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3197 Words
Gregório Parece que hoje foram os dias dos contratempos e tropeços. Primeiro nada saiu como o esperado nos negócios e quando chego em casa me deparo com àquela visão na piscina. E logo em seguida minha mulher resolve justamente hoje se acidentar dentro da própria casa. Será que é pedir muito que use calçados antiderrapantes dentro dessa maldita casa? Será que ela não percebe que já é uma mulher de idade avançada e os riscos com acidentes domésticos podem sempre acontecer? Que merda! O que não somos capazes de fazer para manter um padrão de vida digno e não permitir que sua família sofresse com um escândalo??? Literalmente somos capazes de tudo, até mesmo casar com uma mulher feito à Carmem. Subo os degraus da escada e não consigo tirar àquela imagem da minha cabeça. Como uma mulher pode ser tão linda quanto à Brenda? Chega a ser até pecado uma perfeição daquelas nesse mundo. E o que eu acho mais incrível é que nunca soube que tenha tido algum romance com alguém. Realmente isso é muito estranho, pois uma mulher como ele com certeza deve ter milhares de pretendentes. Mas, talvez tenha algum em especial e por essa razão nunca nos apresentou ninguém. Porém sou um homem casado e nada disso me diz respeito. Já tenho problemas demais na minha vida para me meter ou procurar por outros mil vezes maiores como me interessar por uma outra mulher. Especialmente uma como a Brenda. Que para agravar ainda mais a situação mora na mesma casa do que a minha esposa, que me atormenta à todo instante para pôr um fim nessa situação. Logo nada é o que parece ser, e muito menos tão fácil e prático como a Carmem imagina. O testamento do velho Vicente é legítimo e seria praticamente impossível anular. Ainda mais por ele ter assinado corretamente e diante de duas testemunhas. Isso complicou muito a situação e com certeza Carmem quando souber tentará criar uma guerra para tentar desfazer. Mas, será a última vontade do seu pai que prevalecerá, ela gostando ou não. Termino de subir a escada chegando no quarto onde Carmem dormia. Saio dos meus pensamentos com a voz do João me dizendo que precisava se ausentar para resolver alguns assuntos pendentes sobre à festa de logo mais a noite. Ainda existe essa história de festa que infelizmente não poderei anular. Dou permissão para ele se retirar e torno a olhar para Carmem. Ela estava deitada em sua cama e aparentemente parecia estar tudo bem. Sua respiração era tranquila e ao me aproximar noto que seus cabelos estavam um pouco manchados de sangue, consequentemente causado por conta da pancada. Somos casados há quase vinte anos, porém nunca dormimos sequer um único dia no mesmo quarto. Isso por decisão da própria Carmem. Pois, eu sempre acordo as seis da manhã para fazer meus exercícios e logo em seguida trabalhar. E ela sempre gostou de dormir tarde e despertar mais tarde ainda. Por isso, para evitar problemas conjugais dormiamos em quartos separados. O que para me sempre foi um grande privilégio, assim nunca precisava dar satisfações de nada à respeito da minha vida e muito menos o que eu fazia fora daqui. O que para alguns é estranho, para mim era um grande presente. Nunca tivemos relações sexuais frequentemente e de uns tempos pra cá raramente à procuro. Não sei explicar com exatidão o motivo desse nosso afastamento. No início a procurava por obrigação para cumprir com meu papel de marido. Mas, com o passar do tempo sempre que a procurava ela me evitava com alguma desculpa. O tempo foi passando e fui me acomodando à situação. E hoje a vejo como uma mera companheira e nada além disso. Sento na poltrona que havia bem a sua frente e ali permaneço por algum tempo pensando em tudo o que a minha vida se tornou. Sempre fui um jovem alegre, de bem com a vida e preocupado unicamente em concluir os meus estudos para logo em seguida me casar com Nancy, minha única namorada que Cristóvão, meu irmão não ousou tocar. Infelizmente tudo o que era perfeito desmoronou logo após toda àquela tragédia e para evitar um grande escândalo me casei com Carmem. Somente hoje percebo a grande loucura que cometi satisfazendo o desejo do meu pai. Mas, infelizmente existem coisas em nossas vidas que não podem ser mudadas ou revertidas. E esse maldito casamento de fachada é uma delas. Permaneço pensativo entre os meus fantasmas e demônios do passado. Até que noto alguém se aproximando e movendo a maçaneta da porta de madeira branca. Ao olhar vejo que era meu irmão Cristóvão e para variar trazia com ele o seu sarcasmo de sempre. — O que houve com ela irmão? Pensei que dessa vez finalmente tivesse tido coragem de agir e ficado viúvo. — ele diz sorrindo se divertindo com a situação — Pare de piadas Cristóvão. Eu não a amo, mas também nunca desejaria a sua morte. — falo num tom baixo — Mas, sabe que a morte dela lhe traria muitos benefícios. Não é irmãozinho??? — ele diz sorrindo — As coisas não são tão fáceis assim como o padrinho e você pensa irmão. Esqueceu que tem o Jorge?? — digo quase num sussurro — Àquele bastardinho de merda??? Sabe que daríamos um jeito rápido de desaparecer com ele se você quisesse. Mas, como sempre você é um frouxo. — Cristóvão afirma e eu não tenho como negar. Realmente nunca tive coragem de enfrentar os meus problemas, sempre preferi colocar as vontades das outras pessoas à frente da minha e por essa razão vivo nessa vida de merda até hoje. Tudo isso por medo de expor quem eu realmente sou de verdade. — Não tenho coragem de fazer isso Cristóvão. Não sou um assassino e você sabe muito bem disso. Àquilo que aconteceu com Nancy foi um acidente. — falo caminhando até a porta e a fechando para impedir que alguém nos ouça — A única coisa que sei é que você sempre foi e sempre será um b***a mole de um sentimental. Isso sim! Ao invés de matar logo essa mulher e esse moleque ridículo, fica aí pagando de marido exemplar com esse sentimentalismo barato. Essa p***a de sentimento fode com a nossa vida irmão e tu sabe disso. — ele diz abrindo a maleta retirando o estetoscópio — Dá um tempo Cristóvão e faz o teu serviço como médico da família. Para todos os efeitos esse é o seu único papel nessa casa. E deixa que dos meus problemas cuido eu. — falo me afastando — E por falar em problemas você está com um dos grandes hein irmão. — ela começa a medir a pressão de Carmem enquanto me olha de lado — Do que você está falando? — pergunto arqueando à sobrancelha — Daquela empregada gostosa posando de patroa na tua piscina. Qual é? Tá pegando??? — ele fala sorrindo sinico — Cala essa p***a de boca. Respeita à Brenda cara. Ela é filha da Tereza e é como se fosse m****o dessa família. — Filha da governanta e vocês tratam como se tivesse o mesmo sangue? Ah! Conta outra Gregório. Logo você que sempre foi o maior pegador da nossa família pagando de politicamente correto??? — ele fala com desdém e isso me enfurece — Cala essa boca c*****o! Quer que alguém ouça a nossa conversa? Aqui nessa casa ninguém nunca soube do meu passado e assim tem que permanecer merda. — falo segurando sua camisa quase num sussurro — Beleza irmãozinho! Mas, que a tua empregadinha é a maior gostosa isso ela é viu. Se der mole traço ela sem pensar duas vezes. — Se você tocar na Brenda esqueço que somos irmãos e eu te mato filho da p**a. — falo segurando na gola da sua camisa — Ei... Ei... Ei... calma aí irmãozinho. Pra quem não tem coragem de matar alguém você está bem afoito hein!? Já entendi. Você quer exclusividade com a ninfetinha né!? Tudo bem cara, sabe que não sou apegado à essas coisas. Pode passar o todo primeiro e depois eu finalizo como sempre fizemos com nossas namoradas irmãozinho. — ele fala com irônia aumentando ainda mais a minha ira — Você é um desgraçado e um filho da p**a mesmo. Sempre foi um s*******o do c*****o e nem sei como conseguiu se formar em medicina. Realmente tem coisas nessa vida que não dá para entender. — falo descontrolado olhando em sua direção — A minha vocação profissional não tem nada haver com a minha vida s****l Gregório. Você é todo meloso e eu sou prático. Curto uma f**a, uma trepada gostosa e só isso. Tchau e bênção simples assim. Odeio mulher melosa depois de t*****r e essa tua empregadinha pelo visto é o meu encaixe perfeito. — ele fala mordendo os lábios como se fosse um animal imaginando o momento exato de abocanhar a sua presa. Isso em certo ponto me incomodava, porém não sabia o motivo. Talvez seja pelo fato de ter visto à Brende crescer junto ao Jorge e por de certa forma ter se tornado mais um m****o dessa família. — Já te disse pra não falar assim da Brenda cara. Respeita à garota. Ela nunca teve nenhum namorado. — volto a si respondendo à Cristóvão — Só falta me dizer que um mulherão daqueles é virgem. — ele fala surpreso — Pode ser cara. Nunca a vi com ninguém, ela sempre estudou e voltava direto pra casa quando saia da faculdade. Quem sabe realmente ela... — sou interrompido com o sarcasmo do meu irmão — Ah não! p**a que pariu Gregório. Se liga irmãozinho. Já se deixou levar pela ninfeta. Onde que uma mulher daquelas ainda seria virgem??? Você só pode estar delirando mesmo cara. No máximo ela tá procurando algum o****o que caia na sua rede e a sustente pelo resto da sua vida. Ou será que ela já encontrou? — ele pergunta olhando em minha direção e fico furioso com sua suposição — Termina logo esse serviço p***a! E vê se para de encher à minha paciência e falar merda nesse c*****o. Não é pra isso que te pago todos os meses. Falo em fúria me afastando e encostando na janela do quarto enquanto Cristóvão terminava o seu trabalho. Abro as cortinas de algodão com estampas florais que davam acesso direto para a área de lazer da mansão. Fico admirando toda a decoração da festa que estava perfeita por sinal, realmente Carmem sempre foi excelente com produção de festas e ao virar o olhar para o lado noto que havia alguém nadando na piscina. Engulo em seco extasiado com o que vejo, era ela... A Brenda nadando linda e perfeita como uma sereia dentro daquele minúsculo biquíni. Meu corpo logo dá sinais de desejo e meus pensamentos voam sem que possa eu controlar. Permaneço ali boquiaberto admirando toda àquela beleza quando saio do meu transe com a voz do Cristóvão me chamando e me fazendo lembrar de imediato quem eu sou nessa casa. — Gregório acho melhor levarmos a Carmem à um hospital. — ele diz num tom preocupado — A pancada foi tão grave assim? — pergunto assustado — Aparentemente ela está bem, mas nunca sabemos se a queda causou algum dano neurológico irmão. Pela idade avançada todo cuidado é pouco e tudo pode acontecer irmãozinho. Uma queda desse tipo para um idoso pode até ser fatal. — ele fala guardando o estetoscópio e retirando um bloco com algumas folhas — Mas, como vou fazer isso se hoje teremos uma festa aqui em casa? E os convidados? O que faremos? — me afasto colocando as mãos sobre a cabeça — Nossa irmãozinho! Pelo visto essa empregada mexeu mesmo contigo hein. Em outros tempos você não cogitaria a possibilidade de sequer deixar para socorrer a sua esposa em poucos minutos. Agora coloca uma festa em primeiro lugar. É... Realmente você mudou e muito Gregório. Não duvido que logo seja até capaz de coisas piores por essa mulher. — ela fala e me deixa ainda mais nervoso com àquela situação — Para de encher meu saco p***a! Só estou preocupado em perder dinheiro e ainda por cima ter que cancelar tudo isso por algo que você mesmo disse que não passam de suspeitas. — Ai... aí... minha cabeça... — Carmem começa a se queixar de dores e olho para Cristóvão preocupado — Viu só... Ela já está acordando. Então não precisamos leva-la às pressas. Receita um analgésico para dor e pronto. — tento ser o mais prático possível e Cristóvão me olha desconfiado — Vou deixar os exames prescritos nessa ficha e o horário dela agendado no laboratório amanhã no primeiro horário. E também deixarei essa receita com dois medicamentos, um é analgésico e o outro só recomendo que dê em caso dela se queixar de muita dor. Por ser tarja preta misturando com outro tipo de medicamento pode causar efeitos colaterais como por exemplo alucinações. — ele fala prescrevendo à medicação — Tudo bem. Me dê essa receita que vou mandar um dos empregados comprar agora mesmo. — respondo olhando Carmem se mexer na cama — Ainda acho melhor eliminarmos essa mulher de uma vez por todas. Você se livra desse peso morto e de quebra dá uns amassos na gostosinha da filha da empregada sem nenhum remorso. — ele fala tranquilamente enquanto prescreve a receita — Vai se fuder! Termina de preencher essa merda e sai daqui. — falo nervoso — Não sei pra que todo esse estresse. Toma a receita e logo mais eu tô de volta pra curtir essa festança toda. — Você vai vir? — pergunto assustado por ele nunca ter vindo antes à nenhuma festa na mansão — Tu ainda tem alguma dúvida p***a? Acha mesmo que vou perder a oportunidade de fuder com uma aniversariante deliciosa daquelas???? — Você é um pervertido! E já te disse pra ficar longe da garota ou tu vai se arrepender Cristóvão. — Sou sincero, o que é muito diferente irmão. Não sou como você que se esconde por trás desse terninho de grife somente pra mostrar aos outros tudo o que você nunca foi. — Gregório... amor... Você está aí??? — Carmem tenta abrir os olhos porém não consegue e apenas estica o braço à minha procura — Sim Carmen. Estou aqui ao seu lado. Como se sente? — Minha cabeça doi muito e tudo está girando. Onde estou? Já é noite? — ela pergunta confusa — Está em nosso quarto. Continue deitada que logo te darei um analgésico que Cristóvão receitou. — Cristóvão???? O que ele faz aqui? E porque está tudo escuro??? — ela pergunta aflita e olho assustado para Cristóvão — Ele veio te examinar querida. Não lembra como tudo aconteceu? Você foi encontrada caída desacordada no chão da cozinha depois de uma queda. Bateu a cabeça e por essa razão sente essa dor. Mas, o quarto está tido iluminado e ainda são duas horas da tarde. — falo enquanto seguro na sua mão — Não consigo me lembrar de nada. Minha cabeça doi muito. Esta tudo escuro. Onde está o papai? — ela pergunta ainda segurando a minha mão olhando para o nada — Que brincadeira é essa Carmem? — pergunto sem compreender — Como assim? Não estou brincando, o papai estava aqui comigo à alguns instantes, mas ele saiu e não voltou. E agora não enxergo nada além de uma escuridão sem fim. Estou com medo Gregorio... com muito medo. — ela me abraça com força e tento acalma-la — Acalme-se! Tudo vai ficar bem. Logo faremos exames para saber o que pode ter ocasionado essa falta de visão. Olho para Cristóvão preocupado com toda essa situação e fico sem saber o que fazer ou dizer. Será que é possível que pela pancada Carmem possa estar tendo alucinações e ainda ter perdido a visão? — O que está acontecendo Cristóvão? Porque ela está desse jeito? — Deve ser por conta da pancada. Mas, só teremos uma justificativa e um diagnóstico preciso quando fizermos todos os exames. — Cristóvão fala seriamente — Senhor... mandou me chamar? — João bate na porta entrando logo em seguida e entrego a receita — Providencie imediatamente esses medicamentos e também traga algo para minha esposa comer. Peça para Tereza preparar algo leve para ela, uma sopa ou um caldo. — Tudo bem senhor! Com licen... — João???? É você???? — Carmem ouve a voz de João e tenta toca-lo sem sucesso — Sim senhora. Como se sente? — Estou muito m*l. Não consigo te ver. Peça para o meu pai vir até aqui, eu preciso conversar com ele e impedi-lo de cometer uma loucura. — Mas, senhora... O seu pai já fa... — Cale-se! E vai providenciar o que lhe pedi. AGORA! — falo firme com olhar de repreensão para que João não falasse nada sobre a morte do meu sogro, não sabíamos o que Carmem tinha ao certo e talvez sofrer uma emoção dessas pudesse piorar sua situação. João sai do quarto com os olhos esbugalhados sem compreender absolutamente nada do que estava acontecendo por aqui. E para dizer a verdade, nem mesmo eu ou Cristóvão estávamos compreendendo absolutamente nada. Meu irmão se despede e permaneço ao seu lado no quarto. Depois de alguns minutos Tereza aparece trazendo os remédios e um caldo de frango para que Carmem pudesse comer. Instruo Tereza para que cuide de Carmem enquanto resolvo algumas pendências da empresa. Saio do quarto e desço a escada caminhando até o escritório permanecendo lá por algumas horas. Resolvo tudo e quando dou por si já havia escurecido. Saio do escritório e noto Tereza descendo a escada. Ela trazia consigo uma bandeja e me disse que havia dado banho na Carmem, os remédios e que ela estava tranquila dormindo em seu quarto. A agradeço por tudo o que tem feito por nós e sigo para o meu quarto que ficava em frente ao de Carmem. Subo à escada e quando estava prestes a entrar ouço vozes vindo do quarto da Carmem. — Que estranho! Tereza acabou de dizer que a deixou dormindo. Com quem Carmem estará conversando se ela alegou não estar enxergando? — pergunto mentalmente caminhando em direção ao seu quarto Abro a porta sorrateiramente e quando olho vejo Carmem em pé olhando em direção ao closet conversando com uma voz alterada. Empurro a porta um pouco mais e quando olho em volta não havia ninguém no quarto além dela. Fecho a porta e mil coisas invadem meus pensamentos, entre eles estavam muitas perguntas para variar sem respostas. Será que Carmem enlouqueceu de vez? Ou quem sabe esteja fingindo uma falsa alucinação e cegueira? Mas, se for isso, qual seria o verdadeiro motivo para fugir da realidade? Algo muito estranho está acontecendo nessa mansão e não é de hoje que tenho percebido isso. Mas, pode ter certeza que em breve eu vou descobrir. *************** O que será que Carmem está planejando? Será uma fuga da realidade ou um plano para conseguir algo maior? *************** Isso e muito mais te aguardam nos próximos capítulos! Até breve! >>Leu? >>Curtiu? >>Comenta
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