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Omotesando, Japão
Casa da Família Principal
Sala de Reuniões
[01:00 a.m]
– Diga Kazuya, diga o que aconteceu? – perguntou Hiroshi sentado na sua cadeira o olhando de maneira imparcial.
– Um verdadeiro m******e Sensei. A Koba aniquilou mais de vinte refugiados de maneira c***l, incluindo mulheres e crianças. Mas, eu já consegui resolver tudo, a polícia não chegou ao local e o que aconteceu foi abafado pela imprensa. – falou o homem sorrindo ladino.
– Muito bem meu caro amigo, você nunca decepciona. --- respondeu o Oybun com um sorriso no rosto.
– Sensei, temos um sobrevivente.
Hiroshi elevou a sobrancelha em confusão e continuou ouvindo o que o amigo tinha a falar.
– Trata-se de um garoto, deve ter uns 12 anos no máximo. Ele é italiano. Parece forte e bem arisco. Trouxe para o senhor analisar o que vamos fazer com ele. Hiroshi encarou o amigo nos olhos, sorriu ladino e respondeu em seguida:
– Traga-o para mim.
A porta foi aberta e por ela entra Hiro trazendo consigo, um garoto loiro e franzino. O menino se mantinha de cabeça erguida. Encarava a todos nos olhos, sem desviar o olhar. Não demonstrava medo. Seus olhos azuis eram opacos e sem vida. Hiroshi se aproximou do garoto, a figura imponente do Oyabun, assustaria qualquer pessoa, mas o garoto permaneceu imparcial. O líder se aproximou ainda mais, e se abaixou para ficar da sua altura, olhando no fundo daqueles olhos azuis. Sorriu ladino e disse a Kazuya:
– Me diga Kazuya, o que você vê quando olha dentro desses olhos?
O mais novo não entendeu o que o seu líder quis dizer, e apenas permaneceu calado. Hiroshi sorriu novamente, e antes de responder a sua própria pergunta, sentiu algo furando o seu pescoço. O loirinho retirou do bolso da bermuda um caco de vidro e pressionou na jugular do mais velho. Olhando nos olhos perolados do homem ele disse com a voz infantil, porém firme:
– Se mi tocchi ti ammazzo, figlio di puttana. Non ho paura di morire, ma ti porto con me (Se encostar em mim eu te mato seu filho da p**a. Não tenho medo de morrer, mas te levo junto comigo). Kazuya e seus homens puxam suas pistolas e suas katanas e se aproximam do garoto. Hiroshi sorri e levanta o braço os impedindo. Encara os olhos azuis do garoto e responde:
– Ho altri progetti interessanti per te, ragazzo (Tenho planos mais interessantes para você meu garoto…).
Se afastou do garoto, que recuou sem cortar o contato visual. Olhou para Kazuya novamente e completou seu raciocínio anterior:
– Nada Kazuya. Sem medo, sem arrependimento, sem remorços… Olha aí o seu substituto.
Kazuya entendeu o que seu líder quis dizer.
– Leve-o, treine-o , transforme-o. Precisarei dele no futuro. Agora, já que resolveu tudo, vou me recolher. Marque uma reunião com todos amanhã às 10:00 horas, preciso deixar bem claro o que o Oyabun faz com traidores.
Kazuya concordou com a cabeça e saiu da sala com o garoto. Naquele momento, descobriu o que sentiu quando olhou no fundo dos olhos azuis do menino.
Sentiu medo.
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O mais velho levou o garoto até o centro de treinamento. Assim que chegou ao local, foi recebido por Tadashi, um espadachim que era responsável em treinar os novos integrantes da família. Tadashi olhou para o garotinho com pesar. Ficou sabendo o que a Koda havia feito com sua família. O garoto, que até então não tinha nome, se aproximou e estava determinado a treinar para matar aqueles que ceifaram a vida dos seus pais.
– Tadashi… – disse Kazuya olhando nos olhos do professor. – Treine-o. Ensine Taijutsu, ninjutsu e as artes secretas dos samurais. Ensine-o a manipular uma katana e facas. Depois, chame Yoshiro e peça para ensiná-lo a atirar. Ele é o protegido do Oyabun, e nosso mestre tem planos futuros para ele. --- O mais velho apenas concordou com a cabeça e perguntou:
– Como ele se chama?
Kazuya olhou nos olhos do garoto, que mantinha uma postura fria e impassível e disse:
– Kyūbi…
Kyūbi - É uma lenda japonesa comum no japão. Sua imagem simboliza inteligência, sabedoria e, de acordo com relatos contidos em várias lendas a seu respeito, são animais com poderes mágicos (místicos), sagrados ou amaldiçoados. As Kitsunes, mantém as suas promessas, e se esforçam para retribuir um favor. São fiés, poderosas e perigosas. É melhor mantê-las sempre ao seu lado.
A descrição perfeita para o que Kazuya via no garoto.
OITO ANOS DEPOIS.
Os anos foram passando, e Kyūbi ia se destacando cada vez mais. Sua força, sua determinação e sua sede de vingança, eram o seu maior incentivo. Treinava dia e noite. Trabalhava o seu corpo e sua mente. Como uma adolescente, ficou distante de farras, bebidas e mulheres. Seu objetivo principal era se vingar.
No início, teve dificuldade para se acostumar com a língua diferente, mas como sempre foi um garoto inteligente, se adaptou ao japonês com facilidade. Esqueceu seu antigo nome e sua antiga vida. Era apenas Kyūbi, integrante da família Yakuza, a quem devia a sua vida.
Quando atingiu seus vinte e dois anos. Já estava pronto. Seu ritual de iniciação já tinha sido concluído. jKyūbi já trajava no corpo, as sete tatuagens que o intitula m****o da yakuza. Estava pronto para ficar cara a cara com o assassino dos seus pais.
– Kyūbi… tem certeza que não quer que eu vá com você meu amigo? – disse Daiki, seu melhor amigo e parceiro de treino. O loiro olhou para o amigo e disse seriamente:
– Tenho Daiki. Quero que a única imagem que esse desgraçado tenha antes de morrer, sejam meus olhos. – disse o loiro com convicção.
Daiki sabia que se existia alguém que seria capaz de penetrar no território inimigo e matar no silêncio da noite, seria Kyūbi. O loiro se preparou e saiu como um fantasma na noite. Finalmente, após dez anos, teria a sua vingança.