baixo. Enquanto isso puxo assunto com ela. Não descubro mais nada do seu passado. Ela parece fugir dessa parte da sua vida e apenas respeito. Porém descubro o que ela quer poara o futuro. Que sonha em ser fotógrafa profissional e viajar o mundo para fotografar lindos lugares como foi um dia o sonho da sua mãe. É notável que é realmente isso que ela gosta pelo brilho em seus olhos e entusiasmo ao falar sobre isso. E é vendo toda essa alegria que decido ajuda-la a realisar seu sonho.
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