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1572 Words
BRENDA Desço os longos degraus da escada caracol e caminho até a cozinha pegando uma fruta. Olho em volta daquela gigantesca cozinha toda revestida com pastilhas de vidro nas cores marfim e branco sentindo uma certa alegria ao pensar que muito em breve tudo isso e muito mais irá me pertencer. Dou uma mordida na maçã argentina e mastigo tranquilamente me deliciando com o sabor adocicado que somente uma fruta de qualidade pode nos proporcionar. Por um milagre a casa estava silenciosa como há muito tempo não via. Será que enfim encontraram algo melhor para fazer do que bisbilhotar a vida uns dos outros? Penso enquanto abro o refrigerador de inox pegando um iogurte desnatado e abro tranquilamente colocando algumas granolas que retirei de um pote de cristal desposto no tampo de granito do armário aéreo que tinha acima da pia. Puxo uma banqueta na cor branca que havia junto à ilha sentando logo em seguida. Vagarosamente começo a comer o iogurte e quando estou na última colherada sinto alguém se aproximar. Um perfume cítrico toma conta do ambiente me causando náuseas no mesmo instante. Permaneci imóvel terminando a minha primeira refeição da manhã quando faço menção à levantar do lugar e sinto uma mão asquerosa segurar o meu braço. Olho por cima do ombro arqueando a sobrancelha puxando meu braço no mesmo instante sem dar importância à sua presença. Deixo o copo do iogurte vazio em cima da ilha e saio mordendo a maçã quando ouço àquela voz anasalada irritante. — Será que não sabe o que se deve fazer quando terminamos de comer empregadinha? — ela diz num tom irônico — Claro que sei minha querida! Deixamos no mesmo lugar para que os empregados limpem. Afinal essa é a obrigação deles e para isso que estão sendo pagos. Não é mesmo? — retruco a altura — E você é o que nessa casa queridinha? Que eu saiba àquele que te protegia já não está entre nós há muito tempo. Ou estou enganada? — a maldita Carmen diz num tom de superioridade — O que sou ou deixo de ser não lhe diz respeito senhora! O seu falecido pai deixou bem claro no testamento que eu teria todo o direito de continuar morando dentro dessa casa e usufruindo de todo esse conforto como se fosse um m****o dessa família. Então a senhora gostando ou não sou considerada também uma Montreal. — digo sarcástica — Uma montreal???? Não seja ridícula. Pode estar vestida de ouro, mas nunca deixará de ser uma mera empregadinha. Se ainda não te coloquei para fora desta casa é simplesmente por duas razões. A primeira é por consideração à sua mãe que é uma mulher única e não tem culpa de ter uma filha ordinária como você. E em segundo lugar por esse maldito testamento que meu pai em sua insanidade ousou te adicionar. Mas, Gregorio já está cuidando disso junto aos nossos advogados e muito em breve conseguiremos anular esse testamento alegando falta de lucidez por parte do meu pai. Pois, nenhum homem cursando de suas faculdades mentais colocaria alguém tão imoral no seu próprio testamento. — ela diz com sua cabeça erguida me olhando com desdém — Queridinha não seja ridícula, mais do que você já é viu. Aceita que dessa vez você não foi a preferida dessa família, desce desse pedestal de rainha e toda poderosa, porque agora meu bem esse lugar muito em breve terá uma nova dona. — falo pegando meus óculos e novamente ela segura firme no meu pulso me fazendo perder o controle — Você é uma atrevida e abusada. Infelizmente esse maldito documento me impede de te expulsar dessa casa, mas muito em breve você terá o que realmente merece. — O que realmente mereço? Tem certeza que poderá me oferecer? Essa mansão ou um palácio? — falo sarcástica tentando puxar o meu braço, porém ela segura com mais força — A SARJETA!!!! CRETINA!!! — ela responde com fúria — Isso nós veremos querida! Vamos ver quem vai rir por último... Você... uma velha acabada e caquética ou eu... uma jovem linda, gostosa, deliciosa e que deixa qualquer homem louco... principalmente o seu marido... — DESCARADA!!! SAFADA!!! COMO PODE FALAR ASSIM DO MEU MARIDO BEM NA MINHA FRENTE??? NÃO OUSE SE APROXIMAR DO GREGORIO, SE NÃO... — SE NÃO O QUE SUA VELHA????? — retruco com altivez — EU MATO VOCÊ SUA CACHORRA!!!! Te destruo como um animal peçonhento sem dó ou piedade. Não brinque comigo Brenda, pois você não me conhece de verdade e não sabe de tudo o que sou capaz para proteger a minha família de tipinho como você. — AU... AU... AU... Que coisa feia! Uma mulher tão requintada e digna descendo ao nível das empregadinhas? Que feio dona Carmem! Agora a senhora terá que batalhar bastante para que seu filho e marido acreditem que sou uma pessoa tão má e perversa quanto a senhora diz. Mas, vou logo avisando que será muito trabalhoso, porque para eles e todos os outros nesta casa sou quase uma freira de tão boa menina que sou. E por essa razão até providenciaram uma comemoração à altura pelo meu aniversário. Aliás tenho que lhe agradecer meu bem, realmente tudo está perfeito do jeito que a filha da empregada aqui merece. Mas, dessa vez os papéis acabaram se invertendo, pois enquanto eu me deliciava com seu filho no meu quarto a senhora trabalhava para que tudo saísse perfeito no meu dia. Vai acostumando queridinha porque isso acontecerá muitas outras vezes. — falo caminhando e novamente ela segura meu braço me puxando com força — Sua desgraçada! O que você estava fazendo com o meu filho? Por sua culpa Jorge largou faculdade, trabalho e tem a cada dia se afundado no vício do álcool se transformado num verdadeiro alcoólatra. Agora a pouco Alice saiu aos prantos dessa casa e não compreendia o motivo. Mas, nesse momento consigo compreender tudo. Você é a razão da nossa desgraça, desde que entrou nessa casa só tem nos destruído pouco a pouco e ninguém nunca percebeu isso. — ela fala segurando firme no meu braço e a encaro em fúria — Já lhe disse para não tocar no meu corpo. Será que além de velha é surda??? Se não soltar imediatamente vai se arrepender. — falo a encarando trincando o maxilar em fúria — O que vai fazer??? Me matar??? Pois é somente isso o que falta, porque a sua verdadeira face eu conheço desde o dia em que colocou os pés nessa casa e tem cometido uma desgraça atrás da outra. — ela fala com altivez — Vontade não me falta senhora, mas jamais sujaria as minhas mãos justamente no dia do meu aniversário. Sei que é isso que a senhora deseja, mas não irei me sujeitar a sua vontade. — Tudo bem por aí senhora? Precisa de alguma ajuda? — João o mordomo se aproxima carregando um jarro de flores — Não João! Está tudo bem e pode continuar o seu trabalho. Por aqui eu mesma resolvo. — Tudo bem senhora. Com licença! — João se retira e me olha sorrindo percebendo tudo o que estava acontecendo — E você empregadinha é melhor ficar com os olhos bem abertos, pois a sua hora vai chegar. — ela diz segurando novamente meu braço — Já disse para me soltar ou vai se arrepender senhora. — O que pretende fazer queridinha? — Vou fazer ISSOO... — puxo o meu braço e com minhas duas mãos a empurro com força fazendo a mesma perder o equilíbrio sobre o jarro de flores que João havia deixado no chão e batendo com a cabeça na quina da mesa de granito da cozinha. Olho em volta sentindo uma certa alegria ao notar que justamente a pedra que havia no meu salto estava com o corpo completamente imóvel aparentando ser um cadáver e principalmente ao olhar para sua cabeça notando fragmentos de sangue que o seu cabelo loiro deixava evidente. Me agacho bem no ouvido dela e sorridente digo como se pudesse ouvir. — Isso é só o começo senhora. A descarada aqui vai triunfar antes menos que imagina, porém é uma pena que não estará aqui viva para presenciar o meu reinado ao lado do meu neném. Ou seja, o Greguizinho. Me levanto pegando o óculos de sol e colocando sobre o rosto. Transpasso meus pés sobre seu corpo pálido e caminho em direção a saída onde dava acesso à piscina. Mas, antes de sair completamente da mansão pude ouvir os gritos dos empregados quando se deparam com a patroa caída no chão revestido de taco da cozinha, que mais pareciam espelho de tão bem ilustrados que eram. Sigo meu caminho triunfante, com um leve sorriso nos lábios e na esperança de boas notícias, principalmente de um breve funeral. Caminho até a área de lazer, retiro minha saía ficando somente de biquíni e sento numa espreguiçadeira aproveitando um pouco o Sol. Fecho os olhos e ouço a voz de João no meu ouvido me fazendo sorrir: — Parabéns minha rainha! A hora da megera está quase chegando. Esse plano foi perfeito, logo você estará no lugar que lhe pertence e terá tudo o que merece. João se levanta seguindo seu caminho e eu permaneço ali deitada aproveitando o meu belo dia de aniversário. Que por sinal está sendo perfeito e saindo muito melhor do que havia planejado. >>Leu? >>Curtiu? >>Comenta
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