HELOISA NARRANDO
acordei horas depois de uma surra e de longe ouvi a bruna chorando. senti todo meu corpo doendo e mesmo assim fiz o esforço de levantar pela minha filha. O nojento do pai dela tá dormindo drogado na cama e vai ser agora ou nunca.
Peguei uma bolsa de roupa e comecei a colocar algumas peças de roupas na bolsa, corri até o quarto da Bruna que chora com umas marcas no corpo, esse desgraçado sempre faz isso, ele me desmaia de tanto me bater e depois ele bate na minha filha.
Victor: manda essa maldita criança calar a boca Heloisa, eu não aguento mais ela chorando o tempo todo.- ele fala e entra no quarto dela e me pega com a bolsa nas costas e a bruna no colo.- tá achando que vai pra onde sua inútil, você não tem aonde cair morta sua desgraçada, vai guardar essas roupas que tá só perdendo seu tempo e eu já estou com fome, anda vai fazer comida.
Heloisa: não, eu não aguento mais essa situação, eu tô saindo com filha dessa casa e você não vai me impedir.- eu falo pra ele que vem respira fundo.
Victor: já falei pra me obedecer sua vagabunda do c*****o, já disse que você nunca vai sair daqui, eu sou seu marido, eu mando em você e minha filha não sai da minha casa.- ele fala e eu respiro fundo colocando a bruna no berço.
Heloisa: eu não vou ficar aqui, não quero mais nada com você.- eu falo pra ele que vem pra cima de mim, ela saiu me arrastando até nosso quarto e começa uma nova sessão de porrada, só que dessa vez eu cai na cama e me lembrei da arma que ele guarda em baixo do travesseiro.
Puxei ela de lá e destravei fazendo um único disparo. Agora pronto, ele nunca mais colocara as mãos em mim outra vez, eu só tô aqui esse tempo todo porque ele me tranca aqui e eu não consigo sair. A maioria das surras são porque tô sempre tentando fugir e já chegou num ponto que eu não suportava mais toda essa situação.
Levantei vendo ele caído no chão com um tiro na cabeça, aí meu Deus e agora o que eu faço? Preciso fugir daqui com a minha filha, mais agora que ele tá morto, preciso limpar minhas evidências de que fui eu. Arrastei ele e com muita dificuldade subi ele pra cima da cama, joguei ele de lado, assim faz parecer que ele mesmo atirou, limpei a arma e coloquei na mãos dele com a ajuda de um papo.
Depois eu limpei todo o chão pra não aparecer que foi em outro local o tiro e o corpo movido, as horas em casa assistindo série policial, me ajudou muito nessas horas. Minhas mãos tremiam cheias de sangue e eu ainda não acredito que fiz isso. Quando terminei de limpar tudo eu fui pro quarto da bruna e peguei ela, a bolsa e agora que ele tá morto, peguei o dinheiro que tava na carteira dele, não era muito mais vai me ajudar a chegar em algum lugar.
Esperei ficar bem tarde e sai da casa com a minha bebe bem enrolada na coberta pra não pegar friagem, agora preciso sair daqui e ir pra outro lugar. Minha mãe me falou tanto que ele não era homem pra mim e quando ela morreu eu não tinha pra onde voltar e ele se mostrou ser exatamente a pessoa que ela sempre me alertou. No começo tudo era flores, chocolates, saímos quase toda noite. Mais depois que eu engravidei ele começou com as agressões dizia que não era pra mim ter engravidado que ele não queria filhos, que eu fui egoísta e que ele só queria me dar o mundo.
Quase todos os dias era um surra diferente na intenção de me fazer ter um aborto, ele me trancou dentro dessa casa durante 3 anos e depois que a bruna nasceu, tudo piorou, se é que isso era possível. Quando a minha menina chorava ele ficava doido, não queria que ela se quer resmungasse, não chegava perto dela e quando chegava era sempre pra dar um tapa. Eu sempre fazia tudo antes dele chegar em Casa, porque assim ele não teria motivos pra fazer nada com ela porque eu poderia ficar com ela e não deixar ela chorar.
Agora chega, eu me livrei dele e nunca mais minha filha vai passar por nada disso, ela é a melhor coisa da minha vida, e sempre vai ser minha prioridade. Nos moramos no interior do Espírito
Santo e isso vai me ajudar porque já que ele não me deixava sair e nossa casa era afastada de outros vizinhos, ninguém sabe de mim.
Quando minha mãe morreu, ela me falou de uma tia que morava no Rio de janeiro. Ela é irmã do meu pai e minha única parente viva, eu me lembro pouco coisa dela, mais acho que ela vai poder me ajudar.
Comprei uma passagem pro rio de janeiro de ônibus mesmo, e em poucas horas eu estava na estrada me libertando de tudo o que passou e deixando pra trás tudo o que aconteceu e me prendia aqui. Possa ser que algum dia alguém descubra, mais até lá, minha filha vai estar bem e segura e não vai mais correr risco nenhum.
Aproveitava as paradas pra trocar a bruna e comprar alguma coisa pra ela comer, Vitor estava com 3 mil na carteira e isso vai nos ajudar a conseguir pelomenos pagar um hotel ou um aluguel em algum lugar. Desembarquei no Rio de janeiro e peguei o número da minha tia que minha mãe havia me dado, ela atendeu no segundo toque e quando ouviu que era eu, ficou muito feliz de me encontrar. Expliquei minha situação pra ela alterando alguns detalhes e ela disse que mandaria a Yasmin vim me buscar aqui de carro.
Esperei durante 30 minutos e logo um carro muito bonito parou do meu lado e quando o vidro abaixou era a Yasmin com um sorriso de orelha a orelha.
Yasmin: ai meu Deus, você não falou que tinha essa coisa fofa junto com você.- ela fala assim que eu entro no carro com a bruna.
Heloisa: essa é minha bebê, ela tem 3 anos.
Yasmin: e uma princesa linda, minha mãe vai ficar muito feliz de conhecê-la, ela ama crianças e vive me dizendo que tá na hora de dar um neto a ela. - ela fala fazendo cara de paisagem.
Heloisa: será só por um tempo tá bom, só até eu conseguir me estabilizar, achar um emprego e poder seguir minha vida com ela.
Yasmin: fica em paz, se quiser posso te ajudar com o emprego, mais chegando lá te conto mais sobre.- ela fala e eu fico bastante empolgada com isso, nova cidade, nova vida e que Deus tenha misericórdia de mim depois do que eu fiz.