Capítulo 2 - Estou de volta, mãe!

2190 Words
Eu podia dizer que já passei por muita coisa na minha vida, que já me decepcionei de várias maneiras, já quebrei meu coração de todas as formas possíveis e que sou forte o bastante pra superar novamente. Mas eu iria estar mentindo. De todas as coisas que eu passei essa foi a que mais doeu, por que foi uma coisa física e psicológica, uma dor de dentro pra fora por que o sentimento estava amontado dentro do peito e a dor veio de lá, do sentimento acumulado, aquele que infelizmente está cercado por orgulho. Eu só não sabia como iria concertar os caquinhos quebrados de mim.  Abro meus olhos novamente depois de dar uma longa suspirada e soluçar junto e encaro a porta tão conhecida por mim, a única que eu pensei que não veria por um bom tempo mas estou vendo numa manhã fria e nublada, depois de uma noite h******l. As flores que tinham aqui estavam mortas, a casa estava em um silêncio como sempre esteve mas parecia pior, parecia que tudo pra mim naquele momento estava morrendo aos poucos como minha mente, como minha alma. Coloquei minha mão sobre a maçaneta e a girei levemente pra ver se estava aberta e pra minha surpresa estava, ela sempre deixava aberta quando eu saia. Ela deixava a porta aberta na esperança de eu voltar. Assim que entrei vi a casa do mesmo jeito que sempre esteve, com o mesmo cheiro do perfume doce da minha mãe, apenas não estava com os vidros quebrados que eu deixei da última vez que eu estive aqui. Era como se eu tivesse apenas saído para um passeio. Fechei a porta atrás de mim e tentei ouvir alguma coisa, para ver se ela estava em casa, mas eu não ouvia nada. Estava sozinha. Passei direto dentre todos os lugares para ir para meu quarto, eu só queria a minha cama, só queria ficar sozinha, longe de todo mundo, ficando apenas eu, meus fones de ouvido e o escuro do meu quarto. Pelo menos era o que eu iria fazer por um tempo. Yan me disse que eu recebi um prazo, pra voltar pra tudo isso, mas eu não ligava pra isso agora, eu só queria que Zayn voltasse e eu enfrentaria meu pai se fosse necessário. Terminei de subir as escadas e encontrei a porta do meu quarto aberta, meu quarto estava arrumado, do jeito que eu nunca gostava que minha mãe arrumava por que eu não encontrava nada mas eu nunca pensei que iria ficar tão feliz por ver aquilo. Assim que entre fechei a porta atrás de mim e olhei todo o quarto ao meu redor, mas o que me chamou atenção foi o desenho que eu tinha feito de Zayn na aula de artes, que estava no meu teto e que eu não tinha jogado fora. Ele iria me perseguir a vida toda. Tirei o tênis do meu pé, tirei a calça jeans que eu estava vestida e tirei a blusa que eu estava, roupas que me lembrava todos os momentos que passei com o garoto psicopata. Andei até meu guarda roupa e peguei um short jeans e uma blusa grande e folgada, antes de vestir a blusa passei em frente ao espelho e vi a tatuagem que estava na minhas Costa, ninguém podia sonhar que eu tinha isso. Vesti a blusa rapidamente e logo amarrei meus cabelos com um elástico que eu encontrei na penteadeira que ainda continuava ali com todos os meus pertences. Fotos, cds do arctic monkeys, the Beatles, nirvana. Peguei o MP3 que estava ali ligados a tempos e verifiquei se ele tinha carga então assim que o vi ligar peguei o fone e coloquei na orelha, a música me consumiu de uma forma como a solidão me acolhia. Melhor que um abraço. Andei até o criado mudo da minha cama e peguei meu par de óculos e andei até o banheiro, tirei as lentes dos meus olhos e coloquei o que nunca devia ter saído do lugar. Tentei sorri para meu reflexo mas não dava, era como se eu não sentisse vontade de viver. O que esse garoto fez comigo? Voltei pro quarto e me sentei bem no canto da cama, me acolhi abraçando junto meus joelhos e acolhendo eles pro meu corpo, acolhendo meu coração e ver se eu podia concerta-lo sozinha. Eu não sei quanto tempo eu fiquei assim, apenas sei que quando eu me dei conta já estava chorando. Eu não conseguia imaginar, pelo menos não agora, Zayn sumindo da minha vida assim, eu sei que errei ao não ter contado pra ele mas não era uma questão de segredos, era vida e morte que estavam e estão em jogo, é identidade, inimigos, e eu sabia que de qualquer forma ele iria reagir dessa forma e eu sei que se ele não me conhecesse, eu já não estaria mais viva, pelo menos não mais. Eu odiava pensar agora que eu não iria ver aquele rosto, fazendo uma carinha de m*l por que não gostou do que ouviu ou viu, eu odiava saber que eu não iria ter mais aquele toque possessivo no meu corpo e nem aquele abraço que me protegia de todo o perigo mesmo sendo humano como eu. Zayn era diferente, e sempre será, ninguém é o suficiente pra ele mas ele transborda todo mundo. Talvez entrar no seu coração tenha sido uma tarefa fácil onde eu nunca vou saber que nota tirei. Mas eu sei que ele entrou no meu de uma tal maneira, tão cautelosa, que se eu tentar tirar vai doer mais do que estava doendo. Ele foi feito pra entrar na vida de pessoa e ser intenso, inesquecível, ele foi feito pra ser lembrado de uma forma que ninguém conseguiria ser igual. E eu o odeio. Odeio por que esse foi o maior sentimento que eu tive por ele e por que sei que talvez ainda não seja a cena pra substituir esse sentimento por amor. Ou talvez eu só não queira admitir. Eu o odeio, pelo simples fato de odiar coisas que me encantam e vão embora.  (...) Acordo no susto ouvindo algumas vozes na entrada de casa, meu peito subia e descia numa velocidade imensa pois eu estava sonhando, na verdade tento um pesadelo e eu agracia muito por ser uma coisa da minha cabeça. Eu tinha me sobrecarregado com tantos pensamentos que acabei dormindo, meu rosto estava coberto de lágrimas e eu estava encolhida no canto. Eu não iria superar isso tão cedo. Levantei da cama em um pulo, peguei meu óculos que estava caído sobre a cama e comecei a andar para a porta do meu quarto para ouvir quem estava aí. "Eu não sei mais o que fazer..." A voz da minha mãe sai falha fazendo meu peito se apertar em ter feito ela passar por isso mas respirei fundo sabendo que isso era necessário. "Eu sei que foi culpa minha, eu sei que eu devia parar de tratar ela como uma criança de 3 anos." "Eu sei que ela está bem e que vai voltar, é coisa de adolescente Ellen, você se lembra como Enzo fez a mesma coisa." Escuto a voz do meu pai e eu gelo por completo arregalando meus olhos enquanto minha respiração fica pesada. "Mas ela é uma garota !!" O argumento da minha mãe me ofende e eu bufo revirando os olhos. "Ela deve estar por aí perdida Bob, com medo." "Tá vendo qual é o seu problema? Se eu fosse ela também tinha fugido, qual é? Você não cansa de ser chata?" Não sinto a menor vontade de interromper a conversa dos dois e fico ali apenas encostada na porta escutando a conversa dos dois. "Eu sei que ela é capaz, ah Ellen você não sabe como nossa garotinha sabe se proteger, você não sabe o quanto ela é capaz de fazer coisa inimagináveis." "Bob você não vai fazer a mesma coisa que fez com o Enzo." Ouço o tom rude da minha mãe e imagino a cena dela colocando a mão sobre seu peito. "Eu não posso deixar isso acontecer..." "Será que essa é a vida que ela quer? Sozinha numa casa sem graça, enquanto a mãe chata e ignorante está na delegacia? Acha que Enzo está triste saindo pra onde ele quer e sendo mais protegido do que ela? Não Ellen, eu posso não ter participado da infância dela mas eu me preocupo com a sua segurança. Eu nunca quis colocar ela em mundo nenhum, todo mundo tem escolhas e sei que ela vai fazer a escolha dela." Fecho os olhos para o que meu pai estava dizendo e sorrio com isso. Finalmente alguém estava mandando a real pra minha mãe. "Sua mãe também era policial lembra? E você era uma garotinha muito rebelde, eu lembro muito bem quando você fugia pela janela pra me encontrar." "E olha só no que deu.." A ironia da minha mãe estraga tudo e eu reviro os olhos com aquilo. "Você ainda me ama que eu sei..." A voz do meu pai abaixa um pouco dificultando eu ouvir e eu imagino que ele esteja se aproximando dela. Assim como Zayn fazia. "E você sempre soube que ainda te espero..." "Acha mesmo que eu vou abandonar minha carreira pra entrar numa vida dessa? Bob eu sou uma mulher decente e você sabe disso, eu nunca iria fazer isso." Minha paciência acaba quando eu escuto isso e eu resolvo sair dali antes que aquilo acabasse nela prendendo ele e tudo ir água abaixo. "Eu não vou virar uma criminosa." "Ninguém pediu isso." Meu pai diz e eu acabo chegando onde eles estavam, bem devagar pra tentar não assusta-los e nem atrapalhar. Pra minha surpresa minha mãe não estava com o uniforme estava muito bonita até, ela tinha passado maquiagem pra encontrar com ele, não acredito. Já ele estava como sempre, desde blusa e calça preta até a jaqueta e sapatos também pretos, era assim desde que eles namoravam, pelo menos era o que as fotos mostravam. "Ham ham ...." Coço a garganta um pouco alto pra eles ouvirem e os dois se viram para minha direção totalmente surpresos. "Oi...mãe..pai." "Meu Deus..." Minha mãe murmura enquanto vem rapidamente na minha direção e quase me joga no chão de tão forte que me abraçou. "Sun minha filha, onde você estava? Por que saiu assim? Está machucada? Alguém te feriu? Caramba menina você me deixou louca, você não pode sair assim e me deixar aqui...você me deixou tão preocupada...está de castigo.." "Ellen?" Meu pai chama e ela não responde. "Ellen !!!?" "O que é !!??" A mesma vira bruscamente pra olhar pra ele e eu fico imóvel com aquela situação.  "Não." Ele apenas balança a cabeça e ela parece entende por que apenas fica quieta. "Eu só.." Começa a gaguejar e eu apenas rio inteiramente vendo o quão sem graça ela ficava perto do meu pai e nervosa também. "Fiquei preocupada.." "Eu estou bem mãe, eu só precisava me acalmar..." Digo pra mesma e ela se vira com um olhar mortal. "Esse tempo todo? O que acha que é isso aqui? Caramba menina você passou seu aniversário longe, por que?" Ela começa tudo de novo e eu apenas beijo sua bochecha e depois ando até meu pai para abraçá-lo, eu estava morrendo de saudades. "Oi pai." Digo enquanto fico de frente pra ele e o mesmo apenas sorri de lado enquanto assente, como se me passe o recado, de que entendeu tudo. Então ele apenas me puxou pra um abraço e eu agarrei seu tronco enterrando meu rosto no seu peito, um abraço que eu sentia muita falta, ele acariciava meus cabelos enquanto beijava o topo da minha cabeça. Como eu sentia falta disso. "Como está meu amor?" Pergunta e eu respondo que estou bem enquanto apenas arrumava a armação do meu óculos pra encarar os olhos verdes dele. "Conseguiu o que queria?" "Estou bem melhor...eu acho." Digo tentando não mostrar o que estava acontecendo pra minha mãe e ele assente. "Ótimo, então vamos..." Diz passando por mim e indo até a cozinha da minha casa eu estranho o que ele estava falando é apenas acompanho ele. "Eu vou ficar aqui por uns tempos por enquanto termina às aulas e quando acabar...você vai voltar comigo..." "O que?" Pergunto enquanto olho pra minha mãe e ela apenas olha pro chão enquanto cruza os braços. "Miami?" "Isso mesmo." Diz convicto enquanto pegava uma garrafa de vinho da coleção da minha mãe e ela vê aquilo e se altera. O mesmo faz sinal pra ela fazer silêncio e a mesma fica apenas de boca aberta. "Como assim Pai?" Pergunto andando até a sua frente e ele apenas observa minha mãe sair do local resmungando alto dele estar aqui. "Eu não..pai.." "Não se preocupe meu bem.." Diz enquanto se encosta na bancada da cozinha. "Ele está bem, é só questão de tempo." "Como assim ?" Junto minhas sobrancelhas em confusão total e ele apenas sorri. "Apenas continue assim meu bem, meu orgulho." Meu coração se aquece com aquilo e ele apenas tira um papel do bolso e me entrega logo saindo dali pra correr onde minha mãe estava. "Você não quer que ele morra quer ?" "Pai !!" Chamo o mesmo e ele apenas me ignora. Abro o papel em minhas mãos e meu coração se aperta quando vê a foto de Zayn com uma garrafa de bebida no meio da rua. 
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