Bonnie Dimou
Depois da última reunião com o meu chefe, já se passou semanas e escolhi várias peças, para que ele possa escolher a que seria a melhor para o evento, hoje apresentarei as peças e mais tarde terei a primeira reunião com o dono da coleção particular, sei que é o filho de um amigo do meu pai, mas não consigo me lembrar dele, talvez seja porque sempre fugi para que os amigos do meu pai me vissem, ele tem uns amigos “diferentes”, e não faço muita questão que eles me conheçam.
Chamo a Silvia, minha secretária e peço para que ela informe ao diretor que já estou indo até a sua sala para lhe apresentar as peças que escolhi do nosso arsenal, ela volta a sua mesa e espero mais algum tempo quando ela me retorna.
— Bonnie, ele já está à sua espera na sala. — Ela faz uma careta que me faz rir, ninguém gosta do diretor do museu.
Pego o catálogo e vou até à direção da sala dele e que Deus me proteja, porque sei que toda vez que entro nesta sala a minha vontade é de matar esse homem, o Senhor Pappas é um velho asqueroso que só se se interessa em encher seu bolso, nosso museu era o mais famoso de todo o Mediterrâneo com muitas peças únicas e o maior acervo egípcio com direito a uma ala inteira para a coleção, mais desde que ele assumiu o cargo parece que tudo desandou, as finanças estão indo de m*l a pior.
Mais respiro fundo e vou encarar esse abutre velho.
— Bom dia! Senhor Pappas, eu trouxe essas três peças aqui… — Sou direta com o assunto, quanto mais rápido sair daqui será melhor, separei duas cerâmicas, um em forma de vaso e outra parecendo um prato com vários desenhos, a mais valiosa do nosso acervo e a Máscara de Agamenon… — E fico na expectativa que ele faça a escolha.
— No seu ponto de vista, Senhorita Dimou, qual você escolheria? — Ele me olha e sinto que ele quer minha opinião, não como historiadora.
— Depende muito, se eu estivesse no seu lugar e soubesse a situação que o museu está eu lhe diria sem pensar duas vezes qual seria a melhor, mais infelizmente não estou, porque lhe garanto que a situação estaria bem melhor do deva está agora, mas enfim, lhe darei a opinião que o senhor me pediu, se a situação do Museu não for assim tão mau sugiro a Ânfora não é tão valiosa, mas irá conseguir um bom valor pelo arremate dela, agora se a situação estiver tão r**m recomendo a Máscara, é uma peça com o valor inestimável, a última avaliação estava na casa de mais de cem milhões de euros, então a sua escolha será em cima de como está a situação financeira do Museu. — Respondo a ele sem pensar duas vezes, porque essa função de escolher é dele e não a minha e não vou deixar, de jogar na cara dele o quanto a administração dele do Museu é péssima.
Olho para ele e vejo que está tão vermelho de ódio que as suas mãos apertam o braço da cadeira, será que se ele morrer por um infarto consigo assumir o seu lugar?
— A senhorita adoraria estar no meu lugar não é?, mais sinto-lhe informar que essa cadeira aqui onde estou com o meu r**o sentado nunca será sua, a Coordenação de Artes Grega exige que o Diretor do Museu seja casado, que tenha família, e até onde todo mundo aqui dentro sabe, essa não é sua ambição, porque é burra demais para aceitar se casar e tentar tomar o meu lugar. E sobre as peças que você me trouxe, prepare as documentações da Máscara, agora retire — se e feche a porta.
Saio da sala dele bufando de ódio, velho, asqueroso, burro, corrupto, canalha, i****a…
Xingo ele com vários palavrões até me acalmar, vou até a copa e preparo um chá de camomila, não sou muito adepta a chá, mas estou nervosa demais e se eu ver esse velho mais uma vez hoje taco nele a primeira coisa que eu estiver na mão.
— Eita, Bonnie o que houve que está no chazinho e sem contar que a fofoca que está rolando é que você declarou guerra contra o Senhor Pappas. — Fico rindo e respiro fundo, e tento contar o que houve.
— John ele me chamou de burra, por não querer me casar e tomar a cadeira onde ele está, mais antes dei a entender que ele é muito mais burro ou corrupto demais para deixar a situação do Museu chegar ao ponto de ter que leiloar peças extremamente valiosas para não ter que fechar a ala egípcia. — Meu amigo me olha como se tivesse perdido literalmente a cabeça.
Estamos sentados na copa conversando e a minha assistente chega dizendo que o meu pai ligou e pediu que eu fosse até a empresa olhar alguns documentos, e que o dono do acervo particular chegou para que eu possa catalogar as peças que ele havia trago consigo.
— Obrigada Sílvia, estou indo em alguns minutos, só preciso terminar esse chá e me acalmar um pouco, diga a eles que me aguardem só um pouco. — Ela fica rindo e começa a encenar um calor interno e ficamos rindo da postura dela.
— Tudo bem, encaminho eles até a sala de reuniões e começarei a colocar as peças na mesa para você poder avaliar melhor. — Agradeço por sua ajuda, e fico imaginando se o cara é realmente tudo isso.
— Obrigada por me ajudar Sílvia, daqui a pouco estou subindo. — Ela se retira e volta a dar atenção ao John.
— Bonnie, a situação tá tão r**m assim? — John me pergunta com um rostinho assustado, ele é um rapaz novo, muito simpático, loiro um pouco mais alto que eu nos meus 1,68 de altura, um corpo malhado, mais o que poucos sabem é que ele não sente atração por mulheres apenas por homens e ele ainda não conseguiu se assumir para ninguém, percebi apenas em um dia que decidimos sair para beber e quando ele já estava bêbado demais ele começou a dançar com outro homem e de repente estavam na maior pegação.
E então ele me contou que aquela havia sido a primeira vez, que havia gostado muito, diferente de quando ele esteve com uma mulher que ele não sentiu nenhuma atração, fico triste pelo meu amigo e espero que ele consiga encontrar alguém que o ame.
— Está, sim, John, pudemos perder todas as peças, em consequência a ala completa de exposição. — Seria terrível perder todas as peças egípcias. — É John, está na hora de ir lá catalogar as peças e tentar salvar os nossos empregos.
Saio da copa e passo na minha sala, pego algumas coisas que preciso e arrumo um pouco da minha aparência, retoco a maquiagem e estico a minha saia lápis, os meus cabelos ruivos estão com os cachos lindos bem definidos.
Saio da minha sala e entro na sala de reuniões com 3 homens lá dentro, sendo um deles o amigo do meu pai, o senhor Spanos.
— Boa tarde a todos, desculpa a demora, mas tive um importuno e precisei resolver. — comprimento a todos e tento ser o mais amável possível depois da raiva que tive com o meu chefe.
Me aproximei e cumprimentei os outros dois homens e um deles, o mais bonito, me olhava de uma forma diferente, mas não dei muita atenção. Me aproximei do Senhor Marius e dei um abraço.
— Boa tarde querida, quanto tempo que não lhe vejo, só lhe vejo pelas fotos que o velho do seu pai me mostra, vejo que você está muito bem, e uma linda mulher. — Fico constrangida sempre que ele fale assim comigo na frente de estranhos, mas sou acostumada quando estamos somente em família.
— Como sempre um galanteador não é mesmo senhor Marius, no próximo chá que a minha mãe me convidar irei falar isso para a sua Maitê. E como está a família, conseguiu dar um jeito no seu filho… — Sorrio para ele e vejo ele olhar para alguém atrás de mim, e percebo que o tal filho é aquele atrás de mim, ouço uma leve tossida e me viro rapidamente e estendo a minha mão.
— Acredito que já tomei jeito, sim, senhorita Dimou, prazer me chamo Alex Spanos.
Ele me dá um sorrisinho de canto de boca e só agora percebo que ele é lindo, alto, bem mais alto, mesmo calçando meu lindo salto de 15 cm, mantenho a mão estendida para o cumprimentar, mais ele a pega e a beija olhando em meus olhos e minha bochechas esquentam, certeza que estou vermelha igual um tomate.
— Desculpe a inconveniência, eu conheço o seu pai desde menina e não me lembro de você e convenhamos ele sempre disse o trabalho que você dava. — O senhor Marius explode em uma gargalhada e o advogado que os acompanhava também.
— Vejo que você não mede o que fala, acredito que terei muito prazer em trabalhar com você, senhorita. — Alex fala me olhando nos olhos.
Sinto que as suas palavras têm duplo sentido, o que me deixa ainda mais constrangida, e que o Senhor Marius estava observando a nossa interação, sentado e sempre calado, apenas o Alex interagia comigo.
Assim seguimos nossa reunião, Silvia me avisa novamente que o meu pai me ligou pedindo que não esqueça de ir até o escritório, estranho essa insistência dele para que eu vá até lá.
— Silvia, se ele ligar mais uma vez, diga que estou em reunião com o Senhor Spanos e que ele leve os documentos para casa que vou lá mais tarde. — Ela se retira da sala e olha mais uma vez para que estava comigo e fica rindo, a mulher é uma safada.
Volto minha atenção a minha reunião pedindo desculpas aos senhores e vejo que o senhor Marius está no telefone, e continuo falando sobre cada uma das peças e suas histórias e estipulando algum valor a cada uma.
Mais vira e mexe, vejo que o Alex me observa com muito mais intensidade e vejo que ele se movimenta conforme ando pela sala, enquanto os outros dois homens apenas observam a nossa interação.