3

1301 Words
Hilary Dean — Esse seu silêncio está me matando, Hilary! — Nicole, não se segura e já quebra o silêncio. — O que quer que eu diga? — Questiono a ela. — Não tem nada para ser dito. — Dou de ombros me mantendo mais calma. — Ah, xinga eles, grita ou diz qualquer coisa. Esse seu silêncio sempre me deixou apreensiva. — Sorrio sabendo disso. — Toda vez que você se cala, eu fico maluca por dentro. — Eu estou bem! — Garanto a ela. — Ela já parece uma estranha para mim e não vou me sentir culpada por nada. — Deixo isso bem claro, mas sinto uma raiva que não posso demonstrar. — Vou continuar com os meus planos. — Afirmo e olho para ela. — Eles não são os meus pais..., nós duas que somos família. — Digo me referindo a ela e aos pais dela. — Você está certa..., mas eu sinto muito por isso tudo. — Ela volta a atenção para a estrada e ficamos em silêncio. Recebo mais uma mensagem e ela diz que a dívida já passou dos 15 mil dólares. Como isso aconteceu? Eu tive que me virar do pior jeito para conseguir os dois mil que pediram e 15 mil é impossível para mim. Se eu ficar, serei uma mulher morta. Mas antes, verei eles matarem os meus pais e não consigo imaginar isso. Sou fraca para essas coisas. Não vale a pena ficar e correr o risco sendo que eles, me colocaram nessa por não sentirem nada por mim. Quando descobri, o meu nome já estava rolando e não pude fazer nada. Agora eu posso e vou sair desse lugar por mim! { . . . } Já chegamos ao aeroporto e o carro estaciona. O trajeto foi um pouco longo, mas chegamos bem na hora que marquei e não tem chance de erro. Pela quantidade de carros aqui, nota-se que o aeroporto está lotado e o nervosismo aumenta. Odeio me sentir nervosa! Nicole, me ajuda a pegar tudo, mas antes de entrarmos, ela me mostra uma coisa. — Olha só, eu peguei essas revistas para você. — Nicole, mostra um monte delas. — Pode ver durante o voo caso não durma. — A voz dela já é de choro e já fico chorosa também. — Desculpa! E-eu prometi que não ia chorar, mas..., é como se eu tivesse perdendo a minha irmã. Eu vou ficar sozinha agora! — Você não está me perdendo. — Seguro em sua mão. — Você sabe que preciso ir e logo vou organizar tudo para você ir também. — Nisso, eu a puxo mais para o canto. — A vaga de emprego é ótima e preciso pensar grande e aqui não dá. Eu tentei e sabe disso. — Eu te ajudei e fiz porque me pediu. Sou capaz de qualquer coisa mesmo que eu vá presa por algo... — Sorrimos juntas e sei que é verdade. — Faço porque sei que faria o mesmo por mim. — Sem pensar duas vezes. — Garanto sem hesitar. — Logo, seremos nós duas em Washington. Vamos conhecer a cidade juntas e prometo não ir vento tudo de uma vez sozinha. Vou guardar muita coisa para fazer primeiro com você. — Ah, eu espero mesmo, viu! — Ela me abraça e não a solto facilmente. Porém, logo ouço a voz de que o meu voo está prestes a sair. É hora de ir mesmo! Assim, nós nos juntamos e nos abraçamos. Aproveito bem esse abraço e sinto um aperto no peito. Se eu pudesse, eu a levaria comigo sem hesitar. Porém, nem tudo é como queremos e o que peço é poder vê-la o quanto antes. Vou sentir muita saudade. Vou sentir saudades de acordar e ter panquecas feitas com calda e frutas, de comer o frango assado de Vilma, mãe da Nicole, que é o melhor de todos e de assistir filmes toda a sexta com eles com pipoca, pizza e refrigerante. Vou sentir falta até das broncas sobre ter deixado um sapato no canto errado e até das visitas de depois que saí da casa deles. Vou sentir saudade das loucuras de Nicole, dos nossos momentos de fofocas, risos e saídas. Enfim, será uma saudade de tudo! Sinto que esses anos com eles se passaram muito rápido e se eu pudesse, voltaria no tempo para aproveitar mais. Para aproveitar e até para corrigir outras coisas. — Assim que chegar, me ligue para dar notícia. — Aceno na mesma hora. — E você..., se comporte e não ouse me substituir como sua melhor amiga e irmã. — Aviso em tom de ameaça. — É impossível! — Ela me abraça mais uma vez. — Diz a eles mais uma vez que os amo muito. — Peço me referindo aos pais dela. — Eles foram perfeitos e os amo. — Ela acena e ouço sobre o meu voo. Eu preciso ir mesmo! Estou realmente indo embora do Canadá e isso é um marco enorme para mim. Sempre fiquei naquela pequena cidade e sinto como se estivesse prestes a entrar numa nova dimensão. Na verdade, é um misto de emoção dentro de mim que são bem loucas. Eu a abraço mais uma vez e vou pegando as minhas coisas. Eu arrasto quase não conseguindo levar pelo peso. Ando na direção marcada e ao passar pela porta, viro-me e aceno para ela. Respiro fundo e continuo o caminho para o avião e é tudo tão novo para mim. Esse é um passo enorme e posso até dizer uma fuga. Sim, estou numa jornada de busca e de fuga. Ao chegar no avião, dou uma olhada no ticket e vou procurando o assento. Uma aeromoça me ajuda a encontrar e também me ajuda com a bagagem. Vilma, fez questão de além de querer que eu vá em primeira classe, quis escolher uma janela e nem quero imaginar o valor disso. Que loucura! Ao me sentar, sorrio feio uma louca e vou olhando outras pessoas entrando e se acomodando. É uma experiência completamente nova para mim e tento observar cada detalhe. Nem em sonhos eu fui de imaginar algo assim e posso apostar mais ainda que essa passagem foi bem cara. De repente, vejo um homem vindo e penso até que ele vai se sentar ao meu lado, mas, ele fica na poltrona da frente e vai se ajeitando. Ele tem um bebê com ele e noto sem demora como ele se mostra cansado e até perdido. Arrisco dizer que até um pouco desorientado. Noto bem uma certa agitação e ele se perde todo ao tentar colocar o bebê no banco. O bebê chora e conheço um pouco esse choro. É de cólica! — Quer ajuda? — Pergunto, mas ele não me ouve. — Moço? — Toco em seu braço. — Quer ajuda? Está tudo bem? — E-eu..., eu não faço ideia disso aqui e... — Ele fala em relação ao cinto e nessa hora, uma aeromoça chega. Ela toma à frente da situação e fico intrigada em como esse homem parece perdido. Um dos botões de sua blusa está errado, a barba está m*l feita, tem olheiras nos seus olhos e ele está agitado de um jeito que mostra que ele não dormiu nada. Como quem não dorme há dias. Onde está a mãe dessa criança? O bebê também está agitado, resmungando como se algo o incomodasse e o homem tenta além de se ajeitar, tenta confortar o bebê. A criança é recém-nascida e já cuidei de algumas antes. Bom, eu cuidei mais de crianças maiores, mas bebês entraram na lista. É um período complicado e demorei a aprender de fato a perceber as coisas, mas depois eu peguei o jeito. Gosto de crianças e por isso, eu fico em alerta aqui.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD